sexta-feira, 31 de julho de 2009

A Riqueza de Romanos

O que você procura na Bíblia? O homem sábio tem os olhos abertos para diversas coisas, e Romanos é supremo em todas.

É doutrina — verdade sobre Deus, ensinada por Deus — que você está buscando? Caso seja, descobrirá que Romanos apresenta todos os temas integrados: Deus, ser humano, pecado, lei, julgamento, fé, obras, graça, criação, redenção, justificação, santificação, o plano da salvação, eleição, reprovação, a pessoa e a obra de Cristo, a obra do Espírito, a esperança cristã, a natureza da Igreja, o lugar dos judeus e dos gentios no propósito divino, a filosofia da Igreja e a história universal, o significado e a mensagem do Antigo Testamento, o significado do batismo, os princípios de piedade e ética, os deveres do cidadão cristão etc!

Entretanto, a pessoa sábia também lê a Bíblia como o livro da vida, mostrando mediante exposição e exemplo que significa servir a Deus e não servi-lo, encontrá-lo e perdê-lo na experiência humana real. O que Romanos tem para oferecer aqui? A resposta é: a mais completa representação da vida de pecado e da vida de graça, e a mais profunda análise da estrada da fé apresentada pela Bíblia (sobre o pecado, v. caps. 1 a 3; 5 a 7; 9; sobre a graça, 3 a 15; sobre a fé, 4,10 e 14).

Outro modo de ler a Bíblia, muito recomendado atualmente por professores, é tê-la como livro da igreja, que expressa a fé concedida por Deus e a compreensão recíproca existente na comunhão dos fiéis. Deste ponto de vista, Romanos, justamente por ser a declaração clássica do Evangelho pelo qual a Igreja vive, é também a narrativa clássica da identidade da Igreja. O que é a Igreja? É a verdadeira semente do fiel Abraão, judeus e não-judeus, escolhidos por Deus, justificados pela fé e libertados do pecado para a nova vida de retidão pessoal e ministério mútuo. É a família do Pai celestial amoroso vivendo na esperança de herdar toda sua fortuna. É a comunidade da ressurreição, na qual os poderes da morte histórica de Cristo e sua presente vida celestial já agem. Em nenhum outro lugar isto é apresentado tão completamente como em Romanos.

A pessoa sábia também lê a Bíblia como carta pessoal de Deus a cada filho espiritual e, portanto, destinada a ele como para os outros. Leia Romanos desse modo e você descobrirá que essa carta tem uma força ímpar para sondar e tratar de coisas tão arraigadas em você que normalmente não se lembra delas: hábitos e atitudes pecaminosos; instinto para a hipocrisia; farisaísmo natural e autoconfiança; descrença constante; frivolidade moral e superficialidade no arrependimento; indiferença, mundanismo, timidez, desânimo; convencimento espiritual e insensibilidade.

Você também descobrirá que esta carta perturbadora tem o poder sem par de despertar alegria, segurança, ousadia, liberdade e espírito ardoroso que Deus requer e dá a quem o ama. Diz-se de Jonathan Edwards que sua doutrina era aplicação e que sua aplicação era doutrina. Romanos é exatamente assim.

Escreveu Tyndale:
Nenhum homem pode verdadeiramente lê-la com demasiada freqüência ou estudá-la muito bem, pois quanto mais é estudada mais fácil se torna e quanto mais profundamente forem buscadas, as coisas mais preciosas são encontradas nela, tão grande é o tesouro espiritual que jaz escondido aí [...] Por esse motivo todos os homens, sem exceção, devem exercitar-se diligentemente neste ponto e gravá-lo (lembrar) dia e noite continuamente até que todos estejam completamente acostumados com ele.
O Conhecimento de Deus, Pg 241. J.I. Packer

terça-feira, 28 de julho de 2009

Deus revelou? Pregue!

Tente não jogar fora nada do livro perfeito. O que você encontra nele permita que ali fique, e o faça seu para pregar conforme a analogia e o tamanho da fé. Aquilo que é digno de ser revelado por Deus é digno de nossa pregação - isso é o mínimo que posso dizer a respeito. "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus" (Mt 4.4; Dt 8.3). "Cada palavra de Deus é comprovadamente pura; ele é um escudo para quem nele se refugia" (Pv 30.5). Permita que cada verdade revelada seja apresentada a seu tempo. Não procure assunto em qualquer outro lugar, pois com tal infinitude de temas diante de você não há necessidade de assim fazer; com tão gloriosa verdade para pregar seria uma audaciosa crueldade fazer isso.

C. H. Spurgeon - Preparado Para o Combate da Fé.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Pureza da Eleição

A eleição não propicia ocasião à licenciosidade, ou à blasfêmia dos homens perversos que afirmam: “vivamos da maneira que nos agrade, porque, se já fomos eleitos, é impossível que venhamos a perecer”.O apóstolo lhes afirma claramente que é uma atitude ímpia dissociar a santidade de vida da graça da eleição; porquanto, “a quem ele predestinou, a esses também chamou; e a quem ele chamou, a esses também justificou” [Rom 8.30]. É igualmente sem fundamento a inferência que os cataristas, os celestinos e os donatistas extraíram destas palavras, ou seja: que podemos atingir a perfeição nesta vida. Este é o alvo em direção ao qual devemos manter todo o curso de nossa vida; nunca, porém, o atingiremos até que nossa corrida haja terminado. Onde estão os homens que se espantam e evitam a doutrina da predestinação como sendo um confuso labirinto, que a reputam com sendo inútil e mesmo quase nociva? Nenhuma doutrina é mais útil e proveitosa quando utilizada de forma adequada e sóbria, conforme Paulo exemplifica aqui, ao apresentá-la como uma ilustração da infinita munificência de Deus, e utilizá-la para nos estimular à gratidão a Deus. Essa é a legítima fonte da qual devemos extrair nosso conhecimento da misericórdia divina. Se os homens buscassem qualquer outro argumento, a eleição lhes fecharia a boca, de modo que não mais se atrevessem nem pudessem reivindicar qualquer mérito para si mesmos. Lembremo-nos, porém, do propósito para o qual Paulo arrazoa sobre a predestinação, para que, ao arrazoarmos com algum outro objetivo, não caiamos em erros danosos.

João Calvino - Comentários Bíblicos sobre Efésios, pg 19

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Uma oração arminiana

Vocês têm ouvido uma quantidade grande de sermões arminianos, ouso dizer, mas vocês nunca ouvirão uma oração arminiana - porque os santos em oração se mostram iguais em palavra, ação e mente. Um arminiano de joelhos orará tão fervorosamente, quanto um calvinista. Ele não pode orar sobre o livre-arbítrio; não há espaço para isso. Imagine-o orando: "Senhor, eu te agradeço porque não sou como aqueles pobres e presunçosos Calvinistas. Senhor, eu nasci com o glorioso livre-arbítrio; nasci com o poder pelo qual posso me voltar para ti por mim mesmo; tenho acrescido minha graça. Se todos tivessem feito com suas graças o mesmo que fiz com a minha, todos poderiam estar salvos agora. Senhor, eu sei que o Senhor não nos faz propensos a ti se nós mesmos não nos dispusermos a isto. Deste graça a todos; alguns não a cultivaram, mas eu a cultivei. Há muitos que irão para o inferno, mesmo estando tão comprados pelo sangue de Cristo quanto eu estou; tiveram tanto do Espírito Santo quanto me foi dado; tiveram uma boa chance, e foram tão abençoados quanto eu fui. Não foi a tua graça que nos fez diferentes; sei que ela fez muito, mas eu é que mudei de direção; eu fiz uso do que me foi dado, e os outros não - esta é a diferença entre mim e eles".

Esta é uma oração do diabo, porque ninguém mais ofereceria uma oração como esta. Ah! Quando estão pregando e falando bem devagar, podem apresentar uma doutrina errada; mas quando vêm orar, a verdade escapa; eles não podem evitar.

Spurgeon

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Por que a Lei foi dada?

Por John Piper
Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Um dos meus grandes desejos para a nossa igreja é o de que sejamos um povo que entende a Lei de Deus e a cumpre no Espírito de amor. A lei que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, poucos meses depois de trazer o povo para fora do Egito, foi vítima de algumas más impressões no passado, por algumas centenas de anos. A minha opinião é a de que existe muita confusão em nossa mente quando lemos por um lado Romanos 6:14: “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”, mas, por outro lado, Romanos 3.31: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei”.

Os equívocos quanto à Lei Mosaica

Parte da nossa confusão é causada pelo simples fato de que a palavra “lei” no Novo Testamento tem, pelo menos, três diferentes significados quando usada em diferentes contextos. Pode referir-se ao Antigo Testamento inteiro, como em Romanos 3:19 (onde as citações precedentes vêm dos Salmos e dos Profetas). Pode referir-se à parte do Antigo Testamento, como quando Jesus disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.” (Mateus 5.17). Especificamente, pode referir-se à parte do Antigo Testamento escrito por Moisés, os cinco primeiros livros, chamado de Torá. Por exemplo, Jesus disse em Lucas 24.44: “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse... Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos”. O terceiro significado da palavra “lei” diz respeito não a uma parte diferente do Antigo Testamento, mas ao Antigo Testamento entendido de uma maneira diferente. Veremos logo à frente o quanto Israel distorceu a Lei Mosaica em legalismo. Isto é, eles a separaram de seu fundamento de fé, falharam em enfatizar a dependência do Espírito, e, assim, transformaram os mandamentos em uma descrição de como merecer a salvação. Isso é legalismo. Mas não existe uma palavra grega para “legalismo”, então, quando Paulo queria aludir a essa distorção da Lei Mosaica, ele usava frequentemente a expressão “obras da lei” (ex. Romanos 3.20; Gálatas 2.16, 3.2,5). Veremos que isso não significa: vocês não devem guardar a Lei. Significa, sim, que você não é motivado a fazer isso como uma maneira de merecer a sua salvação. Então, toda vez que você ler a palavra “lei” no Novo Testamento, pergunte-se: isso é o Antigo Testamento, os escritos de Moisés ou a distorção legalista dos ensinamentos de Moisés? Isso nos guardará de dar essa má impressão à Lei Mosaica, quando, na verdade, é a distorção legalista da Lei que deveria ganhar má impressão.

O que gostaria de fazer nesta manhã é defender Moisés da disseminada acusação de que ele ensinou uma forma diferente de salvação e santificação da ensinada no Novo Testamento, isto é, “pela graça sois salvos, por meio da fé... Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8,9). Sei que dificilmente alguém diz que Deus salvou pessoas de forma diferente no Antigo Testamento. Mas, muitos estudiosos da Bíblia dizem (ou deixam implícito) que a Lei de Moisés oferece uma forma diferente de salvação da que é oferecida no evangelho. Isto é, virtualmente todos concordam que todos os que foram justificados no Antigo Testamento o foram pela graça, por meio da fé; era um dom de Deus. Mas muitos ainda dirão que a Lei não chamava o homem a ser justificado dessa forma, mas os chamava a tornarem-se merecedores da benção de Deus por meio das obras e, assim fazendo, mostrava aos homens a sua total inabilidade e os conduzia ao Salvador.

Ou, para colocar de outra maneira, muitos que ensinam a Bíblia argumentarão que a aliança Mosaica (feita com Israel no Monte Sinai) é fundamentalmente diferente daquela feita com Abraão (feita antes) e da Nova Aliança (estabelecida no calvário), debaixo da qual vivemos. A diferença, dizem eles, é esta: na aliança feita com Abraão e na Nova Aliança a salvação é prometida de graça para ser recebida por fé à parte das obras da Lei. Mas, debaixo da aliança Mosaica, a salvação (ou a bênção de Deus) não é oferecida de graça pela fé, mas, antes, é oferecida como uma recompensa pelas obras da Lei. Visto que apenas obras perfeitas poderiam merecer a salvação de um Deus santo e perfeito, e que ninguém pode conseguir isso, a Lei apenas nos faz cientes de nosso pecado e miséria e anuncia a nossa condenação. Talvez essa seja a visão mais popular acerca da Lei Mosaica na igreja hoje, e está errada. Ela faz de Moisés um Fariseu legalista, transforma a Torá na mesma heresia que Paulo condenou na Galácia, e (o pior de tudo) faz de Deus o seu próprio inimigo, ordenando aquele povo a tentar merecer Sua bênção (e, assim, exaltar a si mesmo) em vez de descansar em Sua misericórdia toda-suficiente (e, assim, exaltá-Lo).

