sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A desobediência fatal de Adão e a obediência triunfante de Cristo - John Piper

Romanos 5:12-21


12 Concluindo, da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram. 13 Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei. 14 No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era uma prefiguração [um tipo, ou figura]1 daquele que haveria de vir. 15 Contudo, não há comparação entre o dom gratuito e a transgressão. Pois, se muitos morreram por causa da desobediência de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões! 16 Por isso, não se pode comparar a graça de Deus com a conseqüência do pecado de um só homem; porquanto, o julgamento derivou de uma só ofensa que resultou em condenação, mas o dom gratuito veio de muitas transgressões e trouxe a justificação. 17 Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!18 Portanto, assim como uma só transgressão determinou na condenação de todos os seres humanos, assim igual-mente um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. 19 Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem, muitos serão feitos justos. 20 A Lei foi instituída para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, 21 para que, assim como o pecado reinou na morte, assim também reine a graça pela justiça para outorgar vida eterna,por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.

Jesus é Supremo

Um dos objetivos desta série é o de incutir em nossas mentes o fato de que Jesus Cristo é a pessoa mais importante no universo – não mais importante do que Deus Pai ou Deus Espírito. Com Eles, Ele é igual em dignidade, beleza, justiça, amor e poder. Mas Ele é mais importante do que todas as outras pessoas – sejam anjos, demônios, reis, comandantes, cientistas, artistas, filósofos, atletas, músicos ou atores –, aqueles que vivem agora, ou que já viveram, ou que viverão. Jesus Cristo é supremo.


Todas as coisas para Jesus – mesmo o mal


Esta série também pretende mostrar que tudo o que existe – incluindo o mal – é ordenado por um Deus infinitamente santo e todo-sábio para fazer a glória de Cristo brilhar mais claramente. Alguns de nós acabaram de ler nesta semana, em nosso plano de leitura bíblica, Provérbios 16:4: “O Senhor fez todas as coisas para os seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal”. Deus fez isso em seu próprio modo misterioso, que preserva a responsabilidade do ímpio e a impecabilidade de Seu próprio coração. Há duas semanas atrás, nós vimos que toda as coisas foram feitas por Cristo e
para Cristo (Colossenses 1:16). E isso inclui, Paulo diz, “sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades”, que foram derrotados por Cristo na cruz. Eles foram feitos “para o dia do mal”. E naquele dia o poder, justiça, ira e amor de Cristo serão exibidos. Mais cedo ou mais tarde, toda rebelião contra ele virá à ruína.

O Deus que está ali

Esta série também tem como objetivo solidificar a convicção de que o Cristianismo não é apenas um conjunto de idéias, práticas e sentimentos designados para o nosso bem-estar psicológico - seja designado por Deus ou pelo homem. O Cristianismo não consiste disso. O Cristianismo começa com a convicção de que Deus é uma realidade objetiva fora de nós mesmos. Como Francis Schaefer disse, ele é o
Deus que está ali. Nós não O fizemos. Ele nos fez. Nós não decidimos como Ele será. Ele decide como nós seremos. Ele criou o universo, e este tem o sentido que Ele deu a ele, não o sentido que nós demos. Se nós dermos um sentido diferente do dEle, nós somos tolos. E nossas vidas serão trágicas, no fim. O Cristianismo não é um jogo; não é uma terapia. Tudo das suas doutrinas flui do que Deus é do que Ele tem feito na história. Elas correspondem à realidade crua. Cristianismo é mais do que fatos. Há fé, esperança e amor. Mas essas coisas não flutuam no ar. Elas crescem como grandes cedros na rocha da verdade de Deus. E a razão de eu ter feito esse um de nossos objetivos nesta série é porque estou profundamente convencido pela Bíblia de que a alegria, a força e a santidade eterna de vocês depende da solidez dessa cosmovisão, colocando algumas fibras fortes na espinha dorsal da fé de vocês. Cosmovisões fracas produzem cristãos fracos, e cristãos fracos não sobreviverão aos dias que virão. O emocionalismo sem raiz, que trata o Cristianismo como uma opção terapêutica, será varrido para longe nos Últimos Dias. Os que sobreviverão serão aqueles que têm construído suas casas na rocha da grande e objetiva verdade, tendo Jesus Cristo como a origem, centro e finalidade de tudo.

A glória de Jesus planejada no pecado de Adão


O foco, hoje, é no pecado espetacular do primeiro homem, Adão, e como ele preparou o terreno para o contraste mais espetacular de Jesus Cristo. Vamos retornar a Romanos 5:12-21. No verão de 2000, passamos cinco semanas nesses versículos. Hoje o foco será diferente de tudo o que vimos naquelas semanas. Quero que foquemos na glória de Cristo como o principal propósito que Deus tinha em mente quando planejou e permitiu o pecado de Adão, e, com ele, a queda de toda humanidade em pecado. Lembrem do que eu disse semana passada: o que quer que Deus permita, Ele permite por uma razão. E suas razões são sempre infinitamente sábias e propositadas. Ele não precisava deixar a Queda acontecer. Ele poderia tê-la impedido, assim como poderia ter impedido a queda de Satanás (como vimos na semana passada). O fato de Ele não ter impedido isso significa que Ele tem uma razão, um propósito para isso. E Ele não ajusta os seus planos à medida que prossegue. O que Ele entende como sendo sábio, Ele sempre entendeu como sendo sábio. Portanto, o pecado de Adão e a queda da raça humana com ele em pecado e miséria não pegaram Deus desprevenido, e isso é parte de Seu amplo plano para demonstrar a plenitude da glória de Jesus Cristo. Um dos jeitos mais fáceis de mostrar isso a partir da Bíblia – e nós não entraremos em detalhes aqui – é olhar para os lugares onde é demonstrado que o sacrifício de Cristo que destruiu o pecado estava na mente de Deus antes da criação do mundo. (Para mais detalhes, veja a mensagem "O sofrimento de Cristo e a soberania de Deus"). Por exemplo, em Apocalipse 13:8, João escreve a respeito de “todos aqueles cujos nomes não estavam escritos antes da fundação do mundo no livro da vida do Cordeiro imolado”(ESV). Então, existia um livro antes da fundação do mundo chamado “livro da vida do Cordeiro imolado”. Antes de o mundo ter sido criado, Deus já tinha planejado que seu Filho seria imolado como um Cordeiro para salvar todos aqueles que estavam escritos no livro. Nós poderíamos ir para outros numerosos textos como esse (Efésios 1:4-5; 2 Timóteo 1:9; Tito 1:1-2; 1 Pedro 1:20) para ver que o sofrimento e a morte de Cristo pelo pecado não foram planejado após o pecado de Adão, mas antes. Assim, quando o pecado de Adão aconteceu, Deus não se surpreendeu com aquilo, mas já tinha feito isso parte de Seu plano – qual seja, um plano para demonstrar sua maravilhosa paciência, graça, justiça e ira na história da redenção, e, então, climaticamente, revelar a grandeza de Seu Filho como o segundo Adão, superior ao primeiro Adão em todos os aspectos. Então, olhamos para Romanos 5:12-21, desta vez tendo em mente que o pecado espetacular de Adão não frustrou os propósitos de Deus de exaltar a Cristo, mas, ao contrário, serviu a eles. Aqui está a forma como olharemos esses versículos. Existem cinco referências explícitas a Cristo. Uma delas estabelece a forma como Paulo está pensando sobre Cristo e Adão. E o resto mostra como Cristo é maior do que Adão. Duas delas são tão similares que as veremos em conjunto. O que significa que olharemos para três aspectos da superioridade de Cristo.

