quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Vida Cristã

Assim é a nossa vida aqui. A coisa que lhe dá horror, que lhe parece quase impossível, é entregar todo o seu ser — todos os seus desejos e precauções — a Cristo. Mas isso é muito mais fácil que aquilo que todos nós tentamos fazer. Pois o que cada um tenta fazer é continuar sendo aquilo que chama de "ele mesmo", é continuar tendo a felicidade pessoal como grande objetivo na vida, e ao mesmo tempo ser "bom". Cada um tenta deixar que sua mente e seu coração sigam seus próprios caminhos — centrados no dinheiro, no prazer ou na ambição —, e apesar disso tem a esperança de se comportar de modo honesto, casto e humilde. Mas é exatamente isso que Cristo nos advertiu que não se pode fazer. Como ele disse, não se geram figos dos abrolhos.

Se sou um campo que só contém sementes de capim, não posso produzir trigo. Se o capim for cortado, pode até permanecer baixo: mas nem por isso vou produzir trigo em vez de capim. Se quiser produzir trigo, a mudança terá de ser mais profunda. Meu campo terá de ser carpido e depois semeado com sementes novas.

É por isso que o verdadeiro problema da vida cristã se apresenta num contexto em que geralmente não esperamos encontrá-lo: apresenta-se no momento mesmo em que você acorda de manhã. Todos os seus desejos e esperanças para aquele dia avançam em sua direção como bestas selvagens. E, a cada manhã, sua primeira tarefa é simplesmente a de repeli-los; é a tarefa de ouvir aquela outra voz, assumir aquele outro ponto de vista, abrir caminho para aquela outra vida, uma vida maior, mais forte e mais silenciosa. E assim também no restante do dia: distanciar-se de todas as suas manhas e ressentimentos naturais; sair do vendaval.

No começo, só nos é possível fazer isso por alguns instantes. Mas, a partir desses instantes, esse novo tipo de vida se dissemina pelo nosso organismo: pois agora deixamos que ele trabalhe sobre a parte correta do nosso ser. E essa a diferença que existe entre uma tinta, que se deposita simplesmente sobre a superfície, e um pigmento ou tintura que penetra no fundo. As palavras dele nunca foram vagas e idealistas. Quando disse "Sede perfeitos", ele estava falando sério.

Queria dizer que temos de fazer o tratamento completo. Não é fácil: mas a solução de meio-termo pela qual ansiamos é muito mais difícil - na verdade, impossível. Pode ser difícil para um ovo transformar-se numa ave; mas seria muitíssimo mais difícil aprender a voar sem deixar de ser ovo.

Atualmente, nós somos como ovos. O problema é que ninguém pode continuar sendo um simples ovo para sempre. Ou o pássaro quebra a casca ou o ovo apodrece.
...Nisso está todo o cristianismo. Não há mais nada.

C. S. Lewis em Mero Cristianismo

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

NoiseTrade.com


O site NoiseTrade.com, criação do Derek Webb (Caedmon's Call), tem um sistema bem interessante na divulgação dos músicos filiados: "indique à 3 amigos ou pague o que quiser". O catálogo do site é bem vasto e conta principalmente com artistas independentes (e muito bons!).

Nas palavras do próprio Derek: "Artists want to know, connect with, and be supported by music fans. Music fans want high-quality, free (or variably priced) music and to be rewarded, not punished, for sharing the music they love with their friends. We believe that if artists and fans work together, everyone can get what they want. (...) Who needs peer-to-peer when you can have artist-to-fan?"

Que outros músicos, gravadoras e editoras, incluindo as nacionais, sigam o exemplo do Derek e seus amigos. Acesse: http://www.noisetrade.com

Que os brasileiros não usem o famoso "jeitinho" para burlar esse excelente trabalho. Se puder, de preferência, considere a opção de pagar qualquer quantia pelos cds que for baixar, isso incentiva a continuidade do projeto.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O uso da lógica por Paulo

LógicaTalvez o exemplo mais famoso do uso de raciocínio dedutivo num argumento ad hominem por Paulo seja, sem dúvida, 1 Coríntios 15:

"Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.
"

Nessa passagem brilhante Paulo deduz várias conseqüências a partir da visão dos seus oponentes de que não existe ressurreição. Ele está tentando fazê-los enxergar as implicações lógicas da visão deles, e assim persuadi-los que tal visão é falsa. Aqui estão as implicações que ele extraí da proposição que não existe ressurreição.


