Entrevista com Ravi Zacharias
Ministry: Parece que muitos cristãos, incluindo pregadores, são reticentes para partilhar sua fé com pessoas seculares porque crêem que elas experimentam uma existência plena. Mas o senhor sugere que para muitos em nosso avançado mundo, o desespero não é um momento, mas um estilo de vida. Por que uma visão antiteísta freqüentemente leva ao desespero?
Ravi Zacharias: Pode até não ser um desespero angustiado, mas é uma rendição a uma inutilidade de existência. Os existencialistas admitem isso. Camus comentou que a morte é um problema apenas de filosofia. Sartre disse que a vida é uma bolha vazia, flutuante no mar do nada. Em seu leito de morte ele admitiu que sua filosofia de ateísmo tornou-se insuportável. E acabou rejeitando suas ramificações, embora muito tarde na vida. A razão pela qual uma visão antiteísta tão freqüentemente leva ao desespero reside profundamente no coração humano. Salomão disse no Eclesiastes que Deus colocou a eternidade no coração do homem. Almejamos por tal qualidade de coerência que recusa a morte da capacidade de absorver todas as emoções, todo o amor que nós temos, gerando assim uma vida sem sentido. Essa fome de coerência e propósito transcendente é algo muito real. O senso moral na mente humana nos compele a buscar um senso de propósito, não um propósito inventado, mas autêntico e essencial. Fui convidado por um dos dez mais bem-sucedidos homens da atualidade, para falar em Hong Kong. Esse homem é um magnata chinês, multibilionário. Tão logo desembarquei no aeroporto, fui levado para jantar com esse cavalheiro. A primeira pergunta que lhe fiz foi a seguinte: "Quando você se tornou um cristão?" Ele respondeu: "aproximadamente há 18 meses." Perguntei-lhe então sobre o que o teria levado a essa decisão. E ele falou: "Eu estava saindo de meu escritório, certo dia, e me dirigia para casa, quando pensei comigo mesmo que minha vida era vazia. Realmente não tinha qualquer propósito. Eu tinha muito dinheiro, mas não havia propósito em minha vida." De onde se encontrava, telefonou para a esposa convidando-a para ir a uma igreja naquela noite. Escolheram uma igreja, assistiram às programações por algumas semanas e entregaram a vida a Cristo. Se você for a qualquer campus durante um fórum universitário, verá que o local está sempre cheio. Em Harvard, Cornell, Princeton, Ohio, State, Indiana, em qualquer lugar, os auditórios estão sempre lotados com estudantes que estão prontos para encarar desafios e fazer questionamentos. Eu penso que esse é um sinal de fome genuína. Recentemente, fiz um seminário sobre Deus e o problema do mal. Cerca de duas mil pessoas assistiram à transmissão via satélite, para 100 universidades. Esse interesse mostra que há um senso moral dentro de nós que deseja resolver o enigma da vida. Há quem não demonstre interesse nesse assunto. Mas quando as coisas se tornam difíceis, não são capazes de viver pelas implicações lógicas de suas pressuposições. Apenas escondem-se nelas.
Ministry: A afirmação de Cristo, "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", parece sem sentido numa sociedade pós-moderna. Por que o senhor diz que essa é a "mais razoável declaração de exclusividade"?
Ravi Zacharias: A verdade, por definição, é exclusiva. O que as pessoas freqüentemente esquecem, mesmo em grandes audiências, é que o cristianismo não é apenas uma fé que reivindica exclusividade. Toda religião que eu conheço faz essa reivindicação. O hinduísmo é exclusivista quanto à sua lei do karma ou lei da reencarnação. O budismo nasceu rejeitando o hinduísmo. O islamismo é obviamente exclusivista. Sempre que você reivindica uma verdade, está implícito que sua afirmação ajusta-se à realidade. Assim, a verdade por definição é exclusiva. Quanto à sua reivindicação, a questão é se o argumento é válido ou se não passa de uma afirmação meramente caprichosa. Quando você testa uma reivindicação da verdade, há necessidade de consistência lógica, adequação empírica e relevância espiritual. Quando Cristo disse ser "o caminho, a verdade e a vida", queria dizer que, nEle, o ser humano encontra, aprende e vive a realidade absoluta. Isso é mais que razoável. Até porque, certamente, Ele é o único Mestre cuja pessoa e veracidade dos ensinos têm sido mais testados e analisados na História.
Fonte: Associação Ministerial
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário