domingo, 8 de março de 2009

Qual a diferença entre os calvinistas e os demais crentes?

Em que atitude de espírito e de coração a religião é exibida plenamente? Não seria numa atitude de oração? Quando nos prostramos perante o Senhor, não meramente com nossos corpos, mas com nossas mentes e corações, assumimos uma postura que acima de qualquer outra merece ser chamada religiosa. E essa postura religiosa por eminência é obviamente apenas a atitude de total dependência e humilde confiança. Aquele que se achega a Deus em oração, não vem com um espírito de auto afirmação, mas num espírito de total dependência e confiança. Ninguém se dirige a Deus em oração dizendo: “Ó Deus, tu sabes que sou o arquiteto da minha sorte e o determinador do meu destino. Tu podes de fato fazer algo para me ajudar a asseguar os meus propósitos, após determinar quais são esses. Mas meu coração pertence a mim, e tu não podes se intrometer; minha vontade é só minha e o Senhor não pode incliná-la. Quando desejar a sua ajuda, o invocarei. Enquanto isso, o Senhor deve esperar as minhas vontades”. As pessoas podem até raciocinar dessa forma; mas essa não é a forma que eles oram. De fato, uma vez dois homens foram ao templo para orar. E um deles ficou de pé e orou para ele mesmo (pode até ser que essa expressão “para ele mesmo” tenha um significado mais profundo…), “Deus, eu te agradeço por não ser como os outros homens.” Enquanto o outro falando bem baixinho disse, “Deus tenha misericórdia de mim pois sou um pecador.” Mesmo o primeiro reconheceu certa dependência de Deus, pois agradeceu a Deus por suas virtudes. Mas não temos dúvida sobre quem teve a virtude religiosa mais puramente exibida. Cristo nos mostrou isso com clareza e ênfase.

Todo homem assume uma atitude religiosa, quando ora. Mas muitos deles parecem encaixotar, por assim dizer, essa atitude exclusivamente em momentos de oração, e a descartam de suas vidas assim que dizem Amém, pois ao levantarem seus joelhos, assumem uma atitude totalmente diferente, se não no coração, pelo menos em suas mentes. Eles oram como se fossem unicamente dependentes da misericórdia de Deus; eles raciocinam, talvez até mesmo vivam, como se Deus, pelo menos em algumas das suas atividades, fosse dependente deles. O calvinista é o homem que está determinado a preservar a atitude que ele toma na oração em todo o seu pensamento, sentimento e ação. Isto é, ele é um homem que está determinado que a religião em sua pureza deve ser exibida em seus pensamentos, sentimentos e atitudes. Essa é a base do seu modo especial de pensar, razão pela qual é chamado um calvinista; e também da sua forma especial de agir no mundo, razão pela qual ele se tornou a maior força regeneradora no mundo. Outros homens são calvinistas de joelhos; mas calvinista é aquele homem que está determinado em seu intelecto, e coração, e permanecerá sob os seus joelhos continuamente, e somente a partir dessa atitude pensará, sentirá e agirá. Calvinismo é, portanto, aquele tipo de pensamento que exibe plenamente a verdadeira atitude religiosa de total dependência a Deus e humilde confiança em sua misericórdia somente para salvação.

Extraído do texto de B.B. Warfield, disponível no site Monergismo.

8 Comentários:

JamesCondera disse...

Orthodoxia,

Interessante a afirmação sobre a "diferença entre os calvinistas e os demais crentes", uma vez que, todos aqueles que seguem a Cristo, entendem pelas Sagradas Escrituras que “para com Deus, não há acepção de pessoas.

Outrossim, “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”...

E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”, “porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.

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Saulo R. do Amaral disse...

Obrigado pelo comentário.

Bom, antes de tudo, gostaria que você me mostrasse como o título do post se relaciona com esse versículo. O que é acepção de pessoas? Em qual contexto o versículo está relacionado? E por que você citou versículos referentes á salvação? Como eles se encaixam nas afirmações do texto?