1. Cristo não ressuscitou.


2. Nossa pregação é falsa.


3. A fé de vocês é fútil.


4. Somos falsas testemunhas.


5. Vocês ainda estão em vossos pecados.


6. Aqueles que já morreram pereceram em seus pecados.


7. Somos os mais miseráveis de todos os homens.


Algumas dessas conseqüências ele deriva por inferência imediata; outras por argumentos extensos chamados sorites,¹
que têm mais de duas premissas. A lógica de Paulo era impecável, assim como a de Cristo.² Sem dúvida, se existisse algum neo-ortodoxo ou coríntio vantiliano lendo a carta, eles teriam replicando a Paulo dizendo que a lógica dele não era a lógica de Deus, que a fé deve refrear a lógica, e que não podemos ser responsabilizados pelas implicações lógicas das nossas visões. Talvez até chamariam Paulo de racionalista, que ímpia e arrogantemente desdenha dos mistérios do Reino de Deus e se coloca acima dos seus irmãos. Mas Paulo não tinha paciência com o Mistério ou Paradoxo Teológico; ele escreveu como foi instruído pelo Espírito Santo.

Fonte:
Monergismo. Extraído do artigo The Apologetics of Jesus and Paul, John W. Robbins, The Trinity Review, May-June 1996.3. Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto.

1
O dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa define sorites da seguinte forma: “Polissilogismo no qual o atributo da primeira proposição se torna sujeito da segunda, o atributo da segunda, sujeito da terceira, e assim sucessivamente, e no qual a conclusão une o sujeito da primeira e o atributo da última”. (N. do T.)
2 No texto original, o autor acabara de falar sobre a apologética e lógica de Jesus. (N. do T.)

3
http://www.lgmarshall.org/Apologetics/robbins_apoljesuspaul.html

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Yang e Lin

Yang e LinSendo o ser humano limitado, não parece fora de propósito admitir que haja um limite para tudo que lhe diga respeito. Entre outras, de um lado, a bondade, a retidão, a paciência, a inteligência, e de outro lado, a maldade, a falsidade, a intolerância, a burrice. Todas, todas têm limite. Existem barreiras inexcedíveis.

Pois tive a nítida impressão de que um limites foi ultrapassado quando soube que Lin Miaoke, a menina bonitinha que cantou na abertura dos Jogos Olímpicos, estava fazendo mímica, e que a verdadeira cantora, a da voz maviosa, era outra criança, Yang Peiyi, que teve seu talento roubado. A autoria do crime deve ser atribuída às autoridades chinesas responsáveis pela organização do evento. A criança que vimos cantando foi, também ela, usada para a impostura. Era tamanho o compromisso com a perfeição que não se podia admitir uma cantora com dentes desalinhados. A grande festa do talento esportivo mundial iniciou com uma mistificação.

Creio que o fato impõe ao mundo uma reflexão sobre os excessos a que nos está levando a cultura da beleza. É verdade que o totalitarismo chinês faculta tais abusos e usurpações. Aquele regime desumano, que tantos seguidores já teve, favorece o arbítrio, a brutalidade e o desrespeito à dignidade da pessoa humana (imagine, leitor, a pequena Yang, em casa, assistindo a outra cantar com sua voz!...). Mas é igualmente verdade que os chineses fizeram isso porque apresentavam o espetáculo com maior audiência na televisão mundial, cientes de que esse público esperava a perfeição, inclusive num par de pequenos dentes incisivos centrais. Esperava? Esperava. O pior é que esperava. Não duvido de que bilhões de pessoas, quando a câmera de tevê se fixasse sobre a pequena Yang, em vez de centrarem a atenção na refinada pureza de sua voz, exclamariam: "Olha os dentinhos dela!"

O que está acontecendo conosco? Qual o limite desse culto à beleza física, dessa corrida às cirurgias plásticas, dessa ridícula, inútil e frustrante busca da eterna juventude? Enquanto decai, em tudo mais o bom gosto, enquanto aumenta o desinteresse pela poesia, pela boa música, pela boa arte, buscamos a perfeição dos narizes, abdomens, seios e bundas. O que fizeram com as meninas Lin e Yang é evidência dessa insanidade geral. E tanto envolve algo realmente insano que o assunto só se tornou público em virtude da presença de jornalistas do mundo livre. Era para permanecer oculto porque até as consciências mais deformadas perceberiam que se produziu ali uma perversidade. Aliás, para 1,3 bilhões de chineses, até hoje, o fato não existiu.

