segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Soe o Shofar

Shaná Tová Umetuká!“Faze soar o grande Shofar para a nossa liberdade e ergue o estandarte para juntar os nossos dispersos, e reúne-nos logo, a todos, dos quatro cantos do mundo para nossa terra. Bendito és Tu, Eterno, que reúnes os dispersos do Teu povo Israel.” (Kibutz Galuiot)

Os próximos dez dias, até Yom Kipur, são dias de arrependimento e reflexão.

Não importa o quão longe estejamos dos caminhos do Eterno, ao ouvirmos o som do shofar retornemos a Ele. Leshaná Tová Ticatêv Vetechatêm.

Oremos pela Índia

Perseguição na índiaA população cristã da Índia está alarmada com algo que está acontecendo num estado chamado Orissa. No dia 23 de agosto um líder religioso hindu foi assassinado e como ele pregava “anti-conversão”, seus seguidores imediatamente começaram a acusar cristãos de terem assassinado o homem. Dois dias depois de sua morte um grupo maoísta assumiu o assassinato, mas já era tarde demais. Os hindus já tinham começado a perseguir os cristãos. Casas foram queimadas assim como quatro hospitais e um orfanato cristão. Nos jornais nacionais a informação dada é que os cristãos estão escondidos no mato desde então. A informação que nós temos e que são de fontes seguras é que os hindus estão matando pessoas, queimando casas e pessoas, estuprando mulheres, perseguindo o povo até mesmo dentro da mata. Milhares de cristãos estão abrigados em lugares de refúgio do governo.


No dia seis de Setembro um pastor em Orissa, junto com outros dois, foram assassinados e esquartejados.



Este problema em Orissa desencadeou uma série de perseguições em outros lugares. Quarta-feira, uma igreja foi queimada no estado de Madhia Pradesh e no mesmo dia dois pastores foram presos em Karnataka. Neste exato momento, enquanto eu escrevo este e-mail, estou sentada na frente da televisão vendo sobre as explosões de ontem e a repórter acabou de informar que 9 igrejas foram atacadas na cidade de Bangalore (no mesmo estado de Karnataka) durante os cultos desta manhã. Parece que este sentimento anticristão está se espalhando pela nação. (Informações prestadas por missionários em outro país).

Rev. George Alberto Canêlhas

Para ver mais notícias e fotos, clique aqui.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O "evangélico" de hoje

Teologia da ProsperidadeAchei umas pérolas na Internet hoje, e não dava para deixar passar em branco. Leiam os pequenos trechos abaixo e depois assistam ao pequeno vídeo do pastor John Piper. Em sua maioria, os "evangélicos" de hoje são pessoas querendo fazer "boas obras", "boas escolhas", para obter algo, seja saúde, dinheiro, marido... Só há um problema: isso não é viver o Evangelho, mas, sim, praticar a idolatria, mesmo que metam o nome de Deus no meio. Mas, enfim... leiam os trechos e vejam o vídeo.

Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, cerca de 30% dos fiéis das igrejas evangélicas estão nas classes C e D, em que a teologia da ascensão material encontra terreno propício. "A igreja nos ensina a ter o melhor. Aqui a gente aprende que ter prosperidade é dom de Deus. Se somos pessoas boas, nossa fé vai nos dar condições de, por exemplo, viajar, fazer cruzeiros e ficar em hotéis cinco-estrelas", diz Daniela Soares, 32 anos, fiel da Universal há dezoito. Empresária adepta do terninho, salto alto e maquiagem, ela coordena um grupo de jovens em atividades como um desfile de vestidos de noiva em que, microfone em punho, grita: "Quem quer se casar neste ano?". Diante do mar de mãos erguidas, arremata: "Então, vai escolhendo o vestido, que ele pode ser seu". (...)

"Todas as segundas-feiras temos uma palestra na igreja chamada Congresso Empresarial. Nela aprendemos que prosperar financeiramente não é sujo. Se o casal não tem dinheiro, ele vai brigar por causa disso. O mesmo acontece na vida como um todo. Deus nos ensina a ter o melhor, a lutar para melhorar de vida", empolga-se Nathalia Gomes, 20 anos, fiel há seis anos da Igreja Universal do Reino de Deus, que usa cabelo ruivo espetado, veste camiseta com ombro de fora e não dispensa seu par de coturnos. (...)

"As pessoas criam esse estereótipo de que ser cristão é ser chato. Não é isso. A gente pode tudo, tem a mesma liberdade que qualquer um. Só que fazemos escolhas. E, na minha opinião, fazemos as melhores", diz Rafael David, 21 anos, da mesma Bola de Neve. A igreja foi fundada em 2000 pelo surfista Rinaldo de Seixas Pereira, o pastor Rina, de 36 anos. Uma vez por ano, dezenas de ônibus de seguidores da Bola de Neve rumam para Florianópolis para participar de torneios de surfe e skate. Na praia, os meninos ouvem reggae com letra religiosa e as meninas usam biquínis comportados.

Fonte:Revista Veja - Edição 2077 de 10 de setembro de 2008

Agora, veja este vídeo de John Piper.

Bem Aventurados os Humildes de Espírito

Humildade“Humilde de espírito”. Essa qualidade aponta para a completa ausência do orgulho pessoal, para a completa ausência de segurança própria e auto-dependência. Ela indica a consciência de que nada representamos na presença de Deus. Portanto, não é algo que possamos produzir por nós mesmos; não é algo que possamos fazer de modo próprio. Pelo contrário, é aquela tremenda tomada de consciência de nossa própria nulidade, quando chegamos a enfrentar Deus face a face.

Isso é ser “humilde de espírito”. Quero exprimir essa idéia da maneira mais vigorosa possível, e assim faço com base nos ensinamentos da Bíblia. Ser humilde de espírito significa que, se alguém é crente autêntico, então não está dependendo dos seus dotes naturais, que lhe vêm do berço. Os humildes de espírito não dependem do fato que pertencem a determinadas famílias: não se vangloriam de pertencer a certas raças ou nacionalidades. Essas pessoas também não edificam as suas vidas sobre o alicerce do seu temperamento natural.

Nem acreditam que haja alguma vantagem em sua posição natural na vida, e nem dependem disso ou de quaisquer potencialidades que lhes hajam sido conferidas. A pessoa que é humilde de espírito não depende do dinheiro ou de quaisquer riquezas de que porventura seja possuidora. Se somos humildes de espírito, então não dependemos da educação recebida, nem da escola ou faculdade particular que tivemos freqüentado. Não, porquanto todas essas coisas constituíam aquilo que Paulo apodava de “perda”. Não, pois essas coisas serviam a Paulo apenas de empecilhos para maiores realizações, visto que elas tendiam por dominá-lo e controlá-lo.

