sexta-feira, 30 de julho de 2010

A revelação de Deus é suficiente para nossa fé

O que poderíamos acrescentar se a revelação de Deus não fosse suficiente para nossa fé? Quem pode responder essa pergunta? O que qualquer pessoa proporia acrescentar à Palavra sagrada? Um momento de reflexão nos levaria a escarnecer das mais atraentes palavras de homens, se fosse proposto acrescentá-las à Palavra de Deus.

O tecido não estaria em uma peça única. Você adicionaria remendos a uma veste real? Você guardaria a sujeira das ruas no tesouro do rei? Você juntaria as pedrinhas da praia aos diamantes preciosos da antiga Golconda? Qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus posta diante de nós para que creiamos e preguemos como se fosse a vida do homem nos parece totalmente absurda, contudo, enfrentamos uma geração de homens que sempre querem descobrir uma nova força motriz e um novo evangelho para suas igrejas. A manta de sua cama parece não ser suficientemente longa, e eles querem pegar emprestado um metro ou dois de tecido misto e incongruente dos unitaristas, agnósticos ou mesmo dos ateístas.

Bem, se existe qualquer força espiritual ou poder dirigido aos céus, além aquele relatado nesse Livro, acho que podemos passar sem ele. Na verdade, deve ser uma falsificação tão grande que estamos melhor sem ela. As Escrituras em sua própria esfera são como Deus no universo--Todo-suficiente. Nelas estão reveladas toda a luz e poder que a mente do homem pode precisar em relação às coisas espirituais. Ouvimos falar de outra força motriz além daquela encontrada nas Escrituras, mas cremos que tal força é um nada muito pretensioso. Um trem está descarrilado, ou incapaz de prosseguir por outro motivo, quando chega a turma do conserto. Trazem locomotivas para tirar o grande impedimento. A princípio parece que nada se mexe: a força da locomotiva não é suficiente. Escutem! Um garotinho tem uma idéia. Ele grita: "Pai, se eles não têm força suficiente, eu empresto meu cavalo de balanço para ajudá-los".

Ultimamente, recebemos a oferta de um considerável número de cavalos de balanço. Pelo que vejo, eles não têm conseguido muito, mas prometeram bastante. Temo que o efeito disso tenha sido mais maléfico que benéfico: eles já levaram pessoas a zombar e as retiraram dos lugares de culto que antes gostavam de freqüentar. Os novos brinquedos foram exibidos, e as pessoas, depois de olhá-los um pouco, foram adiante, à procura de outras lojas de brinquedos. Esses belos e novos nadas não lhes fizeram bem nenhum e nunca farão enquanto o mundo existir.

A Palavra de Deus é suficiente para atrair e abençoar a alma do homem ao longo dos tempos; mas as novidades logo fracassam. Alguém pode bradar: "Certamente, precisamos acrescentar nossos pensamentos a isso". Meu irmão, pense o que quiser, mas os pensamentos de Deus são melhores do que os seus. Você pode ter lindos pensamentos, como as árvores no outono soltam suas folhas, mas há alguém que sabe mais sobre seus pensamentos do que você e os julga de pouco valor. Não é verdade que está escrito: "O Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como são fúteis?" (Sl 94.11). Comparar nossos pensamentos aos grandes pensamentos de Deus, seria totalabsurdo. Você traria sua vela para mostrá-la ao sol? O seu nada para reabastecer o todo eterno? É melhor calar diante do Senhor, do que sonhar em complementar o que ele falou. A Palavra do Senhor está para a concepção dos homens como um pequeno jardim, para o deserto. Mantenha-se no escopo do livro sagrado e estará na terra que mana leite e mel; por que tentar lhe acrescentar as areias do deserto?
.
.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Conselho para vencedores

Jeremias também era homem como nós e, sentindo a pressão dos opositores, exasperou-se, e orou: “Justo és, ó SENHOR, quando entro contigo num pleito; contudo, falarei contigo dos teus juízos. Por que prospera o caminho dos perversos, e vivem em paz todos os que procedem perfidamente?” (12.1). Parece haver um consenso na literatura cristã – exceto com relação a alguns escritores pentecostais e carismáticos sempre acusados de terem um entendimento deformado quanto à fé – de que esse tipo de oração de queixa é digno de imitação. Os cristãos são encorajados a desabafar as suas frustrações diante de Deus, ainda que em tom questionador e acusatório. Isso é conselho de perdedores espirituais para perdedores espirituais, que buscam justificar essa atitude apelando aos profetas e aos salmos, mas deixam de mencionar como Deus reagiu a tal conduta.