Percival Puggina Percival Puggina (63) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.
Fonte
: Mídia Sem Máscara

domingo, 17 de agosto de 2008

Toda a Bíblia é o Padrão para Hoje

“Deus espera que nos submetamos a toda sua palavra, e não que escolhamos apenas aquilo que esteja de acordo com nossas opiniões pré-concebidas.”

Tudo da vida é ético, e tudo da Bíblia está permeado com preocupações éticas. Diferente da organização de uma enciclopédia, nossa Bíblia não foi escrita de uma forma que devote seções separadas exclusivamente para diversos assuntos de interesse. Assim, a Bíblia não contém um livro ou capítulo separado que trate completamente do assunto da ética ou conduta moral. Sem dúvida, muitos capítulos da Bíblia (como Êxodo 20 ou Romanos 13) e até mesmo alguns livros da Bíblia (como Provérbios ou Tiago) têm muito a dizer sobre questões éticas e contém muitas diretrizes específicas para a vida do crente. Todavia, não se encontrará uma divisão da Bíblia intitulada com algo como "A Lista Completa de Deveres e Obrigações na Vida Cristã”. Pelo contrário, encontramos uma preocupação pela ética percorrendo toda a Palavra de Deus, de capa a capa - da criação à consumação.

De fato, isso não é surpreendente. Toda a Bíblia fala de Deus, e lemos que o Deus vivo e verdadeiro é santo, justo, bom e perfeito. Esses são atributos de um ser ético e têm implicações morais para nós. A Bíblia inteira fala das obras de Deus, e lemos que todas as suas obras são realizadas em sabedoria e justiça - novamente, qualidades éticas. O mundo que Deus criou, lemos, revela os requerimentos morais de Deus clara e continuamente. A história, que Deus governa por seu decreto soberano, manifestará sua glória, sabedoria e justiça. O ápice da criação e a figura chave da história terrena, o homem, foi criado à imagem deste Deus santo e tem a lei de Deus gravada em seu coração. A vida e propósito do homem recebem direção da parte de Deus. Cada uma das ações e atitudes do homem é chamada ao serviço do Criador - motivada por amor e fé, objetivando a promoção da glória e do reino de Deus. Portanto, toda a Bíblia tem uma espécie de foco ético.

Além do mais, o próprio enredo narrativo e teológico da Bíblia é governado por preocupações éticas. Desde o princípio lemos que o homem caiu no pecado - desobedecendo ao padrão moral de Deus; como conseqüência, o homem ficou debaixo da ira e maldição de Deus - sua justa resposta à rebelião contra os seus mandamentos. Então, o pecado e a maldição são características prevalecentes do ambiente, da história e das relações do homem caído.

Para redimir o homem, restaurá-lo ao favor e corrigir sua vida rebelde em todas as áreas, Deus prometeu e providenciou seu próprio Filho como um Messias ou Salvador. Cristo viveu uma vida de perfeita obediência que o qualificou como nosso substituto, e então morreu sobre a cruz para satisfazer a justiça de Deus com respeito ao pecado. Como ressurrecto, e então elevado às alturas, Cristo governa como Senhor sobre todos, trazendo toda oposição em submissão ao seu majestoso reino. Ele enviou o Espírito caracterizado por santidade para os seus seguidores, e entre outras coisas o Espírito Santo produz a prática da justiça em suas vidas. A igreja de Cristo recebeu o mandato para proclamar as boas novas de Deus, promover seu reino por tudo o mundo, ensinar os discípulos de Cristo a observar tudo que ele ordenou, e adorar o Deus Triuno em espírito e em verdade. Quando Cristo retornar na consumação da história humana, ele virá como juiz universal, dispensando castigo e recompensa de acordo com o padrão revelado da palavra de Deus. Nesse dia todos os homens serão divididos nas categorias básicas de guardadores-do-pacto e quebradores-do-pacto; então ficará claro que tudo da vida de alguém, em todo ambiente e relação, reflete sua resposta aos padrões revelados de Deus. Aqueles que vivem em alienação de Deus, não reconhecendo sua desobediência e necessidade do Salvador, serão eternamente separados de sua presença e benção; aqueles que abraçaram o Salvador em fé e se submetem a ele como Senhor, desfrutarão de sua presença nos novos céus e terra, onde habita a justiça.