Por semelhante modo, não dependeremos de quaisquer dotes naturais de “personalidade”, de inteligência ou de habilidades gerais ou particulares. Não dependeremos, por igual modo, de nossa própria moralidade, conduta ou bom comportamento. Não apelaremos, em nenhum sentido, para a vida que temos vivido ou que estamos tentando viver. Não, mas consideraremos todas as coisas da mesma maneira como Paulo as considerava. É nisso que consiste a “humildade de espírito”.

Precisamos gozar de completa libertação de todas essas coisas, e todas elas precisam estar ausentes de nossas vidas.Repito, ser humilde de espírito é sentir que nada somos, que nada temos, e também que olhamos para Deus em total submissão a Ele, dependendo inteiramente de Sua misericórdia, de Sua graça.

Portanto, façamos a nós mesmos as seguintes perguntas. Pareço com essa descrição? Sou mesmo humilde de espírito? Como é que me sinto a meu respeito, quando penso em termos de Deus e na presença de Deus? Em minha vida diária, quais são as coisas que costumo dizer, sobre o que costumo orar e o que costumo pensar sobre mim mesmo? Assim sendo, que coisa miserável é essa, essa jactância naquilo que é meramente acidental em minha vida, pelo que também não sou responsável; essa jactância naquilo que é artificial, e que nem ao menos será levado em conta no grande dia em que tivermos todos de comparecer diante de Deus. Este meu pobre eu! Aquele hino de Lavater expressa admiravelmente bem essa questão: “Faze que diminua mais e mais este pobre eu”. E também: “Oh Jesus Cristo, cresce mais em mim”.

Estudos no Sermão do Monte: Martyn Lloyd-Jones

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Orgulho espiritual oculto

A primeira e a pior causa de erro que prevalece nos nossos dias é o orgulho espiritual. Essa é a principal porta que o diabo usa para entrar nos corações daqueles que têm zelo pelo avanço da causa de Cristo. É a principal via de entrada de fumaça venenosa que vem do abismo para escurecer a mente e desviar o juízo. É o meio que Satanás usa para controlar cristãos e obstruir uma obra de Deus. Até que essa doença seja curada, em vão se aplicarão remédios para resolver quaisquer outras enfermidades.

O orgulho é muito mais difícil de ser discernido do que qualquer outra fonte de corrupção porque, por sua própria natureza, leva a pessoa a ter um conceito alto demais de si própria. É alguma surpresa, então, verificar que a pessoa que pensa de si acima do que deve está totalmente inconsciente desse fato? Ela pensa, pelo contrário, que a opinião que tem de si está bem fundamentada e que, portanto, não é um conceito elevado demais. Como resultado, não existe outro assunto no qual o coração esteja mais enganado e mais difícil de ser sondado. A própria natureza do orgulho é criar autoconfiança e expulsar qualquer suspeita de mal em relação a si próprio.


O orgulho toma muitas formas e manifestações e envolve o coração como as camadas de uma cebola – ao se arrancar uma camada, existe outra por baixo dela. Por isto, precisamos ter a maior vigilância imaginável sobre nossos corações com respeito a essa questão e clamar àquele que sonda as profundezas do coração para que nos auxilie. Quem confia em seu próprio coração é insensato.


Como o orgulho espiritual é mascarado por natureza, geralmente não pode ser detectado por intuição imediata como aquilo que é mesmo. É mais fácil ser identificado por seus frutos e efeitos, alguns dos quais quero mencionar junto com os frutos opostos da humildade cristã.


A pessoa espiritualmente orgulhosa sente que já está cheia de luz, não necessitando assim de instrução. Assim, terá a tendência de prontamente rejeitar a oferta de ajuda nesse sentido. Por outro lado, a pessoa humilde é como uma pequena criança que facilmente recebe instrução. É cautelosa no seu conceito de si mesma, sensível à sua grande facilidade em se desviar. Se alguém lhe sugere que está, de fato, saindo do caminho reto, mostra pronta disposição em examinar a questão e ouvir as advertências.


As pessoas orgulhosas tendem a falar dos pecados dos outros: o terrível engano dos hipócritas, a falta de vida daqueles irmãos que têm amargura, a resistência de alguns crentes à santidade. A pura humildade cristã, porém, se cala sobre os pecados dos outros ou, no máximo, fala a respeito deles com tristeza e compaixão. A pessoa espiritualmente orgulhosa critica os outros cristãos por sua falta de crescimento na graça, enquanto o crente humilde vê tanta maldade em seu próprio coração, e se preocupa tanto com isso, que não tem muita atenção para dar aos corações dos outros. Queixa-se mais de si próprio e da sua própria frieza espiritual; sua esperança genuína é que todos os outros tenham mais amor e gratidão a Deus do que ele.


As pessoas espiritualmente orgulhosas falam freqüentemente de quase tudo que percebem nos outros em termos extremamente severos e ásperos. É comum dizerem que a opinião, conduta ou atitude de outra pessoa é do diabo ou do inferno. Muitas vezes, sua crítica é direcionada não só a pessoas ímpias, mas a verdadeiros filhos de Deus e a pessoas que são seus superiores. Os humildes, entretanto, mesmo quando recebem extraordinárias descobertas da glória de Deus, sentem-se esmagados pela sua própria indignidade e impureza. Suas exortações a outros cristãos são transmitidas de forma amorosa e humilde e, ao lidar com seus irmãos e companheiros, eles procuram tratá-los com a mesma humildade e mansidão com que Cristo, que está infinitamente superior a eles, os trata.


O orgulho espiritual comumente leva as pessoas a se comportarem de modo diferente na sua aparência exterior, a assumirem um jeito diferente de falar, de se expressar ou de agir. Por outro lado, o cristão humilde – mesmo sendo firme no seu dever, permanecendo sozinho no caminho do céu ainda que o mundo inteiro o abandone – não sente prazer em ser diferente só para ser diferente. Não procura se colocar numa posição onde possa ser visto e observado como uma pessoa distinta ou especial; muito pelo contrário, dispõe-se a ser todas as coisas a todas as pessoas, a ceder aos outros, a se adaptar aos outros e a agradá-los em tudo menos no pecado.


Pessoas orgulhosas dão muita atenção a oposição e a injúrias; tendem a falar dessas coisas freqüentemente com um ar de amargura ou desprezo. A humildade cristã, em contraste, leva a pessoa a ser mais semelhante ao seu bendito Senhor, o qual, quando foi maltratado não abriu sua boca, mas se entregou em silêncio àquele que julga retamente. Para o cristão humilde, quanto mais clamoroso e furioso o mundo se manifestar contra ele, mais silencioso e quieto ficará, com exceção de quando estiver no seu quarto de oração: lá ele não ficará calado.


Um outro padrão de pessoas espiritualmente orgulhosas é comportar-se de forma a torná-las o foco de atenção. É natural que a pessoa sob a influência do orgulho tome todo o respeito que lhe é oferecido. Se outros demonstram disposição de se submeterem a ela e a cederem em deferência a ela, esta pessoa receberá tais atitudes sem constrangimento. Na verdade, ela se habituou a esperar tal tratamento e a formar uma má opinião de quem não lhe oferece aquilo que pensa merecer.


Uma pessoa sob a influência de orgulho espiritual tende mais a instruir aos outros do que a fazer perguntas. Tal pessoa naturalmente assume ar de mestre. O cristão eminentemente humilde pensa que precisa de ajuda e todo o mundo, enquanto a pessoa espiritualmente orgulhosa acha que todos precisam do que ela tem para oferecer. A humildade cristã, sentindo o peso da miséria dos outros, suplica e implora; o orgulho espiritual, em contraste, ordena e adverte com autoridade.


Assim como o orgulho espiritual leva as pessoas a assumirem muita coisa para si mesmas, de forma semelhante as induz a tratar os outros com negligência. Por outro lado, a pura humildade cristã traz a disposição de honrar a todas as pessoas. Entrar em contendas a respeito do cristianismo por vezes é desaconselhável; no entanto, devemos tomar muito cuidado para não nos recusarmos a discutir com pessoas carnais por as acharmos indignas de nossa consideração. Pelo contrário, devemos condescender a pessoas carnais da mesma forma como Cristo condescendeu a nós – a fim de estar presente conosco na nossa indocilidade e estupidez.




Jonathan Edwards era pastor puritano nas colônias inglesas da América do Norte no século XVIII. Acompanhou e participou do Grande Despertamento, um grande avivamento que atingiu as colônias norte-americanas, a Inglaterra e outros países, no qual George Whitefield e John Wesley também foram instrumentos. Foi autor e o maior teólogo não somente de sua geração, mas de toda a história dos Estados Unidos. Este artigo foi traduzido e adaptado da sua obra: Some Thoughts concerning the Present Revival of Religion in New England (“Alguns Pensamentos a Respeito do Atual Avivamento Religioso na Nova Inglaterra”).

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Revelação Geral

“Revelação geral” é o termo freqüentemente usado para se referir ao fato de Deus se fazer conhecido na criação, consciência e história. O termo é usado em distinção de “revelação especial”, a revelação salvífica de Deus através de Jesus Cristo nas Escrituras. A revelação geral é mencionada em várias passagens, mas com maior clareza em Romanos 1:18-32. Essa passagem fala de Deus se fazendo conhecido nas coisas da criação (vv. 20, 25) e na consciência do homem (v. 19;2 observe as palavras neles). Essa revelação geral, contudo, não tem poder salvífico. Ela não é nem mesmo um tipo de graça, embora muitos falem dela como um exemplo da assim chamada “graça comum”. Pelo contrário, como Romanos 1 deixa bem claro, essa revelação geral é uma revelação da ira de Deus, e serve somente para deixar o ímpio sem escusa (vv. 18, 20). Certamente, então, a revelação geral não fornece outro caminho de salvação. A idéia que os ímpios podem ser salvos por uma resposta moral a essa revelação geral é totalmente sem fundamento na Escritura, e é apenas outra forma de salvação pelas obras e de humanismo religioso. Essa idéia que a revelação geral tem valor salvífico é faltamente refutada por Romanos 1 mesmo. O ímpio vê as “coisas invisíveis de Deus”, particularmente seu eterno poder e divindade (v. 20). Há até mesmo um aspecto interno dessa manifestação de Deus. O versículo 19 diz que as coisas que podem ser conhecidas de Deus são manifestas “neles”. Isso tem implicações importantes. A manifestação de Deus nas coisas que foram criadas é a razão pela qual ninguém será capaz de se queixar no dia do juízo que não conhecia a Deus. Se considerarmos Romanos 1, não existe nenhum ateu. Portanto, o ímpio que nunca ouviu o evangelho pode e será condenado no dia do juízo, como resultado dessa manifestação. Todavia, o único resultado dessa manifestação de Deus, no que diz respeito ao ímpio, é que eles recusam glorificar a Deus, continuam a ser ingratos, e transformam a glória de Deus, manifesta a eles e neles, em imagens de coisas corruptíveis (vv. 21-25). Simplificando, isso significa que a idolatria dos ímpios não é uma busca pelo Deus que eles não conhecem ou uma tentativa, embora débil, de encontrá-lo. Antes, é um afastar-se do verdadeiro Deus, a quem eles conhecem. Eles, de acordo com Romanos 1, não estão procurando a verdade, mas suprimindo-a (v. 25). A sua filosofia e religião não representa um pequeno princípio da verdade ou um amor pela verdade, mas a verdade recusada e abandonada. Confirmando tudo isso, a Escritura também deixa claro que a salvação é somente por meio da pregação do evangelho (Rm. 1:16; Rm. 10:14,17; 1Co. 1:18, 21). Cristo e somente Cristo é revelado como o poder e sabedoria de Deus para a salvação, de forma que sem o evangelho não há nenhuma esperança de salvação. A revelação geral, portanto, serve somente para aumentar a culpa daqueles que não ouvem ou não crêem no evangelho. Ensinar outra coisa é negar o sangue de Jesus Cristo e sua obediência perfeita como o único caminho de salvação, zombando dele e de sua cruz.

Ronald Hanko
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Reformed Free Publishing Association, p. 8-9.
Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto
Extraído do site Monergismo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Teologia Relacional: um Novo Deus no Mercado

Os reflexos da onda gigante que provocou a tremenda catástrofe na Ásia no final de dezembro de 2004 alcançaram também os arraiais evangélicos, levantando, entre outras coisas, perguntas acerca de Deus, seu caráter, seu poder, seu conhecimento, seus sentimentos e seu relacionamento com o mundo e as pessoas diante de tragédias como aquela. Dentre as diferentes respostas, uma chama a atenção pela ousadia de suas afirmações: Deus sofreu muito com a tragédia e certamente não a havia determinado ou previsto. Ele simplesmente não pôde evitá-la, pois Deus não conhece o futuro, não controla ou guia a história, e não tem poder para fazer aquilo que gostaria. Esta é a concepção de Deus defendida por um movimento teológico conhecido como teologia relacional, ou ainda, teísmo aberto ou teologia da abertura de Deus.

A teologia relacional, como movimento, teve início em décadas recentes, embora seus conceitos sejam bem antigos. Ela ganhou popularidade através de escritores norte-americanos como Greg Boyd, John Sanders e Clark Pinnock. No Brasil, estas idéias têm sido assimiladas e difundidas por alguns líderes evangélicos, às vezes de forma aberta e explicita.

A teologia relacional considera a concepção tradicional de Deus como inadequada, ultrapassada e insuficiente para explicar a realidade, especialmente catástrofes como o tsunami de dezembro de 2004, e se apresenta como uma nova visão sobre Deus e sua maneira de se relacionar com a criação. Seus pontos principais podem ser resumidos desta forma:

1. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas.

