quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cristianismo sem Cristo

Este é um livro que pretendo comprar logo. O tema é intrigante e passível de reflexão por todos aqueles que creem que o evangelicalismo atual tem descambado para a pregação de um "evangelho" diluído e deturpado. O Dr. Michael Horton esteve no Brasil recentemente, participando de um congresso na Universidade Mackenzie. Você pode baixar os vídeos do congresso aqui.

Segue uma resenha do livro:

"Cristianismo sem Cristo: O Evangelho Alternativo da Igreja Atual, eis o mais recente livro de autoria do teólogo reformado norte-americano Michael Horton, e dado a conhecer à comunidade evangélica brasileira, notadamente a que professa a fé reformada. O referido livro foi publicado pela Editora Cultura Cristã e, a meu ver, deve ser lido por todo crente desejoso de ter uma visão sóbria acerca de qual é, de fato, a situação vivida, atualmente, pela igreja evangélica mundial.

Com o brilhantismo argumentativo que lhe norteia os escritos, e, sobretudo, com infrangível fidelidade às Escrituras Sagradas, Michael Horton realiza um contundente diagnóstico acerca da situação vivenciada, hoje, por expressivos segmentos do evangelicalismo moderno, os quais de há muito se têm afastado do conteúdo simples e poderoso do evangelho da graça de Deus e das insondáveis riquezas de Cristo, centrado, fundamentalmente, na morte de Cristo na cruz e na sua posterior e gloriosa ressurreição e, em direção diametralmente oposta, tem abraçado teologias espúrias, inteiramente distanciadas da Palavra de Deus e alicerçada no insustentável edifício das “novas revelações” trazidas por certos líderes que dizem ser portadores de unções especiais da parte de Deus.

Não se tornou moda, hoje em dia, pessoas se autoproclamarem apóstolos, apóstolas, ‘paipóstolos’, ‘maepostolas’ e, corolário dessa megalômana postura, exigirem autoridade espiritual semelhante à que era manifestada pelos verdadeiros apóstolos bíblicos?

A despeito de a abordagem avaliativa empreendida por Michael Horton ter como escopo e referência primeira a realidade espiritual da igreja dita cristã da América do Norte, não temos dúvida de que o duro libelo denunciatório construído pelo aludido teólogo tem tudo a ver com o que se passa nas entranhas da igreja evangélica brasileira, indisfarçavelmente contaminada por toda sorte de ensinamentos estranhos ao cristianismo histórico e contrários ao que é preceituado pela Palavra de Deus.

Já se disse que as reflexões teológicas mais impactantes nascem na Europa, são profundamente deturpadas nos Estados Unidos e, depois, exportadas para o continente latino-americano, em cuja geografia, via de regra, são acolhidas passivamente, com celebratório e acrítico entusiasmo por parte de comunidades inteiras, havendo pouca gente disposta a pensar biblicamente e a confrontar tais novidades com o que é exarado na única regra de fé e de prática da igreja do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a Palavra de Deus, que é inerrante, inspirada, infalível e suficiente Revelação de Deus para nós. Que o digam as falsas teologias da prosperidade, da confissão positiva, do teísmo aberto, dentre outras, as quais, num átimo de tempo, valendo-se do desconhecimento bíblico de muitos crentes e, ato contínuo, da quase completa ausência de discernimento espiritual de lideranças ingênuas, mal intencionadas e despreparadas do ponto de vista teológico, invadiram igrejas, espezinharam a ortodoxia cristã, dividiram comunidades e, por fim, espalharam o veneno mortífero da falsa doutrina, que mata a alma e afasta o crente do evangelho simples de Jesus Cristo, que é o poder de Deus para salvação de todo o que crê, conforme assevera o apóstolo Paulo em sua Epístola aos Romanos.

Cristianismo sem Cristo, na irrefutável exposição de Michael Horton, diz respeito à entronização triunfante, em muitas igrejas, de um evangelho sem Cristo, sem o Cristo das Escrituras Sagradas, que veio ao mundo não para viabilizar o normalmente egoístico projeto de felicidade das pessoas, mas sim para resgatar do poder do pecado todas as almas que, antes da fundação do mundo, lhe foram soberanamente entregues pelo Pai e conformá-las à sua própria imagem. Um evangelho sem cruz, comprometido antes com a teologia da glória, do conforto e da desmedida satisfação de todos os prazeres terrenos. Um evangelho destituído de sangue, sem cujo derramamento não pode haver remissão de pecados. Um evangelho sem arrependimento, dado que nesses arraiais o homem de há muito deixou de ser encarado como um pecador perdido e destinado à ira de Deus por causa da hediondez das suas iniquidades. Um evangelho sem justificação pela fé somente, que se estriba na falácia de que o ser humano é essencialmente bom, carecendo apenas de suaves retoques éticos e leves aperfeiçoamentos morais. Um evangelho psicológico, voltado para temáticas puramente existenciais, ancoradas no aqui e no agora das existências terrenas. Um evangelho sem regeneração, que se recusa a aceitar o veredicto divino de que o homem está morto em delitos e em pecados, completamente alienado de Deus e, conforme o Senhor Jesus Cristo asseverou, absolutamente incapacitado para contemplar e entrar no reino dos céus com os seus esforços. Um evangelho sem santificação, que facilmente descamba para o antinomianismo dos assumidamente libertinos. Um evangelho sem a bíblica constatação da depravação radical do homem. Um evangelho sem a bem-aventurança eterna para os salvos e sem a condenação eterna para os que, renitentemente amantes de si mesmos, preferiram manter-se rebeldes ao senhorio de Cristo.

