sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Homem: um microcosmo

O que é a natureza humana e o que lhe pertence essencialmente, podemos aprendê-lo na experiência quotidiana. Do mesmo modo por que sabemos experimentalmente o que é um cavalo, uma flor, um cristal etc., podemos também, ainda em grau mais alto, pois aqui nos ajuda poderosamente a experiência interna, saber o que é o homem. Seguindo este caminho, chegamos ao conhecimento do homem como ser sensível, racional, composto de corpo e alma. Ele é o microcosmo em que se acham reunidos todos os seres da criação. Participa, com seres anorgânicos, de tudo o quanto é peculiar à matéria, com suas propriedades físicas, químicas e sua força; com as plantas, tem de comum a vida vegetativa da nutrição e reprodução; com os animais, o conhecimento sensível e os apetites sensitivos. Tudo isto não é, entretanto, mais do que tecido artístico da jóia celestial da alma dotada de razão e de livre vontade, que eleva o homem a senhor da criação visível. A ordem maravilhosa em que estão dispostos os maiores e menores órgãos do homem, superando totalmente a arte humana, e ainda mais, a harmonia admirável com que todos esses numerosos e artísticos órgãos cooperam para formar, sustentar, aperfeiçoar e reproduzir o homem, demonstram com sobeja evidência que este não é obra de uma causalidade cega, mas a criação de uma inteligência onipotente e onisciente. Por sua vez. a atividade da razão humana, capaz de conhecer e alcançar tantas coisas inacessíveis aos sentidos corpóreos, como os conceitos superiores do ser, da verdade, e os princípios universais do pensamento que nele se formam; a tendência da vontade para a verdade, a felicidade, a beleza e o bem, e para um domínio cada vez maior na natureza – tudo isso nos assegura indubitavelmente que o homem não é simplesmente um animal aperfeiçoado. Sua razão não deriva da terra, mas do céu, é uma débil centelha da sabedoria, do poder e do bem eternos.

Cathrein

Seja o primeiro a comentar

Postar um comentário

  ©Orthodoxia desde 2006

TOPO