2. Deus não é soberano. Só pode haver real relacionamento entre Deus e suas criaturas se estas tiverem, de fato, capacidade e liberdade para cooperarem ou contrariarem os desígnios últimos de Deus. Deus abriu mão de sua soberania para que isto ocorresse. Neste sentido, ele é incapaz de realizar tudo o que deseja, como impedir tragédias e erradicar o mal. Contudo, ele acaba se adequando às decisões humanas e ao final, vai obter seus objetivos eternos, pois redesenha a história de acordo com estas decisões.

3. Deus ignora o futuro, pois ele vive no tempo, e não fora dele. Ele aprende com o passar do tempo. O futuro é determinado pela combinação do que Deus e suas criaturas decidem fazer. Neste sentido, o futuro inexiste, pois os seres humanos são absolutamente livres para decidir o que quiserem e Deus não sabe antecipadamente que decisão uma determinada pessoa haverá de tomar num determinado momento.

4. Deus se arrisca. Ao criar seres racionais livres, Deus estava se arriscando, pois não sabia qual seria a decisão dos anjos e de Adão e Eva. E continua a se arriscar diariamente. Deus corre riscos porque ama suas criaturas, respeita a liberdade delas e deseja relacionar-se com elas de forma significativa.

5. Deus é vulnerável. Ele é passível de sofrimento e de erros em seus conselhos e orientações. Em seu relacionamento com o homem, seus planos podem ser frustrados. Ele se frustra e expressa esta frustração quando os seres humanos não fazem o que ele gostaria.

6. Deus muda. Ele é imutável apenas em sua essência, mas muda de planos e até mesmo se arrepende de decisões tomadas. Ele muda de acordo com as decisões de suas criaturas, ao reagir a elas. Os textos bíblicos que falam do arrependimento de Deus não devem ser interpretados de forma figurada. Eles expressam o que realmente acontece com Deus.

Estes conceitos sobre Deus decorrem da lógica adotada pela teologia relacional quanto ao conceito da liberdade plena do homem, que é o ponto doutrinário central da sua estrutura, a sua “menina dos olhos”. De acordo com a teologia relacional, para que o homem tenha realmente pleno livre arbítrio suas decisões não podem sofrer qualquer tipo de influência externa ou interna. Portanto, Deus não pode ter decretado estas decisões e nem mesmo tê-las conhecido antecipadamente. Desta forma, a teologia relacional rejeita não somente o conceito de que Deus preordenou todas as coisas (calvinismo) como também o conceito de que Deus sabe todas as coisas antecipadamente (arminianismo tradicional). Neste sentido, o assunto deve ser entendido, não como uma discussão entre calvinistas e arminianos, mas destes dois contra a teologia relacional. Não poucos lideres calvinistas e arminianos no âmbito mundial têm considerado esta visão da teologia relacional como alheia ao Cristianismo.

A teologia relacional traz um forte apelo a alguns evangélicos, pois diz que Deus está mais próximo de nós e se relaciona mais significativamente conosco do que tem sido apresentado pela teologia tradicional. Segundo os teólogos relacionais, o Cristianismo histórico tem apresentado um Deus impassível, que não se sensibiliza com os dramas de suas criaturas. A teologia relacional, por sua vez, pretende apresentar um Deus mais humano, que constrói o futuro mediante relacionamento com suas criaturas. Os seres humanos são, dessa forma, co-participantes com Deus na construção do futuro, podendo, na verdade, determiná-lo por suas atitudes.

Contudo, a teologia relacional não é novidade. Ela tem raízes em conceitos antigos de filósofos gregos, no socinianismo (que negava exatamente que Deus conhecia o futuro, pois atos livres não podem ser preditos) e especialmente em ideologias modernas, como a teologia do processo. O que ela tem de novo é que virou um movimento teológico composto de escritores e teólogos que se uniram em torno dos pontos comuns e estão dispostos a persuadir a Igreja Cristã a abandonar seu conceito tradicional de Deus e a convencê-la que esta “nova” visão de Deus é evangélica e bíblica.

Mesmo tendo surgido como uma reação a uma possível ênfase exagerada na impassividade e transcendência de Deus, a teologia relacional acaba sendo um problema para a igreja evangélica, especialmente em seu conceito sobre Deus. Muito embora os evangélicos tenham divergências profundas em algumas questões, reformados, arminianos, wesleyanos, pentecostais, tradicionais, neopentecostais e outros, todos concordam, no mínimo, que Deus conhece todas as coisas, que é onipotente e soberano. Entretanto, o Deus da teologia relacional é totalmente diferente daquele da teologia cristã. Não se pode afirmar que os aderentes da teologia relacional não são cristãos, mas sim que o conceito que eles têm de Deus é, no mínimo, estranho ao cristianismo histórico.

Ao declarar que o atributo mais importante de Deus é o amor, a teologia relacional perde o equilíbrio entre as qualidades de Deus apresentadas na Bíblia, dentre as quais o amor é apenas uma delas. Ao dizer que Deus ignora o futuro, é vulnerável e mutável, deixa sem explicação adequada dezenas de passagens bíblicas que falam da soberania, do senhorio, da onipotência e da onisciência de Deus (Is 46.10a; Jó 28; Jó 42.2; Sl 90; Sl 139; Rm 8.29; Ef 1; Tg 1.17; Ml 3.6; Gn 17.1; etc). Ao dizer que Deus não sabia qual a decisão de Adão e Eva no Éden, e que mesmo assim arriscou-se em criá-los com livre arbítrio, a teologia relacional o transforma num ser irresponsável. Ao falar do homem como co-construtor de Deus de um futuro que inexiste, a teologia relacional esquece tudo o que a Bíblia ensina sobre a Queda e a corrupção do homem. Ao fim, parece-nos que na tentativa extrema de resguardar a plena liberdade do arbítrio humano, a teologia relacional está disposta a sacrificar a divindade de Deus. Ao limitar sua soberania e seu pleno conhecimento, entroniza o homem livre, todo-poderoso, no trono do universo, e desta forma, deixa-nos o desespero como única alternativa diante das tragédias e catástrofes deste mundo e o ceticismo como única atitude diante da realidade do mal no universo, roubando-nos o final feliz prometido na Bíblia. Pois, afinal, poderá este Deus ignorante, fraco, mutável, vulnerável e limitado cumprir tudo o que prometeu?

Com certeza a visão tradicional de Deus adotada pelo Cristianismo histórico por séculos não é capaz de responder exaustivamente a todos os questionamentos sobre o ser e os planos de Deus. Ela própria é a primeira a admitir este ponto. Contudo, é preferível permanecer com perguntas não respondidas a aceitar respostas que contrariam conceitos claros das Escrituras. Como já havia declarado Jó há milênios (42.2,3): “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.”

