Os enganos de Charles Finney
É impossível e absurdo que os pecadores sejam declarados legalmente justos... Conforme veremos, há várias condições, mas apenas um fundamento, para a justificação dos pecadores. Já dissemos que não existe uma justificação no sentido forense ou judicial, e sim uma justificação fundamentada na ininterrupta, perfeita e universal obediência à lei. Isto, sem dúvida, é negado por aqueles que asseveram que a justificação evangélica, ou a justificação de pecadores arrependidos, possui o caráter de uma justificação forense ou judicial. Eles se apegam à máxima judicial de que aquilo que um homem faz através de um outro é considerado como sendo feito por ele mesmo; portanto, a lei considera a obediência de Cristo como nossa, com base no fato de que Ele a obedeceu por nós.
A isto o próprio Finney respondeu:
A doutrina de uma justiça imputada, ou seja, que a obediência de Cristo à lei foi reputada como nossa, fundamenta-se em uma suposição falsa e sem lógica. Afinal de contas, a justiça de Cristo poderia justificar somente a Ele mesmo. Jamais poderia ser imputada a nós... Era naturalmente impossível para Ele obedecer a lei em nosso favor. Esta interpretação da expiação como base da justificação dos pecadores tem sido uma ocasião de tropeço para muitos (pp. 320-322).
Finney não apenas acreditava que a teoria de uma expiação de "influência moral" era a principal maneira de se entender a cruz; ele explicitamente negava a expiação vicária, pois esta
admite que a expiação foi literalmente o pagamento de um débito, que, conforme vimos, não é coerente com a natureza da expiação... É verdade que a expiação, por si mesma, não assegura a salvação de qualquer pessoa (p. 217).
Finney argumentou tenazmente contra a crença de que o novo nascimento é um dom de Deus, insistindo que
a regeneração consiste na atitude do próprio pecador mudar sua intenção, sua preferência e sua escolha definitiva; ou mudar do egoísmo para o amor e a benevolência, impulsionado pela influência moral do comovente exemplo de Cristo (p. 224). A pecaminosidade original, a regeneração física e todos os dogmas resultantes e similares a estes opõem-se ao evangelho e são repulsivos à inteligência humana (p.236).
Respondendo à pergunta: "O crente deixa de ser crente sempre que comete um pecado?", Finney disse:
Sempre que comete pecado, o crente deixa de ser santo. Isto é evidente. Sempre que peca, ele precisa ser condenado; tem de incorrer na penalidade da lei de Deus. Se alguém disser que o preceito da lei ainda vigora, mas que, no caso do crente, a penalidade foi anulada para sempre, eu respondo afirmando que anular a penalidade da lei é cancelar seu preceito, pois, se o preceito não demanda punição, não existe lei, e sim apenas uma advertência ou conselho. Por conseguinte, o crente é jusficado em proporção à sua obediência e precisa ser condenado, quando pecar;de outra forma, o antinomianismo se torna verdadeiro... Neste sentido, o crente que peca e o incrédulo encontram-se exatamente na mesma situação (p. 46).
Referiu-se à doutrina do pecado original como
um dogma sem lógica e fundamento bíblico (p. 179).
Ele afirmou ainda:
Se Cristo tivesse obedecido a lei como nosso Substituto, por que a insistência bíblica sobre nosso retorno à obediência pessoal, apresentando esta obediência como um requisito fundamental para nossa salvação? (p.206)
Sobre o novo nascimento e o avivamento, declarou:
Um avivamento não é um milagre, tampouco depende deste, em qualquer sentido; é simplesmente um resultado filosófico da correta utilização dos meios estabelecidos, assim como qualquer outro resultado produzido pelo emprego destes meios.
A crença de que o novo nascimento e um avivamento dependem necessariamente
da atividade divina era perniciosa para Finney. Ele disse:
Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para o progresso da igreja, e nada pode ser mais absurdo. (Revivals of Religião [Avivamentos da Religião], Revell, pp. 4-5)
OBS.: As citações de Finney foram retiradas de seu livro Teologia Sistemática ("Systematic Theology", Bethany, 1976)
Concluindo - com as Conclusões de Horton:
"[...] Deste modo, na teologia de Finney, Deus não é soberano, o homem não é pecador por natureza, a expiação realmente não é um pagamento pelo pecado, a justificação por meio da imputação é um insulto à razão e à moralidade, o novo nascimento é apenas o resultado da utilização de técnicas bem-sucedidas, e o avivamento é o resultado natural de campanhas inteligentes. Em sua recente introdução à edição do bicentenário da Teologia Sistemática de Finney, Harry Conn recomenda o pragmatismo de Finney: "Muitos servos de Deus procuram um evangelho que 'funciona'; sinto-me feliz em declarar que o acharão nesta obra..." [...]
O avivalista não apenas abandonou o princípio fundamental da Reforma (a justificação), tornando-se um rebelde contra o cristianismo evangélico, como também rejeitou as doutrinas que têm sido acreditadas por católicos e protestantes (tais como o pecado original e a expiação vicária). Por isso, Finney não é simplesmente um arminiano, mas um pelagiano. Ele não é apenas um inimigo do protestantismo evangélico mas também do cristianismo histórico, no mais abrangente sentido da palavra. Não enfatizo estas coisas com satisfação, como se desejasse regozijar-me em denunciar os heróis dos evangélicos americanos. Porém, sempre é bom, especialmente quando perdemos algo de valor, retroceder nossos passos, a fim de determinar onde ou quando, pela última vez, o tínhamos em nossa possessão. O propósito deste artigo é focalizar, com sinceridade, o grave afastamento do cristianismo bíblico promovido através do avivalismo americano. Até que sejamos capazes de encarar este afastamento, estaremos perpetuando um caminho perigoso e distorcido. [...]"
Retirado do Blog Deus Pro Nobis
4 Comentários:
É importante deixar claro aos leitores que essas questões não põe em cheque a salvação e a idoniedade de Finney, sua vida, suas qualidades e demais ensinos que são coerentes.
É preciso saber separar as coisas, sempre retendo o bem e evitando "talibanismos" (como vi nos comentários do outro blog).
Abs!
*xeque
pra mim o que conta é que ele teve um ninstério de poder, prático, bíblico, que funcionava; estou cansado de tantas teorias e "teologias" que estão levando a igreja ao ceticismo, quero frutos, "FRUTOS";
Olha, irmão, que foi prático o ministério dele, ninguém nega. Agora, que foi bíblico, já é outra história. Eu também quero frutos, mas frutos que provêm de um ensino bíblico. Deus não se interessa por "frutos" segundo os nosso padrões. Não sei se você viu a reportagem sobre práticas da Renascer. Tem reggae, luta livre, tatto... tudo isso na "igreja". É um ministério prático. Eles arrebanham milhares de jovens. Agora, são esses verdadeiros convertidos, que foram atraídos pela pregação do Evangelho ou são jovens que foram atraídos por suas conscupiscências e estãos se enganando, achando que são salvos? Quantos dos que seguiam a Jesus queriam apenas pão? Eles os repreendeu! Foram poucos os que se interessavam pela vontade de Deus. Pensa bem, irmão. Não quero ser cético, mas devemos ser prudentes quando o assunto é salvação. Não podemos fazer do nosso jeito, mas do modo como Deus ordenou.
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