terça-feira, 30 de março de 2010

Por que não comemoramos a Páscoa?

A páscoa não é um evento bíblico? Não foi ordenado que o povo na Antiga Aliança a comemorasse anualmente? Não coincide com a morte e ressurreição de Jesus? Não seria uma boa oportunidade para evangelizar? Que mal há em se fazer cantatas e representações da paixão de Cristo? É nestas oportunidades que a igreja enche e muita gente pode ser salva!

Todos esses são argumentos pragmáticos e humanos. Nós não somos mais inteligentes que Deus, por que Ele não pensou nisso? Por que não está ordenado no Novo Testamento que comemoremos a Páscoa? Por que os apóstolos nunca fizeram?

Na verdade, a Páscoa quanto festa veterotestamentária, teve seu cumprimento no advento de Cristo. O cordeiro pascal era tipificado na celebração ordenada por Moisés desde a saída do Egito e seu cumprimento foi confirmado pelo apóstolo Paulo em ICor 5:6, quando diz que “Cristo é a nossa páscoa que foi sacrificado…” e quando diz para “celebrarmos a festa” (vs7), Ele quer dizer, participarmos da Santa Ceia, com “os asmos da sinceridade e da pureza”.

Os termos “Easter” (Ishtar) e “Ostern” ( Páscoa em inglês e alemão , respectivamente) parecem não ter qualquer relação etimológica como o Pesach (páscoa). A hipótese mais aceita relacionam os termos com Eostremonat, nome de um antigo mês germânico, ou de Eostre, uma deusa germânica relacionada com a primavera que era homenageada todos os anos, no mês de Eostremonat, de acordo com o historiador inglês do século VIII, Beda.

Alguns historiadores sugerem que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa (especialmente os ovos coloridos e o coelhinho da Páscoa) são resquícios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, depois, foram assimilados às celebrações cristãs do Pesach, depois da cristianização dos pagãos germânicos. Contudo, já os Persas, Romanos, Judeus e Armênios tinham o hábito de oferecer e receber ovos coloridos por esta época. Ishtar tinha alguns rituais de caráter sexual, uma vez que era a deusa da fertilidade, outros rituais tinham a ver com libações e outras ofertas corporais. Um ritual importante ocorria no equinócio da primavera, onde os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam e enterravam em tocas nos campos. Este ritual foi adaptado pela Igreja Católica no principio do 1º milênio depois de cristo, fundindo-a com outra festa popular da altura chamada de Páscoa. Mesmo assim, o ritual da decoração dos ovos de páscoa mantém-se por todo o mundo, nesta festa, quando ocorre o equinócio da primavera. A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicea, em 325 d.C, como sendo “o primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal”.

Nós seguimos o princípio regulador do culto reformado esboçado pela nossa Confissão de Fé, que não admite, no culto, ou qualquer tipo de celebração que não tenha sido ordenado, expressa ou claramente inferido, das páginas das Escrituras. Por isso, não comemoramos a Páscoa como os homens a instituíram, não ousamos fazer o que Deus não ordenou, mesmo que seja com a melhor das intenções.

Josafá Vasconcelos

Extraído do site da Igreja Presbiteriana da Herança Reformada.

8 Comentários:

Aline Ramos disse...

Muito bom!!! Especialmente o último parágrafo!! Acho que isso é também ser como os Bereanos: em TODAS AS COISAS, consultar as EScrituras e o que nelas está ordenado!

Anônimo disse...

Muitas igrejas dizem ter rompido com as práticas
condenáveis da igreja romana, porém alguns costumes estão enraizados a exemplo do natal e da páscoa. Fiquemos com oque está autorizado na palavra de Deus !

Márcio

Thamyra Thâmara disse...

O radicalismo é sempre BURRO!

Jair Kunzler disse...