Tentarei defender Moisés desse equívoco dando a vocês, em poucas palavras, uma teologia bíblica da Lei. Esse é um tópico enorme, mas, se nos esforçarmos juntos neste pequeno esboço, podemos plantar essa semente na nossa mente até que ela cresça e vire uma grande árvore de discernimento. Aqui está o que eu farei: mencionarei os cinco pontos que quero expor, então voltarei e darei a base bíblica para cada um deles, para depois resumi-los todos em seguida. Fecharemos cantando a beleza da Lei de Deus com o Salmo 19.

Primeiro: a Lei é cumprida quando amamos nosso próximo. Segundo: o amor é o resultado da autêntica fé salvífica. Terceiro: portanto a Lei não chama por obras meritórias, mas por obediência que flui da fé. Quarto: sendo assim, devemos obedecer os mandamentos do Antigo Testamento da mesma maneira que devemos obedecer os mandamentos do Novo Testamento – não para merecermos o favor de Deus, mas porque nós já dependemos de sua livre graça e confiamos que seus mandamentos conduzirão à completa e duradoura alegria. Quinto: devemos ter prazer na Lei de Deus, meditar nela de dia e de noite, e cantar sobre o seu valor para todas as gerações.

Para ler o artigo completo, altamente recomendado, clique aqui.

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John Piper - Por que a Lei foi dada?
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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pessoas muito ignorantes

Na minha opinião, os que zombam da religião e se põem acima dela porque sabem demais para acreditar na Bíblia são indivíduos superficiais. Em geral, usam palavras pomposas e vociferam muito, mas se eles fantasiam que podem reverter a fé das pessoas que testaram e provaram o poder e a graça de Deus devem ser ignorantes, muito ignorantes. Quem vê o sol nascer e presta atenção ao pôr do sol e não vê as pegadas de Deus, em seu interior é mais cego do que uma toupeira e serve apenas para morar embaixo da terra. Deus parece falar comigo em cada prímula e margarida, parece sorrir para mim acima de cada estrela, sussurrar para mim em cada sopro da brisa matinal e me chamar alto em cada tempestade. É estranho que tantos cavalheiros educados não vejam Deus em lugar algum, enquanto João, o lavrador, sente-o em todo lugar. João não tem desejo de mudar os lugares, pois o sentimento da presença de Deus é seu conforto e alegria. Eles dizem que o homem é o deus do cão. Esses homens são piores que cachorros, pois não ouvem a voz de Deus, mas o cachorro obedece ao assobio de seu dono. Eles se denominam "filósofos", não é? O nome apropriado para eles é "tolos", pois o tolo disse em seu coração: "Não existe Deus." As ovelhas sabem quando a chuva está chegando, as andorinhas prevêem o inverno e, há quem diga, até mesmo os porcos conseguem ver o vento; até que ponto aquele que vive onde Deus está presente em todos os lugares e não o vê é pior que o animal irracional!? Assim, fica muito claro que um homem pode aprender muito e ainda ser ignorante, muito ignorante.

Charles Haddon Spurgeon - Sabedoria Bíblica, cap. 24

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Não desperdice a sua inteligência

"Não te fatigues para seres rico; não apliques nisso a tua inteligência. Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará para si asas, como a águia que voa pelos céus."

Deus, em Provérbios 23:4-5



terça-feira, 14 de julho de 2009

A demissão de Jonathan Edwards

Era costume de sua igreja conceder o privilégio a qualquer pessoa, mesmo sem ser membro da igreja, para participar da ceia do Senhor. Por requerer uma base estrita para participar da ceia, Jonathan Edwards foi demitido de sua igreja em 1750. D. M. Lloyd-Jones disse que "essa foi uma das coisas mais espantosas que já aconteceram, e deve servir como uma palavra de encorajamento para os ministros e pregadores. Lá estava Edwards - o altaneiro gênio, o poderoso pregador, o homem que estava no centro do grande avivamento - e, todavia, foi derrotado na votação de sua igreja, por duzentos e trinta votos, contra apenas vinte e três a seu favor." Lloyd-Jones conclui: "Não se surpreendam, portanto, irmãos, quanto ao que possa acontecer com vocês em suas igrejas".

