segunda-feira, 30 de junho de 2008

Erros jurídicos na condenação de Cristo

O julgamento de Cristo é considerado o maior julgamento de todos os tempos. Não somente isso, ele também pode ser visto como o mais injusto de todas as épocas. Da sua análise podemos constatar o cerceamento do direito de defesa, atos jurídicos na calada da noite, ausência de recursos, e testemunhas subornadas.

A jurista Maria Durvalina de Araújo fez um estudo onde demonstra as irregularidades jurídicas constatadas no processo que culminou na condenação e morte de Jesus Cristo. Vejamos:


LEI MOSAICA

(HEBRAICA OU JUDAICA)

PROCESSO DE JESUS

Traição

A traição era banida.

Foi através da traição de Judas que o suposto acusado foi apresentado.

Prisão

Não era prevista a Prisão Preventiva, somente a Prisão em Flagrante Delito.

Jesus foi procurado e preso ilegalmente a noite, sem qualquer mandado de prisão.

Investigação

Previa investigação e acusação, sendo necessario ter conhecimento do crime que lhe era atribuído

Não existiu qualquer investigação.

Interrogatório

O interrogatório era previsto no Tribunal.

Houve interrogatório ilegal por Anás (já não era Sumo-Sacerdote do Sinédrio).

Confissao

A confissão era proibida, porém se associada a duas testemunhas formavam as provas.

O presidente do Tribunal – Caifás - vendo o tumulto entre os conselheiros resolveu interrogar Jesus (pela ordem hebraica era obrigatório responder sob juramento de testemunho).

Testemunhas

Imprescindível, no mínimo, duas testemunhas desde que não houvesse contradicao.

Foram aliciadas 08 testemunhas, porém tão contraditórias que os membros do Tribunal a dispensaram, sendo convocadas mais duas que também não foram concordes.

Julgadores

Os membros do Tribunal tinham que ser notificados oficialmente.

Foram convocados com urgência no meio da noite, e ainda, somente àqueles que já tinham se reunido sobre a prisão de Jesus.

Impedimentos

Havia proibição de que qualquer parente amigo ou inimigo do acusado o julgasse.

Os membros do Tribunal eram inimigos.

Julgamento

Nos dias nefastos era proibido qualquer prisão ou julgamento.

A prisão e julgamento de Cristo foram na véspera da sábado de Páscoa.

Rito

As assembléias e Comissões dos Tribunais tinham datas oficiais para julgar, sempre segundas e quintas feiras.

No julgamento de Cristo foi desrespeitado as exigëncias legais ocorrendo na sexta-feira.

Competëncia

Para o tipo de crime (BLASFÊMIA) atribuído a Jesus o Tribunal dos Setenta-Sinédrio era o competente.

Pôncio Pilatos julgou-se incompetente em ratione materiae (crime de blasfêmia) e ratione loci (Cristo sublevava o povo, ensinando-o domicílio diversos - Nazaré na Galiléia) e passa para Herodes (Governador da Galiléia) que também não vê culpa.

Prazo

Em crimes de pena capital o julgamento que condenasse não poderia ser concluído no mesmo dia.

O Julgamento de Jesus foi a menos de 24 horas.

Tipificacao

Era preciso para caracterizar a Blasfêmia que Cristo pronunciasse a palavra DEUS.

Caifás pergunta a Jesus – És o Cristo, o Filho de Deus? – e ele respondeu - Em verdade vos digo: doravante vereis o filho do homem sentado à direita do Todo Poderoso.

Veredicto

Quando o veredicto é unânime pela condenação resulta em absolvição.

Concluído esse interrogatório por unanimidade proferiram o veredicto: É réu de morte.

Pena

Para os crimes capitais o Tribunal poderia infligir quatro tipos de pena de morte: lapidação, abrasamento, decapitação e estrangulamento.

A pena foi de morte, porém o Sinédrio não tinha competência para executá-la. Somente o Governador – Procurador Pôncio Pilatos é quem tinha o poder.

A questão fundamental disso é que, independente da existência ou não de nulidades jurídicas no processo de Cristo, certamente não foi esse o motivo principal da sua morte, pois a Bíblia afirma claramente que Ele mesmo se entregou para que pudéssemos ter acesso à salvação.

Em Isaías 53.4,5 está escrito:

“Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados”.

A verdadeira sentença da morte de Cristo, portanto, não foi assinada por Pilatos, mas pelo Juiz Supremo, pois foi ele quem entregou seu único Filho, para que todo aquele que nele creia, não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo. 3.16).

