segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Férias

Comos vocês devem ter notado, o blog está meio parado nesses dias. Estamos de férias e as viagens impedem o blog de ter uma atualização mais frequente. Eu, por exemplo, estou em Minas Gerais. A família de minha esposa é daqui. Nós moramos em Florianópolis. Então, já é praxe viajarmos para cá nesta época do ano, curtir um pouco a fazenda, ficar lendo por horas... e comendo boa comida.

Trouxe alguns livros para ler neste período: Um Estudo em Vermelho, o primeiro romance de Sherlock Holmes; O Médico e o Monstro, do Stevenson; Sansão e sua fé, do Vincent Cheung; uma biografia do George Whitefield, do Arnold Dallimore; Humildade, do C. J. Mahaney; e A Renovação do Coração, do Dallas Willard.

Desses todos, li O Médico e o Monstro e estou acabando do ler Sansão e sua fé. O primeiro livro é um clássico mundial. Gostei bastante do tema: a maldade inata do homem versus sua consciência. Por mais que o homem sem Deus seja inapto para fazer o bem, sua consciência o julga. Ou ele se arrepende e se volta para Deus através de Jesus, ou tenta fazer "boas obras" para se justificar. Logo vê que constantemente quebra essa lei da sua consciência e tem de lidar com o problema. A "solução", muitas vezes, é criar uma máscara, permanecendo o homem em seu íntimo extremamente depravado, mas, em seu exterior, com uma aparência de gentileza e decência. Creio que muito do que o autor escreveu veio de sua própria experiência, pois Stevenson foi criado em uma família supostamente cristã, mas que não vivia de acordo com o que pregava. Após algum tempo, deixou de lado as crenças da família e caiu de vez no mundanismo. No entanto, suas obras são cheias de alusões a temas religiosos. Mais especificamente, Stevenson, por ter tido uma educação calvinista (seus pais eram presbiterianos), toca bastante no tema da depravação do homem. Vale a pena ler esse livrinho.

O livro sobre Sansão é muito bom, também! Cheung é muito claro e desafiador. Vale a pena ler tudo o que ele escreve. A editora Monergismo está de parabéns. Mais tarde, se der, posto algo sobre esse segundo livro, assim que acabar, e sobre os outros que lerei. No mais, boas férias e um ano novo repleto do conhecimento de Deus.

sábado, 19 de dezembro de 2009

O que o Natal significa para mim - por C.S. Lewis

Post de 2007, mas muito propício para esta época do ano.


Há três coisas que levam o nome de "Natal". A primeira é a festa religiosa. Ela é importante e obrigatória para os cristãos mas, já que não é do interesse de todos, não vou dizer mais nada sobre ela. A segunda (ela tem conexões histórias com a primeira, mas não precisamos falar disso aqui) é o feriado popular, uma ocasião para confraternização e hospitalidade. Se fosse da minha conta ter uma "opinião" sobre isso, eu diria que aprovo essa confraternização. Mas o que eu aprovo ainda mais é cada um cuidar da sua própria vida. Não vejo razão para ficar dando opiniões sobre como as pessoas devam gastar seu dinheiro e seu tempo com os amigos. É bem provável que elas queiram minha opinião tanto quanto eu quero a delas. Mas a terceira coisa a que se chama "Natal" é, infelizmente, da conta de todo mundo.

Refiro-me à chantagem comercial. A troca de presentes era apenas um pequeno ingrediente da antiga festividade inglesa. O Sr. Pickwick levou um bacalhau a Dingley Dell [1]; o arrependido Scrooge [2] encomendou um peru para seu secretário; os amantes mandavam presentes de amor; as crianças ganhavam brinquedos e frutas. Mas a idéia de que não apenas todos os amigos mas também todos os conhecidos devam dar presentes uns aos outros, ou pelo menos enviar cartões, é já bem recente e tem sido forçada sobre nós pelos lojistas. Nenhuma destas circunstâncias é, em si, uma razão para condená-la. Eu a condeno nos seguintes termos.

1. No cômputo geral, a coisa é bem mais dolorosa do que prazerosa. Basta passar a noite de Natal com uma família que tenta seguir a 'tradição' (no sentido comercial do termo) para constatar que a coisa toda é um pesadelo. Bem antes do 25 de dezembro as pessoas já estão acabadas – fisicamente acabadas pelas semanas de luta diária em lojas lotadas, mentalmente acabadas pelo esforço de lembrar todas as pessoas a serem presenteadas e se os presentes se encaixam nos gostos de cada um. Elas não estão dispostas para a confraternização; muito menos (se quisessem) para participar de um ato religioso. Pela cara delas, parece que uma longa doença tomou conta da casa.

2. Quase tudo o que acontece é involuntário. A regra moderna diz que qualquer pessoa pode forçar você a dar-lhe um presente se ela antes jogar um presente no seu colo. É quase uma chantagem. Quem nunca ouviu o lamento desesperado e injurioso do sujeito que, achando que enfim a chateação toda terminou, de repente recebe um presente inesperado da Sra. Fulana (que mal sabemos quem é) e se vê obrigado a voltar para as tenebrosas lojas para comprar-lhe um presente de volta?

3. Há coisas que são dadas de presente que nenhum mortal pensaria em comprar para si – tralhas inúteis e barulhentas que são tidas como 'novidades' porque ninguém foi tolo o bastante em adquiri-las. Será que realmente não temos utilidade melhor para os talentos humanos do que gastá-los com essas futilidades?

4. A chateação. Afinal, em meio à algazarra, ainda temos nossas compras normais e necessárias, e nessa época o trabalho em fazê-las triplica.

Dizem que essa loucura toda é necessária porque faz bem para a economia. Pois esse é mais um sintoma da condição lunática em que vive nosso país – na verdade, o mundo todo –, no qual as pessoas se persuadem mutuamente a comprar coisas. Eu realmente não sei como acabar com isso. Mas será que é meu dever comprar e receber montanhas de porcarias todo Natal só para ajudar os lojistas? Se continuar desse jeito, daqui a pouco eu vou dar dinheiro a eles por nada e contabilizar como caridade. Por nada? Bem, melhor por nada do que por insanidade.
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Publicado originalmente em God in the dock -- Essays on Theology and Ethics (Deus no banco dos réus – Ensaios sobre Teologia e Ética), 1957.
[1] Samuel Pickwick é o personagem principal de Pickwick Papers, romance de Charles Dickens no qual suas aventuras são narradas. Dingley Dell é o nome de uma fazenda, um dos cenários do romance. (N. do T.)
[2] Referência ao avarento milionário Ebenezer Scrooge, personagem da obra Um Conto de Natal, de Charles Dickens. (N. do T.)
Tradução: © 2006 MidiaSemMascara.org

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Duas Cidades - Agostinho de Hipona

Extraí o texto a seguir do filme "Santo Agostinho", onde ele discursa sobre a corrupção da sociedade e instiga o povo a se analisar para descobir a que tipo de sociedade pertence, à justificada ou à corrompida. Provavelmente, esse discurso foi retirado dos clássicos "Confissões" e "A Cidade de Deus", onde encontrei vários textos semelhantes, portanto, retratam bem o pensamento desse que foi um dos maiores teólogos e filósofos em todos os tempos. O discurso foi feito logo após a ruína de Roma.
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Vocês conhecem meu sofrimento por esta nossa sociedade cheia de injustiça em que a corrupção, a desordem, a violência, o amor pelo poder e pelo dinheiro cobriram de vergonha a dignidade dos homens, que perderam o conhecimento do que são, desde o início dos séculos, filhos de Deus e herdeiros do Paraíso. “Mas os sofrimentos dessa vida, diz Paulo, não são comparáveis com a glória que um dia deverá palpitar em nós”. Sendo assim, não nos deixemos invadir por pensamentos carnais, o momento não é esse. O mundo foi sacudido, o velho homem, arrasado; a nossa carne, humilhada; até que a esperança viva e brilhe.Quando os pagãos nos disseram: Roma caiu por causa da sua fé, nós respondemos que a doutrina de Cristo não nos foi dada para acumularmos os bens da terra, mas para reformularmos a nossa vida e nos conduzirmos para os bens invisíveis.