Extraído do Livro "Gigantes da Fé", de Franklin Ferreira

Via Mocidade da 1ª Igreja Presbiteriana Conservadora de Goiânia

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Entrevista com João Calvino, em comemoração aos seus 500 anos

"Hoje, dia 10 de julho, comemora-se 500 anos do nascimento de João Calvino. Se você ouviu falar dele, talvez não tenha sido coisa boa. Possivelmente, associaram o nome dele a doutrinas difíceis de aceitar. Pensando nisso, resolvemos entrevistar o próprio e quem sabe lendo a entrevista a seguir, se desfaça essa má impressão sobre sua pessoa e ensino."


Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Meu salvador e minha esperança

Estou certo que serei declarado justo diante do trono de Deus, pois estou certo que Jesus já foi declarado justo por Deus. Minha certeza não reside em algo em mim ou algo que tenha feito, mas na justiça perfeita de Cristo. E Cristo é a base da minha esperança, minha expectação, de que a bondade, misericórdia e gozo que é cheio de glória me aguardam do outro lado da morte. E isso não porque eu tenha conseguido essas recompensas por minhas boas obras. Não, até mesmo os melhores esforços são como lixo e imundícia diante da santidade de Deus - eles não passam pelo teste. Mas eu sei que Cristo foi testado e aprovado, e que ele assegurou todas essas coisas para mim. Ele me deu fé nele, de forma que por minha afiliação com ele, compartilho de sua herança da parte do Pai. O nível de minha estima por Cristo é o meu nível de confiança com respeito à minha salvação, pois ele é o meu Salvador e minha Esperança.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Irmãos, leiam biografias cristãs

Hebreus 11 é um mandato divino para ler biografias cristãs. A inconfundível implicação do capítulo é que, se nós ouvimos sobre a fé de nossos pais distantes (e mães), nós iremos "deixar de lado todo peso e pecado" e "correr com perseverança a carreira que nos está proposta" (12:1). Se perguntássemos ao autor, "Como devemos considerar-nos uns aos outros para nos estimularmos ao amor e às boas obras?" (10:24), sua resposta seria: "Através do encorajamento dos vivos (10:25) e dos mortos (cap. 11). Biografia cristã é o meio pelo qual a "vida em corpo" atravessa as gerações.

A comunhão dos vivos e dos mortos é especialmente crucial para pastores. Como líderes na igreja nós devemos ter visões para o futuro. Nós devemos declarar profeticamente onde nossa igreja deveria estar indo. Devemos inspirar pessoas com grandiosas possibilidades.

Não que Deus não possa dar visão e direção e inspiração. Mas ele também usa agentes humanos para encorajar Seu povo. Então a pergunta para nós pastores é: Através de que agentes humanos Deus nos dá visão e direção e inspiração? Para mim, uma das respostas mais importantes tem sido grandes homens e mulheres de fé que, embora mortos, ainda estão falando.

Biografia cristã, bem escolhida, combina todo tipo de coisas que pastores precisam mas teem tão pouco tempo para procurar. Boa biografia é história e nos protege contra o esnobismo cronológico (como C.S. Lewis o chama). Ela é também teologia - das mais poderosas - porque ela emana da vida de pessoas como nós. Ela também é aventura e suspense, pela qual nós temos uma fome natural. Ela é psicologia e experiência pessoal que aprofunda nosso entendimento da natureza humana (especialmente nós mesmos). Boas biografias de grandes cristãos promovem uma notável leitura eficiente.

Uma vez que a biografia é sua própria melhor testemunha, deixe-me contar um pouco do meu próprio encontro biográfico com as biografias. Biografias teem servido tanto quanto qualquer outra força humana em minha vida para superar a inércia da mediocridade. Sem elas eu tenho a tendência de esquecer que alegria há em inexorável trabalho e aspiração. Eu tenho devotado mais tempo à vida de Jonathan Edwards (boa biografia de O. Winslow) que a qualquer outra pessoa não-bíblica. Antes dos seus 20 anos Edwards escreveu 40 resoluções que por anos teem incendiado meu trabalho. A número 6 era: "Viver com toda minha força, enquanto eu viver." A número 11: "Quando eu pensar em qualquer teorema em divindade a ser resolvido, fazer imediatamente o que eu posso para resolvê-lo, se as circunstâncias não impedirem." Número 28: "Estudar as Escrituras tão firmemente, constantemente e frequentemente, que eu possa me encontrar, e plenamente perceber meu crescimento no conhecimento da mesma."