Valmir Nascimento Milomem Santos

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Lewis e o amor divino

Clive Staples LewisPostarei em algumas partes uma noção do entendimento de Lewis sobre o amor divino, que se encontra no livro O Problema do Sofrimento. São citações do próprio autor, que demonstram a honestidade e genialidade que lhe são peculiar.

"O amor pode suportar e pode perdoar... mas o Amor jamais pode reconciliar-se a um objeto que cause desamor... Ele jamais poderá, portanto, reconciliar-se com o seu pecado, porque o pecado por si mesmo é incapaz de ser alterado; mas Ele pode reconciliar-se sua pessoa, por que esta pode ser restaurada." (TRAHERNE. Centuries of Meditation, 2, 30)

“Cristo chama os homens ao arrependimento; um chamado que seria sem sentido se o padrão de Deus fosse por completo diferente daquele que já conheciam e deixaram de praticar. Ele apela para nosso juízo moral, como o temos agora "Por que se recusam a ver por si mesmos o que é correto?" No Velho Testamento, Deus censura os homens com base nas suas próprias concepções de gratidão, fidelidade e justiça: e se coloca, Ele mesmo, no banco dos réus diante das suas criaturas: "Por que foi que seus pais me abandonaram? Por acaso Eu fiz a eles alguma injustiça, para se afastarem de Mim?”
(...)

Quando nos referimos à bondade de Deus hoje, estamos indicando quase que exclusivamente seu amor; e nisto talvez tenhamos razão. E por amor, neste contexto, a maioria de nós quer dizer bondade o desejo de ver outros felizes, e não a própria pessoa; não feliz deste ou de outro modo, mas apenas feliz. O que realmente nos satisfaria seria um Deus que dissesse a respeito de qualquer coisa que gostássemos de fazer: "Que importa se isso os deixa contentes?" Queremos, na verdade, não tanto um Pai Celestial, mas um avô celestial uma benevolência senil que, como dizem, "gostasse de ver os jovens se divertindo" e cujo plano para o universo fosse simplesmente que se pudesse afirmar no fim de cada dia: "todos aproveitaram muito". Não são muitos os que, devo admitir, iriam formular uma teologia exatamente nesses termos: mas um conceito semelhante espreita por trás de muitas mentes. Não me julgo uma exceção: gostaria imenso de viver num universo governado de acordo com essas linhas. Mas desde que está mais do que claro que não vivo, e desde que tenho razões para crer, mesmo assim, que Deus é Amor, chego à conclusão que meu conceito de amor necessita correção.
(...)

Para aqueles com quem não nos preocupamos absolutamente é que exigimos felicidade sob quaisquer termos: com nossos amigos, nossos entes queridos, nossos filhos, somos exigentes e preferimos vê-los sofrer do que ser felizes em estilos de vida desprezíveis e desviados. Se Deus é amor, Ele é, por definição, algo mais do que simples bondade. E, ao que parece, de acordo com todos os registros, embora tenha com freqüência nos reprovado e condenado, jamais nos considerou com desprezo. Ele nos prestou o intolerável cumprimento de nos amar, no sentido mais profundo, mais trágico e mais inexorável.
(...)

Nós somos, não em metáfora mas verdadeiramente, uma obra de arte divina, algo que Deus está fazendo, e portanto, algo com o qual Ele não ficará satisfeito até que possua umas tantas e determinadas características. Defrontamos de novo aqui com aquilo a que dei o nome de "elogio insuportável". O artista pode não se preocupar muito com o esboço feito com negligência para divertir uma criança: ele pode deixá-lo ficar como está, mesmo que não seja exatamente aquilo que pretendia que fosse. Mas em relação ao grandioso quadro de sua vida o trabalho que ama, embora de forma diversa, tão intensamente como o homem ama uma mulher ou a mãe a um filho ele se aplicará intensamente e iria, sem dúvida, dar muita preocupação ao quadro se este tivesse sensibilidade. Podemos imaginar um quadro sensível, depois de ter sido apagado e raspado e recomeçado pela décima vez, desejando não passar de um esboço simples feito num minuto. Da mesma maneira, é natural para nós desejar que Deus nos traçasse um destino menos glorioso e menos árduo; mas, assim, não estaremos então desejando mais amor e sim menos amor”.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não julgar segundo a esperança

Uma vez alguém disse a um pregador: "Quando jovem eu cria seriamente em Deus. Mas agora estou na faculdade. Não posso mais crer Nele". O pregador, de cinqüenta anos, deu um tapinha no ombro do jovem e disse: "Meu filho, você não crê mais em Deus! Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: Desde que se tornou um ateu, o ateísmo ajudou-o a tornar-se melhor? Ele o fez mais nobre e mais puro? ou ocorreu-lhe o oposto?" Aquele jovem sentiu-se envergonhado. Admitiu que, desde que negara a Deus, moralmente desceu a ladeira. O pregador continuou: "Sinto muito que esteja alegando que Deus não existe. Você simplesmente desejaria que isso fosse verdade".

