sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Puritanismo

Por Augustus Nicodemus Lopes
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Devemos mencionar de forma breve três ênfases teológicas dos Puritanos. Acreditamos que estes três princípios ou ênfases teológicas fizeram os Puritanos vitoriosos e triunfantes em seu propósito de mudar o mundo. As três ênfases são estas:

1º - Predestinação ..2º - Esperança ..3º - Vocação (chamado)

Existem muitos outros fatores, mas acredito que o coração do movimento Puritano pode ser resumido com estas três coisas:
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PREDESTINAÇÃO - Quanto a isso, citaremos um grande historiador contemporâneo de Oxford, Prof. Christopher Hill. Ele aparentemente não é crente, e muitos o tem acusado de ser marxista, mas o que sabemos é que ele tem grande apreciação pelas reformas introduzidas pelos Puritanos. Ele enfatiza a força na crença da predestinação dentro da causa Puritana. Citaremos o seu livro sobre o puritano Oliver Cromwell, chamado o Inglês de Deus (Já traduzido para o português com o título - O ELEITO DE DEUS). Ele disse: “Os homens tem geralmente comentado sobre o aparente paradoxo de um sistema teológico que crê na predestinação e que, ao mesmo tempo, produz nas pessoas uma ênfase tão grande em esforço e energia moral”. Em outras palavras, muitos dizem que se você crê na Predestinação, na soberania de Deus, você não vai fazer mais nada. A História prova exatamente o contrário. Na realidade aquelas pessoas que crêem firmemente na soberania de Deus são as mais ativas e corajosas. Voltemos à citação do Prof. Hill:

Acredito que o motivo pelo qual os Puritanos foram tão ativos é por causa da consciência da eleição de Deus. Os seus corações haviam sido transformados na direção do Deus vivo. Um homem sabia que estava salvo porque sentia, em algum momento da sua vida, uma satisfação interior, um lampejo que lhe dizia que ele estava em comunhão direta com Deus. Não estamos aqui lidando com uma êxtase místico de um monge, mas com a consciência de pessoas comuns como donas de casa, artesãos ou comerciantes.

O que dava a estas pessoas tanta força? Era a sensação de que tinham o Espírito de Deus. Era então, a sensação de terem sido fortalecidas por este Espírito. Era este conjunto de coisas que fazia com que o homem do povo sentisse que qualquer que fosse sua atividade, ela possuía valor diante de Deus. Esta convicção de ter sido eleito e de ter comunhão com Deus através de Cristo deu-lhes autoconfiança numa época em que havia tanta incerteza econômica e adversidade política.

Aqueles que criam como os Puritanos, tinham uma “fé interior que os fazia sentirem-se livres, quaisquer que fossem suas dificuldades externas”. O Prof. Hill cita o Prof. Haller dizendo o seguinte: “As pessoas que têm certeza de que herdarão o céu, possuem meios de, no presente, assumir a posse da terra”. Completa o Prof. Hill dizendo que “foi essa coragem e confiança que capacitavam os Puritanos a lutar por meio de armas espirituais, econômicas ou militares, para criar um mundo novo, digno daquele Deus que os havia abençoado de forma tão marcante”. O Dr. Perry Miller da Universidade de Harvard, que é o grande historiador dos Puritanos nos E.E.U.U., certa vez disse:

É impossível você imaginar um Puritano sem esperança; eles criam na soberania de Deus, e isso os fazia agir em face a qualquer dificuldade. Eles sabiam perfeitamente que, se Deus é por nós, nada ou ninguém pode ser contra nós.

Até que tenhamos esta confiança é duvidoso que a Igreja de Deus seja o que deve ser na época presente. Nós sempre podemos encontrar uma desculpa para nos comprometer com o mal, se quisermos. Mas aqueles que têm este senso de comunhão com Deus e confiança no Seu propósito soberano, não procuram comprometer a sua fé. Tão grande é a convicção de que o Senhor Jesus Cristo está próximo, que sabem ser muito mais importante agradar o Senhor Jesus do que agradar os desejos humanistas. Assim, vemos como a doutrina da Predestinação era um dos sustentáculos do sist ema Puritano e da sua causa.

ESPERANÇA - Em segundo lugar, o movimento puritano era impulsionado por uma teologia baseada na esperança bíblica . Ian Murray, que é editor da Banner of Truth , escreveu há cerca de 20 anos um livro extraordinário chamado “A Esperança Puritana”, mostrando a interpretação puritana otimista das profecias bíblicas, e como isso levou os Puritanos a esperar que Deus estivesse prestes a concluir a história humana com um triunfo maciço para o Evangelho em termos globais, com a conversão dos judeus e da grande maioria dos gentios através de grandes derramamentos do Espírito Santo, aos quais chamavam de a “Chuva tardia” que viria nos últimos tempos.

Esse tipo de visão que os Puritanos tinham do futuro libertou, na ocasião, presente, os seus corações para colaborar de forma alegre e satisfeita com o propósito de Deus, em termos de se auto-sacrificar para obedecer totalmente a Deus. Eles estavam convencidos de que, uma vez que o Senhor Jesus havia ressuscitado dentre os mortos, não podiam ser derrotados de forma alguma se Deus estivesse ao lado deles.