Jesus, “O que havia de vir”


Primeiro vamos olhar como Cristo é referido no versículo 14 e ler os versículos 12-13 pra contextualizar: “Concluindo, da mesma forma como o pecado ingressou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte foi legada a todos os seres humanos, porquanto todos pecaram. 13 Porque antes de ser promulgada a Lei, o pecado já estava no mundo; todavia, o pecado não é levado em conta quando não existe a lei. 14 No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era um tipo daquele que havia de vir.”. Aí está a referência a Cristo: “aquele que havia de vir”. O versículo 14 estabelece a forma como Paulo está pensando no resto da passagem. Adão é chamado de “tipo” daquele que havia de vir, isto é, um tipo de Cristo. Perceba a coisa mais óbvia antes: Cristo “havia de vir”. Desde o começo, Cristo era “o que havia de vir”. Paulo mostra que Cristo não foi uma idéia posterior2. Paulo não diz que Cristo foi concebido como uma cópia de Adão; ele diz que Adão era um tipo de Cristo. Deus lidou com Adão de um jeito que faria dele um tipo da forma com que Ele planejou glorificar Seu Filho. Um tipo é uma prefiguração de algo que virá mais tarde e que será como o tipo – apenas maior. Então, Deus lidou com Adão de um jeito que faria dele um tipo de Cristo. Agora, perceba mais atentamente justamente onde, na fluência de seu pensamento, Paulo escolhe dizer que Adão é um tipo de Cristo. versículo 14: “No entanto, a morte reinou desde a época de Adão até os dias de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à desobediência de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir.” Ele escolhe nos dizer que Adão é um tipo de Cristo logo após dizer que mesmo as pessoas que não pecaram da forma como ele pecou arcam com a culpa com que Adão arcou. Por que Paulo, justamente neste ponto, diz que Adão era um tipo de Cristo?

Jesus, nosso cabeça representativo Porque o que ele tinha acabado de dizer vai na essência de como Cristo e Adão são semelhantes e diferentes. Aqui está o paralelo: pessoas cuja transgressão não foi como a de Adão morreram com Adão. Por quê? Porque eles estavam conectados a Adão. Ele era o cabeça representativo da humanidade, e o seu pecado é contado como o pecado da humanidade, por causa de sua conexão com ele. Essa é a essência do porquê de Adão ser chamado um tipo de Cristo – porque a nossa obediência não é como a obediência de Cristo e, mesmo assim, nós temos vida eterna com Cristo. Por quê? Porque nós estamos conectados com Cristo pela fé. Ele é o cabeça representativo da nova humanidade e Sua justiça é contada como nossa justiça por causa da nossa conexão com Ele (cf. Romanos 6:5). Aqui está o paralelo implicado em se dizer que Adão é um tipo de Cristo:

Adão > pecado de Adão > humanidade condenada nele > morte eterna

Cristo > justiça de Cristo > nova humanidade justificada nele > vida eterna
O resto da passagem revela o quão maior Cristo e seu trabalho e sua obra salvífica são do que Adão e sua obra destrutiva. Mantenha em mente o que eu disse no começo. O que estamos dizendo aqui é a revelação de Deus de realidades que definem o mundo em que cada pessoa neste planeta vive. Todos neste planeta estão incluídos neste texto, porque Adão foi o Pai de todos. Assim, cada pessoa que você encontrar na América, ou em qualquer outro país de qualquer etnia, está encarando o que esse texto fala. Morte em Adão ou vida em Cristo. Esse é um texto global. Não esqueça isso. Essa é a realidade definidora para cada pessoa que você vai encontrar. Cosmovisões fracas produzem cristãos fracos. Esta não é uma cosmovisão fraca. Ela se estende sobre toda a história e sobre toda a terra. Ela afeta profundamente cada pessoa no mundo e cada manchete na internet.

Celebrando a superioridade de Jesus

Agora vamos olhar para as três formas com que Paulo celebra a superioridade de Cristo e da Sua obra sobre Adão e sua obra. Elas podem ser resumidas em três frases: 1) a abundância da graça, 2) a perfeição da obediência, e 3) o reino da vida.

1) A abundância da Graça


Primeiro, o versículo 15 e a abundância da graça. “Contudo, não há comparação entre o dom gratuito e a transgressão. Pois, se muitos morreram por causa da desobediência de um só, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões”. O ponto aqui é que a graça de Deus é mais poderosa do que a transgressão de Adão. É isso o que as palavras “muito mais” significam: “muito mais a graça de Deus... transbordou para multidões”. Se a transgressão do homem trouxe morte, muito mais a graça de Deus traz vida.
Mas Paulo é mais específico que isso. A graça de Deus é especificamente “a graça de um só homem, Jesus Cristo”. “Muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para multidões”. Essas não são duas graças diferentes. “A graça de um só homem, Jesus Cristo” é a encarnação da graça de Deus. Essa é a forma com que Paulo fala sobre isso, por exemplo, em Tito 2:11: “Porque a graça de Deus se há manifestado [a saber, em Jesus], trazendo salvação...”. E em 2 Timóteo 1:9: “O seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”. Então, a graça que há em Jesus é a graça de Deus. Essa graça é graça soberana. Ela conquista tudo em seu caminho. Nós veremos em um momento que ela tem a força do Rei do universo. É uma graça que reina. Essa é a primeira celebração da superioridade de Cristo sobre Adão. Quando a transgressão de um homem, Adão, e a graça de um homem, Jesus, se encontram, Adão e sua transgressão perdem. Cristo e a graça vencem. Essa é uma notícia muito boa para aqueles que pertencem a Cristo.