Muitas pessoas não estão verdadeiramente convencidas de que Deus não existe; elas simplesmente gostariam que fosse assim. Elas prefeririam que não houvesse um Deus no universo. Ser-lhes-ia bem mais conveniente no que se refere a muitas coisas.

Eu próprio era uma dessas pessoas. Quando estudante, também dizia que Deus não existe. Embora fosse extremamente forte em minha afirmação, parece que havia Alguém protestando em meu interior. No fundo do meu coração eu sabia que Deus existe. Mas meus lábios recusavam-se a admiti-lo. Por quê? Para que eu tivesse uma desculpa para pecar. Declarando a não existência de Deus, tornava-se justificável ir a lugares pecaminosos. Assim, tornei-me ousado para pecar. Quando crê em Deus, você não ousa fazer determinadas coisas. Ao pôr Deus de lado, você se sente livre para cometer os piores pecados sem nenhum temor. Se ao afirmar a não existência de Deus você espera sinceramente elevar seu padrão moral, então seus argumentos ainda são plausíveis. Entretanto, a única razão para o homem reivindicar a não existência de Deus é gerar uma desculpa para a ilegalidade, imoralidade e licenciosidade. Por essa razão, toda sua argumentação não é digna de consideração. A questão agora passa a ser: "Estará você qualificado para afirmar que Deus não existe?" Se o que alguém espera é meramente escapar da justiça, esse já perdeu sua posição.

Watchman Nee
O Sentido da Vida: Uma reflexão sobre a existência do homem

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Desculpas Intelectuais

Intelectual?Freqüentemente a rejeição de Cristo não se dá tanto em nível de "mente", como em nível de "vontade"; não é tanto uma questão de "não consigo", mas de "não quero".

Tenho encontrado muitas pessoas com desculpas intelectuais, mas bem poucas com problemas intelectuais (ainda assim, tenho encontrado algumas).

As desculpas podem cobrir uma imensidão de motivos. Respeito bastante as pessoas que gastaram tempo investigando as afirmações de Cristo e chegaram à conclusão de que simplesmente não podem crer. Eu me identifico com quem sabe porque não crê (do ponto-de-vista fatual e histórico), pois eu sei porque creio (também do ponto-de-vista fatual e histórico). Isso nos dá uma base comum (embora com diferentes conclusões).

Tenho visto que a maioria das pessoas rejeita Cristo por pelo menos uma das seguintes razões:

1. Ignorância - Romanos 1:18,23, Mateus 22:29;

2. Orgulho - João 5:40-44;
3.
Problema moral - João 3:19,20.

Eu estava aconselhando uma mulher que estava entediada porque acreditava que o cristianismo não era histórico e que, quanto aos fatos, tudo era simples demais. Ela havia convencido todo mundo de que estudara profundamente a questão e que descobrira sérios problemas intelectuais no cristianismo como resultado de seus estudos universitários. Uma pessoa após outra tentou convencê-la intelectualmente de seu erro e responder âs suas muitas acusações.

Eu a ouvi e então respondi às suas diversas indagações. Em menos de meia hora ela admitiu que havia enganado todo mundo e que havia desenvolvido essas dúvidas intelectuais a fim de justificar a sua vida moral.

E preciso responder ao problema básico, que é a questão real, e não à evasiva intelectual, que freqüentemente ocorre.

Um estudante de uma universidade na costa leste dos Estados Unidos disse que tinha um problema intelectual com o cristianismo e que, por essa razão, não poderia aceitar Cristo como o Salvador. "Por que você não pode crer?", indaguei. Ao que ele respondeu: "Não da para confiar no Novo Testamento". Então lhe perguntei: "Se eu provar para você que o Novo Testamento é um dos textos da literatura da antigüidade em que se pode ter um elevado grau de confiança, você irá crer?" Sua resposta foi: "Não!". "Bem, o problema não é com o seu intelecto, mas com a sua vontade”, foi a minha resposta.