Os reinos, os poderes e tudo o que lhes diz respeito são, na verdade como torrentes após a chuva, nascem, incham e se perdem no mar. Não são mais que o murmúrio entre dois silêncios. Enquanto o mundo treme e desaba, Cristo nos diz: “Por que se abalar? Eu já havia predito isso. Surpreendem-se por que o mundo perece? È como se surpreendessem porque o homem envelhece. O mundo é como o homem, nasce, cresce, envelhece”. Que sua fé, portanto, se reaviva, porque Cristo veio ao mundo para recriá-los, enquanto tudo está se desfazendo. Não se recusem a rejuvenescer em Cristo. A natureza, viciada pelo pecado, gera os cidadãos da cidade terrena. A graça, que liberta a natureza do pecado, gera os cidadãos da cidade de Deus. Os primeiros, descendentes de Caim, envelhecem como os bens da Terra aos quais se apegaram. Os segundos, descendentes de Abel, são regenerados de idade em idade para que vivam na esperança da Pátria Celeste. É assim que dois amores geram duas cidades. O Amor de Deus gera Jerusalém. O amor por este mundo gera Babilônia. Que cada um de vocês se pergunte o que ama e descubrirá de que cidade é cidadão. Se descobrir que é cidadão da Babilônia, arranque do coração a cobiça. Se tiver a sorte de ser cidadão de Jerusalém, aceite sua escravidão e espere sua libertação próxima.
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Não se surpreenda de ver que sobre a Terra, os justos e os infiéis estão juntos. Estão do mesmo modo como cresce na oliveira, tanto o que se rejeita, como o que se conserva, tanto o que se ama, como o que nos desagrada. Porque a história do mundo compreende tanto história do pecado, que é a dos condutores do império, como a história da Salvação que é a dos Patriarcas e dos Profetas.Os que não acreditam na igualdade logo deixarão suas riquezas como um sonho. Mas os que servem a Deus, possuirão a terra. A verdadeira Terra, a Jerusalém eterna. A iniqüidade é vã, é nula. Só a justiça é poderosa. A verdade poderá ficar temporariamente oculta, mas nunca poderá ser vencida. A iniqüidade poderá aflorar muitas vezes, mas triunfar, jamais! As cidades terrestres morrerão, mas a cidade de Deus está e estará eternamente na Sua Glória.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O tratamento dos animais é revelador do caráter das pessoas

Provérbios 12.10 diz: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel”. O filme [o autor se refere ao filme Marley e eu] apresenta o cuidado e carinho com o Marley, animal de estimação escolhido pelos dois. O cachorro serve como professor involuntário de paciência, determinação, devoção, reconhecimento e abnegação, para o casal e, depois, aos filhos. Ou talvez um animal de estimação desperte essas características das pessoas, formadas à imagem e semelhança de Deus, que se encontram obscurecidas pelo pecado. Mas temos de reconhecer que mesmo os descrentes são possibilitados pela Graça Comum de Deus a terem esses sentimentos e de demonstrarem traços de caráter que emulam os ideais bíblicos comportamentais. Se é assim com os que não temem a Deus, quanto mais nós, cristãos, deveríamos demonstrar esse exemplo de caráter, em nossas vidas, conhecedores que somos “das coisas do Espírito”. Realmente, é inegável que a Palavra indica que o tratamento dos animais revela a índole das pessoas. Jacó, na ocasião de sua morte, ao avaliar os seus filhos (Gn 49.5 e 6), fala contra Simeão e Levi que, em “sua vontade perversa” mutilaram touros com suas espadas. Jacó os caracteriza como violentos e furiosos.

Solano Portela em O tempora, O mores

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Como devemos tratar os animais?

Quero deixar claro que não sou contra, de forma alguma, que o homem mate animais. Gosto muito de um churrasco, essa é a verdade. E, claro, Deus, em sua infalível palavra, nos permite matar animais para satisfazer as necessidades de alimentação e vestuário. No entanto, gostaria de colocar algo para reflexão dos irmãos. Até onde vai essa liberdade? Posso matar animais simplesmente por prazer? Posso torturá-los e tratá-los da forma que bem entender? Faço essas perguntas porque acabei de ver um vídeo que relata a forma cruel com que vários animais morrem. E, geralmente, morrem para satisfazer a luxúria de certas pessoas. E o versículo de Provérbios que diz: "O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel"?

Não tive tempo de analisar mais versículos na Bíblia sobre o assunto, mas deixo dois vídeos para reflexão. O primeiro deles mostra o método de retirada da pele de alguns animais. Já aviso: o vídeo é repugnante. O segundo é um vídeo antigo (de 1990) de uma banda cristã chamada Tourniquet [1] que fala sobre o assunto. Ah, claro, a qualidade não é das melhores e, muito provavelmente, muitos duvidaram do meu bom gosto, rsrs!


Pledge to go fur-free at PETA.org.


http://www.youtube.com/watch?v=0gOihbYqYwg

[1] Gosto muito dessa banda por causa do som e das letras inteligentes. Quem quiser conferir mais sobre a banda, que está com um som totalmente diferente, acesse o site aqui.

*Para os que recebem os artigos por e-mail, é preciso acessar a página do blog para assistir aos vídeos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Confrontar o ímpio em seu pecado?

Estava conversando com um pastor de uma igreja estilo seeker-friendly [1] há pouco tempo atrás a respeito da ideia de que possíveis futuros Cristãos precisavam “se sentir bem vindos” e “aceitos” antes de mais nada: sem “ameaças”, sem “críticas”.

Perguntei: “Se uma pessoa vivendo em pecado viesse à sua igreja, você o confrontaria?”

Ele franziu a testa e balançou a cabeça, desaprovando. “Ah, não! Nós iriamos querer que ele se sentisse amado e bem-vindo”.

Meus olhos se arregalaram. “E quanto tempo você esperaria antes de realmente dizer algo sobre aquilo?”

“Talvez um ano e meio, dois anos”, ele disse, sorrindo. “Porque, então, ele se sentiria realmente parte das coisas”.

Aquilo foi chocante para mim. Existe alguma virtude em deixar um homem em seu pecado para que ele se sinta aceito? “Bem, essa é a diferença entre a sua igreja e a nossa igreja”, eu disse por último. “Pessoas que praticam o pecado abertamente vêm a nossa igreja, e ou elas são salvas ou não voltam”.

John MacArthur, em New Demonstration

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[1] N. do T.: Ou seja: “adaptada ao usuário”, “orientada para o consumidor”; estilo Rick Warren, autor do livro “Uma Igreja com propósitos”.

Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Estudar teologia não é algo prático?

Outra opinião infundada e irracional é aquela que diz que teologia não é algo prático, e é por isso que devemos relegá-la a um segundo plano. Nada poderia ser mais tolo, e mesmo blasfemo, pois, visto que teologia é o estudo da Palavra de Deus, as pessoas estão dizendo, em última instância, que estudar a Palavra de Deus não é algo prático. Essas pessoas precisam definir o que é algo "prático", e provar que somente as coisas práticas são valiosas. Supondo que por prático eles querem dizer algo que transforma e dá direção à nossa vida, como o estudo da Palavra de Deus pode não ser prático? Ela prescreve o que devemos pensar, agir, orar, adorar, como devemos trabalhar, criar os nossos filhos etc.

Vincent Cheung, em Sobre o Bem e o Mal

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mover de Deus?

A Bíblia nos adverte que nos últimos dias falsos mestres se levantarão e enganarão a muitos. Percebo que há uma necessidade de pregadores realmente regenerados, corajosos o suficiente para se levantar contra as heresias espalhadas pelo mundo por esses "perturbadores das sãs doutrinas do evangelho". David Wilkerson, nesse pequeno vídeo, faz isso com bastante propriedade. Louvado seja Deus pela intrepidez desse homem.

Originalmente no blog VEMVER TV

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Três perguntas e respostas sobre produtividade com Matt Perman

1. Qual o erro mais comum que as pessoas cometem ao tentar desenvolver um sistema de produtividade?

Há vários erros que as pessoas cometem nessa questão, mas penso que o maior deles é que eles simplesmente procuram fazer com que seus sistemas capturem e organizem seus trabalhos atuais. Não deveríamos perguntar “que coisas estão disputando minha atenção e como eu as organizo?”. Antes, deveríamos primeiro perguntar “que coisas são mais importantes para eu fazer e como eu tenho certeza de que consigo dar continuidade a elas?”. A primeira pergunta é reativa; a segunda, proativa.

2. Nos últimos três meses, qual foi o insight mais útil que ajudou você a ser mais produtivo?

O comentário de Peter Drucker de que “executivos eficazes colocam as coisas mais importantes em primeiro lugar e fazem uma coisa de cada vez”. Minha carga de trabalho tem sido maior do que o normal nos últimos meses, e isso faz com que eu fique tentado a me desdobrar e me lançar em frentes demais ao mesmo tempo. Drucker me lembra a evitar essa armadilha. Primeiro, você não tem que fazer tudo. Em vez disso, identifique o que é mais importante e comece por aí. Segundo, ganhe ímpeto fazendo uma coisa de cada vez, concluindo-a e, então, parta para a próxima (a que seja a melhor alternativa). Talvez você pense que isso faz com que seja mais demorado fazer as coisas, mas, na verdade, você ganha tempo. A falta de tempo é exatamente a razão pela qual devemos fazer uma coisa de cada vez.

3. Em poucas palavras, qual o princípio mais importante e fundamental para ser-se produtivo?

Na verdade, eu diria: saiba que você não tem de ser produtivo. Com isso eu quero dizer: sua significância não vem da sua produtividade. Ela vem de Cristo, que obedeceu a Deus perfeitamente em nosso favor, de modo que nossa significância e posição diante de Deus vêm dele, não de algo que fazemos. Então, com base nisso, nós exercemos as boas obras (que é o que a produtividade é) e as fazemos zelosamente, como é dito em Tito 2:14 [“O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.”]