2) A perfeição da obediência

Segundo, celebra a forma com que a graça de Cristo vence a transgressão e morte de Adão, isto é, a perfeição da obediência de Cristo. Versículo 19: “Sendo assim, como por meio da desobediência de um só homem [isto é, Adão] muitos se tornaram pecadores, assim também, por intermédio da obediência de um único homem [a saber, Cristo], muitos serão feitos justos”. Assim, a graça desse homem, Jesus Cristo, o guarda de pecar – o mantém obediente até a morte, e morte de cruz (Flilpenses 2:8) – para que Ele ofereça a perfeita e completa obediência ao Pai em favor daqueles que estão ligados a Ele pela fé. Adão falhou em sua obediência. Cristo foi bem-sucedido com perfeição. Adão foi a fonte de pecado e morte. Cristo foi a fonte de obediência e vida.
Cristo é como Adão, o qual era um tipo de Cristo – ambos são os cabeças representativos de uma velha e nova humanidades. Deus imputou a falha de Adão a sua humanidade e Deus imputou o sucesso de Cristo a Sua humanidade por causa da forma com que essas duas humanidades estão unidas aos seus respectivos cabeças. A enorme superioridade de Cristo é que Ele não só foi bem-sucedido em obedecer perfeitamente, mas fez isso de uma maneira que milhões de pessoas são feitas justas por causa de Sua obediência. Você está ligado apenas a Adão? Você é apenas parte da primeira humanidade destinada à morte? Ou você também está ligado a Cristo, e é parte da nova humanidade destinada à vida eterna?

3) O reino da vida


Terceiro, Paulo celebra não apenas a graça abundante de Cristo e a obediência perfeita de Cristo, mas, finalmente, o reino da vida. A graça leva, por meio da obediência de Cristo, ao triunfo da vida eterna. Versículo 21: “... para que, assim como o pecado reinou na morte, assim também reine a graça pela justiça para outorgar vida eterna, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor.” A graça reina por intermédio da justiça (isto é, por intermédio da justiça perfeita de Cristo) até o grande clímax da vida eterna – e tudo isso é “por intermédio da Jesus Cristo, nosso Senhor”.
Ou, uma vez mais no versículo 17, a mesma mensagem: “Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!”. O mesmo padrão: a graça, através do dom gratuito da justificação, leva ao triunfo da vida, e tudo isso por meio de Jesus Cristo. Eu mencionei acima que a graça de Deus em Cristo que Paulo menciona nesses versículos é a graça soberana. Aqui é onde você vê isso, isto é, na palavra reino. A morte tem um tipo de soberania sobre o homem e reina sobre tudo. Todos morrem. Mas a graça derrota o pecado e a morte. Ela reina em vida mesmo sobre aqueles que já morreram. Isso é graça soberana.

A obediência espetacular de Jesus

Essa é a grande glória de Cristo – Ele excede em muito o primeiro homem, Adão. O pecado espetacular de Adão não é tão grande quanto a graça e a obediência espetaculares de Cristo e o dom da vida eterna. De fato, o plano de Deus desde o começo, em sua perfeita retidão, era o de que Adão, como o cabeça representativo da raça humana, seria um tipo, uma prefiguração de Cristo como o cabeça representativo de uma nova humanidade. Seu plano era o de que, por essa comparação e contraste, a glória de Cristo resplandeceria mais gloriosamente. O versículo 17 coloca o assunto para você de maneira muito pessoal e urgente. Onde você se encontra? “Pois, se pela transgressão de um só homem, a morte reinou por meio desse, muito mais os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo!”. Observe as palavras de forma pessoal e muito cuidadosamente: “os que recebem da transbordante provisão da graça, e do dom da justiça”.

Palavras preciosas para pecadores


Essas são palavras preciosas para pecadores: a graça é gratuita, o dom é gratuito, a justiça de Cristo é gratuita. Você a receberá como a esperança e tesouro da sua vida? Se o fizer, você “reinará em vida por intermédio de um único homem: Jesus Cristo”. Receba-a agora. Testemunhe acerca disso no batismo. E torne-se uma parte viva do povo de Cristo.

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1 N. do T.: Essas são algumas traduções possíveis do texto. Na versão original do autor (ESV), a palavra usada é “tipo”. Na versão Corrigida Fiel, prefere-se a palavra “figura”, e, na Atualizada, “prefigurava”. A versão utilizada neste primeiro momento é a da King James. Daqui para a frente, no entanto, usarei a versão do autor neste versículo.

2 N. do T.: Afterthought, neste contexto, dá a idéia de “Plano B”.


Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Extraído da série Spectacular sins and their global purpose
in the glory of Christ, a ser toda traduzida por este blog.

* Para fazer o download do texto, clique aqui.

Abaixo seguem dois vídeos legendados deste sermão de John Piper (os vídeos já haviam sido publicado anteriormente aqui no blog).



quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Um dos princípios mais importantes a serem observados na leitura da Bíblia

Algumas vezes leitores da Bíblia veem as condições que Deus estabelece para ter a Sua bênção e concluem disso que a nossa ação é anterior e decisiva, então Deus responde para nos abençoar.

Isso não está certo.

De fato, existem condições reais que Deus frequentemente ordena. Nós devemos satisfazê-las para receber a bênção prometida. Mas isso não significa que somos deixados por conta própria para satisfazer as condições ou que a nossa ação é anterior e decisiva.

Aqui está um exemplo para mostrar o que quero dizer.

Em Jeremias 29:13, Deus diz aos exilados na Babilônia: “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” Há uma condição: quando vocês Me buscarem de todo o vosso coração, então Me achareis. Então, precisamos buscar o Senhor. Essa é a condição para achá-Lo.

Verdade.

Mas isso significa que somos deixados por conta própria na busca pelo Senhor? Isso significa que a nossa ação de buscá-lo é anterior e decisiva? Isso significa que Deus só age após a nossa busca?

Não.

Veja o que Deus diz em Jeremias 24:7 aos mesmos exilados na Babilônia: “E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois se voltarão para mim de todo o seu coração.”

Assim, o povo satisfará as condições para retornar a Deus de todo o coração. Deus responderá, sendo o Deus deles com todas as bênçãos. Mas a razão pela qual eles retornarão de todo o coração é que Deus dará a eles um coração para conhecê-Lo. A ação de Deus é anterior e decisiva.

Agora, conecte isso com Jeremias 29:13. A condição ali é que eles busquem o Senhor de todo o coração. Mas agora vemos que a promessa em Jeremias 24:7 é que o próprio Deus dará a eles esse coração para que eles retornem a Ele de todo o coração.

Essa é uma das coisas mais básicas que as pessoas precisam ver a respeito da Bíblia. Ela está cheia de condições que devemos satisfazer para ter as bênçãos de Deus. Mas Deus não nos deixa por conta própria. O primeiro e decisivo trabalho antes e durante o nosso querer é a prévia graça de Deus. Sem esse entendimento, centenas de declarações condicionais na Bíblia nos induzirão em erro.

Deixe que esta seja a chave para todas as condições e mandamentos bíblicos: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.” (Filipenses 2:12-13). Sim, nós operamos. Mas o nosso operar não é anterior e decisivo. O de Deus é. “Trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.” (1 Corintios 15:10).

John Piper

Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Texto original disponível no
site Desiring God

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os Decretos de Deus

Lado a lado com a imutabilidade e invencibilidade dos de­cretos de Deus, as Escrituras ensinam claramente que o homem é uma criatura responsável e que tem que responder por suas ações. E se as nossas idéias se formam com base na Palavra de Deus, a defesa de um daqueles ensinos não levará à negação do outro (Reconhecemos sem reserva que há real dificuldade em definir onde um termina e o outro começa). Sempre acontece isto quando há uma conjunção do divino e do humano.
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A verdadeira oração é ditada pelo Espírito e, não obstante, é também o clamor do coração humano. As Escrituras são a Palavra de Deus inspi­rada, mas foram escritas por homens que eram algo mais que máquinas nas mãos do Espírito. Cristo é Deus e homem. Ele é onisciente, mas crescia em sabedoria (Lucas 2:52). É todo-poderoso, porém "... foi crucificado por fraqueza..." (2 Coríntios 13:4). É o Príncipe da vida e, contudo, morreu. Mistérios profun­dos são estes, mas a fé os recebe sem contestação.
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Tem-se assinalado muitas vezes no passado que toda objeção contra os decretos eternos de Deus aplica-se com igual intensidade contra a Sua eterna presciência. "Se Deus decretou ou não todas as coisas que acontecem, aqueles que admitem a existência de Deus reconhecem que Ele sabe de antemão todas as coisas. Pois bem é evidente que se Ele conhece de antemão todas as coisas, Ele as aprova ou não as aprova, isto é, ou quer que se realizem, ou não quer. Mas querer que se realizem é decretá-las (Jonathan Edwards).
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Finalmente, procure-se supor e depois contemplar o oposto. Negar os decretos divinos seria proclamar um mundo, e tudo que se relaciona com ele, regulado somente por acaso ou por destino cego. Então, que paz, que segurança, que consolo haveria para os nossos pobres corações e mentes? Que refúgio haveria para onde fugir na hora da necessidade e da provação? Nada disso haveria. Não haveria nada menos que as densas trevas e o abjeto horror do ateísmo. Oh meu leitor, quão agradecidos devemos estar por­que tudo está determinado pela infinita sabedoria e bondade de Deus! Quanto louvor e gratidão devemos a Ele por Seus decre­tos! Graças a estes "... sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto" (Romanos 8.28). Podemos muito bem exclamar: "...glória pois a ele eternamente. Amém" (Romanos 11:36).
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A. W. Pink, Os Atributos de Deus.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"Deus me disse..."

A frase "Deus me disse" já virou um clichê no meio evangélico. Eu mesmo já presenciei várias "profetadas" que não se concretizaram, desde sexo de bebês a palavras gerais para a igreja. Quem sabe a meditação nos versículos de Jeremias, capítulo 23, e Deuteronômio 18, nos deixe mais temerosos ao envolvermos o nome de Deus para validar nossas próprias ideias e impressões.

Jeremias 23: 29-32. Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça a penha? Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro. Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse. Eis que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz o SENHOR, e os contam, e com as suas mentiras e leviandades fazem errar o meu povo; pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR.

Deuteronômio 18:20-22. Porém o profeta que presumir de falar alguma palavra em meu nome, que eu lhe não mandei falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta será morto.Se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou? Sabe que, quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.

Tenhamos mais zelo... e temor!

Obs: a passagem de Deuteronômio foi muito bem lembrada pelo irmão Danilo Neves, nos comentários.

Quer fugir dEle? Fuja para Ele.


Quando você quer fazer algo mau, foge da presença do público, oculta-se em casa onde nenhum inimigo possa vê-lo; evita os lugares da casa abertos e visíveis aos olhos dos homens e busca o recôndito do próprio quarto; mas mesmo no seu quarto teme alguma testemunha de outro canto; então retira-se ao próprio coração, e ali medita: ele é mais íntimo do que o seu coração. Portanto, para onde quer que você fuja, lá está ele. De si mesmo, para onde fugir? Pois não acompanha você a si mesmo aonde quer que busque esconder-se? Mas como existe Aquele que é mais íntimo até que você, não há lugar para onde possa fugir do Deus irado, a não ser para o Deus reconciliado. Não há absolutamente lugar nenhum para onde você possa fugir. Quer fugir dEle? Fuja para Ele.
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Citação disponível em Herman Bavinck, The Doctrine of God. A citação é reproduzida no livro sem indicação da fonte.
Citação extraída da Teologia Sistemática de Wayne Grudem.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Avivamento Que Precisamos

Somos abençoados quando nos aproximamos de Deus através da oração. Sentimos tristeza ao perceber que muitas igrejas demonstram tão pouca importância à oração coletiva. De que maneira receberemos alguma bênção, se nos mostramos negligentes em pedi-la? Podemos aguardar um Pentecostes, se jamais nos reunimos uns com os outros, a fim de esperar no Senhor? Irmãos, nossas igrejas nunca serão melhores, enquanto os crentes não estimarem intensamente a reunião de oração. Mas, estando reunidos para oração, de que maneira devemos orar?
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Tenhamos cuidado para não cair no formalismo, pois estaremos mortos, imaginando que possuímos vida. Não duvidemos, motivados por incredulidade, ou estaremos orando em vão. Oh! Que tenhamos fé imensa, para com ela apresentarmos a Deus grandes súplicas! Temos misturado o louvor e a oração como um precioso composto de especiarias, adequado para ser oferecido sobre o altar de incenso por intermédio de Cristo, nosso Senhor. Não poderíamos agora apresentar- Lhe uma súplica especial, de maior alcance? Parece a mim que deveríamos orar em favor de um verdadeiro e puro avivamento em todo o mundo.

UM AVIVAMENTO GENUÍNO E DURADOURO

Regozijo-me com quaisquer evidências de vida espiritual, ainda que sejam entusiásticas e temporárias, e não sou precipitado em condenar qualquer movimento bem-intencionado. Contudo, tenho bastante receio de que muitos dos chamados avivamentos, em última análise, causaram mais danos do que benefícios. Uma espécie de loteria religiosa tem fascinado muitos homens, trazendo-lhes repúdio pelo bom senso da verdadeira piedade. Não desejo menosprezar o ouro genuíno, ao desmascarar as falsificações. Longe disso. Acima de tudo, desejamos que o Senhor envie-nos um verdadeiro e duradouro avivamento espiritual. Precisamos de uma obra sobrenatural da parte do Espírito Santo, trazendo poder à pregação da Palavra, motivando com vigor celestial todos os crentes, afetando solenemente os corações dos indolentes, para que se convertam a Deus e vivam. Se este avivamento acontecesse, não seríamos embriagados pelo vinho do entusiasmo carnal, mas cheios do Espírito. Contemplaríamos o fogo dos céus manifestando-se em resposta às fervorosas orações de homens piedosos. Não podemos rogar que o Senhor, nosso Deus, revele seu poderoso braço aos olhos de todos os homens nestes dias de declínio e vaidade?