Por exemplo, Asafe se perturbou com a prosperidade dos ímpios no Salmo 73, mas admitiu que estava errado, que seu pé quase resvalou, e que era néscio e ignorante e como um animal selvagem diante de Deus. Noutras palavras, ele jamais deveria ter falado do modo como falou. Mas se nem mesmo Asafe não teve desculpa, por que você acha que tem uma, já que se beneficia do Salmo 73 e muitos mais? Devemos apelar aos profetas e aos salmos para proibir tal tipo de atitude e de oração. Se você não pode dizer algo reverente a Deus, cale a boca e leia a resposta que ele já deu na Bíblia. Depois, comece a sua oração com arrependimento por causa da sua fé fraca e das suas emoções blasfemas.

Jeremias era um vencedor espiritual. Era esse o seu destino. E Deus não lhe permitiria pensar como perdedor – talvez permitisse a alguém como você. Por isso ele disse ao profeta: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?”. Noutras palavras, “Se agora você não aguenta e se agora tropeça, como terá êxito quando as coisas ficarem ainda mais difíceis?”. Esse é um conselho para vencedores espirituais, para alguém destinado à grandeza crescente no serviço de Deus.

Vincent Cheung

Extraído do texto Conselho para vencedores

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Deus e o mal

Logo, aquilo que chamamos de remanescente da natureza no ímpio e em Satanás não está menos sujeito, como criatura e obra de Deus, à onipotência e à ação divina do que todas as outras criaturas e obras de Deus. Assim, visto que Deus a tudo move e atua em tudo, também move necessariamente a Satanás e o ímpio e neles atua…

Aqui vês que quando Deus opera nos maus e por meio dos maus certamente o mal acontece, e contudo Deus não pode agir mal ainda que faça o mal por meio dos maus; pois, sendo ele próprio bom, não pode agir mal, mas faz uso de instrumentos maus que não podem escapar da apropriação e da manobra de sua potência. Portanto, o defeito está nos instrumentos aos quais Deus não permite ser ociosos; por isso, o mal acontece porque o próprio Deus o põe em movimento. É exatamente como se um carpinteiro cortasse mal com um machado cheio de rebarbas e dentado. Daí resulta que o ímpio não pode senão errar e pecar sempre, pois, movido pela apropriação da potência divina, não se lhe consente ser ocioso, mas quer, deseja e age de modo correspondente ao que ele é.

Lutero, Obras Selecionadas, vol. 4, p. 128

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O milagre do pensamento

É surpreendente como o Novo Testamento constantemente refere-se à depravação de uma pessoa mencionando a corrupção da mente. Em Efésios 4, Paulo descreve aqueles que estão fora de Cristo em uma sequencia de orações que dizem respeito às faculdades intelectuais de uma pessoa - “na futilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações”. (Efésios 4:17-18, itálicos meus).

Fora de Cristo, alguma coisa está desordenada na forma como pensamos. Essa grave condição de nossas mentes é contraposta pela transformação que ocorre na salvação de pecadores por Deus. Paulo chama isso de “renovação da mente” e ele ora pelos seus efeitos. (Rom. 12:1-2; Ef. 4:23; Col. 3:10; cf. Ef. 5:10; Fil 1:9-11; Col. 1:9; Slm 6).

As implicações são gloriosas. Eu creio que o que isso significa, no nível mais básico, é que o ato de pensar é uma questão de uma vida transformada pelo Evangelho. Pensar corretamente não tem a ver com talento intelectual. O problema de uma pessoa com a desordem em seu pensamento não é o seu QI, mas sim o seu afastamento do seu Criador.

O ato de pensar e a teologia – pensar a respeito de Deus – é totalmente miraculoso. Para que isso acontecesse Jesus levou nossos pecados em seu corpo na cruz. A menor recepção em nossas mentes da verdade de Deus é miraculosa o suficiente para nos deixar desnorteados e intoxicados pela graça até ficarmos sem palavras. O que você tem que não tenha sido dado? O que você sabe que não tenha sido comprado pelo sangue de Cristo?

Jonathan Parnell

Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Original: http://readingtowalk.com/2010/07/16/the-miracle-of-thinking/

O que é graça?

Da Cova Para O Trono - A Graça de Deus na vida de JoséO que é graça? Conforme os dicionários, graça é um favor imerecido. No entanto, ao estudarmos o assunto na Palavra, ao experimentarmos em nossas vidas, percebemos que a graça de Deus é algo vivo, dinâmico e que nos conduz e motiva para a plena realização de sua vontade.

Não é algo que nos tira a responsabilidade de andar na lei de Deus, mas nos dá a força necessária para cumpri-la com gozo e satisfação.

A contradição entre graça e lei não existe. Não é uma coisa ou outra. A graça nos fortalece e capacita para cumprirmos a lei de Deus. O que é impossível ao homem sem a graça do Senhor, é possível na manifestação do amor de Deus derramado por sua graça.

A graça de Deus nos abre os olhos para uma vida mais santa e nos capacita a vive-la.

Quando o Senhor Jesus nos deu mandamentos Ele sabia de antemão que não poderíamos cumpri-los por nossa própria força; então Ele enviou o Espírito da Graça para que pudéssemos andar exatamente como Ele queria.

Jamê Nobre
Da Cova Para O Trono: A graça de Deus na vida de José, pág. 16.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sobre Freud

Enquanto o homem enxergar a culpa como um problema da ciência e não da religião, a influência de Sigmund Freud permanecerá impregnada na mente do homem moderno. Freud foi um arquiteto da mente moderna – um construtor profano – como Marx e Darwin. Ele foi também um inimigo da religião – especificamente da Bíblia e dos seus padrões absolutos. Ele cria que o teísmo bíblico era a “ilusão” que compunha o problema de culpa central do homem. Freud queria que o homem aceitasse seu predicamento moral sem referência ao pecado.

A motivação de Freud para a psicanálise foi a remoção da culpa em prol da autoaceitação. Ele postulou que o predicamento moral do homem era inescapável e a culpa inevitável, a menos que o homem pudesse chegar a um acordo com a sua prisão moral. Essa ideologia gerou a nova moralidade dos nossos tempos, em que tanto o homossexual como o cristão devem aceitar e abraçar um estilo de vida imoral. O fato de o homossexual condenar a si mesmo é chamado agora de doença mental, e o de alguém condenar o homossexual, de prova de doença mental.

Essa é uma ética destrutiva, consistente com o fato de Freud ver a si mesmo como um destruidor. Seu propósito era dissociar a culpa do pecado, tornando-a um problema da ciência e não da fé. Por meio dessa revisão Freud esperava destruir a religião.

Mas a remoção da influência religiosa cristã leva apenas à tirania, à medida que o Deus cristão é substituído pelo governo ditatorial da elite científica. O Totalitarismo assume o lugar do Deus Trino à proporção que os governantes científicos buscam controlar cada faceta da vida. A terapia de Freud era socialismo científico: um sincretismo das agendas científicas e políticas do homem moderno.

Essa análise de um dos personagens mais insidiosos da história fornecerá discernimento para o ataque moderno que busca abolir o cristianismo e o pensamento bíblico.

Rushdoony, em Freud

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Seja maldito!

(sermonete)


Se alguém não ama o Senhor, seja maldito! Vocês me ouviram. Se alguém não ama o Senhor independentemente da razão, por não ser cristão, ou por ser alguém que se diz cristão, mas não ama o Senhor — não sendo de fato cristão — seja maldito! Esta é minha teologia. Esta é minha declaração de fé. E esta é minha mensagem para vocês hoje.

Neste exato momento, vocês podem não estar se agradando muito de mim. Imaginem quantos líderes cristãos, pregadores, teólogos, igrejas, seminários, denominações, pais, mestres, políticos e pessoas de todas as esferas da vida denunciariam a mim por esta declaração e atitude completamente anticristãs? Quantas pessoas pegariam a Bíblia para citar passagens contra mim? Quanta gente reclamaria que minha fé é completamente contrária à religião de Jesus Cristo e seus apóstolos?

E isto me diria quantas pessoas se encontram longe de Deus e do contato com a fé cristã, pois estou apenas repetindo o que Paulo diz em 1 Coríntios 16.22. Na verdade, o versículo 21 indica que ele pegou a pena do amanuense para poder escrever esta declaração de próprio punho: “Cumprimento da minha mão, de Paulo. Se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja maldito”. Eu, Vincent Cheung, também ponho meu nome nessa declaração. Ela conta com meu endosso pleno. Meu desafio a vocês é se vocês pegarão a pena e assinarão seu nome nela. Ou a fé cristãs não é “cristãs” o suficiente para vocês?

Mesmo sendo a fé cristã a revelação do amor de Deus aos pecadores, sua preocupação principal é sempre a honra de Deus e não o bem-estar e consolo dos homens. Tão logo se reverta essa situação, o cristianismo deixa de existir. Minha declaração inicial é um teste da religião autêntica, um teste de ortodoxia e reverência. E todos os que a rejeitarem ou me criticarem por pronunciá-la são os que falharão no teste.

Se vocês ficaram ofendidos ou envergonhados com essa declaração, se chegaram apensar que não sou cristão por causa dela, e que ela se opõe de forma total ao espírito de Cristo, então há algo muito, mas muito errado com vocês. Vocês estão fora de contato com o que é a fé cristã de verdade, e o que ela ensina de fato. Estão vocês desalinhados como o espírito de Cristo e a religião do Novo Testamento.

No período em que a maior parte da igreja se ocupa com os assuntos dos homens e não com os assuntos de Deus, esta é a única forma de traçar a linha da fé e esclarecê-la. Sim, Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê seja salvo. Sim, quem ama o Filho ama também o Pai, e eles farão nessa pessoa sua morada. Contudo, caso sejamos cristãos também diremos: se alguém não ama o Senhor Jesus Cristo, seja maldito!

Vincent Cheung

Traduzido por Rogério Portella

Artigo original em: http://www.vincentcheung.com/2010/06/26/let-him-be-anathema/

segunda-feira, 12 de julho de 2010

"Jesus nunca escreveu um livro", dizem...

Caso eu assinalasse que a longevidade das ideias escritas tende a ser maior do que aquelas meramente faladas, alguns invariavelmente objetariam que Jesus nunca escreveu um livro. Essa ideia é repetida com frequência, normalmente no contexto de tentar demonstrar quão influente é Jesus, a despeito de nada ter escrito. Mas é estarrecedor como tal argumento pode ser feito por gente que leu os quatro evangelhos e as cartas de Paulo, onde a vida, as palavras e as ideias de Cristo foram registradas na forma escrita. É irrelevante se Cristo mesmo escreveu algo — a questão é: Qual seria o status do cristianismo hoje, se o Novo Testamento nunca tivesse sido escrito?

Vincent Cheung, em O Ministério da Palavra

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um pouco sobre a vida de Vincent Cheung


O texto que segue é um email enviado pelo Felipe Sabino ao Vincent Cheung - encaminhando algumas indagações de uma pessoa a respeito da vida do autor - com sua respectiva resposta. O email é de abril de 2009.


_____

Indagações de um leitor de Vincent Cheung: Encontrei um material que dá mais pistas sobre a vida do misterioso (mas, é claro, muito estimado) Vincent Cheung.

Lendo o livro Doutrina e Obediência, deparei-me com um capítulo intitulado “De graça recebeste, de graça dai”, onde Cheung explica:

Mas outra razão pela qual tenho sido bem-sucedido em meus estudos é porque, na sua providência, Deus tem providenciado para mim os meios e as oportunidades para adquirir uma abundância de recursos intelectuais. Isso é pertinente para a nossa presente discussão.

Minha biblioteca particular inclui algumas centenas de teologias sistemáticas, as coleções completas ou quase completas de Calvino, Owen, Edwards, Clark, Schaeffer, Warfield, Spurgeon e muitos outros teólogos e pregadores; inclui quase todos os comentários bíblicos proeminentes, clássicos e contemporâneos; as obras completas de Platão, Aristóteles e outras obras importantes de filosofia; as obras dos pais da igreja primitiva, várias coleções de enciclopédias, vários livros obscuros e muitos outros escritos.

Tudo isso somado dá por volta de 15.000 (quinze mil) volumes. Isso não inclui o material que tenho em formato eletrônico, revistas de teologia, e palestras e sermões em áudio. Provavelmente, algumas pessoas têm mais do que eu tenho, mas duvido que a maioria das bibliotecas particulares tenha um décimo do que isso.
Ok, esse cara tem apenas 32 anos de idade – um ano mais velho que eu! O que suscita a pergunta: onde ele consegue dinheiro para ter tantos livros? E esses tipos de livro são bem caros! Ter a obra completa de Calvino (todos os livros em capa dura) custa milhares de dólares. Coleções de enciclopédias (não em CD ROMS) também custam milhares de dólares cada coleção.

Se ele tem apenas 32 anos, quando ele teria tido a oportunidade de trabalhar em um emprego para ter renda passiva [1] que o sustente e permita que ele compre esse livros? Sua renda deve ser passiva, porque o seu ministério é de tempo integral, então ele não trabalha em um emprego normal (Acho que ele já mencionou isso anteriormente). Ele não recebe nada do seu ministério, porque é tudo de graça. E eu não acho que ele poderia ter tido um emprego nos seus vinte anos porque ele estava lendo demais e já escrevia coisas para o seu ministério. Uma profissão geralmente toma muito tempo de uma pessoa.

Então, a única conclusão a que consigo chegar é que seus pais devem ser ricos e podem ter dado a ele dinheiro ou ele pode ter herdado isso. Caso contrário, não vejo como ele pode fazer tudo isso.

Resposta de Vincent Cheung:

Isso é engraçado. Mas eu não me importo em responder.

Desde aquele tempo minha biblioteca cresceu para mais de 30.000 (trinta mil) volumes. Agora eu aluguei uma sala perto de casa apenas para guardar os livros. Mas a sala não é nem de perto grande o suficiente para guardá-los em prateleiras como em uma biblioteca, então eles precisam ficar em caixas. Algumas vezes leva quase uma semana para encontrar um livro que eu quero.

Sim, meus pais são ricos se comparados a muita gente. Eles possuem vários apartamentos e dirigem Mercedes, Porsche, etc. Meu irmão mais velho trabalha para um banco e tem um enorme salário. Eu poderia ter seguido um caminho similar, e é mais do que provável que estaria recebendo um salário de seis dígitos hoje. Mas deixei esse caminho quando Deus me converteu e me chamou para o ministério, sendo que as duas coisas me vieram no mesmo dia. Contudo, nunca considerei aquele caminho muito atrativo. De fato, eu estava perdido quanto ao que faria da minha vida, apesar de que o que se esperava de mim era muito claro. Agora percebo que Deus tinha algo a mais para mim desde o começo. Assim, comecei o ministério no colégio, no ensino médio, e nunca trabalhei por um salário em toda a minha vida, apesar de já ter trabalhado sem ser pago em cozinhas, em distribuições de correspondências, etc. Não me importo em trabalhar, de forma alguma.

No entanto, o dinheiro para os meus livros e ministério não vem de meus pais. Durante os anos em que eu estava no colégio e na universidade, eu distribuía de graça centenas de fitas com sermões a cada ano (hoje as pessoas não usam fitas). Eu pagava por tempo na rádio, tanto em estação de ondas curtas como em uma estação forte em Boston. Quando comecei com a impressão de livros, eu os distribuía de graça também. É verdade que minha renda não vem da venda de produtos, mas eu tenho uma renda – ela vem de doações voluntárias de pessoas que apreciam o meu trabalho. Algumas vezes, essa doação pode ser substanciosa. No colégio, uma senhora sozinha me dava $2000 USD todo mês. Eu não pedi por isso, e não peço dinheiro. Eu já rejeitei dinheiro antes, e tenho enviado o dinheiro de volta quando eu acho que, por alguma razão, não devo aceitar o dinheiro da pessoa naquele momento. Algumas vezes, quando algumas pessoas quiseram me mandar uma grande quantia de dinheiro, eu pedi a elas para que reconsiderassem e pensassem a respeito do que estavam fazendo, e aceitei apenas quando fiquei satisfeito que elas tivessem feito isso. Parafraseando Abraão, que nenhum homem diga que enriqueceu a Vincent Cheung.

