sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Homem: um microcosmo

O que é a natureza humana e o que lhe pertence essencialmente, podemos aprendê-lo na experiência quotidiana. Do mesmo modo por que sabemos experimentalmente o que é um cavalo, uma flor, um cristal etc., podemos também, ainda em grau mais alto, pois aqui nos ajuda poderosamente a experiência interna, saber o que é o homem. Seguindo este caminho, chegamos ao conhecimento do homem como ser sensível, racional, composto de corpo e alma. Ele é o microcosmo em que se acham reunidos todos os seres da criação. Participa, com seres anorgânicos, de tudo o quanto é peculiar à matéria, com suas propriedades físicas, químicas e sua força; com as plantas, tem de comum a vida vegetativa da nutrição e reprodução; com os animais, o conhecimento sensível e os apetites sensitivos. Tudo isto não é, entretanto, mais do que tecido artístico da jóia celestial da alma dotada de razão e de livre vontade, que eleva o homem a senhor da criação visível. A ordem maravilhosa em que estão dispostos os maiores e menores órgãos do homem, superando totalmente a arte humana, e ainda mais, a harmonia admirável com que todos esses numerosos e artísticos órgãos cooperam para formar, sustentar, aperfeiçoar e reproduzir o homem, demonstram com sobeja evidência que este não é obra de uma causalidade cega, mas a criação de uma inteligência onipotente e onisciente. Por sua vez. a atividade da razão humana, capaz de conhecer e alcançar tantas coisas inacessíveis aos sentidos corpóreos, como os conceitos superiores do ser, da verdade, e os princípios universais do pensamento que nele se formam; a tendência da vontade para a verdade, a felicidade, a beleza e o bem, e para um domínio cada vez maior na natureza – tudo isso nos assegura indubitavelmente que o homem não é simplesmente um animal aperfeiçoado. Sua razão não deriva da terra, mas do céu, é uma débil centelha da sabedoria, do poder e do bem eternos.

Cathrein

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A evidência das cavernas

Aqui só trato do caso concreto da caverna, como uma espécie de símbolo da verdade singela com que deve principiar a história. De tudo o que se descobriu nela, a única coisa que se revela de certo é que o homem sabia pintar quadrúpdes e os quadrúpedes não sabiam pintar homens. Se o homem que os pintava era tão animal como eles, ressalta como extraordinário que soubesse fazer o que eles não sabiam e não sabem. Se o homem, ainda, era um produto de crescimento biológico, como qualquer outro animal, também é de estranhar, sobremaneira, que em nada se pareça com aqueles seus semelhantes. (...) Há alguma coisa que separa fundamentalmente o homem dos animais. A arte é patrimônio do homem.

G.K. Chesterton

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Maníaco

Pessoas completamente mundanas nun­ca entendem sequer o mundo; elas confiam plenamente numas poucas máximas cínicas não verdadeiras. Lembro-me de que, certa vez, fiz um passeio com um editor de su­cesso, e ele fez uma observação que eu ouvira muitas vezes antes; é, na verdade, quase um lema do mundo moderno. Todavia, eu ouvi essa máxima cínica mais uma vez e não me contive: de repente vi que ela não dizia nada. Referindo-se a alguém, disse o editor: "Aquele homem vai progredir; ele acredita em si mesmo".

Lembro-me de que, quando levantei a cabeça para es­cutar, meus olhos se fixaram num ônibus no qual estava escrito "Hanwell" [1]. Disse eu então: "Quer saber onde ficam os homens que acreditam em si mesmos? Eu sei. Sei de homens que acreditam em si mesmos com uma confian­ça mais colossal do que a de Napoleão ou César. Sei onde arde a estrela fixa da certeza e do sucesso. Posso conduzi-lo aos tronos dos super-homens. Os homens que realmente acreditam em si mesmos estão todos em asilos de lunáticos". Ele disse calmamente que, no fim das contas, havia um bom número de homens que acreditavam em si mesmos e que não eram lunáticos internados em asilos. "Sim, certa­mente", retruquei, "e você mais do que ninguém deve co­nhecê-los. Aquele poeta bêbado de quem você não quis aceitar uma lamentável tragédia, ele acreditava em si mes­mo. Aquele velho ministro com um poema épico de quem você se escondia num quarto dos fundos, ele acreditava em si mesmo. Se você consultasse sua experiência profissio­nal em vez de sua horrível filosofia individualista, saberia que acreditar em si mesmo é uma das marcas mais comuns de um patife. Atores que não sabem representar acredi­tam em si mesmos; e os devedores que não vão pagar. Seria muito mais verdadeiro dizer que um homem certamente fracassará por acreditar em si mesmo. Total autoconfian­ça não é simplesmente um pecado; total autoconfiança é uma fraqueza. Acreditar absolutamente em si mesmo é uma crença tão histérica e supersticiosa como acreditar em Joanna Southcote [2]: quem o faz traz o nome "Hanwell" escrito no rosto com a mesma clareza com que ele está es­crito naquele ônibus."