Por rev. Augustus Nicodemus Lopes: professor do Centro Presbiteriano de Pós-graduação Andrew Jumper e chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Selo da Antiga Sinagoga Messiânica

Selo Nazareno/MessiânicoAurora, Colo. (EP) — Um Selo Messiânico da igreja cristã na antiga Jerusalém foi redescoberta após 2000 anos. Este antigo símbolo foi encontrado no Monte Sião. Acredita-se que ele foi criado e utilizado por judeus crentes que chamavam-se a si mesmos de Nazarenos na primeira Igreja Messiânica.

Três companhias - Olim Creative Products de Tiberíades, News About Israel (NAI) de Jerusalém e a Christian Floral Delivery do Colorado - se uniram e anunciaram a descoberta deste antigo símbolo, pelo qual a NAI adquiriu direitos autorais. Ele consiste de três separados, porém integrados símbolos: uma menorá ao topo, uma estrela de Davi ao centro e um peixe na parte de baixo. Em cada uma das formações do símbolo de três partes, a estrela é formada pelo entrelaçamento da base da menorá como o peixe.

O Selo Messiânico foi achado gravado ou inscrito em oito antigos objetos. Os artefatos foram mostrados a Ludwig Schneider, editor chefe da revista da NAI, Israel Today, em 1990. Eles os obtiveram de Tech Otecus, um velho monge que viveu como eremita na parte antiga da Cidade de Jerusalém. Otecus disse que nos anos 60 ele pessoalmente escavou cerca de 40 objetos com o Selo Messiânico numa antiga gruta localizada nas proximidades da Sala Superior no Monte Sião.

O que uma vez era a entrada principal da gruta está agora cercada com uma pesada grade igual a de cadeias. Esta porta, que leva abaixo de um antigo lugar de batismo, está fortemente protegida por uma pesada corrente e cadeado. De acordo com Schneider, a última entrada para a gruta foi fechada logo após ele ter contado aos padres do monastério local sobre a descoberta do Selo Messiânico.

Schneider fotografou oito artefatos que foram dados a ele por Otecus, e mostrou as fotos para o curador do Museu de Israel. "Quando ele cuidadosamente analisou minhas fotos", lembra Schneider, "o curador imediatamente disse-me que aqueles objetos e seu exclusivo símbolo eram um importante achado. Ele disse-me que o museu já havia visto outros objetos feitos com o mesmo símbolo de três partes de uma fonte que ele não mencionou".

De acordo com Bob Fischer, presidente da Olim Creative Products e co-autor com o historiador local e artista Reuven Schmalz do livro The Messianic Seal of the Jerusalem Church, o antigo símbolo de três partes tem sido desde 135 A.D abafado por vários grupos israelitas ou agências, como o Museu de Israel e pelos rabinos ortodoxos da parte antiga da Cidade de Jerusalém, enquanto simultaneamente eram (literalmente) enterrados por eles ao longo de dois milênios de igreja.

Ainda, de acordo com Fischer, pelo menos dois dos oito objetos eram obviamente utilizados como peças cerimoniais que poderiam ter sido usadas por Tiago, o irmão de Jesus, que é tido como o primeiro líder da igreja, ou talvez até mesmo por um ou mais dos Doze Apóstolos.

La Shemen Ruehon - Para o óleo do EspíritoUm dos oito objetos é um bloco bem gasto feito um mármore local e tamanho de um tijolo. Esta peça possui um versão entalhada do Selo Messiânico com um Tav (a última letra do antigo alfabeto hebraico que parecia-se exatamente com o sinal de uma cruz) no olho do símbolo do peixe, assim como uma escrita em aramaico informando o uso deste artefato para ser a base de onde se coloca o frasco do óleo de unção. O antigo aramaico é transliterado como "La Shemen Ruehon" (Para o Óleo do Espírito). Outro dos oito objetos é um pequeno, e quase intacto, frasco que deveria certamente ser colocado no topo da base de mármore.

Comentando o que ele caracterizou como de "monumental importância" desta descoberta arqueológica, Fischer diz, "Além do fundo histórico dos Nazarenos, os primeiros judeus crentes que fundaram a Igreja de Jerusalém, o Selo Messiânico por si só proclama ao mundo a penetrante judaicidade de Jesus Cristo e decididamente a fundação e raízes da igreja fundada no Seu Nome".

"O Selo Messiânico da Igreja de Jerusalém", continua Fischer, "ataca todas as raízes de anti-semitismo enquanto proclama a urgente mensagem que restaura a unidade: Judeu com Judeu, e Judeu com Gentio. A importância desta descoberta não pode ser desprezada. O Selo Messiânico não é apenas a chave para entender os Pergaminhos do Mar Morto, ele poderá abalar as fundações da igreja e do judaísmo ortodoxo com sua incrível mensagem de unidade e amor. Ele quebra as barreiras que existiram por milênios e aponta o caminho para a restauração."

Evangelical Press News Service, July 6, 1999
Tradução: Magno Lima


*Há quem sustente que a terceira figura não se trata de um peixe e que na verdade seria um Alef (primeira letra do alfabeto hebraico) em paleo-hebraico com um Tav (última letra do alfabeto hebraico) em seu interior, formando assim o "Alef-Tav" (equivalente ao grego: "Alfa e Ômega").

Perceba-se também quão forte foi o anti-semitismo à época da institucionalização da igreja, chegando ao ponto de extirpar qualquer traço de judaísmo até mesmo do selo usado pelos primeiros discípulos, retirando a Menorá e a estrela (escudo) de David e ficando somente com o "peixe" (Ichtus).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Entenda a Bíblia Pela Fé

As Escrituras podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus - escreveu Paulo (2Tm 3:15). Visto que seu propósito (ou o propósito do autor divino, que falou e fala por meio delas) é levar-nos à salvação e que a salvação está em Cristo, elas apontam para Cristo, como vimos. Mas seu objetivo ao apontar para Cristo não é simplesmente para que possamos conhecê-lo ou compreendê-lo, nem mesmo para que passemos a admirá-lo, mas para que coloquemos nossa confiança nele. As Escrituras testemunham Cristo não para satisfazer nossa curiosidade, mas para extrair de nós uma resposta de fé.

Há muito equívoco na compreensão a respeito da fé. É comum supor-se que ela seja um salto no escuro, completamente incompatível com a razão. Não é assim. A verdadeira fé nunca é irrazoável, porque seu objeto é sempre digno de confiança. Quando nós, seres humanos, confiamos uns nos outros, a racionalidade de nossa confiança depende da confiabilidade relativa das pessoas em questão. A Bíblia, no entanto, testemunha Cristo como inteiramente digno de confiança. Ela nos conta quem ele é e o que ele fez, e a evidência que ela provê em favor de sua pessoa e obra únicas é convincente ao extremo.

