A Razão da Salvação

O que isso significa? Penso que significa que o nome de Deus é a sua pessoa, seus atributos, e sua natureza. Por amor da sua natureza, por amor de seus próprios atributos, ele salvou os homens; e, talvez, podemos incluir isto também: “Meu nome está nele – isto é, em Cristo; ele nos salvou por amor de Cristo, que é o nome de Deus”. E o que significa? Penso que ele os salvou, primeiro, para manifestar sua natureza. Deus é todo amor, e ele quer manifestá-lo; ele mostrou esse amor quando fez o sol, a lua, e as estrelas, e espalhou as flores pela terra verde e sorridente. Ele mostrou seu amor quando fez que o ar fosse um bálsamo para o corpo, e a luz do sol fosse alegria para o olho. Ele nos esquenta no inverno com abrigos e com o combustível que tem armazenado nas entranhas da Terra, mas ele queria se revelar ainda mais. “Como posso mostrar-lhes que eu os amo com todo meu infinito coração? Eu lhes darei meu Filho para morrer e, então, salvar os piores deles, e assim manifestarei a minha natureza”. E Deus fez isso: manifestou seu poder, sua justiça, seu amor, sua fidelidade e sua verdade; ele manifestou seu ser inteiro na grandiosa plataforma da salvação. Foi, por assim dizer, a plataforma na qual Deus subiu para se mostrar ao homem – a plataforma da salvação – aqui ele manifestou a si mesmo, ao salvar as almas dos homens.
Ele fez isso, também, para vindicar o seu nome. Alguns dizem que Deus é cruel; eles o chamam perversamente de tirano. “Ah!”, diz Deus, “mas eu salvarei o pior dos pecadores, e vindicarei o meu nome; eu vou apagar o estigma; vou remover a mancha; eles não serão capazes de dizer isso, a menos que sejam mentirosos imundos, pois seria abundantemente misericordioso. Vou tirar essa mancha, e eles verão que meu grandioso nome é um nome de amor”. E adicionou: “Eu farei isto por amor do meu nome, isto é, para fazer que este povo ame o meu nome. Eu sei que se apanho os melhores dos homens, e os salvo, eles amarão o meu nome; mas se tomar os piores dos homens, ó, como eles me amarão! Se vou e tomo alguns da escória da Terra, e faço deles meus filhos, ó, como eles me amarão! Então eles serão fiéis ao meu nome, e o considerarão mais doce que a música; será mais precioso que o perfume das mercadorias orientais; o valorizarão como o ouro, sim, como muito ouro fino. O homem que me ama mais é o homem que teve mais pecados perdoados, ele deve muito e, portanto, amará muito”. Esta é a razão pela qual Deus normalmente escolhe os piores homens para fazê-los seus.
Disse um velho escritor: “Todas as esculturas do céu foram feitas com madeira bruta; o templo de Deus, o Rei do céu, é de cedro; porém, os cedros eram árvores brutas antes que ele as cortasse”. Ele escolheu os piores, para manifestar sua destreza e sua capacidade, para fazer para si um nome, como está escrito “O que será para o Senhor por nome, e por sinal eterno, que nunca se apagará”. Agora queridos leitores, qualquer que seja a sua condição, aqui há algo que lhes ofereço e que é mui digno de consideração, a saber: que se somos salvos, somos salvos por amor de Deus, por amor de seu nome, e não por nós mesmos.
Ora, isso coloca a todos os homens num mesmo nível no que concerne à salvação. Suponham que para entrar neste jardim (Royal Surrey Gardens), houvesse se estabelecido a regra que cada pessoa deveria mencionar meu nome como chave de admissão. A Lei é: nenhum homem será admitido por seu status ou título, mas somente pelo uso de certo nome. Ali vem um nobre, menciona o nome e entra. Ali vem um mendigo, coberto de farrapos. Faz uso do nome e entra, pois não há distinção. Assim minha senhora, se você chegar com toda a sua moralidade, você deverá fazer uso do nome. E se você vem, pobre habitante de um porão ou sótão, e faz uso do nome, as portas serão amplamente abertas, pois há salvação para todo aquele que faz menção do nome de Cristo, e para ninguém mais. Isso abate o orgulho dos moralistas, humilha a autoexaltação do que presume a justiça própria, e coloca a todos nós como pecadores culpados, em igualdade de condições diante de Deus, para receber misericórdia de suas mãos, “por amor de seu nome”, e unicamente por essa razão.
C.H. Spurgeon. Parte do sermão pregado na manhã de domingo 1° de fevereiro de 1857.
Extraído do livro: Porque os homens são salvos – Publicações Monergismo
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