ANTIGAS DOUTRINAS

Queremos um avivamento das antigas doutrinas. Não conhecemos uma doutrina bíblica que, no presente, não tenha sido cuidadosamente prejudicada por aqueles que deveriam defendê-la. Há muitas doutrinas preciosas às nossas almas que têm sido negadas por aqueles cujo ofício é proclamá-las. Para mim é evidente que necessitamos de um avivamento da antiga pregação do evangelho, tal como a de Whitefield e de Wesley. As Escrituras têm de se tornar o infalível alicerce de todo o ensino da igreja; a queda, a redenção e a regeneração dos homens precisam ser apresentadas em termos inconfundíveis.


DEVOÇÃO PESSOAL

Necessitamos urgentemente de um avivamento da devoção pessoal. Este é, sem dúvida, o segredo do progresso da igreja. Se os crentes perdem a sua firmeza, a igreja é arremessada de um lado para o outro. Quando eles permanecem firmes na fé, a igreja continua fiel ao seu Senhor. O futuro da igreja, nas mãos de Deus, depende de pessoas que na realidade são espirituais e piedosas. Oh! Que o Senhor levante mais homens genuinamente piedosos, vivificados pelo Espírito Santo, consagrados ao Senhor e santificados pela verdade! Irmãos, cada um de nós precisa viver, para que a igreja continue viva. Temos de viver para Deus, se desejamos ver a vontade do Senhor prosperar em nossas mãos. Homens consagrados tornam-se o sal da sociedade e os salvadores da raça humana.

ESPIRITUALIDADE NO LAR

Necessitamos profundamente do avivamento da espiritualidade no lar. A família cristã era o baluarte da piedade na época dos puritanos; mas, nesses dias maus, centenas de famílias chamadas cristãs não realizam adoração no lar, não estabelecem restrições, nem ministram qualquer disciplina e ensino aos seus filhos. Como podemos esperar que o reino de Deus prospere, quando os discípulos de Cristo não ensinam o evangelho a seus próprios filhos? Ó homens e mulheres crentes, sejam cuidadosos naquilo que fazem, sabem e ensinam! Suas famílias devem ser treinadas no temor do Senhor, e sejam vocês mesmos “santos ao Senhor”. Deste modo, permanecerão firmes como uma rocha no meio das ondas de terror que surgirão e da impiedade que nos assedia.

INTENSO E CONSAGRADO PODER

Desejamos um avivamento de intenso e consagrado poder. Tenho suplicado por verdadeira piedade; agora imploro por um de seus mais nobres resultados. Precisamos de santos. Precisamos de mentes graciosas, experimentadas em uma elevada qualidade de vida espiritual resultante de freqüente comunhão com Deus, na quietude. Os santos adquirem nobreza por meio de sua constante permanência no lugar onde se encontram com o Senhor. É aí que adquirem o poder na oração que tanto necessitamos. Oh! Que o Senhor levante na igreja mais homens como John Knox, cujas orações causavam à rainha Maria mais terror do que 10.000 soldados! Oh! Que tenhamos mais homens como Elias, que através de sua fé abriu e fechou as janelas dos céus! Esse poder não surge por meio de um esforço repentino; resulta de uma vida devotada ao Deus de Israel. Se toda a nossa vida for pública, teremos uma existência insignificante, transitória e ineficaz. Entretanto, se mantivermos intensa comunhão com Deus, em secreto, seremos poderosos em fazer o bem. Aquele que é um príncipe com Deus ocupará uma posição nobre entre os homens, de acordo com a verdadeira avaliação de nobreza. Estejamos atentos para não sermos pessoas dependentes de outras; nos esforcemos para descansar em nossa verdadeira confiança no Senhor Jesus. Que nenhum de nós caia numa situação de infeliz e medíocre dependência dos homens! Desejamos ter entre nós crentes firmes e resistentes, assim como as grandes mansões que permanecem, de geração em geração, como pontos de referência de nosso país; não almejamos crentes semelhantes a casas de saibro, e sim a edifícios bem construídos, capazes de suportar todas as intempéries e desafiar o próprio tempo.
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Se na igreja tivermos um exército de homens inabaláveis, firmes, constantes e sempre abundantes na obra do Senhor, a glória da graça de Deus será claramente manifestada, não somente neles mesmos, mas também naqueles que vivem ao seu redor. Que o Senhor nos envie um avivamento de poder consagrado e celestial! Pregue por intermédio de suas mãos, se você não pode pregar por meio de seus lábios. Quando os membros de nossas igrejas demonstrarem o fruto de verdadeira piedade, imediatamente encontraremos pessoas perguntando qual a árvore que produz esse fruto. A oração coletiva dos crentes é a primeira parte de um Pentecostes; a conversão dos pecadores, a outra. Começa somente com “uma reunião de oração”, mas termina com um grande batismo de milhares de convertidos. Oh! Que as orações dos crentes se tornem como ímãs para os pecadores! E que o reunir-se de homens piedosos seja uma isca para atrair os homens a Cristo! Venham muitas pessoas a Jesus, porque vêem outros correrem em direção a Ele. “Senhor, afastamos nosso olhar desses pobres e tolos procrastinadores e buscamos a Ti, rogando-Te que os abençoes com o teu onisciente e gracioso Espírito. Senhor, converte-os, e eles serão convertidos! Através de sua conversão, rogamos que um avivamento comece hoje mesmo. Que este avivamento se espalhe por todas as nossas casas e, depois, pela igreja, até que todos os crentes sejam inflamados pelo fogo que desce dos céus!”
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Por: C.H. Spurgeon (O Príncipe dos Pregadores)
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Extraído da revista Fé para Hoje, número 13, Ano 2001, publicada pela Editora FIEL.
Publicado também no Monergismo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Onde está o poder?

Recentemente, ouvi um sermão sobre a abordagem bíblica ao crescimento da igreja por John MacArthur. Ele insistiu que os métodos de crescimento de igreja que são baseados em teorias de negócio e marketing são perversos e destrutivos. Antes, ele propôs que os cristãos deveriam retornar a Atos dos Apóstolos, visto que ali o método modelado pelos primeiros discípulos é apresentado. Ele não se referia a algum modelo do Novo Testamento num sentido geral, mas foi inflexível que devemos seguir o Livro de Atos.