Eu poderia muito bem perguntar: qual a diferença entre os pentecostais e os outros crentes? Ou qual a diferença entre batistas e presbiterianos? Qual a diferença entre Spurgeon e Wesley?

Até mais!

JamesCondera disse...

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Permita-me...

A não acepção de pessoas que pratica o bem, se relaciona a justiça de Deus em todo o contexto bíblico, e o que deparamos com o texto exposto, nos “tenta” fazer entender por pretexto que, somente aos calvinistas, é “aquele tipo de pensamento que exibe plenamente” a verdade...

Outrossim, os versículos referentes à salvação, perfeitamente se encaixam no texto, uma vez que, a justiça de Deus é para com TODOS os crentes e não somente a uma parcela que, novamente por pretexto, estão relacionando a sua atitude religiosa para salvação...

Por fim, tais questionamentos:

"diferença entre os pentecostais e os outros crentes? Ou qual a diferença entre batistas e presbiterianos?

não são inseridos no contexto bíblico, (“para com Deus, não há acepção de pessoas” – somente afirmam ser versículo isolado, aqueles que usam um pretexto!), pois, são grupos e ou movimentos, e não o corpo como um todo, a maioria são sem dúvidas e pretextos, povo religioso, letrado, intelectualizado, muitos cursam algum seminário de teologia, fundamentalista, se julgam os portadores da verdade, não admitem críticas, considerações ou contribuições, não dialogam, pois consideram infiéis, heréticos, todos os que não concordam com seus postulados...

Grato pelo espaço!
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Saulo R. do Amaral disse...

Irmão, que rolo que fizeste. O que o texto quer dizer é que os calvinistas demonstram a mesma atitude que têm na oração em sua vida prática. Eles não apenas falam palvras tais como "Deus é o Autor e Consumador da nossa fé", mas eles pensam realmente dessa forma. Algumas pessoas oram dessa forma, mas não pensam assim, de verdade.

Quanto a essas pessoas orgulhosas que citaste, estão errados também. Mas vai de você generalizar e dizer que todos os batistas, presbiterianos, calvinistas... são assim. E digo que não são! Orgulhosos são os inúteis que não creem na palavra de Deus e acham que tem algum mérito na salvação.

E vc notou que vc mesmo fez acepção de pessoas (no sentido em que tu usaste o termo)?. Vc mesmo está dizzendo que quem não concorda com você está equivocado. Mas você nem se toca disso.

E ninguém disse que a justiça de Deus não é para todos os crentes. Vc fez essa afirmação falaciosa.

E qual o problema com pessoas letradas? Você não sabe escrever? Você não é um letrado? Você lê a Bíblia como, de uma forma mística ou com o intelecto?

E uma pergunta para você? Deus ter odiado Esaú e amado Jacó antes que eles nascessem não é um tipo de acepção? Ele odiar a todos os que praticam a maldade (Salmo 5:5) não é uma espécie de diferenciação? Deus não faz acepção de pessoas no sentido de que serão salvos pessoas de toda tribo, língua e nação. Não existe branco, negro, índio, americano, latino... todos os tipos de pessoas, todos os povos têm um remanescente da graça salvo por Deus. Para Deus não é importante onde você nasce ou quem você é segundo os preceitos meramente humanos, mas o que Cristo fez por você na cruz.

Anônimo disse...