À medida que nos expomos ao testemunho bíblico a respeito desse Cristo, e à medida que sentimos seu impacto profundo e ainda assim simples, diversificado, mas ainda assim unânime, Deus cria a fé dentro de nós. Recebemos o testemunho. Cremos. Era isso o que Paulo tinha em mente quando escreveu: E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo (Rom 10:17).

Vimos que o propósito de Deus na Bíblia e por meio dela é rigorosamente prático. Ele a estabeleceu como seu instrumento principal a fim de trazer as pessoas para a "salvação", entendida em seu mais amplo e completo sentido. A Bíblia inteira é um evangelho de salvação, e o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1:16). Ela então aponta seus muitos dedos inequivocadamente para Cristo, de modo que seus leitores o vejam, creiam nele e sejam salvos.

O apóstolo João escreve algo bem parecido no final de seu Evangelho. Ele havia registrado apenas uma seleção dos sinais de Jesus, diz ele, pois Jesus havia realizado muitos outros. Ele prossegue: Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome ( João 20:31).

João vê o propósito último da Escritura (o que foi registrado) da mesma forma que Paulo vê. João o chama de “vida”, Paulo, de “salvação”, mas as palavras são quase sinônimas. Os dois apóstolos concordam ainda que esta vida ou salvação está em Cristo, e que para recebê-la devemos crer nele. Ambos apresentam exatamente a mesma seqüência de passos: Escritura, Cristo, fé, salvação. A Escritura testifica de Cristo, a fim de evocar a fé em Cristo, de modo a produzir vida naquele que crê.

A conclusão é simples. Sempre que lemos a Bíblia devemos procurar por Cristo. E devemos continuar procurando até que o vejamos e creiamos. Apenas à medida que continuarmos a nos apropriar pela fé das riquezas de Cristo que nos são reveladas na Escritura poderemos crescer rumo à maturidade espiritual e nos tornarmos homens e mulheres de Deus perfeitamente habilitados para toda boa obra (2Tm 3:17).

John Stott - Entenda a Bíblia

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Propósito da Obediência

Obediência (clique na imagem para ampliar)“As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29:29).

A palavra de Deus não é nos dada para o propósito de especulação sem ação, mas para o propósito da obediência. Nós nos apropriamos erroneamente da verdade que Deus revelou quando a tornamos meramente o motivo de um debate intelectual. O propósito maior das Escrituras – exigindo mais esforço e prometendo uma recompensa mais rica – é fornecer os materiais práticos para construir uma vida melhor, mais obediente. Quando estudamos, devemos procurar estas informações para serem obedecidas. Estudar por qualquer outro motivo é, na verdade, perigoso.

Em relação à obediência, um problema é que demoramos em obedecer aquilo que já aprendemos das Escrituras porque não conseguimos ver tão longe quanto gostaríamos de ver na estrada teórica. Talvez não entendemos completamente por que Deus exigiria tal coisa como as Escrituras indicam. Ou pode não estar claro para nós quais seriam as conseqüências se aceitássemos a palavra de Deus sem questionamento. Ou podemos não ver como este ou aquele ato de obediência se encaixa no plano geral da vontade de Deus. Não há falta de obstáculos, mais ou menos teóricos, que podem atrapalhar o aluno sério que não só quer obedecer, como também deseja entender o que está sendo feito. A ironia do crescimento, contudo, é que a compreensão vem de levar adiante a nossa obediência ao invés de segurá-la. “A compreensão pode esperar, a obediência não pode”.

Um outro problema relacionado à obediência é que, muitas vezes, demoramos em fazer o nosso dever até acharmos que está tudo certinho. Podemos pensar que é necessário progredir mais na área da teoria espiritual antes de conseguirmos melhorar na área da prática espiritual. E assim nós demoramos nas muitas coisas abstratas, buscando a força necessária para a vida obediente. Porém, o caminho para a satisfação de progresso espiritual vai por meio da obediência honesta daquilo que já sabemos ser certo, não pela trilha sinuosa de curiosidades teóricas. Não podemos buscar a Deus sem usar as nossas mentes de acordo com toda a nossa capacidade, é verdade. Mas nem podemos encontrar a Deus sem cumprir aquilo que as nossas mentes já aprenderam.

A coisa mais importante na vida não é evitar os erros, mas sim praticar a obediência da fé. Pela obediência, o homem é levado passo a passo a corrigir os seus erros, enquanto nada acontecerá com ele se ele não começar. (Paul Tournier)

Gary Henry
*Recebido por e-mail.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os enganos de Charles Finney

Charles FinneyÉ impossível e absurdo que os pecadores sejam declarados legalmente justos... Conforme veremos, há várias condições, mas apenas um fundamento, para a justificação dos pecadores. Já dissemos que não existe uma justificação no sentido forense ou judicial, e sim uma justificação fundamentada na ininterrupta, perfeita e universal obediência à lei. Isto, sem dúvida, é negado por aqueles que asseveram que a justificação evangélica, ou a justificação de pecadores arrependidos, possui o caráter de uma justificação forense ou judicial. Eles se apegam à máxima judicial de que aquilo que um homem faz através de um outro é considerado como sendo feito por ele mesmo; portanto, a lei considera a obediência de Cristo como nossa, com base no fato de que Ele a obedeceu por nós.

A isto o próprio Finney respondeu:

A doutrina de uma justiça imputada, ou seja, que a obediência de Cristo à lei foi reputada como nossa, fundamenta-se em uma suposição falsa e sem lógica. Afinal de contas, a justiça de Cristo poderia justificar somente a Ele mesmo. Jamais poderia ser imputada a nós... Era naturalmente impossível para Ele obedecer a lei em nosso favor. Esta interpretação da expiação como base da justificação dos pecadores tem sido uma ocasião de tropeço para muitos (pp. 320-322).

Finney não apenas acreditava que a teoria de uma expiação de "influência moral" era a principal maneira de se entender a cruz; ele explicitamente negava a expiação vicária, pois esta

admite que a expiação foi literalmente o pagamento de um débito, que, conforme vimos, não é coerente com a natureza da expiação... É verdade que a expiação, por si mesma, não assegura a salvação de qualquer pessoa (p. 217).

Finney argumentou tenazmente contra a crença de que o novo nascimento é um dom de Deus, insistindo que

a regeneração consiste na atitude do próprio pecador mudar sua intenção, sua preferência e sua escolha definitiva; ou mudar do egoísmo para o amor e a benevolência, impulsionado pela influência moral do comovente exemplo de Cristo (p. 224). A pecaminosidade original, a regeneração física e todos os dogmas resultantes e similares a estes opõem-se ao evangelho e são repulsivos à inteligência humana (p.236).