Aqui está uma declaração típica do grande teólogo puritano John Owen. Ele foi, durante o protetorado de Cromwell, vice-chanceler da Universidade de Oxford, e perdeu esta posição quando voltou a monarquia e o Rei Carlos II. Entretanto, ele continuou a servir a Deus de forma corajosa e brava, sem nunca ficar desiludido ou perder a esperança, mesmo estando em minoria, sem qualquer poder político naquela época. Isso é o que ele escreveu em 1680: “mesmo que nós caiamos, a nossa causa será infalivelmente vitoriosa porque Cristo está assentado à mão direita de Deus; o Evangelho triunfará e isso me conforta de forma extraordinária”.

James Hanik do partido dos “covenants” (pactuantes), que foi martirizado no dia 17 de fevereiro de 1688, em Edimburgo, disse no dia do seu martírio: “ tem havido dias gloriosos e grandiosos do Evangelho nesta terra, mas eles serão nada em comparação àquilo que haverá de ocorrer”. Esse tipo de pessoa que tem tanta esperança no futuro, não pode ser derrotada. Enquanto o Diabo tenta nos desencorajar quanto ao futuro, Deus procura nos fortalecer e encorajar com respeito ao que Ele pode fazer.

VOCAÇÃO - Queremos mencionar, finalmente, outra verdade que fez com que os Puritanos fossem tão fortes e eficazes nos seus dias. Era a ênfase que davam na importância da vocação de cada pessoa. Enfatizavam a necessidade de cada pessoa glorificar a Deus através da sua vocação secular. Sem dúvida, Martinho Lutero já havia ensinado o sacerdócio universal dos santos, e os Puritanos criam nisso. Mas eles desenvolveram a doutrina do chamado de Deus a cada pessoa muito além do que alguém fizera antes. Mesmo estudiosos marxistas do século XX, como o Prof. Arcangius de Leningrado, dá crédito aos Puritanos por terem elevado a moral da classe trabalhadora da Inglaterra naquele período. O próprio Prof. Hill está se mpre citando estes estudiosos marxistas que têm essa visão positiva com relação aos Puritanos neste aspecto.

Obviamente, o levantamento do moral da classe trabalhadora da Inglaterra com o movimento Puritano se deveu à ênfase Puritana sobre a santidade da vocação de cada pessoa. Ao invés de simplesmente distribuir recursos com as pessoas pobres, os Puritanos organizaram sociedades e sistemas, que pudessem ajudar estas pessoas a aprender uma vocação. Eles diziam às pessoas pobres que elas haviam sido criadas à imagem de Deus tanto quanto o Rei, e que o sangue de Jesus tinha sido derramado por todo tipo de pessoas (não por todos). Que eles haviam sido chamados para servir a Deus em suas vidas de acordo com o propósito de Deus. Diziam às pessoas que, quando alguém está varrendo um quarto de forma respon sável, está ajudando a avançar o Reino de Deus tanto quanto um grande pregador. Com este tipo de pregação, os pobres começaram a sentir um novo senso de dignidade e começaram a desenvolver os talentos que Deus lhes havia concedido em favor da Inglaterra.

O roubo, os crimes, e a violência caíram tremendamente de nível neste período. Os Puritanos organizaram vários tipos de sociedades voluntárias para dar treinamento e qualificação aos pobres, além de estudiosos para ajudar aos jovens a fundar hospitais de caridade. Tudo isso tinha apenas um propósito: todas as pessoas, sejam ricas ou pobres, podem viver para a glória de Deus.

Quero concluir esta palestra sobre o Puritanismo na Inglaterra citando a 1ª pergunta do Catecismo Maior de Westminster: “Qual o fim principal do homem? Resposta: glorificar a Deus e gozá-lo para sempre ”.
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Para ler o artigo completo clique: Puritanismo
Fonte: Monergismo
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

A quem pertence o dízimo?

... a pergunta “a quem dizimamos?” já foi respondida: ao Senhor. A Escritura declara que nossos dízimos devem ser “santos ao Senhor” (Lv 27.32), isto é, devem ser separados para ele e sua obra e requerimentos. O dízimo não pertence à igreja ou a alguma agência cristã, embora possa ser dado a elas. Não importa em que mãos esteja, ele pertence ao Senhor.

Quando os levitas eram piedosos, Israel pagava os seus dízimos aos levitas, mas, mesmo então, o dízimo pertencia ao Senhor e poderia ser dado diretamente à causa que o dizimista considerava ser fiel. Dessa forma, em tempo de apostasia, um homem de Baal-Salisa trouxe as suas primícias diretamente a Elias e os seus seguidores (2 Reis 4.42-44). Os levitas não era uma instituição, mas homens separados para o serviço do Senhor.

Visto que o dízimo é “santo ao Senhor”, é o nosso dever como dizimistas julgar que igreja, grupo missionário ou agência cristã é mais claramente “santa ao Senhor”. O dízimo em si não é para o Senhor se o dízimo for para agências ímpias, extravagantes ou mediocremente eficazes. Dessa forma, o Senhor nos considera responsáveis pelo uso do seu dinheiro, assim como considera o recebedor dele plenamente responsável também.

Isso significa que temos o dever de dar sabiamente. Precisamos estudar tanto a fidelidade como a eficácia de toda agência a qual pretendemos dizimar. Ela é eficaz em nossas vidas e na vida dos outros? Ela usa o dinheiro sabiamente?

R. J. Rushdoony, em A quem dizimamos?

Veja também Devo dar todo o meu dízimo para a igreja local?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Por Que o Justo Sofre?

No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”.

Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas boas, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete. No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.

Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia. Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram — Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter.

Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3). O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).

Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento. A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.

R. C. Sproul.

(Recebido por e-mail)

sábado, 2 de outubro de 2010

O "caminho do meio"

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