No que diz respeito à aplicação cotidiana, o princípio mais importante é: a chave para a efetividade não é a inteligência ou mesmo o trabalho duro, por mais que sejam coisas importantes. É a disciplina de se colocar as coisas mais importantes em primeiro lugar. Você precisa agir a partir de princípios confiáveis e organizar e executar as prioridades em volta. Isso significa que, em vez de priorizar o seu planejamento, você planeja as suas prioridades.

Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Ooriginal em inglês disponível em: http://joshetter.posterous.com/three-qandas-on-productivity-with-matt-perman

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro

Porque, falando [os falsos mestres] coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. (2 Pedro 2:18-20)

"Alguns homens, que não são renovados salvificamente no espírito da sua mente, são, por um tempo, poupados das depravações do mundo pelo conhecimento de Cristo. A educação religiosa restringiu muitos dos que a graça de Deus não renovou. Se recebemos a luz da verdade e temos um conhecimento formal de Cristo em nossa cabeça, isso pode ser de algum benefício para nós; mas precisamos receber o amor da verdade e guardar a palavra de Deus no nosso coração, ou então eles não vão nos santificar nem salvar. (...) Aqueles que por um tempo escaparam das depravações desde mundo são os primeiros a ser pegos e presos em armadilhas pelos falsos mestres, que primeiro desconcertam os homens com algumas objeções plausíveis e ilusórias contra as verdades do evangelho. Assim, os mais ignorantes e instáveis são levados a cambalear e a questionar a verdade e as doutrina que receberam, porque não conseguem resolver todas as dificuldades, nem responder a todas as objeções que são levantadas por esses enganadores. (...) Quando os homens estão presos em armadilha, são facilmente vencidos; por isso, os cristãos devem manter-se próximos da palavra de Deus, e vigiar contra os que tentam desconcertá-los e confundi-los, e isso porque, se os homens que uma vez escaparam das armadilhas '... forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro'".

Matthew Henry

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A Necessidade da Ação Humana

Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar” (Lucas 5:4)


Aprendemos com esta narrativa sobre a necessidade da ação humana. A pesca dos peixes foi miraculosa; contudo, nem os pescadores, nem seu barco, nem seus equipamentos de pesca foram ignorados; mas tudo foi usado para pegar os peixes. De modo que, para salvar almas, Deus opera através de meios e, ainda que o regime da graça permaneça, Deus se agradará com a loucura da pregação para salvar os que crêem. Quando Deus opera sem instrumentos, sem dúvida, Ele é glorificado; mas Ele mesmo escolheu a instrumentalidade como meio para ser ainda mais engrandecido na terra. Os meios em si mesmos são totalmente inúteis. “Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos” (verso 5). Qual foi a razão disto? Eles não eram pescadores exercendo sua vocação? Certamente. Não tinham mãos inexperientes, eles conheciam seu ofício. Foram incapazes de cuidar do assunto? Não. Faltou dedicação? Não, eles labutaram muito. Faltou perseverança? Não, eles labutaram a noite toda. Faltavam peixes no mar? Certamente que não, pois tão logo o Mestre chegou, eles lançaram as redes nos cardumes. Qual é a razão, então? Será porque não existe poder nos meios sem a presença de Jesus? “Sem Ele nada podemos fazer”. Mas, com Cristo, podemos todas as coisas. A presença de Cristo confere êxito. Jesus sentou-Se no barco de Pedro, e Sua vontade, por uma misteriosa influência, atraiu os peixes para a rede. Quando Jesus é exaltado em Sua Igreja, Sua presença é o poder da Igreja - o grito do rei no seu meio. “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”. (João 12:32). Nesta manhã, vamos sair ao trabalho de pescar almas, olhando ao redor, com fé e solene ansiedade. Vamos labutar até que a noite venha e nosso labor não será em vão, pois Aquele que nos diz para lançar a rede, a encherá de peixes.
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C. H. Spurgeon

Fonte: Morning and Evening (Devocional matutino do dia 08 de outubro)

Tradução: Mariza Regina Souza

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Um simples gesto

Quando me passaram essa suposta história verdadeira (não garanto que ela realmente tenha ocorrido, mas coisas semelhantes certamente acontecem), ela me fez lembrar de duas coisas. Uma é o impacto que temos sobre as pessoas ao praticarmos boas obras. A outra, o senso de satisfação quando finalmente ouvimos a história.

Certo dia, Mark estava andando da escola para a sua casa quando percebeu que o rapaz à sua frente havia tropeçado e deixado cair todos os livros que estava carregando, junto com duas blusas, um bastão de beisebol, uma luva e um pequeno gravador. Mark ajoelhou-se e ajudou o rapaz a pegar os objetos espalhados. Visto que eles estavam indo pelo mesmo caminho, ele o ajudou a carregar parte das coisas. À medida que caminhavam, Mark descobriu que o nome do rapaz era Bill, que ele amava video games, beisebol e história, que ele estava tendo muitos problemas com as outras matérias e que ele havia recém terminado com sua namorada.

Eles chegaram à casa de Bill e Mark foi convidado para tomar um refrigerante e assistir a um pouco de televisão. A tarde passou de forma agradável, com umas risadas e alguma conversa, então Mark foi para casa. Eles continuaram a se ver perto da escola, almoçavam juntos uma vez ou outra, e então ambos se formaram no ensino fundamental. Eles terminaram por estudar no mesmo colégio de ensino secundário, onde eles tinham breves contatos ao longo dos anos. Finalmente, o tão esperado ano da formatura chegou e, três semanas antes da colação de grau, Bill perguntou a Mark se eles poderiam conversar.

Bill o lembrou daquele dia, anos atrás, quando eles se encontraram pela primeira vez. “Você alguma vez se perguntou por que eu estava carregando tantas coisas naquele dia?”, perguntou Bill. “Você vê, eu esvaziei meu armário porque não queria deixar uma bagunça para ninguém. Eu havia juntado algumas das pílulas soporíferas da minha mãe e estava prestes a cometer suicídio. Mas após passarmos um tempo juntos, conversando e rindo, percebi que se eu me matasse, teria perdido aquele tempo e tantos outros que poderiam vir. Então, você vê, Mark, naquele dia, quando você pegou aqueles livros, você fez muito mais, você salvou a minha vida.”

Você consegue imaginar como Mark se sentiu quando ouviu aquilo? Sinto-me assim quando algumas pessoas me mandam a foto de um bebê ou me dão um bebê para segurar e dizem: “Achei que você gostaria de saber que essa criança está viva por causa do que você nos disse a respeito do aborto; tínhamos marcado para fazer o aborto, mas cancelamos”.

Mas a outra coisa que me impressiona é que Mark não sabia e, se Bill não tivesse contado a ele, ele continuaria não sabendo. Existem muitas coisas como essa das quais não saberemos até a eternidade. Ouviremos essas histórias.

Sinto-me assim toda vez que escrevo um livro. Chego aos estágios finais do livro, um período desgastante em que estou muito cansado, e me pergunto: “Vale à pena?”. Após o livro ser publicado, começo a receber cartas das pessoas dizendo como a vida delas tem mudado, como elas chegaram à fé em Cristo ou se achegaram mais perto de Deus. Um homem encontrou comigo em outra cidade e disse-me: “Minha esposa estava tão deprimida que ela havia decidido se matar; ela leu um de seus livros e Deus falou com ela; ela ainda está aqui e está muito melhor”.

A história de Mark e Bill também me faz lembrar do quão importante é que contemos à outra pessoa quando Deus a tiver usado em nossas vidas. Isso por si só é uma recompensa de curto prazo, mas também nos encoraja a prosseguir e esperar pelas recompensas de longo prazo. Sou grato à cada carta amável que tenho recebido. Como a maioria das pessoas, mantenho muitas delas em um arquivo. Espero que não seja pelo fato de eu amar o louvor dos homens mais do que o louvor de Deus. Espero que seja pelo fato de que, ao ouvir a manifestação das pessoas, posso sentir a afirmação e o encorajamento de Deus para continuar trabalhando e investindo tempo e empenho, porque está sendo importante e está fazendo a diferença para a eternidade.

Alguém já mudou a sua vida por meio de algo que tenha feito a você? Você disse a ele o quanto isso significou para você?

Randy Alcorn

Traduzido por Saulo R. do Amaral

Artigo em inglês retirado do
blog Eternal Perspectives

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Verdade Absoluta

O que a palavra de Deus requer de nós, no entanto, não depende apenas de nosso relacionamento com ele como criaturas e súditos. Devemos crer e obedecer, não apenas porque ele nos diz que o façamos, mas também e primeiramente por ser uma palavra verdadeira. Seu autor é o "Deus da verdade" (Sl 31:5; Is 65:16), "cheio de amor e de fidelidade" (Êx 34:6). Tua "fidelidade alcança as nuvens" (Sl 108:4; cf. 57:10), isto é, ela é universal e ilimitada. Portanto sua "palavra é a verdade" (Jo 17:17); "as tuas justas ordenanças são eternas" (Sl 119:160); "tu és Deus! Tuas palavras são verdadeiras" (2Sm 7:28).