Radicalismo em que sentido? poderias complementar teu comentário para o entendermos melhor?
Radicalismo, no sentido de permanecer firme nas Escrituras? ou radicalismo por nao permitir que modismos seculares contaminem a igreja de Cristo?
A que radicalismo vc está se referindo?
Radicais são aqueles que seguem piedosamente a vida e obra de Jesus Cristo, segundo nos ensinam as escrituras, negando a si mesmos, negando ao mundo e as suas concupiscências. Em troca da Paz e alegria no espírito por servirem a um Deus vivo e verdadeiro, e não um deus criado pela mente humana.
é burrice defender as verdades das escrituras? que outra esperança eu teria se o que está nas escrituras nao fosse verdadeiro, e pudesse, de acordo com minha vontade, extrair doutrinas extra-bíblicas para apoiar minha fé?
Nossa fé, nossa vida e nossa esperança precisam estar alicerçadas em algo concreto e verdadeiro. E isso encontramos nas Sagradas Escrituras.

otdx disse...

Uma pequena consideração...

O artigo ficou um tanto contraditório em algumas partes, o que pode gerar certa confusão.

Um título melhor seria "Por que não comemoramos a Páscoa Católica-secular", uma vez que todo salvo comemora sua libertação da escravidão do pecado e tem em Jesus o seu Korban Pessach.

A verdadeira celebração de Pessach é um mandamento de Deus e não uma doutrina de homens. O autor parece, em certo ponto, não diferenciar a festa sincrética e o que Deus revelou na Escritura.

Quando Paulo diz "celebremos a festa", ele quer dizer "celebremos a festa", anunciando a morte do Senhor até que Ele venha.

Abs!

Saulo R. do Amaral disse...

Talvez o titutlo que sugeriste ficaria mais claro.

No entanto, a argumentação dele é que: "a Páscoa quanto festa veterotestamentária, teve seu cumprimento no advento de Cristo. O cordeiro pascal era tipificado na celebração ordenada por Moisés desde a saída do Egito e seu cumprimento foi confirmado pelo apóstolo Paulo em ICor 5:6, quando diz que “Cristo é a nossa páscoa que foi sacrificado…” e quando diz para “celebrarmos a festa” (vs7), Ele quer dizer, participarmos da Santa Ceia, com “os asmos da sinceridade e da pureza”.

Nós celebramos a nossa páscoa, Cristo, na Santa Ceia. A festa veterotestamentária era apenas uma tipificação, prefiguração, da verdadeira páscoa, que é Jesus. Pelo menos, foi isso o que entendi.

otdx disse...

Entendi da mesma forma a argumentação do Josafá, e em parte me pareceu falha. Ele exclui a festa "veterotestamentária" da celebração da Ceia do Senhor. A festa bíblica segue sendo celebrada na revelação de que Jesus é o cordeiro imolado. Mas acerta quando fala das tradições pagãs e todo o sincretismo religioso que foi inserido na festa que o mundo comemora. Não precisamos de nenhum desses rituais que os homens instituiram (e isso vale também para o ritualismo judaico não-bíblico), mas celebremos a festa com a revelação que a Bíblia nos dá.

Gostei, por exemplo, de como ocorreu na última reunião. Conversamos pessoalmente.

Abs!

Carlos Paulista disse...

A bem da verdade,o unico povo que comemora a páscoa é o povo judeu, nos moldes biblicos.
O cristão vê em Cristo o cumprimento desta festa e assim pra nós,cristãos,ela é espiritual.
A pascoa comemorada hoje em dia é apenas uma festa cultural,onde se troca presente na forma de ovo de pascoa,sem trazer bem ou mal na vida espiritual.No mundo é uma festa cultural,como o primeiro de maio,dia internacional da mulher,etc.Não precisamos ser dogmaticos neste assunto,nem demonizar esta festa,que hoje é puramente cultural.Se pensarmos que estamos participando de um ritual,então temos que sair do mundo,pois muitas coisas que fazemos e usamos,se for ver a raiz,teve seu inicio com estes mesmos povos que faziam isso.Deus olha para nosso coração..qdo eu como um chocolate ou dou de presente um ovo de pascoa,no meu coração não estou participando de nenhum ritual.Não ofereço nada a nenhum deus e nem participo de nenhuma orgia sexual!!
Em suma,o povo cristão precisa parar com esse negocio de demonizar tudo..isso soa como fanatismo religioso!!

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