É fácil ver, então, que tudo o que a Bíblia ensina de Gênesis a Apocalipse tem uma qualidade ética e carrega implicações éticas. Não existe nenhuma palavra da parte de Deus que falhe em nos dizer de alguma forma no que devemos crer sobre ele e quais deveres ele requer de nós. Paulo coloca isso dessa forma: "Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2Tm. 3:16-17). Se desconsiderarmos qualquer porção da Bíblia, falharemos - nessa extensão - em estarmos perfeitamente preparados pra toda boa obra. Se ignorarmos certos requerimentos declarados pelo Senhor na Bíblia, nossa instrução na justiça será incompleta. Paulo diz que toda Escritura é proveitosa para o viver ético; cada versículo nos dá direção quanto a como devemos viver.

A Bíblia inteira é o nosso parâmetro ético, pois cada parte dela é a palavra do Deus eterno e imutável; nada da Bíblia oferece direção falível ou equivocada para nós hoje. Nenhuma das estipulações de Deus é injusta, sendo muito permissiva ou dura demais. E Deus não tem um padrão duplo e injusto de moralidade, um padrão de justiça para alguns e outro para os demais. Então, cada uma das ordens da palavra de Deus tem o intuito de fornecer instrução moral para nós hoje, de forma que possamos demonstrar justiça, santidade e verdade em nossas vidas.

É importante observar aqui que quando Paulo disse que "toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa" para o viver santo, o Novo Testamento ainda não estava completo e reunido, e não existia como uma coletânea publicada de livros. A referência direta de Paulo foi às bem conhecidas escrituras do Antigo Testamento, e indiretamente ao Novo Testamento, que seria completado em breve. Por inspiração do Espírito Santo, Paulo ensinou aos crentes do Novo Testamento que todo escrito do Antigo Testamento era proveitoso para a instrução presente deles na justiça, caso fossem se tornar perfeitamente preparados para toda boa obra requerida deles por Deus.

Nenhuma porção do Antigo Testamento se tornou eticamente irrelevante, de acordo com Paulo. Esse é o porquê, como cristãos, deveríamos falar do nosso ponto de vista moral não meramente como "Ética do Novo Testamento", mas como "Ética Bíblica". O Novo Testamento (2Tm. 3:16-17) requer que tomemos o Antigo Testamento como eticamente normativo para nós hoje. Preste atenção! Não apenas selecione porções do Antigo Testamento, mas "toda Escritura". Falhar em honrar todo o dever do homem como revelado no Antigo Testamento é o mesmo que falhar em ser completamente preparado para o viver justo. É mensurar o dever ético de alguém por um parâmetro quebrado e incompleto.

Toda a Bíblia

Deus espera que nos submetamos a toda sua palavra, e não que escolhamos apenas aquilo que esteja de acordo com nossas opiniões pré-concebidas. O Senhor requer que obedeçamos a tudo que ele estipulou no Antigo e Novo Testamento - que vivamos "de toda palavra que sai da boca de Deus" (Mt. 4:4). Nosso Senhor respondeu à tentação de Satanás com essas palavras, citando a passagem do Antigo Testamento registrada em Deuteronômio 8:3, que começa da seguinte forma: "Todos os mandamentos que hoje eu vos ordeno cuidareis de observar" (8:1).

Muitos crentes em Cristo falham em imitar sua atitude aqui, e são totalmente descuidados quanto a observar cada palavra da ordem de Deus na Bíblia. Tiago nos diz que se uma pessoa vive e guarda todo preceito ou ensino da lei de Deus e, todavia, desconsidera ou viola um único ponto, essa pessoa é de fato culpada de desobedecer toda a lei (Tiago 2:10). Portanto, devemos tomar toda a Bíblia como nosso padrão de ética, incluindo cada ponto da lei do Antigo Testamento. Nenhuma palavra que procede da boca de Deus pode ser invalidada ou tornada inoperante, assim como o Senhor declarou ao entregar sua lei: "Tudo o que eu te ordeno, observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás" (Dt. 12:32). A Bíblia inteira é o nosso padrão ético hoje, de capa a capa.