A verdade na Bíblia é primariamente uma qualidade pessoal e só em segundo lugar propositiva: isso significa estabilidade, confiança, firmeza, fidelidade, a qualidade da pessoa inteiramente coerente, sincera, realista, que não se deixa enganar. Deus é tal pessoa. A verdade, neste sentido, é sua natureza, e não há nele possibilidade de ser qualquer outra coisa. Por isso ele não pode mentir (Tt 1:2; Nm 23:19; 1Sm 15:29; Hb 6:18). Por isso suas palavras para nós são verdadeiras e não podem ser nada senão a verdade. Elas são o sumário da realidade: mostram-nos as coisas como realmente são, e como serão para nós no futuro de acordo com a atenção que dermos ou não à palavra de Deus.

Vamos estudar um pouco mais esse assunto em duas associações.

1. As ordens de Deus são verdadeiras. "Todos os teus mandamentos são verdadeiros" (Sl 119:151). Por que eles são descritos dessa forma? Primeiro, porque têm constância e continuidade como que mostrando o que Deus quer ver nas pessoas em qualquer época; segundo, porque nos falam da verdade imutável sobre nossa natureza. Isto é parte do propósito da lei de Deus; ela nos fornece uma definição prática da verdadeira humanidade. Mostra-nos a finalidade da vida e nos ensina como ser verdadeiramente humanos e nos adverte contra a autodestruição moral. Trata-se de um assunto de grande importância e que exige muita atenção nos dias atuais.

Estamos acostumados com a idéia de que nossos corpos são máquinas e que precisam seguir uma rotina determinada de alimentação, repouso e exercício se quisermos que funcione eficientemente. O corpo está sujeito a perder a capacidade de funcionamento saudável se abastecido com o combustível errado: álcool, venenos, drogas, terminando por "engripar" de vez na morte física. O que talvez tenhamos mais dificuldade para entender é que Deus deseja que pensemos em nossa alma de modo semelhante.

Como pessoas racionais, fomos criados para ter a imagem moral de Deus, isto é, nossa alma foi feita para "funcionar" praticando a adoração, a observação das leis, a fidelidade, a honestidade, a disciplina, o auto-controle e para servir a Deus e ao próximo. Se abandonarmos essas práticas, não apenas seremos culpados diante de Deus, mas também destruiremos progressivamente nossa alma. A consciência se atrofia, o senso de vergonha desaparece, a capacidade de ser fiel, leal e honesto é destruída, e o caráter se desintegra. Tornamo-nos não apenas desespera-damente miseráveis, mas somos gradualmente desumanizados. Este é um aspecto da morte espiritual. Richard Baxter estava certo ao formular a alternativa, como "Um santo ou um bruto": essa, no final, é a única escolha; e todos, cedo ou tarde, consciente ou inconscientemente, optarão por uma ou pela outra alternativa.

Hoje em dia, algumas pessoas sustentarão, em nome do humanismo, que a moralidade sexual "puritana" da Bíblia é prejudicial para se alcançar a verdadeira maturidade humana, e que um pouco mais de liberdade torna a vida mais rica. O nome exato para essa ideologia, em nossa opinião, não é humanismo, mas brutismo. A lassidão sexual não o tornará mais humano; em vez disso o tornará menos humano. Ela o brutalizará e dilacerará sua alma. A mesma coisa acontece sempre que qualquer mandamento de Deus é desrespeitado. Viveremos de forma realmente humana apenas enquanto estivermos nos esforçando para guardar os mandamentos de Deus. Não há outro modo.

2. As promessas de Deus são verdadeiras, pois ele as cumpre."... aquele que prometeu é fiel" (Hb 10:23). A Bíblia proclama em termos superlativos a fidelidade de Deus. "... a tua fidelidade (chega) até às nuvens" (Sl 36:5); "A tua fidelidade é constante por todas as gerações" (Sl 119:90); "grande é a sua fidelidade!" (Lm 3:23).

Como a fidelidade de Deus se apresenta? Pelo infalível cumprimento de suas promessas. Ele é o Deus que mantém a aliança; ele nunca engana quem confia em sua palavra. Abraão provou a fidelidade de Deus, esperando por um quarto de século, com idade avançada, pelo nascimento do herdeiro prometido, e milhões mais a têm provado desde então.

Nos dias em que a Bíblia era universalmente reconhecida nas igrejas como "A Palavra escrita de Deus", entendia-se claramente que as promessas divinas registradas nas Escrituras eram a base própria, dada por Deus, para toda uma vida de fé. O modo de fortalecer a fé era se concentrar em determinadas promessas que se aplicavam às condições do indivíduo. Samuel Clark,[1] um puritano moderno escreveu na introdução de sua obra Scripture promisses; or, the Christian's inheritance: a collection of the promises of Scripture under their proper heads [Promessas das Escrituras ou a herança cristã: uma coleção de promessas das Escrituras classificadas por assunto]:

A atenção fixa e constante às promessas e a crença firme nelas poderiam evitar a preocupação e a ansiedade quanto aos problemas desta vida. Poderia manter a mente quieta e serena em qualquer mudança e sustentar e manter nosso espírito decadente sob as diversas dificuldades da vida... Os cristãos negam a si mesmos os mais sólidos confortos pela descrença e esquecimento das promessas de Deus. Pois não há situação tão desesperadora para a qual não exista uma promessa adequada e perfeitamente capaz de trazer alívio.

O conhecimento total das promessas seria de grande vantagem para a oração. Com que segurança o cristão pode dirigir-se a Deus em Cristo quando considera as repetidas afirmações de que suas preces serão ouvidas! Com que alegria pode apresentar os desejos de seu coração quando se lembra dos textos onde é prometida a misericórdia! E com que fervor de espírito e grande fé pode reforçar suas orações apoiando-se nas promessas feitas graciosamente e que se aplicam a seu caso!

Estas coisas costumavam ser entendidas, mas a teologia liberal, com sua recusa em identificar as Escrituras escritas com a palavra de Deus, tem-nos privado largamente do hábito de meditar sobre as promessas e de basear nelas nossas orações, aventurando-nos pela fé na vida diária até aonde as promessas nos levarão. As pessoas hoje em dia zombam das caixinhas de promessa que nossos avós usavam, o que não é uma atitude sábia. As caixas de promessas podem ter sido usadas de modo errado, mas a abordagem das Escrituras e da oração que elas expressavam estava certa. Trata-se de uma perda que devemos recuperar.
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[1].Destacado estudioso da Bíblia (1684-1750), era descendente de uma longa linhagem de ministros puritanos. Foi ordenado na Capela Dagnall Lane, freqüentada por muito pastores dissidentes. Tornou-se conhecido pela dedicação ao ministério e por fundar escolas de caridade para crianças (que permaneceram em operação por mais de cem anos).
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J. I. Packer, O Conhecimento de Deus.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Você não tem de ser produtivo

Saiba que você não tem de ser produtivo. Com isso eu quero dizer: sua significância não vem da sua produtividade. Ela vem de Cristo, que obedeceu a Deus perfeitamente em nosso favor, de modo que nossa significância e posição diante de Deus vêm dele, não de algo que fazemos. Então, com base nisso, nós exercemos as boas obras (que é o que a produtividade é) e as fazemos zelosamente, como é dito em Tito 2:14: “O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.”

David Mathis, em You don't have do be productive

Traduzido por Saulo R. do Amaral

Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo algum o lançarei fora


terça-feira, 24 de novembro de 2009

Os escolhidos vão a Cristo

Se você perguntar: como posso saber se estou entre os escolhidos? Como posso saber que fui dado a Jesus e que ele me guardará e me ressuscitará? A resposta é bem simples: “Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.” (João 6:35).

Se você se achegar a ele dessa forma, você foi dado ao Filho. E se você foi dado ao Filho pelo Pai, você será guardado, e se você está guardado, você será ressuscitado no último dia. Venha. Venha agora. Venha a cada hora de cada dia. Amém.

John Piper

Traduzido por Saulo R. do Amaral

Extraído do sermão Behold, Believe, Be Raised

Leitura: João 6
33 Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. 34 Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. 35 Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. 36 Porém eu já vos disse que, embora me tenhais visto, não credes. 37 Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. 38 Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu. 42 E diziam: Não é este Jesus, o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe? Como, pois, agora diz: Desci do céu? 43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Uma estratégia de apologética bíblica

Nossa estratégia de apologética bíblica parte do reconhecimento que o cristianismo é o único sistema dedutivo com um princípio primeiro autoconsistente e autojustificável que foi infalivelmente revelado por um Deus onipotente e onisciente e que é amplo o bastante para produzir um número suficiente de proposições para uma cosmovisão autoconsistente e abrangente. O cristianismo é a única cosmovisão verdadeira, e somente ele torna o conhecimento possível. Todos os demais sistemas de pensamento desmoronam no ceticismo filosófico, mas como o ceticismo é autocontraditório [pois alega saber que não podemos saber nada], não é possível alguém permanecer nessa condição, e o cristianismo é a única saída do abismo epistemológico.

