Duas Cidades - Agostinho de Hipona
Extraí o texto a seguir do filme "Santo Agostinho", onde ele discursa sobre a corrupção da sociedade e instiga o povo a se analisar para descobir a que tipo de sociedade pertence, à justificada ou à corrompida. Provavelmente, esse discurso foi retirado dos clássicos "Confissões" e "A Cidade de Deus", onde encontrei vários textos semelhantes, portanto, retratam bem o pensamento desse que foi um dos maiores teólogos e filósofos em todos os tempos. O discurso foi feito logo após a ruína de Roma.
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Vocês conhecem meu sofrimento por esta nossa sociedade cheia de injustiça em que a corrupção, a desordem, a violência, o amor pelo poder e pelo dinheiro cobriram de vergonha a dignidade dos homens, que perderam o conhecimento do que são, desde o início dos séculos, filhos de Deus e herdeiros do Paraíso. “Mas os sofrimentos dessa vida, diz Paulo, não são comparáveis com a glória que um dia deverá palpitar em nós”. Sendo assim, não nos deixemos invadir por pensamentos carnais, o momento não é esse. O mundo foi sacudido, o velho homem, arrasado; a nossa carne, humilhada; até que a esperança viva e brilhe.Quando os pagãos nos disseram: Roma caiu por causa da sua fé, nós respondemos que a doutrina de Cristo não nos foi dada para acumularmos os bens da terra, mas para reformularmos a nossa vida e nos conduzirmos para os bens invisíveis.
Os reinos, os poderes e tudo o que lhes diz respeito são, na verdade como torrentes após a chuva, nascem, incham e se perdem no mar. Não são mais que o murmúrio entre dois silêncios. Enquanto o mundo treme e desaba, Cristo nos diz: “Por que se abalar? Eu já havia predito isso. Surpreendem-se por que o mundo perece? È como se surpreendessem porque o homem envelhece. O mundo é como o homem, nasce, cresce, envelhece”. Que sua fé, portanto, se reaviva, porque Cristo veio ao mundo para recriá-los, enquanto tudo está se desfazendo. Não se recusem a rejuvenescer em Cristo. A natureza, viciada pelo pecado, gera os cidadãos da cidade terrena. A graça, que liberta a natureza do pecado, gera os cidadãos da cidade de Deus. Os primeiros, descendentes de Caim, envelhecem como os bens da Terra aos quais se apegaram. Os segundos, descendentes de Abel, são regenerados de idade em idade para que vivam na esperança da Pátria Celeste. É assim que dois amores geram duas cidades. O Amor de Deus gera Jerusalém. O amor por este mundo gera Babilônia. Que cada um de vocês se pergunte o que ama e descubrirá de que cidade é cidadão. Se descobrir que é cidadão da Babilônia, arranque do coração a cobiça. Se tiver a sorte de ser cidadão de Jerusalém, aceite sua escravidão e espere sua libertação próxima.
Os reinos, os poderes e tudo o que lhes diz respeito são, na verdade como torrentes após a chuva, nascem, incham e se perdem no mar. Não são mais que o murmúrio entre dois silêncios. Enquanto o mundo treme e desaba, Cristo nos diz: “Por que se abalar? Eu já havia predito isso. Surpreendem-se por que o mundo perece? È como se surpreendessem porque o homem envelhece. O mundo é como o homem, nasce, cresce, envelhece”. Que sua fé, portanto, se reaviva, porque Cristo veio ao mundo para recriá-los, enquanto tudo está se desfazendo. Não se recusem a rejuvenescer em Cristo. A natureza, viciada pelo pecado, gera os cidadãos da cidade terrena. A graça, que liberta a natureza do pecado, gera os cidadãos da cidade de Deus. Os primeiros, descendentes de Caim, envelhecem como os bens da Terra aos quais se apegaram. Os segundos, descendentes de Abel, são regenerados de idade em idade para que vivam na esperança da Pátria Celeste. É assim que dois amores geram duas cidades. O Amor de Deus gera Jerusalém. O amor por este mundo gera Babilônia. Que cada um de vocês se pergunte o que ama e descubrirá de que cidade é cidadão. Se descobrir que é cidadão da Babilônia, arranque do coração a cobiça. Se tiver a sorte de ser cidadão de Jerusalém, aceite sua escravidão e espere sua libertação próxima.
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Não se surpreenda de ver que sobre a Terra, os justos e os infiéis estão juntos. Estão do mesmo modo como cresce na oliveira, tanto o que se rejeita, como o que se conserva, tanto o que se ama, como o que nos desagrada. Porque a história do mundo compreende tanto história do pecado, que é a dos condutores do império, como a história da Salvação que é a dos Patriarcas e dos Profetas.Os que não acreditam na igualdade logo deixarão suas riquezas como um sonho. Mas os que servem a Deus, possuirão a terra. A verdadeira Terra, a Jerusalém eterna. A iniqüidade é vã, é nula. Só a justiça é poderosa. A verdade poderá ficar temporariamente oculta, mas nunca poderá ser vencida. A iniqüidade poderá aflorar muitas vezes, mas triunfar, jamais! As cidades terrestres morrerão, mas a cidade de Deus está e estará eternamente na Sua Glória.
1 Comentário:
Não li todo o texto, mas a quem interessar possa: na feira do livro de Florianópolis encontrei "Confissões" por R$ 17,90. O meu já está garantido, mas talvez eles tenham mais no estoque. Como bom prêmio de consolação, eles ainda devem ter o "Cativeiro Babilônico da Igreja", do Lutero, e talvez até o "Imitação de Cristo", do Kemps.
E quando esse DVD do Agostinho estiver disponível, gostaria de dar uma olhada nele.
Até!
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