Desculpe se não entendi o texto corretamente, mas o que dá a entender é que calvinistas de certa forma são superiores aos outros por terem compreendido tudo melhor que os outros de modo que somente estes vivem uma vida em total dependência de Deus...
Talvez parece um sofisma o que eu disse acima, mas repare que você começa o segundo parágrafo adicionando a premissa que os outros não vivem em total dependência de Deus e os que vivem desta maneira são os calvinistas. De modo que somente os que aceitarem intelectualmente a dupla eleição podem viver uma vida totalmente dependente de Deus... Não vou entrar aqui numa discussão doutrinária, mas a questão de fundo é você partir da premissa que aceitar um certo arbítrio do ser humano implica em não aceitar a dependência do mesmo de Deus para que este arbítrio não o leve a perdição, que de fato é a atitude dos verdadeiros outros cristãos.
Gosto muito deste blog, mas certas questões de ordem teológico-doutrinárias devem ser abordados com certo cuidado, para que a não transpareçamos um orgulho ou certa glória ao humano ("o seu modo especial de pensar" - afinal de contas não é Deus então que o concedeu este modo especial de pensar). Entenda o irmão que não pretendo aqui dizer que o irmão está tendo este atitude, nem que o texto queira dizer isto, mas que a maneira que foi posto os argumentos no texto podem conduzir a este tipo de pensamento.

Saulo R. do Amaral disse...

Obrigado pelo comentário.

Sem dúvida, foi o texto mais polêmico postado aqui neste blog. Mas que oe irmão veja que quem o escreveu foi o B.B. Warfield.

Aqui no blog, como somos em 3 amigos, talvez meus outros dois colegas não tivessem postado esse texto, apesar de crerem nas mesmas coisas que eu.

Em primeiro lugar, quero explicar que participo de uma congregação pentecostal desde criança. Foi nos últimos meses que fui "descobrir" as Doutrinas da Graça. E não posso esconder que, para mim, foi a descoberta da essência do Cristianismo. Só aí fui entender a graça, a eleição, predestinação, santidade...

Mas, me uno a Spurgeon quando ele diz que "longe de mim, sequer imaginar que Sião não contém nada além de Cristãos Calvinistas dentro de seus muros, ou que não há ninguém salvo que não defenda nossa visão. Creio que há multidões de homens que não conseguem ver estas verdades, ou, pelo menos, não conseguem vê-las do modo em que nós as colocamos, mas que não obstante, têm recebido a Cristo como seu Salvador, e são tão queridos do coração do Deus de graça como o mais ruidoso Calvinista dentro ou fora do Céu". (http://www.luz.eti.br/spurgeon_umadefesadocalvinismo_pt.html)

O meu ponto é que o Calvinismo (as doutrinas da graça), na verdade, ensina puramente o que a Bíblia diz. Não digo que tudo o que Calvino disse foi certo, até porque ele é homem e também não conheço muita coisa de sua obra. Mas, refiro-me, especificamente, à soteriologia dele. É a Bíblia pura.

Portanto, o calvinista entende, pela graça de Deus, que o Senhor o permite enxergar tais coisas porque lhe aprouve assim. De forma alguma há orgulho. Porém, como vc sabe e já deve ter passado por isso, quando enxergamos certas verdades na Bíblia que outros irmãos não enxergam, tentamos convencê-los daquilo. É isso que estou tentando fazer.

Eu sei que Calvinismo é uma palavra pejorativa hoje em dia. mas digo que não há ninguém, na história dos doutrinadores cristãos, mais mal-compreendido do que Calvino. E eu não tenho vergonha de dizer que sou calvinista.

O meu argumento não é o de que todo calvinista é melhor do outros cristãs, mas que há uma diferença na compreensão deles nas Escrituras. E, se eu creio que a doutrina da eleição, predestinação... estão corretas e são bíblicas, pela lógica devo afirmar que tudo o que for contra isso está errado e é não-bíblico. Eu seria uma falso e ilógico em afirmar o contrário.

Era apenas isso. Talvez eu não tenha escolhido muito bem o título do texto.

Mas, "se eles conhecessem a graça de Deus em verdade, eles logo iriam ver que não houve nada que preservasse mais da queda que o conhecimento de que somos eleitos de Deus desde a fundação do mundo. Não há nada como a crença na perseverança eterna, e na imutabilidade da afeição de meu Pai, que possa me manter mais perto Dele, pela simples razão da gratidão. Nada faz um homem mais virtuoso que a crença na verdade. Uma mentira doutrinária irá logo produzir uma prática mentirosa. Um homem não pode ter uma crença errada sem em algum momento futuro ter uma vida errônea. Eu creio que uma coisa naturalmente leva à outra". (Spurgeon)

Um abraço, irmão. Se quiseres trocar emails, estou disposto.