Respondendo à pergunta: "O crente deixa de ser crente sempre que comete um pecado?", Finney disse:

Sempre que comete pecado, o crente deixa de ser santo. Isto é evidente. Sempre que peca, ele precisa ser condenado; tem de incorrer na penalidade da lei de Deus. Se alguém disser que o preceito da lei ainda vigora, mas que, no caso do crente, a penalidade foi anulada para sempre, eu respondo afirmando que anular a penalidade da lei é cancelar seu preceito, pois, se o preceito não demanda punição, não existe lei, e sim apenas uma advertência ou conselho. Por conseguinte, o crente é jusficado em proporção à sua obediência e precisa ser condenado, quando pecar;de outra forma, o antinomianismo se torna verdadeiro... Neste sentido, o crente que peca e o incrédulo encontram-se exatamente na mesma situação (p. 46).

Referiu-se à doutrina do pecado original como

um dogma sem lógica e fundamento bíblico (p. 179).

Ele afirmou ainda:

Se Cristo tivesse obedecido a lei como nosso Substituto, por que a insistência bíblica sobre nosso retorno à obediência pessoal, apresentando esta obediência como um requisito fundamental para nossa salvação? (p.206)

Sobre o novo nascimento e o avivamento, declarou:

Um avivamento não é um milagre, tampouco depende deste, em qualquer sentido; é simplesmente um resultado filosófico da correta utilização dos meios estabelecidos, assim como qualquer outro resultado produzido pelo emprego destes meios.

A crença de que o novo nascimento e um avivamento dependem necessariamente
da atividade divina era perniciosa para Finney. Ele disse:

Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para o progresso da igreja, e nada pode ser mais absurdo. (Revivals of Religião [Avivamentos da Religião], Revell, pp. 4-5)

OBS.: As citações de Finney foram retiradas de seu livro Teologia Sistemática ("Systematic Theology", Bethany, 1976)

Concluindo - com as Conclusões de Horton:

"[...] Deste modo, na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é pecador por natureza, a expiação realmente não é um pagamento pelo pecado, a justificação por meio da imputação é um insulto à razão e à moralidade, o novo nascimento é apenas o resultado da utilização de técnicas bem-sucedidas, e o avivamento é o resultado natural de campanhas inteligentes. Em sua recente introdução à edição do bicentenário da Teologia Sistemática de Finney, Harry Conn recomenda o pragmatismo de Finney: "Muitos servos de Deus procuram um evangelho que 'funciona'; sinto-me feliz em declarar que o acharão nesta obra..." [...]

O avivalista não apenas abandonou o princípio fundamental da Reforma (a justificação), tornando-se um rebelde contra o cristianismo evangélico, como também rejeitou as doutrinas que têm sido acreditadas por católicos e protestantes (tais como o pecado original e a expiação vicária). Por isso, Finney não é simplesmente um arminiano, mas um pelagiano. Ele não é apenas um inimigo do protestantismo evangélico mas também do cristianismo histórico, no mais abrangente sentido da palavra. Não enfatizo estas coisas com satisfação, como se desejasse regozijar-me em denunciar os heróis dos evangélicos americanos. Porém, sempre é bom, especialmente quando perdemos algo de valor, retroceder nossos passos, a fim de determinar onde ou quando, pela última vez, o tínhamos em nossa possessão. O propósito deste artigo é focalizar, com sinceridade, o grave afastamento do cristianismo bíblico promovido através do avivalismo americano. Até que sejamos capazes de encarar este afastamento, estaremos perpetuando um caminho perigoso e distorcido. [...]"

Retirado do Blog Deus Pro Nobis

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Evita discussões insensatas

"Evita discussões insensatas" (Tito 3:9)

Nossos dias são poucos e podem ser melhor empregados fazendo coisas boas do que discutindo assuntos que, na melhor das hipóteses, são de menor importância. Os antigos estudiosos causaram muito prejuízo com a incessante discussão de assuntos sem nenhuma importância prática; e nossas igrejas travam pequenas batalhas sobre pontos abstratos e questões sem importância. Depois de dizer tudo o que pode ser dito, nenhum dos lados fica mais sábio e assim, a discussão não acrescenta mais conhecimento do que o amor, e é loucura semear num campo tão estéril. Questões sobre pontos onde há silêncio nas Escrituras; sobre mistérios que só pertencem a Deus; sobre profecias de interpretação duvidosa; e sobre o modo de observar cerimoniais humanos são loucura, e os sábios as evitam. Nosso problema não é nem fazer, nem responder a tais questões, mas evitá-las todas; e se observarmos os preceitos dos apóstolos (Tito 3:8), sendo diligentes em fazer coisas boas, ficaremos ocupados demais para ter qualquer interesse em discussões inúteis, contenciosas e desnecessárias.


No entanto, há algumas questões que são o oposto da loucura, as quais não devemos evitar, mas conhecer honesta e verdadeiramente, tais como: Creio no Senhor Jesus Cristo? Minha mente é renovada? Ando segundo a carne ou segundo o Espírito? Estou crescendo na graça? Minhas conversas embelezam o ensino de Deus, meu Salvador? Estou aguardando a vinda do Senhor, e vigiando como deveria um servo que espera por seu mestre? Que mais posso fazer por Jesus? Tais questões exigem nossa atenção imediata; e se somos dados a contestações, voltemos nossa habilidade crítica para algo muito mais proveitoso. Sejamos pacificadores e tentemos induzir outros, tanto por nossos preceitos quanto por nosso exemplo, a “evitar questões insensatas”.

Charles Haddon Spurgeon

Morning and Evening (Devocional matutina do dia 19 de novembro)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A segunda vinda de Cristo

A segunda vinda de CristoO regresso de Jesus à terra é considerado pelo apóstolo Paulo a "bendita esperança" dos cristãos.

Numa época em que o pessimismo e o juízo apocalíptico caracterizam a perspectiva dos cientistas numa extensão quase tão grande como a dos teólogos, ousamos afirmar diretamente, baseados na autoridade da Palavra de Deus, que aguardamos novos céus e nova terra enquanto esperamos pelo Senhor da Glória.

A doutrina da segunda vinda não tem sentido se, pelo que nos diz respeito, não nos fizer compreender que em qualquer momento do ano se pode aplicar devidamente à nossa vida a pergunta de Donne: "Que seria, se fosse esta a última noite do mundo?".

Por vezes, incomoda-nos essa idéia, acompanhada de profundo terror, o qual é incutido em nós por aqueles que nem sempre se aproveitam devidamente dela. Não é justo, creio eu, pois estou longe de aceitar que se pense no temor religioso como algo desumano e degradante, a ponto de se optar por sua exclusão da vida espiritual. Sabemos que o amor, quando puro, não admite nenhuma espécie de temor. O mesmo já não sucede com a ignorância, o álcool, as paixões, a presunção e até a estupidez. Seria bom que todos alcançássemos aquele amor puro, em que o temor já não existe; mas não convinha que qualquer outro agente inferior pudesse bani-lo, enquanto não conseguíssemos chegar àquela perfeição.

