quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sim, Senhor!

No último fim de semana assisti a um filme intitulado "SIM SENHOR", estrelado por Jim Carrey. Ele conta a vida de um homem mal-humorado que vivia dizendo não para todos.

Um dia ele foi a uma palestra de auto-ajuda na qual ouviu o orador dizer: "diga "sim" para vida, diga "sim" para as oportunidades, diga "sim" para as pessoas"

Ele saiu da reunião entusiasmadíssimo, e então passou a dizer "sim" para tudo e para todos. Um medigo lhe pediu uma carona: ele disse "sim"; depois pediu para usar seu celular: ele disse "sim"; depois pediu todo o seu dinheiro: ele disse "sim". [...] Curiosamente as coisas começaram a dar certo depois que ele assumiu essa filosofia, mas, como esperado, mais à frente ele começou a colher os resultados negativos dessa postura perigosa de sempre dizer "sim".

Resumindo o filme, no final Carl (personagem de Jim Carrey), percebe que realmente, em algumas circunstâncias da vida é necessário e imperativo dizer "não". O palestrante que se envolveu depois em um acidente de carro com ele tentou justificar a sua filosofia barata do "sim" dizendo que só tentou injetar na vida de Carl uma atitude mais positiva em relação à vida.

O filme termina de forma muito engraçada. Carl volta ao salão onde ouviu a palestra e pede a as roupas de todos que estavam presentes. Resultado: todos as entregaram..Quando o guru do "sim" subiu ao palco para falar, todos do platéia estavam completamente nus, dizendo "SIM SENHOR". Carl pegou as suas roupas e doou aos pobres.

Esse filme fez-me lembrar a situação de muitos crentes, atualmente, principalmente dos obreiros, que são condicionados por suas lideranças a sempre dizer "sim". O slogan ensinado a Carl no filme foi "SIM SENHOR" e é exatamente isso que fazemos na igreja. A ordem é dada e, sempre, a única opção que temos é dizer: "SIM SENHOR".

Somos ensinados a nunca redarguir, a nunca contestar. Às vezes dou certa razão a Nieztche que vociferou contra a chamada "moral do rebanho" do Cristianismo. Ele comparou os crentes a um gado manso que aceita a todas as imposições de forma absolutamente passiva. Não raciocinam, não têm espírito crítico, não pensam. Nos tornamos como o autômato do filme "O Homem Bicentenário", estrelado por Robin Willians que somente dizia: "isto fica feliz por ser útil".

Muitos cristãos têm experimentado uma terrível anulação de si mesmos; nem se reconhecem mais. Quando eu me converti e entrei para a igreja, senti-me como Alice no país das maravilhas; flutuava, dizendo que a igreja era o melhor lugar do mundo. Que decepção tive depois!

Muitos cristãos estão como as pessoas nuas do referido filme. Eles tiraram tudo delas: o direito de dizer "não", suas personalidades, suas opiniões, a espontaneidade; tiraram até mesmo suas liberdades. Pensaram ter saído da escravidão para a liberdade, mas acabaram dando-se conta de que só trocaram uma escravidão pela outra.

É chegada a hora de começarmos a dizer "não". Mas aviso: é preciso ter coragem para tomar essa atitude; é preciso estar preparado para as retaliações, para o desprezo, para as acusações. O nosso "não" virá acompanhado da perda do prestígio, de cargos e de privilégios. O fim daquele que tem a coragem de dizer "não" para todo sistema opressor é o ostracismo absoluto.

Cristiano Santana

Extraído de seu blog

6 Comentários:

Felipe Tarkany disse...

Concordo em certa parte quando você diz que saimos de uma escravidão para outra. Realmente, muitos cristãos hoje estão presos a muitas regras. Porem não sei se adotar uma postura radical de dizer não, como você exemplificou com o filme, trará tantos benefícios. As vezes por dizer um não, mesmo sendo um não com razão, causa um impacto significativo na vida de um outro irmão. Vocês sabem do que eu estou falando, pois isso talvez seja o assunto mais discutido entre os crentes..."Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize" (1 Cor. 8:13)

Saulo R. do Amaral disse...

Bom, mesmo não sendo de minha autoria o texto, concordo contigo. O "não" sempre deve ser pensando antes. Mas creio que o autor do texto se refira aos mandos e desmandos de alguns líderes autoritários, que acham que fazer discípulos é deixar a pessoal igual a eles mesmos: devem gostar das mesmas coisas, estudar somente o que é passado por eles... No fim, a pessoa acaba não pensando por ela mesma, mas em tudo depende da autoridade. Na minha opinião, quando a autoridade foge da Palavra, perde sua razão em mandar ou desmandar algo. Na boa, ultimamente vi até um "discipulador" ordenar os casais sem filhos de seu grupo a terem filhos este ano. E se não quioser fazer isso é rebelde. Absurdo!

Abraços e obrigado pelo comentário.

Anônimo disse...

Não acredito que falando os "nãos" faríamos que o nosso cristianismo se depurasse. Hoje em dia é muito comum dentro das igrejas ver o tipo de crítica desenvolvida no texto acima, que vai direto a manipulação dos líderes sobre os seus rebanhos. Do outro lado da crítica, não se vê atitudes autênticas e genuínas de cristãos que querem fazer esse mundo melhor. Acredito que vivemos tempos de pedras falando, porque os crentes se calaram, ou ficam nesse falatório inútil.
Quantos projetos missionários temos participado?
Quantas pessoas evangelizamos?
Quantos ajudamos durante a semana?
Por quantas pessoas oramos por dia?

Que o Eterno nos ajude a falar o que nós precisamos e não apenas "nãos".

Saulo R. do Amaral disse...

Bom, concordo, irmão. Creio que uma coisa não anula a outra. Dizer "não" às vezes não significa que seremos inertes na obra do Senhor. Essas duas coisas podem ser balanceadas tranquilamente. A questão toda é a maturidade e a motivação do coração.

Abraços!

Felipe Tarkany disse...

Isso é verdade. Por falta de maturidade, como você disse, as pessoas podem escutar asneiras de "líderes" e acabar praticando por falta de opinião própria, que deve vir da palavra somente. Eu não vivenciei casos desses tipo, mas o exemplo que você deu ja é bem absurdo, e com certeza devem haver outros por aí...

Quando era pequeno uma coisa que me disseram na EBD me marcou: "... não importa quem seja a pessoa, pergunte onde, na palavra, diz isso."

Anônimo disse...

Caros Leitores,acredito que o não e o sim devem ser balancedos em tudo e em todas as situações pois, devem ser pronunciados com a sinceridade da alma!! Devemos ser críticos!


Fernanda

Postar um comentário

  ©Orthodoxia desde 2006

TOPO