segunda-feira, 26 de abril de 2010

Calvário

Temo muito a ignorância que prevalece entre as pessoas sobre o tema do sofrimento de Jesus Cristo. Eu suspeito que muitos não vêem a glória e a beleza peculiar da história da crucificação; pelo contrário, eles acham dolorosa, humilhante e degradante. Eles não vêem muito lucro na história da morte de Cristo e os seus sofrimentos.

Agora, eu acredito que essas pessoas estão erradas. Não posso concordar com elas. Eu acredito que é uma coisa excelente para todos nós a realidade da crucificação de Cristo. É uma coisa maravilhosa, para ser freqüentemente lembrada, como Jesus foi entregue nas mãos de homens ímpios, como eles o condenaram em um julgamento injusto, como cuspiram nele, como açoitaram e o coroaram de espinhos. Como o levaram adiante como um cordeiro para o abate, sem a Sua murmuração ou resistência, os cravos em Suas mãos e pés, Ele sobre o Calvário entre dois ladrões, como lhe foi furodo o lado com uma lança, esmurravam no Seu sofrimento e o deixando cair lá nu e sangrando até a morte. De todas essas coisas, eu digo, é bom ser lembrado. Não é à toa que a crucificação é descrita quatro vezes no Novo Testamento. Há muito poucas coisas que todos os quatro escritores do Evangelho descrevem. Em geral, se Mateus, Marcos e Lucas dizem uma coisa na história do nosso Senhor, João não escreve, mas há uma coisa que todos os quatro enfatiza mais plenamente, a história da cruz. Este é um fato revelador, e não pode ser ignorado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foiram pré-ordenados. Eles não vêem que tudo não foi por acaso ou acidente; tudo foi planejado e determinado desde toda a eternidade. A cruz foi prevista, em todas as disposições da Trindade, para a salvação dos pecadores. Nos propósitos de Deus a cruz foi criada desde a eternidade. Não há um pulsar de dor que Jesus sentiu, nem uma gota de sangue preciosa que Jesus derramou que não tenha sido apontado há muito tempo na eternidade. A sabedoria infinita planejou a redenção pela cruz, a infinita sabedoria trouxe Jesus para a cruz no tempo devido. Ele foi crucificado pelo determinado conselho e presciência de Deus.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo no Calvário foram necessários para a salvação do homem. Ele teve de suportar os nossos pecados; somente com suas pisaduras poderíamos ser curados. Este foi o pagamento das nossas dívidas que Deus iria aceitar, este foi o grande sacrifício de que nossa vida eterna dependia. Se Cristo não tivesse ido para a cruz e sofrido em nosso lugar, o justo pelos injustos, não teria esperança para nós, não haveria a ponte no abismo entre nós e o poderoso Deus, que nenhum homem jamais poderia passar. A cruz foi necessária, a fim de que se possa haver uma expiação do pecado.

As pessoas parecem esquecer que todos os sofrimentos de Cristo foram suportados de uma maneira voluntária e por sua própria vontade. Ele não estava sob coação: por sua escolha, deu a sua vida; por sua escolha Ele foi ao Calvário, para terminar a obra que Ele veio fazer. Ele poderia facilmente ter chamado legiões de anjos com uma palavra, e Pilatos e Herodes dispersos, e todos os seus exércitos, como a palha diante do vento; mas ele estava disposto, e em seu coração foi definida a salvação dos pecadores. Ele estava decidido a nos salvar de todo pecado e impureza, derramando Seu próprio sangue no calvário.

Leitor, quando eu penso em tudo isto, não vejo nada doloroso ou desagradável no assunto da crucificação de Cristo; pelo contrário, vejo nele a sabedoria e poder, paz e esperança, alegria, conforto e consolação.

J. C. Ryle

5 Comentários:

Tiffany C. Jesus disse...

