quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Crer ou não Crer

A fé é feita de tal modo que aquele que crê em outro acredita nele porque o julga homem justo e verdadeiro, o que constitui a maior honra que um homem possa prestar a outro, como, ao contrário, a mais grave injúria é julgá-lo fingido, mentiroso, desprovido de escrúpulos. Assim também, quando a alma crê firmemente na palavra de Deus, ela o tem por verdadeiro, justo e correto e lhe presta por isso a maior honra que possa lhe prestar, pois lhe dá então razão, reconhece que Ele tem razão, honra Seu nome e o deixa agir nela como melhor ele entender, porquanto não duvida de que Ele seja justo e verdadeiro em todas as Suas Palavras. Pelo contrário, não se pode fazer maior afronta a Deus do que não crer nele; agindo desse modo, a alma o julga como um ser em quem não pode confiar, como um mentiroso sem escrúpulos e, no que lhe toca, renega a Deus por semelhante falta de fé e, em seu coração, levanta diante de Deus, como um ídolo, sua própria razão, como se pretendesse ser mais sábia que ele. Quando Deus vê que a alma reconhece sua veracidade e o honra com sua fé, em contrapartida ele a honra e a julga justa e verdadeira e ela é tão justa e verdadeira por causa dessa fé, pois, é conforme a verdade e justo reconhecer em Deus o espírito de verdade e de justiça, e isso torna justo e verdadeiro, porquanto é verdadeiro e justo reconhecer em Deus o espírito de verdade. É o que não fazem aqueles que não crêem, mesmo quando se multiplicam e se desdobram em boas obras.
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Martinho Lutero, A liberdade do Cristão. Editora Escala, pg. 27

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