Então, no curso do sermão, ele ofereceu cinco princípios que tinha derivado: A igreja primitiva tinha 1) Uma mensagem transcendente, 2) Uma congregação regenerada, 3) Uma perseverança resoluta, 4) Uma pureza evidente, e 5) Uma liderança qualificada. Contudo, qualquer expositor honesto deveria ter adicionado, 6) Um ministério de falar em línguas, curar coxos, ressuscitar mortos, expelir demônios, destruir mentirosos, romper prisões, sacudir casas, amaldiçoar feiticeiros, ter visões, predizer o futuro e realizar milagres. Todas essas coisas são registradas no Livro de Atos, não são?

Sem dúvida, eu não esperava que MacArthur se embaraçasse com a verdade. Sabendo que ele é um cessacionista extremo, esperava uma menção desse item antes de rejeitá-lo, mas nada foi dito. Ele nem mesmo o mencionou. Mas eu pensei que deveríamos retornar ao padrão no Livro de Atos. Qual Livro de Atos ele estava lendo? Esse é o campeão da pregação expositiva que tantos cristãos adoram? Mas eu pensei que a pregação expositiva compeliria o pregador a abordar tópicos com os quais ele não se sente confortável, e apresentar o que ele poderia achar difícil de aceitar. O que aconteceu com isso?

(...)

Jesus disse que receberíamos poder quando o Espírito Santo viesse sobre nós. Assim, onde está o poder? Você que não acredita na continuação dos dons sobrenaturais: Você diz que tem o Espírito, que todos os crentes têm o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita – você finge ter isso redefinindo o conceito. E você que crê na continuação dos dons sobrenaturais: Você alega ter o Espírito, mas onde está o poder? Seu hipócrita – você insulta o Espírito implementando um padrão baixo, de forma que as falsidades e os excessos são numerados juntamente com o que é genuíno, se é que há manifestações de fato genuínas entre vocês. Quando Elias desafiou os falsos profetas, ele não tornou isso fácil para si mesmo ou para o Senhor. Ele não derramou gasolina nos sacrifícios, mas derramou muita água. Ele era da opinião que se Deus não fizesse isso, então que não fosse feito, mas se Deus fizesse, então que não houvesse dúvida que foi um milagre do Senhor, e não dos esquemas e artimanhas dos homens.

Vincent Cheung

Disponível no
site Monergismo

Obs: É claro que o autor não concorda com os dons do jeito que são praticados hoje na maioria das igrejas, principalmente nas neo-pentecostais. No entanto, essa distorção dos dons por parte da maioria das pessoas não invalida a continuação genuína dos dons sobrenaturais do Espírito. Para ler mais sobre a opinião do autor, leia o livro Cura Bíblica.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Preciso falar em línguas a fim de ser salvo?

Vá para 1 Corintios 12:30 e veja como Paulo diz que nem todos os cristãos falam em línguas. Ele é o mais explícito possível. “Falam todos em línguas? Interpretam todos?”. A resposta clara é não. Esse seria o primeiro lugar a que eu iria. Nem todos falam em línguas.

Após, eu iria para Romanos 3:28: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.” A fé somente é o meio pelo qual somos unidos a Cristo e somos justificados. Portanto, insistir em algo subseqüente como um instrumento de salvação, como línguas, vai contra a ideia da fé somente.

Essas duas coisas, no meu entender, nulificam a crença de que você deve falar em línguas a fim de ser um cristão.

Se você ler 1 Coríntios 12, 13 e 14 – que é onde as línguas são tratadas mais amplamente – você verá que Paulo lida com as línguas não dizendo que elas são sinais necessários de salvação. Pelo contrário, nessa passagem ele está tentando minimizar o uso das línguas – não maximizá-lo – porque elas estavam trazendo à igreja toda a sorte de dificuldades.

John Piper

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

Texto traduzido da transcrição de áudio disponibilizada pelo site Desiring God, na seção Ask Pastor John

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Está certo existirem diferentes denominações quando Paulo parece dizer que os Cristãos devem se identificar apenas com Cristo?

Como a afirmação “Eu sigo Paulo, eu sigo Apolo” difere da afirmação “Eu sou Batista, eu sou Presbiteriano”, quando Paulo parece dizer que os Cristãos – e, por extensão, as igrejas – deveriam se identificar apenas com Cristo?[1]

Não estou certo de que é o que o texto diz, que devamos nos identificar apenas com Cristo. A preocupação de Paulo é quanto às divisões na igreja de Corinto que eram originadas em orgulho e levavam à vanglória.

A razão pela qual hesito é porque Paulo disse para eles: “Eu sou o pai de vocês. Fui como uma parteira que trouxe vocês à vida. Sejam meus imitadores, como eu sou de Deus”. Parece que Paulo queria que eles o amassem, o admirassem e o seguissem.

E ele era um apóstolo e tinha autoridade. Então, ele queria que eles se submetessem às suas cartas quando ele as escrevia, e não queria isso para ficar em conflito com Pedro. Pedro escrevia suas cartas e tinha seus filhos.

Aqueles que foram salvos por meio de Pedro e aqueles que foram salvos por meio de Paulo certamente tinham uma afeição especial pelo seu pai na fé, mas isso não significa que eles tinham que ser hostis uns com os outros.

A preocupação dele era com essa jactância - “Eu tenho Pedro, eu tenho Paulo”. Essa jactância é errada. Hostilidade mútua – isso é errado. Esses são os tipos de coisa contra as quais ele se opõe, eu creio.

Agora, não estou dizendo que tudo que diga respeito às diferenças denominacionais está correto . [2] Estou apenas dizendo que quando você tem convicções sobre o que a Bíblia ensina – e você está comprometido a viver por essas convicções, porque Paulo diz: “Cada um deve estar convicto em sua própria mente”, em vez de ficar em cima do muro em cada assunto –, se você está convencido a viver de uma certa forma, então você irá se achar em grupos de pessoas que compartilham das mesmas convicções.

Mas você não tem que ser orgulhoso ou ficar nervoso com este outro grupo que diz: “Nós realmente achamos que devemos batizar nossas crianças”. E nós dizemos: “Mas isso não é bíblico”. E na mesma igreja você não tem como lidar com isso. Não tem como lidar com isso.

Você tem essas igrejas, e você lamenta por isso – que alguém não esteja vendo claramente isso ou que ambos não estejamos vendo claramente aquilo –, mas nem por isso você precisa lançar bombas de ódio por cima daqueles muros. Você pode lançar bombas de amor.