O Cristianismo sem Cristo rejeita a suficiência das Escrituras Sagradas, ignora o caráter objetivo da Revelação que Deus fez de Si mesmo e despreza, solenemente, o sólido conteúdo doutrinário presente na Palavra de Deus. O Cristianismo sem Cristo aposta todas as suas fichas no culto exacerbado da experiência e na aceitação descriteriosa de tudo quanto é ditado pela onipotente subjetividade dos que o praticam. O Cristianismo sem Cristo não tem escrúpulos em sentir-se insatisfeito com a Revelação de Deus manifestada nas Escrituras Sagradas, daí a razão de ele cultivar, com ares de espiritualidade superior, “as novas revelações” que diz receber diretamente do céu, num flagrante e abusivo atentado contra o Sola Scriptura, bandeira inegociável e princípio formal da Reforma Protestante.

O Cristianismo sem Cristo não proclama, irreservada e incondicionalmente, todo o conselho de Deus, como fiel despenseiro dos tesouros do Senhor, antes, estribado em frágeis e relativistas hermenêuticas pós-modernas, troca a pregação expositiva das Escrituras Sagradas pelo amigável compartilhamento das pseudo-verdades bem palatáveis e compatíveis com o depravado coração humano, tais como: Jesus Cristo, quando muito, é apenas Salvador, jamais Senhor absoluto das nossas vidas. Em versões mais escancaradamente liberais, Jesus Cristo não passa de um excelente exemplo moral para ser seguido. O homem é um ser essencialmente bom, só precisa descobrir caminhos para aperfeiçoar as suas enormes potencialidades. A igreja existe para satisfazer os meus caprichos e criar condições amplamente favoráveis para que eu me sinta bem e dê livre curso aos meus egoísticos projetos de felicidade.

Humanista, moralista, deísta, terapêutico, suavemente sedutor, individualista, o Cristianismo sem Cristo é o roteiro mais seguro para conduzir o homem ao inferno. Diante de um quadro tão terrível de corrupção doutrinária, Michael Horton, na parte final do seu livro, faz um chamamento de resistência à igreja de Cristo, no sentido de que ela, contra todos os desencaminhamentos já presentes na cristandade, mantenha-se fiel à Palavra do Senhor. Ao tesouro que Ele nos encontrou a fim de que o guardássemos com zelo, pureza e amor. Tesouro que tem em Jesus Cristo, sua vida santa, sua obra na cruz e sua ressurreição gloriosa o seu sublime, inegociável e eterno valor.

Que Deus nos dê a graça de continuarmos unidos Àquele que “foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Romanos 4.25). E nos livre, também, de cairmos nas mazelas do gnóstico e anatemizado cristianismo sem Cristo do nosso tempo. Ou Cristo ou nada. SOLI DEO GLORIA NUNC ET SEMPER."

José Mário da Silva
Presbítero da Igreja Presbiteriana de Campina Grande

Resenha extraída do site Consciência Cristã

2 Comentários:

Paulo Fagundes disse...

Como é bom lermos artigos como este. As vezes nos sentimos como um peixe fora d'água pois muitos cristãos estranham quando citamos versículos que nos exortam a uma entrega maior pela obediência e amor à Cristo. Principalmente porque o foco das pessoas parece que sempre está voltado para os seus próprios sonhos e realizações. Cristo fará parte de suas vidas desde que não sejam impedidos de fazer tudo o que desejam. Elas mesmas se encarregarão de fazer as escolhas daquilo que é ou não conveniente para a sua vida cristã, elas não precisam consultar as escrituras para conferir uma vida em busca de santidade ou o examinar-se a si mesmo.

Aproveito para divulgar:
http://grupovencedoresporcristodaimi2.blogspot.com/

http://tomeasuacruzesigame.blogspot.com/2010/05/o-que-jesus-quer.html


Obrigado>

Saulo R. do Amaral disse...

Valeu pelo comentário. Ah, e dei uma olhada no teu blog. Mt bom! Já estou seguindo.

Postar um comentário

  ©Orthodoxia desde 2006

TOPO