No entanto, passei por perigo várias vezes. Minha conta bancária chegou abaixo de $2000 USD por diversas vezes, e algumas vezes abaixo de $1000. Para algumas pessoas isso talvez não seja ruim. Mas lembre-se que eu não recebo salário e por isso não há nenhuma renda a se esperar – nunca esperei por uma renda em minha vida. Não há nenhuma promessa de renda para mim agora, nesta semana ou no próximo mês. Até agora, ainda não há nenhuma organização para a qual eu trabalho como um empregado e que me pagará um salário, visto que eu detenho e sustento tudo o que eu opero. Se o dinheiro se esgota, minhas contas ainda permanecem lá. Com todas as despesas, e lembrem-se que eu vivo em Boston, um lugar bem caro para se viver, o dinheiro pode acabar de 2 a 6 semanas. Mas, cada vez, Deus move o coração de alguém para me enviar uma oferta, e nunca me faltou nada. Por um lado, nunca fui de desperdiçar. Por outro, nunca precisei baixar meu padrão de vida quando o dinheiro era pouco. Como minha esposa pode testificar, conhecendo-me por tantos anos, eu nunca nem mesmo vacilei quando o dinheiro era quase zero. Continuei agindo e gastando normalmente. Apesar de eu não ser contra adaptações quando necessárias, isso nunca foi preciso. Ele é aquele que me chamou para dedicar minha vida inteira ao ministério. Então, como Abraão disse: “O Senhor proverá”. Se ele permitir que eu passe fome até morrer, isso significará apenas que meu trabalho estará terminado e eu posso ir para casa para estar com o Senhor.

Sinta-se livre para enviar esse email para o irmão curioso. Espero que isso o encoraje – o mesmo Deus que mandou maná para o seu povo, o mesmo Deus que alimentou o profeta Elias, é o mesmo Deus que suprirá todas as nossas necessidades de acordo com suas riquezas em glória por meio de Cristo Jesus. E porque Deus é a nossa fonte, nós podemos perdoar, ser generosos, e ser corajosos na obra do Senhor.


Vincent Cheung

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral


_________________


[1] N do. T:. Por exemplo: imóveis que pudessem render algum dinheiro.




quarta-feira, 7 de julho de 2010

O homem pode ser salvo se ele quiser

"O homem pode ser salvo se ele quiser", diz o arminiano. Nós lhe respondemos, "Meu caro senhor, nós todos cremos nisso; mas essa é que é a dificuldade - se ele quiser."

A.W. Pink

terça-feira, 6 de julho de 2010

De Mim Procede o Teu Fruto

Texto base: Oséias 14.8


Nosso fruto procede de nossa união com Deus. O fruto do galho tem sua origem diretamente vinculada à raiz. Quando cortamos a ligação do galho, este morre e não produz nenhum fruto. Pela virtude de nossa união com Cristo, produzimos fruto. Todo cacho de uvas esteve primeiramente na raiz. Passou pelo tronco, seguiu pelos vasos de seiva, moldando-se exteriormente em um fruto. De modo semelhante, toda boa obra do crente estava primeiramente em Cristo e, posteriormente, foi produzida em nós.


Crente, valorize esta preciosa união com Cristo, visto que ela tem de ser a fonte de toda fertilidade que você espera conhecer. Nosso fruto vem das providências espirituais de Deus. Quando as gotas de orvalho caem do céu; quando lá de cima as nuvens olham para baixo e estão quase destilando seu tesouro líquido, quando o sol brilhante faz crescer os frutos do cacho, cada bênção celeste pode sussurrar para a árvore: “De mim procede o teu fruto”... Oh! quanto devemos à providência e à graça de Deus! Constantemente, Ele nos dá ânimo, ensino, consolação,fortalecimento e tudo o que necessitamos. Disso resulta toda a nossa utilidade e eficácia.


Por C. H. Spurgeon


Extraído do livro Leituras Diárias, Vol. 2, Editora Fiel

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Não existe sinergismo real

O que segue é uma pergunta que fiz a Vincent Cheung e sua respectiva resposta. A tradução ficou por conta do irmão Rogério Portella.

Pergunta: Em sua Teologia Sistemática você afirma que a santificação é sinergística, pois nós cooperamos com Deus, ainda que ele seja a causa de nossos atos, a causa de nossas boas obras. Nesse sentido, porém, não podemos dizer que a conversão também é sinergística? Não estou falando a respeito da regeneração ou da justificação, mas a respeito do ato de crer. Pois, ainda que Deus seja o autor e a causa da nossa fé, nós a exercitamos, como na santificação. Não seria melhor dizer que mesmo nossa santificação é monergística?

Resposta: Usemos o xadrez como analogia. Todas as têm suas limitações, mas conquanto nos concentremos na ilustração provida pela analogia, ela poderá ser útil.

Existem dois “níveis” de realidade no jogo de xadrez: 1) As ações dos jogadores, e 2) As relações entre as peças de xadrez. Se falarmos a respeito do nível 2, então “cavalo captura peão” faz sentido. Todavia, quando o dizemos, com certeza não afirmamos que o cavalo move a si mesmo e remove o peão do tabuleiro. Presumimos que o cavalo não possui o poder inerente de mover-se, e que o jogador causou o movimento. Contudo, enquanto falamos sobre o que ocorre no nível 2, não é preciso mencionar o jogador, ainda que ele seja necessário para compor o quadro todo. No entanto, assim que o tópico é alterado para o nível 1, a fim de debater a causa, então “cavalo captura peão” não faz nenhum sentido como descrição da causa, por não ser uma descrição da causa. Deve-se falar a respeito do jogador.

Agora para aplicar essa analogia ao nosso tópico, acresçamos umas poucas coisas ao jogo de xadrez: A) Suponha que as peças de xadrez sejam de fato sensíveis — seres inteligentes com percepção, processos reflexivos e sentimentos. B) Suponha que qualquer coisa que ocorra no tabuleiro, qualquer ação associada às peças de xadrez, deva ser causada por completo pelo jogador. Isso inclui os pensamentos e os sentimentos das peças de xadrez. C) Suponha que algumas ações realizadas pelo jogador nas peças de xadrez envolvam a percepção das peças de xadrez, e outras ações não.

Admitindo-se B, é concebível que não nos interessemos pela distinção dos dois tipos de ações em C. Supondo, porém, que nos interessemos em fazer a distinção, então poderemos chamar o primeiro tipo C1, e o segundo tipo C2.

Estamos prontos agora para aplicar a distinção ao tópico da soberania e salvação pertencentes a Deus.

Se o tópico for metafísica, ou causação, então termos como “sinergismo” e “causa secundária” não fazem sentido. São desprovidos de significado e inúteis. Quando o tópico principal é a soberania divina, fala-se de fato sobre metafísica, sobre causação. Isso significa que eu me oponho à doutrina tradicional sobre a questão. É absurdo dizer que a soberania divina não suprime “a liberdade ou contingência das causas secundárias”, ou o contrário: que a estabelece. É evidente que a liberdade e a contingência são suprimidas. Elas, e a própria ideia das causas secundárias, são completamente destruídas e perdem seu significado.

Se o tópico disser respeito às relações entre os objetos criados, então o termo “causa secundária” ainda não fará sentido, pois se a discussão estiver limitada a esse nível, a “causa” de fato não será “secundária,” e o que é “secundário” não constituirá a “causa”. Poucas vezes (ou de forma mais exata, raramente) uso o termo para acomodá-lo à tradição (para que as pessoas saibam do que estou tratando, ainda que o termo por si só seja sem sentido... Assim fico pensando se alguém sabe do que estamos falando…) — à qual não tento eliminar por completo, ainda que fosse difícil alguém me acusar se eu tentasse fazê-lo. Seja como for, normalmente estabeleço as qualificações para evitar a confusão excessiva.