São as diferenças que nos proporcionam uma ocasião para mostrar ao mundo o que unidade e amor significam. Então, se um Presbiteriano, Episcopal, Batista e um Pentecostal estiverem participando de um programa de TV, ou qualquer outra coisa, eles podem falar um sobre o outro e do compromisso vertical deles com Cristo de uma forma que faz o mundo dizer: “Hmm. Isso é diferente dos tipos de discussão a que estou acostumado.”

Portanto, eu penso que é isso o que Paulo quer que entendamos com esse texto, em vez de dizer que precisamos desistir de nossas convicções.

John Piper
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[1] Traduzido da transcrição de áudio disponibilizada pelo site Desiring God, na seção Ask Pastor John.
[2] Para saber a posição do autor sobre falsos mestres e falsos ensinos, e como lidar com eles, leia Watch Out for Those Who Lead You Away from the Truth, texto que está sendo traduzido e logo será postado neste blog.

Traduzido por Saulo Rodrigo do Amaral

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Verdadeira e Falsa Religião

Ninguém desejará ser considerado como absolutamente indiferente à piedade e ao conhecimento de Deus, já que está demonstrado, por consentimento geral, que se levarmos uma vida sem religião, vivemos miseravelmente e não nos distinguimos em nada das bestas. Mas existem maneiras muito diversas de manifestar a religião de cada um; pois a maioria dos homens não operam precisamente movidos pelo temor de Deus.

E já que, gostem ou não, sentem-se como ofuscados por esta idéia que continuamente lhes vem à mente: "que existe alguma outra divindade cujo poder os mantêm em pé ou os faz cair"; impressionados, de um ou de outro modo, pelo pensamento de um poder tão grande, lhe professam certa veneração por medo que se ire contra eles mesmos se o desprezam demasiado. Contudo, o viver fora de Sua lei e rejeitar toda honestidade, demonstram uma grande despreocupação, pois estão menosprezando o juízo de Deus.

Do resto, como não concebem a Deus segundo sua infinita Majestade, senão segundo a louca e irrefletida vaidade de sua mente, de fato se afastam do verdadeiro Deus. Eis aqui o por quê, ainda quando realizem um esforço cuidadoso por servir a Deus, isso não lhes vale de nada, já que em vez de adorar o Deus eterno, adoram, em seu lugar, os sonhos e imaginações de seu coração.

Agora bem, a verdadeira piedade não consiste no temor, o qual muito gostosamente evitaria o juízo de Deus, pois tem tanto mais horror quanto que não pode fugir dele; senão antes bem um puro e autêntico zelo que ama a Deus como a um verdadeiro Pai e o reverencia como a verdadeiro Senhor, abraça sua justiça e tem mas horror de ofendê-lO que de morrer. E quantos possuem este zelo não tentam forjar-se um deus de acordo com seus desejos e segundo sua temeridade, senão que buscam o conhecimento do verdadeiro Deus em Deus mesmo, e não o concebem senão tal e como se manifesta e se dá a conhecer a eles.
João Calvino. Breve Instrução Cristã.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Que Devemos Conhecer do Homem

O homem foi, no princípio, formado a imagem e semelhança de Deus para que, pela dignidade que tão nobremente tinha-lhe Deus investido, admirasse a seu Autor e o honrasse com o agradecimento que se devia.

Mas o homem, confiando na excelência tão grande de sua natureza, esqueceu de onde procedia e quem o fazia subsistir, e pretendeu alçar-se contra seu Senhor. Foi, pois, necessário que se despojasse de todos os dons de Deus, dos quais se orgulhava loucamente, para que assim, privado e desprovido de toda glória, conhecesse o Deus que o havia enriquecido com generosidade e a quem tinha-se atrevido a desprezar.

Pelo qual, todos nós, que procedemos de Adão, uma vez que esta semelhança de Deus tem desaparecido de nós, nascemos carne da carne. Pois, ainda que estejamos compostos de alma e corpo, sentimos sempre e unicamente a carne, de modo que seja qual for a parte do homem sobre a qual fizemos nossos olhos, só podemos ver coisas impuras, profanas e abomináveis para Deus, pois a sabedoria do homem, cegada e assediada por inúmeros erros, se opõe continuamente à sabedoria de Deus; a vontade perversa e cheia de afetos corrompidos a nada professa mais ódio que a sua justiça; as forças humanas, incapazes de qualquer obra boa, se inclinam furiosamente para a iniqüidade.
João Calvino. Breve Instrução Cristã.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O Que Devemos Conhecer de Deus

Como a Majestade de Deus ultrapassa em si a capacidade do entendimento humano e inclusive é incompreensível para este, devemos adorar sua grandeza antes que examiná-la para não sermos completamente abrumados com tão grande claridade. Por isso devemos buscar e considerar a Deus em suas obras, às quais a Escritura chama, por esta razão, "manifestações das coisas invisíveis", pois nos manifestam o que, de outro modo, não podemos conhecer do Senhor.

Não se trata agora de especulações vãs e frívolas para manter nosso espírito em suspense, senão de algo que necessitamos saber, que é alimento e que confirma em nós uma autêntica e sólida piedade, quer dizer, a fé unida ao temor.

Contemplemos, pois, neste universo a imortalidade de nosso Deus, de quem procede o princípio e origem de tudo o que existe; seu poder que criou num tão grande conjunto e agora o sustenta; sua sabedoria que compôs e governa uma variedade tão grande e tão diversa segundo uma ordem deliciosa; sua bondade que tem sido em si mesma causa de que tenham sido criadas todas estas coisas e de que agora subsistam; sua justiça que se manifesta de um modo maravilhoso na proteção dos bons e no castigo dos maus; sua misericórdia que, para mover-nos ao arrependimento, suporta nossas iniqüidades com grande doçura.

Certamente que este universo nos ensinaria, na medida em que o necessitamos, e com abundantes testemunhos, como é Deus; mas somos tão rudes que estamos cegos ante uma luz tão brilhante. E nisto não pecamos só pela nossa cegueira, senão que nossa perversidade é tão grande que, ao considerar as obras de Deus, tudo o entende mal e erradamente, tergiversando por completo toda a sabedoria celestial que, muito pelo contrário, resplandece nelas com grande clareza.

Temos, pois, que deter-nos na Palavra de Deus que nos descreve a Deus de um modo perfeito pelas suas obras. Nela se julgam suas obras não segundo a perversidade de nosso juízo, senão segundo a regra da eterna verdade. Ali aprendemos que nosso único e eterno Deus é a origem e fonte de toda vida, justiça, sabedoria, poder, bondade e clemência; que dEle procede, sem exceção alguma, todo bem; e que, portanto, a Ele se deve com justiça todo louvor.