Mas a vinda de Jesus Cristo não mudou tudo isso? A lei do Antigo Testamento não foi cancelada ou pelo menos reduzida em seus requerimentos? Muitos cristãos professos são enganados na direção dessas perguntas, a despeito do claro requerimento de Deus que nada seja subtraído da sua lei, a despeito do ensino claro de Paulo e Tiago que toda escritura do Antigo Testamento - mesmo cada ponto da lei - tem uma autoridade ética obrigatória na vida do cristão do Novo Testamento.

Talvez o melhor lugar para verificar na Escritura, a fim de livrarmos-nos dessa inconsistência teológica por detrás dessa atitude negativa para com a lei do Antigo Testamento, são as próprias palavras de Jesus sobre esse assunto, em Mateus 5:17-19. Nada poderia ser mais claro do que Cristo negar aqui duas vezes (para enfatizar) que sua vinda ab-rogaria a lei do Antigo Testamento: "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir". Repetindo, nada poderia ser mais claro que isso: nem mesmo o aspecto menos significante da lei do Antigo Testamento perderá sua validade até o fim do mundo: "Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a Terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido". E se houver alguma dúvida remanescente em nossas mentes quanto ao significado do ensino do Senhor aqui, ele imediatamente remove-a aplicando sua atitude para com a lei ao nosso comportamento: "Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus". A vinda de Cristo não ab-rogou nada na lei do Antigo Testamento, pois cada til da lei permanecerá até que passe esse mundo; por conseguinte, o seguidor de Cristo não deve ensinar que algum requerimento do Antigo Testamento foi invalidado por Cristo e sua obra. Como o salmista declarou: "A soma da tua palavra é a verdade, e cada uma das tuas justas ordenanças dura para sempre" (Sl. 119:160).

Assim, então, tudo da vida é ético, e a ética requer um padrão de certo e errado. Para o cristão, o parâmetro é encontrado na Bíblia - toda a Bíblia, do princípio ao fim. O crente do Novo Testamento repudia o ensino da própria lei, dos Salmos, de Tiago, de Paulo e do próprio Jesus quando os mandamentos de Deus expressos no Antigo Testamento são ignorados ou tratados como um mero padrão antiquado de justiça e retidão. "A palavra de nosso Deus subsiste eternamente" (Is. 40:8), e a lei do Antigo Testamento é parte de cada palavra que procede da boca de Deus, pela qual devemos viver (Mt. 4:4).

Greg L. BahnsenBy This Standart, pg. 21-28.
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto
Fonte: Monergismo

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Sabbath

O Sabbath é uma ordenança da criação (Gn. 2:2-3), que os homens eram obrigados a observar mesmo antes da chegada da lei Mosaica.2 Compare Êxodo 20:10-11 para sua interpretação de Gênesis 2:2-3. Todos os homens estão sujeitos à lei do Sabbath (observe que Cristo não disse que o Sabbath foi feito para os israelitas em Marcos 2:27, mas para o “homem” genérico). A obrigação moral de o homem observar o Sabbath é colocada corretamente ao lado das outras palavras universalmente morais do Decálogo, que foi escrito pelo próprio dedo de Deus. Quando o homem observa o Sabbath, ele está imitando corretamente o seu Criador; o descanso do Sabbath é modelado segundo o descanso de Deus na criação. Na era do Novo Pacto, esse descanso da criação se torna um sinal da esperança cristã, seu descanso celestial na consumação dessa era (Hb. 4). No princípio Deus estabeleceu Seu descanso; Cristo providencia e promete entrada a esse descanso, e na era eterna desfrutá-lo-emos. O Sabbath tem extensão universal e obrigação perpétua. Na chegada de Cristo o Sabbath foi purificado dos acréscimos legalistas feitos pelos escribas e fariseus (Lucas 13:10-17; 14:1-6; Marcos 3:1-6); o Sabbath sofreu corrupção nas mãos dos fariseus “autônomos” assim como vários outros preceitos morais (cf. Mt. 5:21-48). Além do mais, os aspectos cerimoniais e sacrificiais do ciclo dos dias de festa (“lua nova, ano do Sabbath, jubileu, etc.”) do Antigo Testamento, juntamente com aquelas observâncias cíclicas de festas, foram “tirados de uso” pela obra redentora de Cristo. Por conseguinte, Colossenses 2:16s. nos liberta dos elementos cerimoniais do sistema do Sabbath (a passagem parece estar se referindo especificamente às ofertas),3 e passagens tais como Romanos 14:5s. e Gálatas 4:10 ensinam que não precisamos mais distinguir esses dias cerimoniais (como os judaizantes eram aptos em exigir).4 Como Cristo providenciou a entrada ao descanso do Sabbath eterno de Deus mediante Sua morte substitutiva sobre a cruz, Ele torna os elementos tipológicos (e.g. ofertas) do sistema do Sabbath irrelevantes (coisas que eram uma sombra da substância vindoura de acordo com Cl. 2:17, cf. Hb. 10:1, 8). Ao realizar nossa redenção, Cristo também nos ligou à observância desse Sabbath semanal, que prefigura nosso Sabbath eterno (cf. Hb. 4). Embora os dias cerimoniais não devam ser mais distinguidos, o Novo Testamento distingue o primeiro dia da semana dos outros seis (1Co. 16:2; Atos 20:7) e denomina-o “o Dia do Senhor” (Ap. 1:10). Ao observar o Sabbath semanal, honramos Cristo que é o “Senhor” do Sabbath (Marcos 2:28), e antecipamos a vinda do descanso do Sabbath, que nosso Senhor assegurou para nós (nisso, paralelos podem ser vistos com a “Ceia do Senhor”). Em Marcos 2:23-28, Cristo e os Seus discípulos foram acusados de “fazerem o que não é lícito” no Sabbath, mas porque eles tinham violado apenas uma tradição rabínica, Cristo não se importou em contestar a acusação; ela simplesmente equivalia a nada. Não houve nenhuma contestação, pois Cristo não reconhecia a tradição dos anciãos como “lícita”. Contudo, Cristo toma isso como uma oportunidade para afirmar que Ele é “Senhor até mesmo do Sabbath”. Mediante isso Cristo confirmou definitiva e positivamente o Sabbath; de outra forma, Cristo estaria proclamando grandiosamente o Seu senhorio sobre algo que não existia. O Sabbath não morreu com o advento de Cristo ou Sua obra Messiânica; até o nosso descanso eterno, o Sabbath semanal continua a ser “dominado” por Cristo e é um tipo da realidade vindoura. “O Sabbath foi feito para o homem” (Marcos 2:27), e o homem ainda precisa se beneficiar disso. A questão do Sabbath não apresenta nenhuma contradição para a validade contínua da lei moral de Deus.

Fonte: Greg L. Bahnsen, Theonomy in Christian Ethics, Covenant Media Press, p. 226-8 em www.monergismo.com

Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto

1 E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em agosto/2008.

2 John Murray, Principles of Conduct: Aspects of Biblical Ethics (Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Co., 1957), pp. 30-35.

3 Visto que a interpretação de alguém de Colossenses 2:16 deve levar em conta “comer e beber”, bem como os dias mencionados, e visto que as restrições dietéticas da lei cerimonial não incluíam “beber”, a passagem é melhor vista como as ofertas feitas em dias especiais (dias de festa, luas novas, e sabbaths) – assim como o Antigo Testamento correlaciona tais ofertas com esses dias particulares (cf. Nm. 28-29; 1Cr. 23:31; 2Cr. 31:2-3).

4 Que esses versículos não significam que o cristão não está sob nenhuma obrigação de distinguir qualquer dia de outro é claro a partir de João 20:19, 26; Atos 20:6-7; 1Co. 16:1-2; Hb. 4:9 com 10:25. Aqueles que se apegam a absolutamente nenhuma distinção de dias e a uma observação completamente internalizada e individualizada de qualquer dia, fazem com que a Escritura se contradiga.


Eu Quero Tudo

A vida cristã é diferente: mais difícil e mais fácil. Cristo diz: "Dê-me tudo. Eu não quero tanto do seu tempo, tanto do seu dinheiro, tanto do seu trabalho. Quero você. Eu não vim para atormentar seu ego natural, mas para matá-lo. Meias medidas não trazem nenhum bem. Eu não quero podar um galho aqui e outro ali, mas quero derrubar a árvore inteira. Entregue todo o seu ego natural, todos os desejos que você julga inocentes bem como os que você julga iníquos - todo o seu ser. Eu lhe darei um novo eu. Na verdade, lhe darei meu próprio eu; a minha vontade se tornará a sua vontade".
C. S. Lewis

