segunda-feira, 9 de novembro de 2009

DA FÉ

A FÉ É UM DOM DE DEUS

Se considerarmos honestamente em nosso interior até que ponto é cego nosso pensamento ante os segredos celestiais de Deus, e até que ponto é nosso coração infiel em tudo, não duvidaremos que a fé ultrapassa infinitamente todo o poder de nossa natureza, e que é um dom extraordinário e precioso de Deus. Como diz são Paulo: "Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus" (1 Coríntios 2:11, ACF). Se a verdade de Deus vacilar em nós, inclusive tratando-se de coisas que nosso olho vê, como vai ser firme e estável quando o Senhor promete coisas que nem nosso olho vê nem nossa inteligência compreende? Vemos, pois, que a fé é uma iluminação do Espírito Santo, que esclarece nossas inteligências e fortalece nossos corações. Ela nos convence com certeza e nos da a segurança de que a verdade de Deus é de modo tal certa, que Deus cumprirá tudo o que em sua santa Palavra prometeu que Ele faria. Eis aqui por que o Espírito Santo é designado como "penhor" que confirma em nossos corações a certeza da verdade divina, e como um selo que selou nossos corações na espera do dia do Senhor. O Espírito Santo dá testemunho a nosso espírito de que Deus é nosso Pai e nós, seus filhos.

SOMOS JUSTIFICADOS EM CRISTO PELA FÉ

Sendo Cristo o objeto permanente da fé, não podemos saber o que recebemos pela fé senão olhando para Ele. Agora bem, o Pai nos o entregou para que tenhamos nEle a vida eterna. Jesus disse: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste" (João 17:3, PJFA); e também: "quem crê em mim, ainda que morra, viverá" (João 11:24, PJFA). Contudo, para que isto se cumpra, é necessário que sejamos purificados nEle, já que estamos manchados pelo pecado, e nada impuro entrará no Reino de Deus. Pelo qual necessitamos participar nEle, para que nós, que somos pecadores em nós mesmos, sejamos pela sua justiça achados justos ante o trono de Deus. E deste modo, despojados de nossa própria justiça, somos revestidos da justiça de Cristo e, sendo por nossas obras, injustos, somos justificados pela fidelidade de Cristo. Pois se diz que somos justificados pela fé, não porque recebamos em nosso interior alguma justiça, senão porque nos é atribuída a justiça de Cristo como se fosse nossa, enquanto que não nos é imputada nossa própria injustiça. De modo tal que é possível, resumindo numa palavra, chamar a esta justiça de remissão dos pecados. Isto é o que o apóstolo declara expressamente comparando com freqüência a justiça das obras com a justiça da fé, e ensinando que uma destrói a outra. Estudando o símbolo dos apóstolos — que indica por sua ordem todas as realidades sobre as que está fundada e se apóia nossa fé—,veremos como Cristo nos tem merecido esta justiça e em que consiste a mesma.
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João Calvino. A Verdade Para Todos os Tempos

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