E embora todas estas coisas aparecem claramente em qualquer parte do céu e da terra, em definitiva só a Palavra de Deus nos fará compreender sempre e com toda verdade o fim principal para o qual tendem, qual é seu valor, e em que sentido devemos interpretá-las. Então aprofundaremos em nós mesmos e aprenderemos como manifesta o Senhor em nós sua vida, sua sabedoria, seu poder; e como operam em nós sua justiça, sua clemência e sua bondade.

João Calvino. Breve instrução Cristã.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Se Deus não é soberano, não há evangelho

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Como eu posso discernir o chamado específico de Deus para a minha vida?

A Bíblia espera que nós caminhemos nas boas obras que Deus preparou de antemão para nós (Efésios 2:10). E Romanos 12:2 diz: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” - a vontade Dele, eu creio, para você.

Primeiro, sugiro que você se entregue à palavra de Deus. Aprofunde-se na avaliação que Deus faz de você e do mundo, para que você veja as coisas através dos olhos de Dele.

Segundo, tenha uma visão realista de você mesmo – seus dons, pontos fracos e fortes – e permita que outros ajudem você, participando do Corpo de Cristo e deixando-os comentar sobre as coisas que eles vêem em você.

Terceiro, olhe para a situação no mundo, seja na sua vizinhança imediata ou em algum lugar distante, e tenha um peso pelo mundo.

Creio que quando essas três coisas acontecerem – saturação com a Bíblia, um entendimento claro de você mesmo, e uma clara visão das necessidades do mundo – e você começar a mexê-las com a estimulante colher da oração, acredito que o que vai emergir é um aroma da clara chamada de Deus para a sua vida.

Você saberá como seguir a Deus e usar seus dons para Ele, sejam eles quais forem.

Por John Piper, em Ask Pastor John.

Tradução: Saulo Rodrigo do Amaral

Obs: Para mais detalhes sobre os dons do Espírito (quais são, o que significam, como saber se você possui um dom específico etc.), veja a série de artigos em inglês elaborada por Mark Driscoll aqui. O irmão do site Bom Caminho está, aos poucos, traduzindo os artigos. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Se Deus já elegeu, por que pregar o evangelho?

"Se certos homens são eleitos e salvos, então o que adianta pregar aos que não são eleitos? Com igual propriedade podemos perguntar: "Se Deus sabe quem vai se arrepender e crer, então porque pregar àqueles que de acordo com Seu conhecimento não vão se arrepender nem crer?" Será que alguns que Ele sabia que não se arrependeriam nem creriam, vão se arrepender e crer? Se for assim, Ele previu uma mentira. É esta a fraqueza de muitas missões modernas. Ela está baseada na compaixão pelo perdido e não na obediência ao mandamento de Deus. A inspiração das missões é feita para depender dos resultados práticos do esforço missionário e não no prazer de fazer a vontade de Deus. É o princípio de fazer uma coisa, porque os resultados nos satisfazem. Se formos fiéis, Deus se agradará com os nossos esforços, mesmo sem resultados. Pense em II Coríntios 2:15-16. A eleição precedente à conversão deles é conhecida só a Deus. Temos que pregar o Evangelho a cada criatura, porque Ele mandou fazer isto. Deus cuidará dos resultados. Veja Isaías 55:11, I Coríntios 3:5-6 e João 6:37-45. Nossa responsabilidade é testemunhar; Deus é quem fará nosso testemunho eficaz.

Claude Duvall Cole

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Uma análise bíblica e sintática de Romanos 8.1

Meu propósito com este breve artigo não é o de analisar com profundidade as diferenças nas traduções do texto bíblico. Gostaria apenas de fazer um pequeno comentário a respeito do texto de Romanos 8.1, que tem, ao menos, duas traduções em português: a da Almeida Corrigida e Revisada Fiel e a da Almeida Revista e Atualizada. Vamos ver como está o versículo em cada uma delas:

Romanos 8.1 na Almeida Corrigida e Revisada Fiel: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” (Itálico meu)

Na Almeida Revista e Atualizada: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”

Percebe-se que a ARA omitiu a última parte, que diz “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”.

Certo. Não vou comentar do porquê dessa omissão. Meu comentário é a respeito de uma possível interpretação equivocada da versão ACRF. Talvez algumas pessoas leiam esse versículo sem prestar atenção na vírgula, o que distorceria o significado do texto. Eles interpretam o texto da seguinte forma: “Agora não há mais condenação para os que estão em Jesus, mas somente para aqueles que estão em Jesus e que andam segundo o Espírito e que não andam na carne”. Mas será possível existir alguém que está em Jesus (redimido por Ele) e que anda, não segundo o Espírito, mas segundo a carne?

Respondo a pergunta de duas formas:

Primeiro: o versículo 9 deixa bem claro que os que têm o Espírito não andam na carne: “Vós [os que estão em Jesus], porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.” Os que andam na carne não tem o Espírito e, portanto, não são cristãos, não estão em Cristo Jesus.

Segundo: a interpretação de Romanos 8.1 feita por alguns desconsidera a vírgula que vem depois de “Cristo Jesus”. Por que essa vírgula é importante? Porque ela sinaliza uma oração subordinada adjetiva explicativa, que realça ou amplifica dados sobre a oração antecedente. No caso, a oração “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” está mostrando a qualidade da oração anterior, que era “os que estão em Cristo Jesus”. Ou seja, quem está em Cristo Jesus não anda segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Se você a ler ignorando a vírgula, ela se torna uma oração subordinada adjetiva restritiva e dá a impressão de duas classes de pessoas que estão em Cristo Jesus: as que andam na carne e as que não andam na carne. No caso, lendo a frase dessa forma, só não haveria condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus e que não andam segundo a carne. Agora, para os que andam em Cristo Jesus, mas estão na carne, há condenação. Como se viu, essa interpretação não é a correta, pois ignora o versículo 9 e ignora a gramática básica.

Apenas para exemplificar os dois dois tipos de oração, aqui vai uma ilustração:

Se eu disser: “Visitei a minha tia que mora em Florianópolis”, pode-se afirmar que eu tenho, no mínimo, duas tias, uma que mora em Florianópolis e uma que mora em outro lugar. A palavra “tia”, neste caso, precisou ter seu sentido limitado; foi preciso restringir seu universo. Para essa função, usei uma oração subordinada adjetiva restritiva (sem vírgula).

Mas, se eu disser: “Visitei a minha tia, que mora em Florianópolis”, é possível afirmar com segurança que eu tenho apenas uma tia, a qual mora em Florianópolis. A informação de que a minha tia mora em Florianópolis não é uma particularidade, mas apenas um detalhe que eu quis realçar, assim como a oração que fala dos “que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” é apenas uma explicação, uma qualificação dos que “estão em Cristo Jesus”.

Saulo Rodrigo do Amaral

  ©Orthodoxia desde 2006

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