Um formando da mesma universidade, depois de uma palestra sobre "A Ressurreição: Fraude ou História?", estava me bombardeando com perguntas misturadas a acusações (mais tarde vim a saber que ele fazia o mesmo com a maioria dos oradores cristãos). Finalmente, depois de 45 minutos de diálogo, eu lhe perguntei: "Se eu lhe provar, sem qualquer sombra de dúvida, que Cristo ressuscitou dos mortos e é o Filho de Deus, você refletirá cuidadosamente sobre Ele?" A resposta imediata e enfática foi: "NÃO!"

Michael Green cita Aldous Huxley, o ateísta que destruiu a crença de muitos e que foi aclamado como possuidor de uma mente privilegiada. Huxley admite seus próprios preconceitos (Ends and Means (Fins e Meios), p. 270ss) quando diz: "Eu tinha razões para querer que o mundo não tivesse um sentido; conseqüentemente, pressupus que não tivesse, e, sem qualquer dificuldade, consegui encontrar motivos satisfatórios para essa pressuposição. O filósofo que não encontra sentido algum no mundo não esta preocupado exclusivamente com uma questão de metafísica pura; também se interessa em provar que não existem razões válidas devido às quais não se deva fazer o que quer, ou pelas quais seus amigos não devam tomar o poder político e o governo da maneira que acharem mais vantajosa para si mesmos... Quanto a mim, a filosofia da ausência de sentido foi basicamente um instrumento de libertação, tanto sexual como política".

Bertrand Russell é o exemplo de um ateísta inteligente que não examinou cuidadosamente as provas em favor do cristianismo. Em seu livro Why I AmNot a Christian (Por que não sou cristão) é óbvio que ele nem mesmo levou em consideração as provas da ressurreição de Jesus, e, por seus comentários, é de se duvidar que tenha alguma vez corrido os olhos pelo Novo Testamento. Parece uma incoerência que um homem como esse não analisasse detalhadamente a ressurreição, visto que ela é o fundamento do cristianismo.

João 7:17 nos assegura que: "Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se falo por mim mesmo."

Se alguém estudar as afirmações de Jesus Cristo, desejoso de saber se são verdadeiras, querendo seguir Seus ensinos caso sejam verdade, ele certamente saberá. Mas não é possível estudar sem disposição para aceitar e, ainda assim, esperar descobrir a verdade.

O Filósofo francês Pascal escreveu: "As provas em favor da existência de Deus e do seu poder são mais do que suficientes, mas aqueles que insistem em não ter qualquer necessidade dEle nem das provras, sempre encontrarão maneiras de desconsiderar a proposta".

Josh McDowell - Evidência que Exige um Veredito

terça-feira, 10 de junho de 2008

Procura e acha!

A afirmação cristã de que só quem faz a vontade do Pai conhecerá a verdadeira doutrina é filosoficamente precisa. A imaginação pode nos ajudar um pouco, mas na vida moral e devocional (mais ainda) tocamos em algo concreto que começará imediatamente a corrigir o vazio crescente da nossa idéia de Deus. Um só momento de sensibilidade contrita ou de gratidão poderá nos tirar, de certa forma, do abismo da abstração. É a própria razão que nos ensina a não confiarmos somente nela nesta questão, pois reconhece que não pode trabalhar sem a matéria. Quando se torna claro que você não pode descobrir, através do raciocínio, se o gato está ou não no armário, a própria razão lhe sussura: “Vá lá e veja. Esse não é um trabalho meu. É uma questão para os sentidos”. Ou seja, a matéria para corrigir nossa concepção abstrata de Deus não pode ser fornecida pela razão; ela será a primeira a mandá-lo fazer a experiência: “Prove e veja!” É claro que ela já terá mais do que provado que o seu posicionamento atual é absurdo. Enquanto permanecermos como caramujos eruditos, podemos esquecer que, se ninguém jamais tivesse visto mais de Deus do que nós, não teríamos razões nem sequer para acreditar que Ele seja imaterial, imutável, impassível e tudo mais. Até aquele conhecimento negativo que nos parecia tão razoável não passará de uma relíquia que sobrou do conhecimento positivo de pessoas melhores – não passará de marcas que uma onda gigante celestial deixou na areia, depois de ter batido em retirada.

C.S. Lewis – Miracles [Milagres]

  ©Orthodoxia desde 2006

TOPO