Até mais!

Anônimo disse...

Irmão Thinking Christian, primeiramente peço desculpa pela maneira que escrevi o meu comentário, deixando a impressão que foi você o autor do texto. De fato li que era outro autor, mas na empolgação da escrita não tomei os devidos cuidados para transparecer isso.
Eu também sou pentescotal desde de criança e meio que há pouco tempo que comecei a entender melhor estes assuntos. Na verdade já tinha lido algumas coisas sobre Calvino, no livro da história da igreja de Cairns, mas na época era inocente demais para poder entender estas coisas. Depois de maiorzinho que comecei a me interessar por filosofia e as questões mais fundamentais da vida, que comecei a me indagar sobre este tipo de coisa e a procurar boas respostas para tudo isso... Já alguns reformadores e a obra de Calvino é sem dúvida alguma preciosíssima no entendimento destes assuntos e acredito que todo cristão deve procurar estudar e procurar entender A Doutrina da Graça, mas se não se torne um calvinista xiita :). Mas não queria fazer nenhum tipo de juízo sobre estes assuntos, nem sobre a cosmovisão do irmão, nem minha, eu acho que não tenho maturidade suficiente para isso. Para todo boa discussão é necessário um bom conhecimento e maturidade suficiente sobre o assunto a ser discutido e eu não tenho condições de fazer isso.
Não adiante eu apresentar alguns pontos que defendo se para tal não conseguir apresentar argumentos convincentes.
Eu também considerei uma "descoberta" quando entendi melhor certos pontos das Doutrinas da Graça, mas o ponto que queria deixar e deixo aqui de maneira mais clara é que o cristão deve evitar adotar certas lógicas como totalmente certas. Devemos nos apegar a nossa possibilidade de estar errado, ao sermos humano, mesmo se eu considerar o calvinismo totalmente bíblico, ele tira conclusões próprias, e apartir daí eu apegar à lógica que estas conclusões estão absolutamente correta e que as outras estão absolutamente erradas e levam a uma prática cristã errada. E o fato que o calvinismo (não somente a soteriologia, mas a cosmovisão que é necessário adotar uma vez que você aceita todos os pressustos calvinistas) requer que a pessoa que o aceite adote esta posição, como você disse seria ilógico o contrário.
Mas aí que se encontra a minha birra com o que o texto disse e você complementou, abraçar este tipo de lógica é no fundo afirmar com absoluta certeza que os outros seguem uma doutrina não-bíblica e errada, e que isto eventualmente leva a uma prática cristã errada, mas talvez até alcancem a salvação... pelo menos é o que transparece... Como já disse anteriormente, ainda sou um aprendiz em termos de Teologia Sistemática, tenho quase que somente um enfoque histórico ao assunto (no início do ano terminei Teologia dos Reformadores de George Thimothy, que é um livro que dá um certo enfoque histórico), mas se existe algo que aprendi ao dedicar-me a estas questões é que preciso ser humilde a ponto de deixar em aberto a possibilidade de estar errado na minha interpretação da Bíblia, e nisso demonstrar minha total dependência de Deus... é difícil de explicar, mas é tipo um estado de espírito onde você sabe que existem coisas que são certas e coisas que são erradas, e coisas que eu acredito ser certa, mas não posso afirmar que por isso os outros estão errados... minha birra é esta.
Acho que acabei me estendo muito, e talvez não tenha sido tão claro. Não sei qual é a melhor maneira de trocarmos e-mails por comentários, mas estou colocando na url. aí agente pode desenvolver melhor nossos argumentos e trocar pedidos de oração. abraços fraternais. Paz.

Saulo R. do Amaral disse...

Caro Eliezer, mandei um email para você apenas para confirmar se o endereço estava certo. Assim que confirmares, podemos conversar.

Abs!

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