Quanto a mim, é um caso diferente o argumento que não raro surge de que a idéia da segunda vinda de Cristo pode provocar um terror contínuo nas almas. Decerto não é fácil, pois o temor é uma emoção e, como tal, mesmo fisicamente não pode manter-se por muito tempo. Pela mesma razão, não é fácil admitir uma ânsia contínua de esperança na segunda vinda. O sentimento-crise é essencialmente transitório, já que os sentimentos vêm e vão, e só se pode fazer bom uso deles nesta altura. De forma alguma poderiam constituir o nosso alimento de todos os dias na vida espiritual.

O que importa não é o terror (ou a esperança) que possamos ter em relação ao fim; o que é necessário é não esquecê-lo, tendo-o em devida conta. Vejamos um exemplo. Uma pessoa normal em seus setenta anos não vai pensar (muito menos falar) na morte que se aproxima; mas não procede assim o avisado, o inteligente, embora os anos ainda não lhe pesem. Seria loucura aventurar-se em ideais baseados em esquemas que supõem mais uns vinte anos de vida; loucura seria não satisfazer a sua vontade. Ora, a morte está para cada indivíduo como a segunda vinda está para a humanidade inteira. Todos acreditamos, suponho, que o homem tem de desprender-se da sua vida individual, lembrando-se de que essa vida é breve, precária e provisória, e não abrindo o coração a nada que possa findar com ela. O que os cristãos de hoje parecem esquecer com facilidade é que a vida de toda a humanidade neste mundo é também breve, precária e provisória.

Qualquer moralista nos dirá que o triunfo pessoal de um atleta ou de uma dançarina é certamente provisório, mas o principal é lembrar que um império ou uma civilização são também transitórios. Sob o aspecto meramente mundano, todos os empreendimentos e triunfos nada significarão quando chegar o fim. De parabéns, os cientistas e os teólogos: a terra não será sempre habitada. E o homem, por mais que viva, não deixa de ser mortal. Há apenas uma diferença: enquanto os cientistas esperam uma desagregação lenta, vinda do interior, nós a temos como uma interrupção rápida vinda do exterior, a qualquer momento. Será então a "última noite deste mundo".

C.S. Lewis - Peso de Glória
*Artigo originalmente publicado na revista americana "His".

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Cânticos Memoráveis

Cânticos MemoráveisQuando olhamos para a história judaica, encontramos alguns acontecimentos que ficaram marcados como momentos de forte intervenção divina. Cada um desses grandes acontecimentos foi marcado por canções que passaram a fazer parte do legado histórico e cultural do povo hebreu.

Quero destacar dez cânticos em especial.

1. O primeiro foi quando o povo de Israel saiu do Egito sob a liderança de Moisés, debaixo de uma atuação sobrenatural de Deus, entoando um cântico mencionado em Isaías 30.29.

2. Temos um cântico, comumente chama- do de “Cântico do Mar“, mencionado em Êxodos 15:1-21, o qual nos remete à travessia do Iam Suf – Mar dos Juncos – que conhecemos como Mar Vermelho. Nesse cântico, Moisés engrandece a Deus pelo grande livramento e pela grandeza de Deus, ao sucumbir nas águas o Faraó e seu exército, fazendo com que seu povo saísse triunfante e vitorioso.

3. Após peregrinar no deserto, vencer os Cananeus e ficar livre das serpentes, o povo hebreu partiu para Beer - que significa fonte. Temos aí mais um dos cânticos de nossa lista, o “Cântico da Fonte”, mencionado em Números 21.17-20, e que foi entoado junto ao poço que Deus havia falado a Moisés: “Ajunta o povo e lhe darei água”. Nesse local é que aconteceu um milagre. Quando o povo entoou seu cântico, o Eterno fez abrir o poço, e eles foram saciados! Gostaria que você meditasse sobre essa passagem e nunca a esquecesse: Deus cuida de você! Cante! Exalte! E Deus abrirá fontes para sua vida.

4. Podemos ver, em Deuteronômio 32, o “Cântico de Moisés, ao concluir a Torá” – instrução – ou Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, em que, de forma encantadora, esse grande líder, capacitado por Deus, declara ser Deus a rocha, cuja obra é perfeita, a própria verdade, sem injustiça.

5. Temos o “Cântico de Josué quando deteve o sol”, mencionado no livro de Josué 10.14, quando, segundo a tradição judaica e o costume que até hoje perdura, diante do milagre, eles cantaram: “E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor, assim, a voz de um homem, porque o Senhor pelejava por Israel”.

6. Após Baraque recuar, Deus levantou Débora e fez com que todo o exército de Sísera, com seus 900 carros, fosse derrotado. Em seguida, temos o famoso “Cântico de Débora”, mencionado em Juizes 5.1-9, em que ela entoa um cântico de louvor e agradecimento a Deus.

7. O rei Davi foi um dos maiores compositores da história de Israel. Um de seus memoráveis cânticos é o de “ação de graças”, mencionado em II Samuel 22. Nesse texto, agradece a Deus por livrá-lo de seus inimigos e da mão de Saul, seu maior perseguidor: Louve a Deus, ele trará livramento à sua vida. Exalte sua majestade, pois a Bíblia diz que Deus habita no meio dos louvores (Salmos 22.3).

8. Davi tinha o sonho de fazer uma casa – o templo – para o Deus de Israel, mas, devido a algumas situações de sua vida – guerras, muito sangue derramado – Deus não permitiu que isso ocorresse. Mas o Soberano prometeu que seria seu filho, Salomão, o construtor de sua casa. No dia da inauguração do grande templo, ele compôs um lindo cântico de louvor a Deus.

9. Os salmos 120 aos 134 são chamados de “Cânticos dos Degraus”. No hebraico Shir Ha Maalot – cânticos de subida ou de degraus. Uma antiga tradição explica que havia, no templo, uma escadaria semicircular, de 15 degraus, que levava do átrio das mulheres ao átrio dos homens (Mishná, middoth 2:5). Outra explicação é que essas subidas ou degraus se referiam às etapas da peregrinação até Jerusalém, à palavra derivada do verbo hebraico alyah – significando subir, melhor explicando, subir a Jerusalém.

10. E, por último, quero mencionar o “Cântico dos Cânticos” (Shir ha Shirim), o mais belo, o mais lindo, o mais poético e expressivo cântico da Bíblia. Belo, por sua poesia. Lindo, pela sua melodia. Poético, pelas palavras. Expressivo, pois nos mostra, como nenhum outro cântico, o amor do noivo – Jesus, pela noiva – Igreja. Na Festa da Páscoa – Pesach – esse livro é recitado em todas as sinagogas.

Marcelo Oliveira - Os Produtos do Mercador

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