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Miniaturas de Cristo

Ele age em nós de todas as maneiras. Mas, acima de tudo, ele age em nós por intermédio uns dos outros. Os homens são espelhos ou "transmissores" de Cristo para outros homens. Geralmente são aqueles que conhecem a Cristo que o levam aos outros. É por isso que a Igreja, todo o conjunto de cristãos que revelam Cristo uns aos outros, é tão importante. É muito fácil pensar que a Igreja tem muitos objetivos diferentes - educação, obras, missões, cultos... A Igreja não existe para outro propósito senão atrair os homens para Cristo, transformá-los em miniaturas de Cristo. Se ela não faz isso, então todas as Catedrais, todos os líderes, todas as missões, todos os sermões, a própria Bíblia - tudo não passa de perda de tempo. Deus não se tornou homem por outro motivo. E é até de duvidar, veja só, que todo o Universo tenha sido criado por qualquer outro motivo.

C. S. Lewis

domingo, 10 de agosto de 2008

Tisha b'Av

Beit HaMikdashO dia 9 de Av (5º mês do calendário hebraico) é marcado pelas maiores catástrofes da história judaica.

Em Tisha b'Av:
  • Os espias enviados por Moisés retornaram e, apesar de enaltecerem as qualidades da terra, desencorajaram o povo persuadindo-os a não entrarem nela; aquela geração foi condenada a perecer no deserto e a entrada na terra de Israel foi adiada em quarenta anos;
  • O primeiro Templo foi destruído;
  • Conforme o avanço dos romanos, os judeus ficaram perplexos ao perceberem que o segundo Templo também seria destruído na mesma data;
  • A fortaleza de Betar foi destruída e teve início o último exílio judaico; A área onde se localizava o Templo foi arada;
  • Convocação das Cruzadas em 1095; Queima dos talmuds em 1242;
  • Expulsão dos judeus da Inglaterra em 1290; expulsão dos judeus da França em 1306; o fim da Idade de Ouro da Espanha, de onde os judeus foram expulsos em 1492; expulsão dos judeus da Áustria em 1670;
  • A 2ª Guerra foi a conclusão arrastada da 1ª cujo início se deu nesta data em 1914.
E quem de nós nunca teve seu Tisha b'Av pessoal?

Neste dia costuma-se ler o livro de Lamentações. Um dia para recordar, lamentar e refletir sobre esses eventos, e esperar que o Eterno os converta em dupla honra.

Segundo a Bíblia, o jejum do 5º mês (Av) será para a casa de Judá: gozo, alegria e festa. Queira o Eterno, seja em nossos dias.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Quem sou eu?

Quem sou eu? Muitas vezes me dizem que eu sairia do confinamento da minha cela calma, alegre e firmemente, como um cavaleiro vindo de sua terra natal.

Quem sou eu? Muitas vezes me dizem que eu falaria com os meus carcereiros livre, clara e amigavelmente, como se me coubesse comandar.

Quem sou eu? Também me dizem que eu suportaria dias de má sorte uniforme, sorridente, orgulhosamente, como alguém habituado a vencer.

Sou realmente isso tudo o que os outros dizem?

Ou sou somente o que sei de mim, inquieto, anelante e enfermo, como um pássaro na gaiola, lutando por conseguir respirar como se mãos estivessem comprimindo a minha garganta, anelando por cores, por flores, pelas vozes das aves, sedento de palavras bondosas, de urbanidade, tremendo de ira ante os despotismos e a humilhação mesquinha, fremente na expectativa de grandes eventos, tremendo impotentemente por amigos a uma distância infinita, fatigado e vazio na oração, no pensamento, na realização, desfalecido e pronto a dizer adeus a tudo?

Quem sou eu? Este ou aquele outro? Sou uma pessoa hoje e outra amanhã? Sou ambas ao mesmo tempo? Um hipócrita perante os outros, e diante de mim mesmo um fraco desprezível e desolado? Ou ainda há dentro em mim algo como um exército batido, fugindo desordenadamente da vitória já obtida?

Dietrich Bonhoeffer, "Who am I?" Letters and Papers from Prision

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Bem Aventurados os Mansos

MansidãoBem Aventurados os mansos porque herdarão a terra (Mateus 5:5)


(...) No que consiste a mansidão? Penso que poderíamos sumariar a questão da seguinte maneira. A mansidão é, essencialmente, um autêntico ponto de vista que o indivíduo forma de si mesmo, o que é então expresso como uma atitude e uma conduta em relação ao próximo. Por conseguinte, consiste em duas coisas. Trata-se da minha atitude para comigo mesmo; mas também é uma expressão desse fato, em relacionamento com outras pessoas. Percebe-se, pois, quão inevitavelmente a mansidão deriva-se das qualidades de “humildade de espírito” e de “lamentação”.