Amo JC Ryle. Mas há opiniões diversas demais sobre como devemos olhar para a cruz.
O que ela é, ela é: nossa salvação. Ok.
Mas há quem condene que ela se torne um adorno no pescoço ou na instituiçao (mesmo sem o Jesus pregado),
e há aqueles que até mesmo a tatuam para que seja visto: pela cruz estou aqui.
Alguma idéia de como devemos nos posicionar??

Anderson Faria disse...

Entendo que o sofrimento no Calvário foi o caminho por onde Jesus Cristo percorreu para alcançar a nossa salvação, e também compreendo que exacerbar um aspecto (o sacrifício) em relação ao resto (a salvação) demonstra falta de um apoio e de segurança doutrinárias. Creio que devemos lembrar do sacrifício de Cristo no Calvário como parte do processo que culminou com a nossa salvação, e não a única razão para estarmos nas igrejas. Há muito mais que isso, há o aspecto relacional, de resgate do Pai aos seus filhos; a questão de uma nova doutrina, de uma nova missão dada por Deus àqueles que amam os ensinamentos de seu Filho ("ide e pregai o evangelho"). A cruz foi o caminho, mas não é e nem deve ser, a única razão de nossa espiritualidade.

Saulo R. do Amaral disse...

Anderson, não entendi a frase o "sacrifício de Cristo no Calvário como parte do processo que culminou com a nossa salvação".

Bom, talvez o que queiras dizer é que a nossa justificação alcançada na cruz por Cristo é apenas o começo da caminhada e não o objetivo em si. Se for isso, concordo, até porque a comunhão com o próprio Deus (agora e na eternidade) é o objetivo principal do Evangelho. Deus é o evangelho; Ele é o maior presente que podemos ter (não os céus, não a nova terra, ou corpos ressurretos, mesmo que essas sejam ótimas coisas também).

Agora, por outro lado, a cruz de Cristo é o ÚNICO motivo por sermos cristãos. Na cruz, Cristo não apenas morreu pelos nossos pecados (obediência penal), mas também viveu uma vida sem pecado, sendo justo por nós (obediência preceptiva). Isto é, a única razão por podermos estar diante de Deus hoje é a obra consumada de Cristo na cruz.

E mesmo a nossa santificação foi comprada por Ele na cruz. Hoje Ele intercede por nós diante do Pai; Ele nos preserva em santidade e Ele nos glorificará. O sacrifício de Cristo comprou tudo para o Seu povo: desde a fé até a ressurreição final.

Portanto, nunca ache que o sacrifício de Cristo não foi suficiente, seja passa nossa justificação, santificação ou glorificação. Mesmo as nossas boas obras foram preparadas de antemão por Deus, para que andássemos nela. Não somos nada; Ele é tudo!

Saulo R. do Amaral disse...

Uma tal de Ti, quando falamos de cruz, falamos da obra de Cristo consumada na cruz, o Seu sacrifício. Quanto ao uso de símbolos, crucifixos, depende bastante de como são usados. COmo a questão da tatuagem: a Bíblia não condena a tatuagem, mas há a questão da motivação da tatuagem: chamar a atenção, vaidade... Acho que esse tipo de coisa vai da consciência de cada um para com Deus. Claro, desde que não viole nenhum mandamento expresso ou deduzido das Escrituras.

Paulo Fagundes disse...

"a cruz de Cristo é o ÚNICO motivo por sermos cristãos."

Realmente, precisamos refletir mais profundamente sobre o sacrifício feito ali no calvário. Ele deixou a glória com o Pai para ser humilhado e pendurado no madeiro, livrando milhões de pessoas da condenação eterna. "Porque o amor de Cristo nos constrange" (2Co 5.14)

Sacrifício único, definitivo, constrangedor!

Gostaria também de parabenizar pelo trabalho feito aqui no blog.

Aproveito para divulgar:

http://grupovencedoresporcristodaimi2.blogspot.com/

http://tomeasuacruzesigame.blogspot.com/2010/05/o-que-jesus-quer.html

Este último foi criado recentemente, ainda estou terminando.


Obrigado e fica com Deus.

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