A tudo isso meu amigo editor deu esta profunda e eficaz resposta: "Bem, se um homem não acredita em si mesmo, em que vai acreditar?" Depois de uma longa pausa eu respondi: "Vou para casa escrever um livro em resposta a essa pergunta". Este é o livro que escrevi para responder-lhe.

[1] Nome de um asilo para loucos, como será verificado mais à frente.
[2] Ela (1750-1814) se dizia virgem e grávida do novo Messias, e chegou a ter muitos seguidores.


G.K. Chesterton - Ortodoxia

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Relativismo Moral

“Conta Peter Kreeft que, um dia, ao dar uma das suas aulas de ética, um aluno lhe disse que a Moral era uma coisa relativa e que ele, como professor, não tinha o direito de “impor-lhe os seus valores”.

“Bem – respondeu Kreeft, para iniciar um debate sobre a questão- vou aplicar à classe os seus valores e não os meus. Você diz que não há valores absolutos, e que os valores morais são subjetivos e relativos. Como acontece que as minhas idéias pessoais são um tanto singulares sob alguns aspectos, a partir deste momento vou aplicar esta: toda as alunas estão reprovadas”.

O rapaz mostrou-se surpreendido e protestou dizendo que aquilo não era justo. Kreeft argumentou-lhe:“Que significa para você ser justo? Porque, se a justiça é apenas o “meu” valor ou o “seu” valor, então não há nenhuma autoridade comum a nós dois. Eu não tenho o direito de impor-lhe o meu sentido de justiça, mas você também não pode impor-me o seu…

Portanto, só se existe um valor universal chamado justiça, que prevaleça sobre nós, você pode invocá-lo para considerar injusto que eu reprove todas as alunas. Mas, se não há valores absolutos e objetivos fora de nós, você só pode dizer que os seus valores subjetivos são diferentes dos meus, e nada mais. No entanto, você não diz que não gosta do que eu faço, mas que é injusto.

Ou seja, quando desce à prática, acredita sem a menor dúvida nos valores absolutos”…Os relativistas e os céticos consideram que aceitar qualquer crença é servilismo, uma torpe escravidão que inibe a liberdade de pensamento e impede uma forma de pensar elevada e independente.

No entanto – como dizia C. S. Lewis -, ainda que um homem afirme não acreditar que haja bem e mal, vê-lo-emos contradizer-se imediatamente na vida prática. Por exemplo, uma pessoa pode não cumprir a palavra ou não respeitar o combinado, argumentando que isso não tem importância e que cada qual deve organizar a sua vida sem pensarem teorias. Mas o mais provável é que não tarde muito em dizer, referindo-se a outra pessoa, que é indigno que essa pessoa lhe tenha faltado à palavra…”.

Por não ter um ponto de referência claro a respeito da verdade, o relativismo leva à confusão global entre o bem e o mal. Se se analisam com um pouco de detalhe as suas argumentações, é fácil observar – como explica Peter Kreeft – que quase todas costumam refutar-se a si próprias:

“A verdade não é universal” (exceto esta verdade que você acaba de afirmar?).·

“Ninguém pode conhecer a verdade” (a não ser você, segundo parece).·

“A verdade é incerta” (então também é incerto o que você diz!).·

“Todas as generalizações são falsas” (esta também?).·

“Você não pode ser dogmático” (com essa mesma afirmação, você mostra que é bastante dogmático).·

"Não me imponha a sua verdade” (o que significa que neste momento você me está impondo as suas verdades).·

“Não existem absolutos” (absolutamente…?).·

“A verdade é apenas uma opinião” (a sua opinião, pelo que vejo).
E assim por diante.

Fonte: Revista Pergunte e Responderemos. D. Estevão Bettencourt Nº 535 - Ano : 2007 - Pág. 11

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Deus Caritas Est

Quando o cristianismo diz que Deus ama o ser humano, isso quer dizer que Deus realmente ama o ser humano; não que ele tenha alguma preocupação “desinteressada” e totalmente indiferente ao nosso bem-estar. A verdade mais terrível e surpreendente é que nós somos objetos do seu amor. Você pediu um Deus amoroso: ele está aí. O grande espírito que você invocou com tanta sensibilidade, o “senhor de aspecto terrível”, existe mesmo. Não como algum velho bondoso e solene, desejoso de que você seja feliz à sua própria maneira; nem um magistrado filantrópico frio e consciente; tampouco um anfitrião que se sente responsável pelo conforto dos seus convidados. Trata-se antes do fogo consumidor dele mesmo: o amor que criou o mundo com o mesmo cuidado persistente de um artista pela sua obra e despótico como o amor de um homem por seu cachorro, providente e venerável como o amor de um pai por seu filho, ciumento, inexorável e exigente como o amor entre os amantes. Como isso deve acontecer, eu não sei. A razão por que qualquer criatura, sem falar de criaturas como nós, deveria ter um valor assim tão prodigioso aos olhos do Criador extrapola a nossa capacidade racional. Trata-se certamente de um fardo ou peso de glória que não vai apenas além dos nossos desertos, mas, salvo raros momentos de graça, além dos nossos desejos. Temos a mesma tendência das senhoras daquela peça antiga que desaprovaram o amor de Zeus. Mas o fato parece inquestionável.