Quando eu vim para ser pastor de Bethlehem eu comecei a ter fome de biografias para carregar minhas baterias pastorais e me dar orientação e encorajamento. Uma vez que acredito muito no pastor-teólogo, eu evoquei não somente Edwards mas, é claro, João Calvino (T.H.L. Parker tem um pequeno Retrato e uma biografia maior).

E como Calvino podia trabalhar! Depois de 1549 seu cargo especial em Geneva era pregar duas vezes no domingo e uma vez todo dia em semanas alternadas. No domingo, 25 de agosto, 1549, Calvino começou a pregar em Atos e continuou semanalmente naquele livro até março de 1554. Nos dias de semana durante esse tempo, ele pregou através de oito dos profetas menores bem como em Daniel, Lamentações e Ezequiel. Mas o que me surpreende é que entre 1550 e 1559 ele fez 270 casamentos. Isto é um a cada duas semanas! Ele também batizou (cerca de uma vez por mês), visitou o enfermo, conduziu extensas correspondências e sustentou pesadas responsabilidades organizacionais.

Quando olho para Calvino e Edwards e o trabalho deles, é difícil sentir pena de mim mesmo por causa das minhas poucas obrigações. Eles me inspiram a romper com trabalho medíocre.

T.H.L. Parker (que, a propósito, passou a maioria dos seus 40 anos de ministério em paróquias do interior) publicou um pequeno estudo de Karl Barth em 1970 que eu devorei no meu ano intermediário no seminário. Ele teve um tremendo impacto em mim por causa de duas simples sentenças. Uma era: "Aquela noite Barth começou [a escrever] um panfleto que ele terminou no dia seguinte, um domingo [13.000 palavras em um dia!]," Eu respondi, "Se neo-ortodoxia merece tamanho trabalho fenomenal, quanto mais ortodoxia!"

A outra sentença era, "Barth aposentou-se do magistério em Basel em março de 1962 e então perdeu o estímulo que vinha da necessidade de lecionar." Eu escrevi na aba do livro, "Tem a grandeza emergido de qualquer coisa que não seja a pressão? Se a grandeza é para ser a serva de todos, deveríamos nós não estar debaixo de autoridade, debaixo de ordens, empurrados, pressionados?"

Recentemente eu fui grandemente encorajado em meu próprio trabalho pastoral por Walking with the Giants and Listening to the Giants [Caminhando com Gigantes e Escutando Gigantes] de Warren Wiersbe. O principal motivo pelo qual essas mini-biografias teem sido úteis é ver a completa diversidade de estilos pastorais que Deus tem escolhido para abençoar. Existiram grandes e frutíferos pastores cujos modelos de pregação, hábitos de visitas e personalidades foram tão diferentes que todos nós podemos nos encorajar.

Um exemplo cômico: Contra o sóbrio Edwards, que media a quantidade de comida que ingeria para maximizar sua atenção no estudo, você pode colocar Spurgeon, que pesava mais de 130 kg e fumava cigarros. Ambos os homens ganharam mais conversões a Cristo que qualquer dez de nós conseguirão.

Spurgeon disse a um crítico metodista, "Se algum dia eu me achar fumando em excesso, eu prometo que irei parar totalmente."

"O que você chamaria fumar em excesso?" o homem perguntou.

"Ora, fumar dois cigarros ao mesmo tempo!" foi a resposta.

George Muller tem por anos sido um bom exemplo pra mim em oração. Sua Autobiografia é um verdadeiro pomar de frutos de construção da fé. Em uma seção ele nos conta, depois de 40 anos de tentativas, "como estar constantemente feliz em Deus." Eu vi mais claro do que nunca que o primeiro grande e principal negócio ao qual eu devia dedicar-me todo dia era ter minha alma feliz no Senhor."

Por dez anos, ele explicou, ele caminhou no sentido oposto. "Antigamente, quando eu levantava eu começava a orar assim que possível e geralmente passava todo meu tempo até o café da manhã em oração." O resultado: "Frequentemente depois de ter sofrido bastante com a mente voando nos primeiros dez minutos, ou 15 minutos, ou mesmo meia hora, só então eu começava realmente a orar."