(...)

Entre outras coisas, uma estratégia bíblica de apologética desafia os não cristãos a serem consistentes com suas próprias cosmovisões e pressuposições explícitas, exigindo que parem de usar pressuposições bíblicas na construção dos seus sistemas. Porque os não cristãos não podem fazer isso, seus edifícios intelectuais colapsam em ceticismo autocontraditório. A única saída é o arrependimento pela sua tolice e pecaminosidade, e a conversão. Essa estratégia de argumentação será bem sucedida não apenas contra filosofia seculares, mas também contra todas as cosmovisões religiosas não cristãs.

A questão de como é possível uma pessoa conhecer alguma coisa [epistemologia] é suficiente para demolir qualquer cosmovisão não cristã. A menos que a pessoa afirme um conjunto abrangente de doutrinas bíblicas cobrindo todos os aspectos da vida e do pensamento – isto é, a menos que ela firme uma cosmovisão bíblica completa – pode-se facilmente demonstrar que suas crenças são injustificadas, arbitrárias e inconsistentes. É possível que o não cristão nem saiba qual é o princípio primeiro ou autoridade última da sua cosmovisão, mas o apologista cristão pode chegar ao seu conhecimento fazendo as perguntas certas. Isso envolverá provavelmente perguntas diretamente relacionadas ao tópico em discussão, seja ele qual for e questões relacionadas àquilo que o não cristão pensa sobre assuntos últimos (como metafísica e epistemologia), que incluirão questões sobre como o não cristão tenta justificar suas crenças.

(...)

Por derivar do conteúdo e autoridade da Escritura, esse método de argumentação possibilita até mesmo uma criança educada em teologia cristã humilhar completamente os maiores filósofos e cientistas não cristãos.

Vincent Cheung, em Questões Últimas

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Obedecer a Cristo

Josué foi especialmente exortado a continuar no caminho da obediência. Ele era o comandante, mas havia um grande Comandante-em-chefe que deu a ele as ordens de marcha. Josué não foi deixado ao seu próprio julgamento falível, ou à sua opinião instável, mas ele tinha de fazer de acordo com tudo o que havia sido escrito no livro da lei.

Assim é conosco, que somos crentes. Não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça; ainda assim, há uma regra do evangelho a qual estamos obrigados a seguir, e a lei na mão de Cristo é uma regra de vida prazerosa para o crente. Não podemos seguir, no serviço de Deus, nossas próprias opiniões. Não temos permissão para inventar regras de acordo com nossas próprias concepções, mas a nossa direção é “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Seus servos devem servi-lo, suas ovelhas devem seguir seus passos, seus discípulos devem obedecer ao seu Senhor, seus soldados devem cumprir sua vontade: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Se não somos obedientes a Cristo, podemos estar certos de que não temos o espírito de Cristo, e não somos dele.

C. H. Spurgeon

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Extraído do site The Daily Spurgeon

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Crer e Observar

O que é um cristão? Ele pode ser descrito sob muitos ângulos, mas partindo-se do que dissemos é claro que resumiremos tudo ao dizer; é alguém que conhece e vive sob a palavra de Deus. É quem se submete sem reservas à palavra de Deus escrita no "Livro da Verdade" (Dn 10:21), crê nos ensinamentos, confia nas promessas e segue os mandamentos. Seus olhos vêem o Deus da Bíblia como seu Pai, e o Cristo da Bíblia como seu Salvador.

Se você lhe perguntar ele dirá que a palavra de Deus o convenceu de seu pecado e também lhe deu a garantia do perdão. Sua consciência, como a de Lutero, é cativa à palavra de Deus, e ele aspira como o salmista a pautar sua vida de acordo com ela. "Quem dera fossem firmados os meus caminhos na obediência aos teus decretos [...] não permitas que eu me desvie dos teus mandamentos [...] ensina-me os teus decretos. Faze-me discernir o propósito dos teus preceitos [...] Inclina o meu coração para os teus estatutos [...] Seja o meu coração íntegro para com os teus decretos" (Sl 119:5,10,26,27,36,80). As promessas estão diante dele enquanto ora e os preceitos estão à sua frente quando se move entre as pessoas.

O cristão sabe que além de a palavra de Deus ter sido dirigida diretamente a ele por meio das Escrituras, ela também foi proferida a fim de criar, controlar e ordenar as coisas que o rodeiam. Entretanto como as Escrituras lhe dizem que todas as coisas contribuem juntamente para o seu bem, a idéia de Deus ordenar todas as circunstâncias só lhe traz alegria. Ele é uma pessoa independente, pois usa a palavra de Deus como uma pedra de toque pela qual testa as diversas idéias que lhe são apresentadas e não aceitará coisa alguma sem ter certeza da aprovação das Escrituras.

Por que esta descrição se aplica a tão poucos de nós que professamos ser cristãos nestes dias? Você terá grande proveito se fizer esta pergunta a sua consciência e deixar que ela lhe fale.
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J.I. Packer, O Conhecimento de Deus, pg 105. Editora Mundo Cristão

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Quando você não estiver a fim

Jon BloomVocê acorda sem estar a fim de ler sua Bíblia e orar? Quantas vezes hoje você teve de lutar por não estar a fim de fazer coisas que você sabe que seriam boas para você?

Embora seja verdade que isso é o pecado que habita em nós, e que devemos nos arrepender dele e combatê-lo, há muito mais por trás.

Pense sobre esse estranho padrão que ocorre sempre e sempre em todas as áreas da vida:

* Uma boa comida requer disciplina para prepará-la, enquanto comer fast food tende a ser mais apetitoso, viciante e conveniente.

* Manter o corpo forte e saudável requer um desconforto deliberado, mas só precisamos de constante conforto para criar barriga.

* Você precisa se concentrar naquele livro de teologia abençoador, enquanto assistir um filme parece ser tão convidativo.

* Você frequentemente tem de se esforçar em suas devoções e orações, enquanto dormir, ler sobre esportes e checar o Facebook parecem tarefas simples.

* Tocar uma bela música requer centena de horas de prática tediosa.

* Sobressair-se nos esportes requer treinos monótonos ad nauseum.

* São precisos anos e anos de estudo só para que certas oportunidades tornem-se possíveis.

* E por aí vai.

O padrão é este: as maiores alegrias são obtidas por meio de esforço e dor, enquanto alegrias breves, insatisfatórias e frequentemente destrutivas estão bem próximas de nossos dedos. Por que é assim?

Porque, por grande misericórdia, Deus está nos mostrando em todos os lugares, em coisas que são apenas sombras das coisas celestiais, que há uma grande recompensa para aqueles que são atribulados (Hebreus 10.32-35). Ele está nos lembrando repetidamente, a cada dia, a andar pela fé e não pelo que vemos (2 Coríntios 5.7).

Cada tribulação é um convite de Deus a seguirmos os passos de seu Filho, que “pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” (Hebreus 12.2).

Aqueles que são espiritualmente cegos veem somente futilidade nessas coisas. Mas para aqueles que têm olhos para ver, Deus imprime esperança (fé na graça futura) dentro da futilidade da Criação (Romanos 8.20,21). Cada tribulação é um sinal dizendo: “Olhe! Olhe para a alegria verdadeira diante de você!”.

Portanto, quando você não está muito a fim de fazer o que você sabe que é o melhor para você, tome coragem e não desista. Seu Pai está sinalizando para você a recompensa que ele planejou para todos que perseveram até o fim (Mateus 24.13).

Por este ângulo, a aflição momentânea está nos preparando para o eterno peso da glória, além de toda comparação, quando olhamos não para as coisas visíveis, mas para as que são invisíveis. Porque o que é visível é temporário, mas as coisas que são invisíveis são eternas.

Jon Bloom

Traduzido por Josaías Jr | iPródigo

Tomás de Aquino sobre a providência de Deus na vida dos predestinados

A cegueira é preâmbulo do pecado. Ora, o pecado leva a duas coisas: por ele mesmo, à condenação; mas, pela misericordiosa providência de Deus, à cura. Assim, Deus permite que certos caiam no pecado a fim de que, como diz Agostinho, reconheçam seu pecado, humilhem-se e se convertam. (...) Pela misericórdia divina ela é temporariamente ordenada como uma medicina para a salvação daqueles que são obcecados. Entretanto, esta misericórdia não é concedida a todos os obcecados, mas unicamente aos predestinados, para os quais "tudo concorda para o bem", como diz a Carta aos Romanos. Desde modo, para alguns a cegueira se ordena à salvação, mas, para outros, à condenação.

(...) Portanto, deve-se dizer que todos os males que Deus faz ou permite são ordenados a algum bem. Entretanto, nem sempre ao bem daquele no qual está o mal, mas algumas vezes, ao bem de um outro, ou ainda ao bem de todo o conjunto. É assim que ordenou a culpa dos tiranos ao bem dos mártires; e a pena dos condenados ordena à glória de sua justiça.