Meu uso do termo “sinergismo” também serve para a acomodação à tradição. Deve existir alguma forma de distinguir C1 de C2. Todas as coisas são causadas por Deus; no entanto, a eleição e a justificação, por exemplo, não estão associadas a qualquer percepção ou sensação no homem, ao passo que a santificação — como a resistência à tentação, ou mesmo mover os lábios para orar — envolvem certo esforço consciente, alguma percepção e sensação do ser humano. (Note que também uso na Teologia sistemática a consciência do esforço como motivo para distinguir a santificação.) Em C2, até o esforço e a percepção são causados de forma direta por Deus, de tal forma que em sentido metafísico, o homem de fato não contribui nem coopera — as criaturas jamais contribuem ou cooperam em sentido metafísico, apenas em sentido relacional.

Assim se assegura alguma forma de distinção entre justificação e santificação. Não obstante, sua pergunta suscita a questão se o sinergismo é o melhor termo para descrever essa distinção, pois a ideia de “energia” está envolvida, e o homem de fato não contribui com qualquer energia inerente para cooperar com Deus. Mesmo a “energia” depositada no homem deve ser posta em movimento por Deus para exercer sua função. Na santificação, Deus faz o homem cooperar com os preceitos divinos enquanto gera a percepção do esforço nele.

Com relação à necessidade da distinção entre conversão e santificação, percebo seu ponto, mas a distinção deve ser feita. Isso acontece porque na santificação (p.ex. quando alguém resiste à tentação), a pessoa já conta com a fé, entretanto, quando a pessoa é convertida, ela recebe a fé — não há nenhum esforço espiritualmente benéfico no ato de recebê-la. Pode-se afirmar, nos termos da causação, que não há diferença — todas as coisas são causadas de forma direta e única por Deus. No entanto, existe uma diferença nos termos da relação entre os seres criados. Na santificação, Deus já instilou a disposição benevolente no homem, e lhe faz ter consciência dos próprios esforços.

O ponto de partida é a inexistência de sinergismo real em qualquer ação empreendida pelas criaturas; no entanto, caso precisemos de uma palavra para assinalar a distinção entre os dois tipos de acontecimentos causados por Deus — um sem a percepção humana, o outro com a percepção humana — então “sinergismo” é uma opção, ainda que seja indiscutivelmente imperfeita e enganosa.

Vincent Cheung

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A imutabilidade de Deus não é abalada pelo fato de Suas promessas e ameaças não serem sempre cumpridas

A imutabilidade de Deus não é abalada pelo fato de Suas promessas e ameaças não serem sempre cumpridas. Pois, deve-se notar que todas as promessas são absolutas ou condicionais. Das promessas absolutas ou incondicionais não encontramos ocasião quando não foram cumpridas. Em todos os casos onde Deus não fez o que prometera, uma condição é expressa ou implicada. Veja Jeremias 18:8; 9-10. Deus prometeu habitar em Sião, em Jerusalém, no templo, e lá estaria eternamente. (Salmo 132:13, 19), e o povo de Israel habitaria na terra prometida e comeria dela; entretanto foi dito também que eles deveriam obedecer a Deus, continuar em Seu serviço e adoração guardando Suas leis e ordenanças. Isaías 1:19. Mas Israel falhou da sua parte. Deus se afastou deles e deixou que fossem levados cativos. Houve mudança na dispensação, mas não em Sua vontade. Ele ameaçou os ninivitas de destruí-los em quarenta dias, se não se arrependessem. Eles se arrependeram e foram salvos da destruição. Deus Se arrependeu de Sua ameaça; mudou Sua conduta aparente para com eles, mas não Sua vontade; pois o arrependimento e o escape estavam de acordo com Sua imutável vontade. Jonas 3:4,10. No caso de Ezequias, a declaração exterior ordenada a ele, era que morreria, o que teria acontecido logo devido a doença, mas o segredo de Deus era que ele deveria viver mais quinze anos, como de fato sucedeu. Tal acontecimento não indica contradição ou mudança. A declaração exterior foi feita para humilhar a Ezequias e fazê-lo orar, fazendo assim com que a imutável vontade de Deus fosse efetuada.

Dr. John Gill

  ©Orthodoxia desde 2006

TOPO