Ninguém é capaz de ser manso, a menos que também seja humilde de espírito. E ninguém pode ser manso exceto se já se viu como um vil pecador. Essas outras características necessariamente surgem primeiro. Entretanto, se eu já percebi o que realmente sou, em termos de humildade de espírito e de atitude lamentosa, em vista de minha pecaminosidade, então sou levado a ver que é necessário que em mim não se manifeste o orgulho.

O indivíduo manso não se orgulha de si mesmo; não se vangloria a seu próprio respeito sob hipótese alguma. Pois sente que em si mesmo coisa existe que possa gabar-se. E também se deve entender que ele não faz valer seu direito. Como você deve estar percebendo, isso é uma negação daquela psicologia popular de nossos dias que nos recomenda “impor-nos aos outros” e expressarmos a nossa personalidade.

Aquele que é manso não quer fazer essas coisas; antes, envergonha-se delas. Por semelhante modo, o indivíduo que é manso não exige coisa alguma para si mesmo. Não considera todos os seus legítimos direitos como algo a ser exigido. Não faz exigências quanto à sua posição, aos seus privilégios, às suas possessões e à sua situação na vida. Não, mas assemelha-se ao homem retratado pelo apóstolo Paulo em Filipenses 2: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (vers. 5). Cristo não asseverou o Seu direito de igualdade com Deus; deliberadamente Ele não o fez. E você e eu temos que chegar a este ponto.

(...) Você deve estar lembrado de como Pedro exprimiu essa idéia em I Pedro 2, dizendo que nos cumpre seguir os passos de Cristo, “... o qual não cometeu pecado nem dolo algum se achou em sua boca, pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje, quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (I Pedro 2: 22,23). Ser manso é usar de paciência e longanimidade, mesmo quando sofremos injustamente. Naquele capítulo, Pedro argumentou que não há vantagem alguma quando somos castigados por causa das nossas falhas, e então recebemos o castigo com paciência; entretanto, se praticamos o bem, e mesmo assim sofremos por causa disso, com toda a paciência, então isso é digno de encômios aos olhos de Deus.

Ora, isso é mansidão. Mas, além disso, ser manso significa que estamos dispostos a ouvir e a aprender; que fazemos tão pequena idéia de nós mesmos e de nossas capacidades que estamos prontos a dar ouvidos aos nossos semelhantes. E acima de tudo, devemos estar prontos a deixar-nos ensinar pelo Espírito, a deixar-nos guiar pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

Martin Lloyd-Jones - Estudos no Sermão do Monte

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Mangá Messias

Mangá MessiasPara quem gosta, segue uma notícia no mínimo interessante:

Mangá Messias é um mangá colorido, de 288 páginas, que conta a história da vida de Cristo em um estilo visual muito popular no mundo inteiro. Clique na imagem para ampliar.

O estilo mangá nasceu no Japão. Lá, a palavra mangá quer dizer apenas “gibi”. Mas, fora daquele país, o conceito de mangá está vinculado ao desenho característico dos gibis japoneses, um estilo que ganhou popularidade fenomenal e se espalhou pelo mundo afora. Por meio dessa mídia estratégica, o Mangá Messias visa alcançar jovens e adolescentes — e até mesmo adultos — com a mensagem antiga do evangelho “vestida” de linguagem e visual modernos.

A principal motivação para este projeto é o enorme potencial do estilo mangá como ferramenta para a evangelização da geração plugada em videogame e internet.


Este gibi colorido, de 288 páginas, que conta a história da vida de Cristo em um estilo visual muito popular no mundo inteiro será lançado em breve.


Fonte: Editora Vida Nova

Le Chayim!

Um Violinista no Telhado"Meu Senhor... eu sei que somos o povo escolhido... mas, de vez em quando, não daria para escolher um outro?"

*Tevye, do filme Um Violinista no Telhado, após saber que sua cidade seria atacada, uma "demonstração não-oficial de força" por parte do Governo, pelo simples fato de serem judeus.
Tradition! Le Chayim! To Life!

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