Tomás de Aquino
, em Suma Teológica, tomo IV.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Devo dar todo o meu dízimo para a igreja local?

Não há uma ordem bíblica clara de proporcionalidade, de quanto você deve dar para a sua igreja e de quanto dar para outros ministérios.


Como um pastor, se alguém viesse a mim e perguntasse “Gostaria de dar o dízimo. Onde devo entregá-lo?", eu diria “Bom, creio que uma maneira prática de proceder seria dizer que, considerando que esta é a sua família de crentes, com seu próprio conjunto de necessidades, e que você se beneficia com a igreja e dedica a sua vida a ela, começar dando o dízimo aqui seria uma boa ideia. E, a partir daí, você pode dar mais em outros lugares”.

Mas eu nunca diria “Você deve dar o seu dízimo para esta igreja”. Simplesmente não acho isso na Bíblia. Eu não tenho como embasar isso com textos bíblicos.

Quando pensamos a respeito do que as igrejas precisam para sobreviver e prosperar, creio que elas precisam de, aproximadamente, um décimo do que seus membros têm, e mais. Você pode ficar livre para ir além.

Quanto a mim, dou quase tudo para a igreja. Sinto-me tão em dívida aqui, e tão grato, que dou quase tudo aqui. Há outras pequenas coisas que faço, a favor de causas Pró-vida. Estou sempre preenchendo pequenos cheques aqui e ali. Mas a substância da minha contribuição é na igreja local.

Eu encorajaria as pessoas a refletirem com um pastor a respeito do que seria uma boa base para contribuir na igreja, e, então, os encorajaria a serem generosos em outros lugares também.

John Piper

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Texto traduzido da transcrição de áudio disponibilizada pelo
site Desiring God, na seção Ask Pastor John

Para ler mais sobre o tema, veja um artigo de Rushdoony.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Por Que a Crença no Inferno é Fundamental?

Hoje é o dia de comunicações rápidas. Amanhã é o dia de negócios. A eternidade é o dia da verdade. Se você vive somente para este mundo, se importará pouco com a verdade. “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”. Se isso tudo existe, podemos muito bem chamar de “verdade” as idéias que protegem nossos apetites. Mas, se você vive para a eternidade, rejeitará as modas populares e efêmeras, para se tornar eternamente relevante.

Temos de valorizar a verdade acima do sucesso temporário. Onde a verdade é minimizada e as pessoas não estão nela arraigadas e fundamentadas, o sucesso é superficial, e a árvore cresce oca, embora floresça no sol da prosperidade. Que Deus nos dê um amor humilde submisso pela verdade da Palavra de Deus, na profundeza e plenitude dela.

Ouçam a advertência de Paulo a respeito de nossos dias: “Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm 4.3). “[Eles] perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” (2 Ts 2.10). Considere uma verdade que não é popular e tem sido abandonada por muitos que têm sobre a sua tenda a bandeira de “evangélico” – a verdade a respeito do inferno. Oh! Que grande diferença existe quando uma pessoa crê no inferno – com tremor e lágrimas! Existe uma seriedade permeando toda a vida, uma urgência em todos os esforços, um condimento de profunda seriedade que tempera tudo e faz com que o pecado sinta-se mais pecaminoso, e a santidade mais santa, a vida mais preciosa, os relacionamentos mais profundos e Deus muito mais importante.

Entretanto, como em toda geração, existem novos abandonos da verdade. Clark Pinnock, um teólogo canadense que insiste em se chamar evangélico, escreveu:

A princípio fui levado a questionar a crença tradicional no tormento eterno e consciente, porque me era moralmente repugnante e por considerações teológicas mais amplas, e não por considerações de textos bíblicos. Não é lógico dizermos que um Deus de amor afligirá pessoas para sempre, por causa de pecados cometidos no contexto de uma vida finita... É tempo de os evangélicos se levantarem e afirmarem que o ensino bíblico moralmente apropriado sobre o inferno é a aniquilação, e não o tormento eterno.(1)
Dorothy Sayers, que faleceu em 1957, expressou um antídoto necessário para este tipo de abandono da verdade:

Parece existir um tipo de conspiração, especialmente entre os escritores de meia idade que possuem uma tendência vagamente liberal, para esquecer ou anular de onde procede a doutrina sobre o inferno. Encontramos freqüentes referências à “cruel e abominável doutrina medieval do inferno” ou “a grotesca e ingênua imagem medieval de vermes e fogo”.

O caso, porém, é exatamente o contrário. Encaremos os fatos. A doutrina do inferno não é “medieval”; é uma doutrina ensinada por Cristo. Não é um artifício do “clero medieval” para atemorizar o povo e fazê-lo dar dinheiro à igreja. O inferno é o julgamento deliberado de Cristo sobre o pecado. A imagem de vermes que não morrem e de fogo inextinguível deriva-se não da “superstição medieval”, e sim do profeta Isaías; e foi Cristo quem a usou enfaticamente... Ela nos confronta no mais antigo e menos “editado” dos evangelhos; está explícita em muitas das parábolas mais familiares e implícita em muitas outras.
Essa figura tem, nos ensinos de Cristo, uma dimensão maior do que alguém possa perceber, até que comece a ler todos os evangelhos, em vez de selecionar e ler somente as passagens mais consoladoras. Ninguém pode se livrar desta doutrina, sem despedaçar o Novo Testamento. Não podemos repudiar o inferno, sem repudiarmos a Cristo.(2)

Eu acrescentaria: existem muitas outras coisas que, abandonadas, também equivalerão ao eventual repúdio de Cristo. Não é por causa de uma lealdade ultrapassada que amamos as verdades da Escritura – nem mesmo as mais severas. É por causa do amor a Cristo – e por causa do amor para com o seu povo – povo esse que somente o Cristo da verdade pode salvar.
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1 – Clark Pinnock and Delwin Brown, Theological Crossfire: Na Evangelical Liberal Dialogue (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1990), pp. 226-227.
2 – Dorothy Sayers, A Matter of Eternity, ed. Rosamond Kent Sprague (Grand Rapids, Eerdmans, 1973), p. 86
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John Piper, Penetrado pela Palavra.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DA FÉ

A FÉ É UM DOM DE DEUS

Se considerarmos honestamente em nosso interior até que ponto é cego nosso pensamento ante os segredos celestiais de Deus, e até que ponto é nosso coração infiel em tudo, não duvidaremos que a fé ultrapassa infinitamente todo o poder de nossa natureza, e que é um dom extraordinário e precioso de Deus. Como diz são Paulo: "Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:11, ACF). Se a verdade de Deus vacilar em nós, inclusive tratando-se de coisas que nosso olho vê, como vai ser firme e estável quando o Senhor promete coisas que nem nosso olho vê nem nossa inteligência compreende? Vemos, pois, que a fé é uma iluminação do Espírito Santo, que esclarece nossas inteligências e fortalece nossos corações. Ela nos convence com certeza e nos da a segurança de que a verdade de Deus é de modo tal certa, que Deus cumprirá tudo o que em sua santa Palavra prometeu que Ele faria. Eis aqui por que o Espírito Santo é designado como "penhor" que confirma em nossos corações a certeza da verdade divina, e como um selo que selou nossos corações na espera do dia do Senhor. O Espírito Santo dá testemunho a nosso espírito de que Deus é nosso Pai e nós, seus filhos.

SOMOS JUSTIFICADOS EM CRISTO PELA FÉ

Sendo Cristo o objeto permanente da fé, não podemos saber o que recebemos pela fé senão olhando para Ele. Agora bem, o Pai nos o entregou para que tenhamos nEle a vida eterna. Jesus disse: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste" (João 17:3, PJFA); e também: "quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11:24, PJFA). Contudo, para que isto se cumpra, é necessário que sejamos purificados nEle, já que estamos manchados pelo pecado, e nada impuro entrará no Reino de Deus. Pelo qual necessitamos participar nEle, para que nós, que somos pecadores em nós mesmos, sejamos pela sua justiça achados justos ante o trono de Deus. E deste modo, despojados de nossa própria justiça, somos revestidos da justiça de Cristo e, sendo por nossas obras, injustos, somos justificados pela fidelidade de Cristo. Pois se diz que somos justificados pela fé, não porque recebamos em nosso interior alguma justiça, senão porque nos é atribuída a justiça de Cristo como se fosse nossa, enquanto que não nos é imputada nossa própria injustiça. De modo tal que é possível, resumindo numa palavra, chamar a esta justiça de remissão dos pecados. Isto é o que o apóstolo declara expressamente comparando com freqüência a justiça das obras com a justiça da fé, e ensinando que uma destrói a outra. Estudando o símbolo dos apóstolos — que indica por sua ordem todas as realidades sobre as que está fundada e se apóia nossa fé—,veremos como Cristo nos tem merecido esta justiça e em que consiste a mesma.
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João Calvino. A Verdade Para Todos os Tempos

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O porquê de amarmos as Doutrinas da Graça

A eleição incondicional profere os julgamentos mais ásperos e doces à minha alma. Por ela ser incondicional, destrói toda auto-exaltação; por ser eleição, faz-me ser seu tesouro. Esta é uma das belezas das doutrinas bíblicas da graça: as suas piores devastações nos preparam para as suas maiores delícias. Que arrogantes nós nos tornaríamos com as palavras: “Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Deuteronômio 7:6), se essa eleição fosse, de alguma forma, dependente da nossa vontade. Mas para nos proteger do orgulho, o Senhor nos ensina que nós somos incondicionalmente escolhidos (7:7-9). “Ele fez de um miserável o seu tesouro”, como nós alegremente cantamos. Somente a liberdade devastadora e a incondicionalidade da graça eletiva nos permitem obter e provar tais presentes sem a exaltação do ego.