Então Muller mudou seu padrão e fez uma descoberta que o sustentou por 40 anos. "Eu comecei a meditar no Novo Testamento, no começo do dia, cedo de manhã... buscando em todo verso alimento para minha própria alma. O resultado que encontrei quase invariavelmente foi esse, que depois de alguns minutos minha alma era guiada a confissão ou a ações de graça, ou a intercessão, ou a suplica; de modo que, embora não tenha me entregado à oração (da maneira como fazia) mas à meditação; ainda sim isso se tornava quase imediatamente uma espécie de oração."

Eu tenho achado o caminho de Muller absolutamente crucial em minha própria vida: estar com o Senhor antes de estar com qualquer outra pessoa e deixar Ele falar comigo primeiro.

Uma outra coisa marcou-me na vida de Muller. Ele orava com uma convicção surpreendente por suprimentos para seu orfanato. Mas quando sua esposa ficou enferma com febre reumática, ele orou, "Sim, meu Pai, os tempos de minha querida esposa estão em Suas mãos. Tu farás a melhor coisa para ela e para mim, quer seja vida ou morte. Se possível for, levante novamente minha preciosa esposa - Tu és capaz de fazer isso, embora ela esteja tão doente; mas seja qual for a forma que tu lides comigo, apenas ajude-me continuar a ser perfeitamente satisfeito em Tua santa vontade."

Sua esposa morreu, e Muller pregou o sermão de seu funeral em Salmos 119:68: "Tu és bom e fazes o bem."

Que mundo de diferença entre essa visão de Deus e aquela que achei quando li Spiritual Autobiography [Autobiografia Espiritual] de Willian Barclay. Barclay perdeu sua filha no mar, mas sua resposta não foi aquela de Muller: "Eu sei, Oh Deus, que em fidelidade Tu me afligiste" (Sl. 119:75). Ao invés disso Barclay disse, "Eu acredito que dor e sofrimento nunca são a vontade de Deus para Seus filhos" (a despeito de 1 Pedro 3:17!). Chamar um acidente fatal de "ato de Deus", ele diz, é blasfêmia.

A Autobiografia de Barclay é mais deprimente quando eu penso em quantos pastores buscam alimento em Barclay para cada sermão. Ele despreza uma visão da reconciliação na qual a morte de Cristo faz propiação da ira de Deus. E ele diz, "Eu sou um universalista convicto." Não posso deixar de me perguntar se a fraqueza teológica de muitos púlpitos é devida à simples dependência na teologia anêmica de comentadores como Barclay.

Eu prefiro fixar minha vida na teologia de Sarah Edwards. Quando ela soube que seu marido Jonathan tinha morrido por causa de uma vacina de malária aos 54 anos, ela escreveu para sua filha: "O que posso dizer? Um Deus santo e bom nos cobriu com uma nuvem escura. Oh, que nós possamos aceitar a punição e colocarmos as mãos nas nossas bocas! O Senhor fez isso. Ele me fez adorar Sua bondade, pois o tivemos por tanto tempo. Mas meu Deus vive; e Ele tem meu coração. Oh, que legado meu marido, e seu pai, nos deixou. Nós estamos todos nas mãos de Deus; e lá eu estou a amo estar."

Eu concluo com uma palavra de apreciação por uma autobiografia viva - Carl Lundiquist, que completa seus 28 anos na presidência do Bethel College and Seminary esse mês.

Eu estava no meio da Autobiografia de Augustus Strong quando uma oportunidade veio no último mês de maio de escrever ao Dr. Lundiquist uma carta de apreciação. Strong, que foi presidente do Rochester Seminary por 40 anos, me deu as palavras que precisava (que mostra o valor da biografia para ilustrações de sermões). Ele escreveu, "Eu tenho sempre pensado que deve haver uma vida futura para cavalos de canal, mulheres lavadeiras, e presidentes de faculdade; uma vez que eles não conseguem seus desertos nessa vida, deve existir uma outra vida, para justificar os caminhos de Deus."

Teologia viva. Santos falhos e encorajadores. Histórias de graça. Profunda inspiração. O melhor entretenimento. Irmãos, valem a pena suas preciosas horas. Lembrem-se de Hebreus 11. E leiam biografia cristã.

John Piper
Extraído de Traduções Evangélicas

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