quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pecadores nas Mãos de um Deus Irado

Suas iniqüidades fazem vocês pesados como chumbo, pendentes para baixo, pressionados em direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus per­mitisse que caíssem vocês afundariam imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e mergulhariam nesse abismo sem fundo. Sua saúde, seus cuidados e prudência, seus melhores planos, toda a sua retidão, de nada valeriam para sustentar e conservar vocês fora do inferno. Seria como tentar segurar uma avalancha de pedras com uma teia de aranha. Se não fosse a misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês por um só momento, pois são uma carga para ela. A natureza geme por causa de vocês. A criação foi obrigada a se sujeitar à escravidão, involuntariamente, por causa da corrupção de vocês. Não é com prazer que o sol brilha sobre vocês, para que sua luz alumie vocês para pecarem e servirem a satanás. A terra não produz de bom grado os seus frutos para satisfazer a luxúria de vocês. Nem está disposta a servir de palco à exibição de suas iniqüidades.

Não é voluntariamente que o ar alimenta sua respiração, mantendo viva a chama dos seus corpos, enquanto vocês gastam a vida servindo os inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são boas e foram feitas para que o homem, por meio delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que prestam serviço a outros propósitos, e gemem quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão contrários à sua finalidade e natureza. E a própria terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana d’Aquele a quem vocês tanto têm ofendido. Eis aí as nuvens negras da ira de Deus pairando agora sobre suas cabeças carregadas por uma tempestade ameaçadora, cheias de trovões. Não fosse a mão restringidora do Senhor, elas arrebentariam imediatamente sobre vocês. A misericórdia soberana de Deus, por enquanto, refreia esse vento impetuoso, do contrário ele sobreviria com fúria, sua destruição ocorreria repentinamente, e vocês seriam como palha dispersada pelo vento.

A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por suas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, sua culpa cresce cada vez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse Sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que sua força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo no inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.

O arco da ira de Deus já está preparado, e a flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a flecha para seu coração, e estica o arco. E nada, senão a misericórdia de Deus - um Deus irado! - que não Se compromete e a nada Se obriga, impede que a flecha se embeba agora mesmo com o sangue de vocês.

Assim estão todos vocês que nunca experi­mentaram uma transformação real em seus corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor em suas almas - todos vocês que não nasceram de novo, nem foram feitos novas criaturas, ressurgindo da morte do pecado para um estado de luz, e para uma vida nova nunca experimentada antes. Por mais que vocês tenham modificado a conduta em muitas coisas, e tenham possuído simpatias religiosas, e até mantido uma forma pessoal de religião com suas famílias e em particular, indo à casa do Senhor, sendo até severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão nas mãos de um Deus irado. Somente Sua misericórdia os livra de ser, agora, neste momento, tragados pela destruição eterna.

Por menos convencidos que vocês estejam agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão plenamente convencidos. Aqueles que já se foram, e que estavam na mesma situação que a sua, percebem que foi exata­mente isso que lhes aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre muitos deles, quando menos esperav­am, e quando mais afirmavam viver em paz e segurança. Agora eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram sua confiança para obter paz e segurança eram nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.

O Deus que mantém vocês acima do abismo do inferno abomina vocês; Ele está terrivelmente irritado e Seu furor, contra vocês queima como fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem lançados no fogo. E Seus olhos são tão puros que não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil vezes mais abomináveis a Seus olhos do que é a mais odiosa das serpentes venenosas para olhos humanos. Vocês O têm ofendido infini­tamente mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia a um governante. No entanto, nada, a não ser a Sua mão, pode impedi-los de cair no fogo a qualquer momento. O fato de vocês não terem ido para o inferno a noite passada e de terem tido permissão de acordar ainda aqui neste mundo, depois de terem fechado os olhos ontem para dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe outra razão porque vocês não foram lançados no inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o fato da mão de Deus tê-los sustentado. E não existe outra razão porque vocês não caiam no inferno neste exato momento.

Jonathan Edwards. Pecadores nas mãos de um Deus irado. Editora PES.


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