John Piper

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Extraído do site Desiring God

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A desobediência fatal de Adão e a obediência triunfante de Cristo - John Piper

Romanos 5:12-21


12 Concluindo, da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram. 13 Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei. 14 No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era uma prefiguração [um tipo, ou figura]1 daquele que haveria de vir. 15 Contudo, não há comparação entre o dom gratuito e a transgressão. Pois, se muitos morreram por causa da desobediência de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões! 16 Por isso, não se pode comparar a graça de Deus com a conseqüência do pecado de um só homem; porquanto, o julgamento derivou de uma só ofensa que resultou em condenação, mas o dom gratuito veio de muitas transgressões e trouxe a justificação. 17 Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!18 Portanto, assim como uma só transgressão determinou na condenação de todos os seres humanos, assim igual-mente um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. 19 Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem, muitos serão feitos justos. 20 A Lei foi instituída para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, 21 para que, assim como o pecado reinou na morte, assim também reine a graça pela justiça para outorgar vida eterna,por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Jesus é Supremo

Um dos objetivos desta série é o de incutir em nossas mentes o fato de que Jesus Cristo é a pessoa mais importante no universo – não mais importante do que Deus Pai ou Deus Espírito. Com Eles, Ele é igual em dignidade, beleza, justiça, amor e poder. Mas Ele é mais importante do que todas as outras pessoas – sejam anjos, demônios, reis, comandantes, cientistas, artistas, filósofos, atletas, músicos ou atores –, aqueles que vivem agora, ou que já viveram, ou que viverão. Jesus Cristo é supremo.


Todas as coisas para Jesus – mesmo o mal


Esta série também pretende mostrar que tudo o que existe – incluindo o mal – é ordenado por um Deus infinitamente santo e todo-sábio para fazer a glória de Cristo brilhar mais claramente. Alguns de nós acabaram de ler nesta semana, em nosso plano de leitura bíblica, Provérbios 16:4: “O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal”. Deus fez isso em seu próprio modo misterioso, que preserva a responsabilidade do ímpio e a impecabilidade de Seu próprio coração. Há duas semanas atrás, nós vimos que toda as coisas foram feitas por Cristo e
para Cristo (Colossenses 1:16). E isso inclui, Paulo diz, “sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades”, que foram derrotados por Cristo na cruz. Eles foram feitos “para o dia do mal”. E naquele dia o poder, justiça, ira e amor de Cristo serão exibidos. Mais cedo ou mais tarde, toda rebelião contra ele virá à ruína.

O Deus que está ali

Esta série também tem como objetivo solidificar a convicção de que o Cristianismo não é apenas um conjunto de idéias, práticas e sentimentos designados para o nosso bem-estar psicológico - seja designado por Deus ou pelo homem. O Cristianismo não consiste disso. O Cristianismo começa com a convicção de que Deus é uma realidade objetiva fora de nós mesmos. Como Francis Schaefer disse, ele é o
Deus que está ali. Nós não O fizemos. Ele nos fez. Nós não decidimos como Ele será. Ele decide como nós seremos. Ele criou o universo, e este tem o sentido que Ele deu a ele, não o sentido que nós demos. Se nós dermos um sentido diferente do dEle, nós somos tolos. E nossas vidas serão trágicas, no fim. O Cristianismo não é um jogo; não é uma terapia. Tudo das suas doutrinas flui do que Deus é do que Ele tem feito na história. Elas correspondem à realidade crua. Cristianismo é mais do que fatos. Há fé, esperança e amor. Mas essas coisas não flutuam no ar. Elas crescem como grandes cedros na rocha da verdade de Deus. E a razão de eu ter feito esse um de nossos objetivos nesta série é porque estou profundamente convencido pela Bíblia de que a alegria, a força e a santidade eterna de vocês depende da solidez dessa cosmovisão, colocando algumas fibras fortes na espinha dorsal da fé de vocês. Cosmovisões fracas produzem cristãos fracos, e cristãos fracos não sobreviverão aos dias que virão. O emocionalismo sem raiz, que trata o Cristianismo como uma opção terapêutica, será varrido para longe nos Últimos Dias. Os que sobreviverão serão aqueles que têm construído suas casas na rocha da grande e objetiva verdade, tendo Jesus Cristo como a origem, centro e finalidade de tudo.

A glória de Jesus planejada no pecado de Adão


O foco, hoje, é no pecado espetacular do primeiro homem, Adão, e como ele preparou o terreno para o contraste mais espetacular de Jesus Cristo. Vamos retornar a Romanos 5:12-21. No verão de 2000, passamos cinco semanas nesses versículos. Hoje o foco será diferente de tudo o que vimos naquelas semanas. Quero que foquemos na glória de Cristo como o principal propósito que Deus tinha em mente quando planejou e permitiu o pecado de Adão, e, com ele, a queda de toda humanidade em pecado. Lembrem do que eu disse semana passada: o que quer que Deus permita, Ele permite por uma razão. E suas razões são sempre infinitamente sábias e propositadas. Ele não precisava deixar a Queda acontecer. Ele poderia tê-la impedido, assim como poderia ter impedido a queda de Satanás (como vimos na semana passada). O fato de Ele não ter impedido isso significa que Ele tem uma razão, um propósito para isso. E Ele não ajusta os seus planos à medida que prossegue. O que Ele entende como sendo sábio, Ele sempre entendeu como sendo sábio. Portanto, o pecado de Adão e a queda da raça humana com ele em pecado e miséria não pegaram Deus desprevenido, e isso é parte de Seu amplo plano para demonstrar a plenitude da glória de Jesus Cristo. Um dos jeitos mais fáceis de mostrar isso a partir da Bíblia – e nós não entraremos em detalhes aqui – é olhar para os lugares onde é demonstrado que o sacrifício de Cristo que destruiu o pecado estava na mente de Deus antes da criação do mundo. (Para mais detalhes, veja a mensagem "O sofrimento de Cristo e a soberania de Deus"). Por exemplo, em Apocalipse 13:8, João escreve a respeito de “todos aqueles cujos nomes não estavam escritos antes da fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado”(ESV). Então, existia um livro antes da fundação do mundo chamado “livro da vida do Cordeiro imolado”. Antes de o mundo ter sido criado, Deus já tinha planejado que seu Filho seria imolado como um Cordeiro para salvar todos aqueles que estavam escritos no livro. Nós poderíamos ir para outros numerosos textos como esse (Efésios 1:4-5; 2 Timóteo 1:9; Tito 1:1-2; 1 Pedro 1:20) para ver que o sofrimento e a morte de Cristo pelo pecado não foram planejado após o pecado de Adão, mas antes. Assim, quando o pecado de Adão aconteceu, Deus não se surpreendeu com aquilo, mas já tinha feito isso parte de Seu plano – qual seja, um plano para demonstrar sua maravilhosa paciência, graça, justiça e ira na história da redenção, e, então, climaticamente, revelar a grandeza de Seu Filho como o segundo Adão, superior ao primeiro Adão em todos os aspectos. Então, olhamos para Romanos 5:12-21, desta vez tendo em mente que o pecado espetacular de Adão não frustrou os propósitos de Deus de exaltar a Cristo, mas, ao contrário, serviu a eles. Aqui está a forma como olharemos esses versículos. Existem cinco referências explícitas a Cristo. Uma delas estabelece a forma como Paulo está pensando sobre Cristo e Adão. E o resto mostra como Cristo é maior do que Adão. Duas delas são tão similares que as veremos em conjunto. O que significa que olharemos para três aspectos da superioridade de Cristo.

Jesus, “O que havia de vir”


Primeiro vamos olhar como Cristo é referido no versículo 14 e ler os versículos 12-13 pra contextualizar: “Concluindo, da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram. 13 Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei. 14 No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era um tipo daquele que havia de vir.”. Aí está a referência a Cristo: “aquele que havia de vir”. O versículo 14 estabelece a forma como Paulo está pensando no resto da passagem. Adão é chamado de “tipo” daquele que havia de vir, isto é, um tipo de Cristo. Perceba a coisa mais óbvia antes: Cristo “havia de vir”. Desde o começo, Cristo era “o que havia de vir”. Paulo mostra que Cristo não foi uma idéia posterior2. Paulo não diz que Cristo foi concebido como uma cópia de Adão; ele diz que Adão era um tipo de Cristo. Deus lidou com Adão de um jeito que faria dele um tipo da forma com que Ele planejou glorificar Seu Filho. Um tipo é uma prefiguração de algo que virá mais tarde e que será como o tipo – apenas maior. Então, Deus lidou com Adão de um jeito que faria dele um tipo de Cristo. Agora, perceba mais atentamente justamente onde, na fluência de seu pensamento, Paulo escolhe dizer que Adão é um tipo de Cristo. versículo 14: “No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir.” Ele escolhe nos dizer que Adão é um tipo de Cristo logo após dizer que mesmo as pessoas que não pecaram da forma como ele pecou arcam com a culpa com que Adão arcou. Por que Paulo, justamente neste ponto, diz que Adão era um tipo de Cristo?

Jesus, nosso cabeça representativo Porque o que ele tinha acabado de dizer vai na essência de como Cristo e Adão são semelhantes e diferentes. Aqui está o paralelo: pessoas cuja transgressão não foi como a de Adão morreram com Adão. Por quê? Porque eles estavam conectados a Adão. Ele era o cabeça representativo da humanidade, e o seu pecado é contado como o pecado da humanidade, por causa de sua conexão com ele. Essa é a essência do porquê de Adão ser chamado um tipo de Cristo – porque a nossa obediência não é como a obediência de Cristo e, mesmo assim, nós temos vida eterna com Cristo. Por quê? Porque nós estamos conectados com Cristo pela fé. Ele é o cabeça representativo da nova humanidade e Sua justiça é contada como nossa justiça por causa da nossa conexão com Ele (cf. Romanos 6:5). Aqui está o paralelo implicado em se dizer que Adão é um tipo de Cristo:

Adão > pecado de Adão > humanidade condenada nele > morte eterna

Cristo > justiça de Cristo > nova humanidade justificada nele > vida eterna
O resto da passagem revela o quão maior Cristo e seu trabalho e sua obra salvífica são do que Adão e sua obra destrutiva. Mantenha em mente o que eu disse no começo. O que estamos dizendo aqui é a revelação de Deus de realidades que definem o mundo em que cada pessoa neste planeta vive. Todos neste planeta estão incluídos neste texto, porque Adão foi o Pai de todos. Assim, cada pessoa que você encontrar na América, ou em qualquer outro país de qualquer etnia, está encarando o que esse texto fala. Morte em Adão ou vida em Cristo. Esse é um texto global. Não esqueça isso. Essa é a realidade definidora para cada pessoa que você vai encontrar. Cosmovisões fracas produzem cristãos fracos. Esta não é uma cosmovisão fraca. Ela se estende sobre toda a história e sobre toda a terra. Ela afeta profundamente cada pessoa no mundo e cada manchete na internet.

Celebrando a superioridade de Jesus

Agora vamos olhar para as três formas com que Paulo celebra a superioridade de Cristo e da Sua obra sobre Adão e sua obra. Elas podem ser resumidas em três frases: 1) a abundância da graça, 2) a perfeição da obediência, e 3) o reino da vida.

1) A abundância da Graça


Primeiro, o versículo 15 e a abundância da graça. “Contudo, não há comparação entre o dom gratuito e a transgressão. Pois, se muitos morreram por causa da desobediência de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões”. O ponto aqui é que a graça de Deus é mais poderosa do que a transgressão de Adão. É isso o que as palavras “muito mais” significam: “muito mais a graça de Deus... transbordou para multidões”. Se a transgressão do homem trouxe morte, muito mais a graça de Deus traz vida.
Mas Paulo é mais específico que isso. A graça de Deus é especificamente “a graça de um só homem, Jesus Cristo”. “Muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões”. Essas não são duas graças diferentes. “A graça de um só homem, Jesus Cristo” é a encarnação da graça de Deus. Essa é a forma com que Paulo fala sobre isso, por exemplo, em Tito 2:11: “Porque a graça de Deus se há manifestado [a saber, em Jesus], trazendo salvação...”. E em 2 Timóteo 1:9: “O seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”. Então, a graça que há em Jesus é a graça de Deus. Essa graça é graça soberana. Ela conquista tudo em seu caminho. Nós veremos em um momento que ela tem a força do Rei do universo. É uma graça que reina. Essa é a primeira celebração da superioridade de Cristo sobre Adão. Quando a transgressão de um homem, Adão, e a graça de um homem, Jesus, se encontram, Adão e sua transgressão perdem. Cristo e a graça vencem. Essa é uma notícia muito boa para aqueles que pertencem a Cristo.

2) A perfeição da obediência

Segundo, celebra a forma com que a graça de Cristo vence a transgressão e morte de Adão, isto é, a perfeição da obediência de Cristo. Versículo 19: “Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem [isto é, Adão] muitos se tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem [a saber, Cristo], muitos serão feitos justos”. Assim, a graça desse homem, Jesus Cristo, o guarda de pecar – o mantém obediente até a morte, e morte de cruz (Flilpenses 2:8) – para que Ele ofereça a perfeita e completa obediência ao Pai em favor daqueles que estão ligados a Ele pela fé. Adão falhou em sua obediência. Cristo foi bem-sucedido com perfeição. Adão foi a fonte de pecado e morte. Cristo foi a fonte de obediência e vida.
Cristo é como Adão, o qual era um tipo de Cristo – ambos são os cabeças representativos de uma velha e nova humanidades. Deus imputou a falha de Adão a sua humanidade e Deus imputou o sucesso de Cristo a Sua humanidade por causa da forma com que essas duas humanidades estão unidas aos seus respectivos cabeças. A enorme superioridade de Cristo é que Ele não só foi bem-sucedido em obedecer perfeitamente, mas fez isso de uma maneira que milhões de pessoas são feitas justas por causa de Sua obediência. Você está ligado apenas a Adão? Você é apenas parte da primeira humanidade destinada à morte? Ou você também está ligado a Cristo, e é parte da nova humanidade destinada à vida eterna?

3) O reino da vida


Terceiro, Paulo celebra não apenas a graça abundante de Cristo e a obediência perfeita de Cristo, mas, finalmente, o reino da vida. A graça leva, por meio da obediência de Cristo, ao triunfo da vida eterna. Versículo 21: “... para que, assim como o pecado reinou na morte, assim também reine a graça pela justiça para outorgar vida eterna, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” A graça reina por intermédio da justiça (isto é, por intermédio da justiça perfeita de Cristo) até o grande clímax da vida eterna – e tudo isso é “por intermédio da Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Ou, uma vez mais no versículo 17, a mesma mensagem: “Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!”. O mesmo padrão: a graça, através do dom gratuito da justificação, leva ao triunfo da vida, e tudo isso por meio de Jesus Cristo. Eu mencionei acima que a graça de Deus em Cristo que Paulo menciona nesses versículos é a graça soberana. Aqui é onde você vê isso, isto é, na palavra reino. A morte tem um tipo de soberania sobre o homem e reina sobre tudo. Todos morrem. Mas a graça derrota o pecado e a morte. Ela reina em vida mesmo sobre aqueles que já morreram. Isso é graça soberana.

A obediência espetacular de Jesus

Essa é a grande glória de Cristo – Ele excede em muito o primeiro homem, Adão. O pecado espetacular de Adão não é tão grande quanto a graça e a obediência espetaculares de Cristo e o dom da vida eterna. De fato, o plano de Deus desde o começo, em sua perfeita retidão, era o de que Adão, como o cabeça representativo da raça humana, seria um tipo, uma prefiguração de Cristo como o cabeça representativo de uma nova humanidade. Seu plano era o de que, por essa comparação e contraste, a glória de Cristo resplandeceria mais gloriosamente. O versículo 17 coloca o assunto para você de maneira muito pessoal e urgente. Onde você se encontra? “Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!”. Observe as palavras de forma pessoal e muito cuidadosamente: “os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça”.

Palavras preciosas para pecadores


Essas são palavras preciosas para pecadores: a graça é gratuita, o dom é gratuito, a justiça de Cristo é gratuita. Você a receberá como a esperança e tesouro da sua vida? Se o fizer, você “reinará em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo”. Receba-a agora. Testemunhe acerca disso no batismo. E torne-se uma parte viva do povo de Cristo.

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1 N. do T.: Essas são algumas traduções possíveis do texto. Na versão original do autor (ESV), a palavra usada é “tipo”. Na versão Corrigida Fiel, prefere-se a palavra “figura”, e, na Atualizada, “prefigurava”. A versão utilizada neste primeiro momento é a da King James. Daqui para a frente, no entanto, usarei a versão do autor neste versículo.

2 N. do T.: Afterthought, neste contexto, dá a idéia de “Plano B”.


Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Extraído da série Spectacular sins and their global purpose
in the glory of Christ, a ser toda traduzida por este blog.

* Para fazer o download do texto, clique aqui.

Abaixo seguem dois vídeos legendados deste sermão de John Piper (os vídeos já haviam sido publicado anteriormente aqui no blog).



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