C.S. Lewis - O Problema do Sofrimento

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

O Absurdo da Vida Sem Deus

O ser humano, escreve Loren Eisley, é o órfão cósmico. Ele é a única criatura no universo que pergunta: “Por quê?” Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o ser humano aprendeu a fazer perguntas.

“Quem sou eu”, pergunta o ser humano. “Por que estou aqui? Para onde estou indo?” Desde o iluminismo, quando se desvencilhou das amarras da religião, o ser humano tentou responder a essas perguntas sem fazer referência a Deus. Só que as respostas que vieram não foram alegres, mas escuras e terríveis. “Você é o subproduto acidental da natureza, um resultado de matéria mais tempo mais mudança. Não há razão para a sua existência. A morte é tudo o que você tem pela frente.”

O homem moderno pensou que, depois que se livrou de Deus, tinha ficado livre de tudo o que o reprimia e sufocava. Em vez disso, descobriu que, ao matar Deus, matara também a si próprio. Isso porque, se não há Deus, a vida humana é um absurdo.
By William Lane Craig
Fonte: Apologia

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sobre Facção e Divisão

Acredito que já lhe adverti antes que, se não se pode manter o seu paciente afastado da igreja, ao menos devesse estar violentamente comprometido em alguma facção dentro dela. Não me refiro a verdadeiras questões doutrinárias; com respeito a estas, quanto mais morno seja, melhor. E não são as doutrinas no que nos apoiamos principalmente para produzir divisões: o realmente divertido é fazer que se odeiem aqueles que dizem "missa" e os que dizem "Santa comunhão", quando nenhum dos dois bandos poderia dizer que diferença há entre as doutrinas do Hooker e de Tomás de Aquino, por exemplo, de nenhuma forma que não fizesse água em cinco minutos. Tudo o que é realmente pouco importante — círios, vestimenta, sei lá eu — é uma excelente base para nossas atividades. Temos feito com que os homens esqueçam por completo o que aquele indivíduo pestilento, Paulo, costumava ensinar a respeito das comidas e outras coisas sem importância: ou seja, que o humano sem escrúpulos devesse ceder sempre diante do humano escrupuloso. Alguém acreditaria que não poderia deixar de precaver-se de sua aplicação a estas questões: esperaria ver o "baixo" clero ajoelhando-se e benzendo-se, não fosse que a consciência débil de seu irmão "alto" se visse empurrada para a irreverência, e ao "alto" abstendo-se de tais exercícios, não fosse empurrar à idolatria a seu irmão "baixo". E assim teria sido, a não ser por nosso incessante trabalho; sem ele, a variedade de usos dentro da Igreja da Inglaterra poderia haver-se convertido em um viveiro de caridade e de humildade.
Seu afetuoso tio, SCREWTAPE

Cartas do Diabo ao seu Aprendiz,
By C.S. Lewis

O argumento ateísta de Richard Dawkins

O que o Sr. pensa sobre o argumento ateísta de Richard Dawkins em seu livro “Deus, um delírio”?

Dr. William Lane Craig responde:
Nas páginas 212 e 213 do livro dele, Dawkins resume o que ele chama de “o argumento central de meu livro.”

Assim segue:

1. Um dos maiores desafios para o intelecto humano tem sido explicar como a complexa e improvável aparência de design surgiu no universo.
2. A tentação natural é atribuir a aparência de design a um design verdadeiro.
3. A tentação é uma falsidade, porque a hipótese de um projetista remete imediatamente ao problema maior de quem projetou o projetista.

4. A explicação mais engenhosa e poderosa é a evolução de Darwin através de seleção natural.
5. Nós não temos uma explicação equivalente para a física.
6. Nós não deveríamos renunciar a esperança de uma explicação melhor que surja na física, algo tão poderoso quanto o Darwinismo é para biologia.

Então, Deus não existe quase certamente.

Esse argumento soa mal, porque a conclusão ateísta que “então, Deus não existe quase certamente” parece sair de repente, do nada. O senhor não precisa ser um filósofo para perceber que essa conclusão não pode ser deduzida das seis afirmações anteriores.

Realmente, se nós levarmos essas seis afirmações como premissas de um argumento que implique na conclusão “então, Deus não existe quase certamente”, então o argumento é patentemente inválido. Nenhum regulamento lógico de inferência permitiria ao senhor tirar esta conclusão das seis premissas.

Uma interpretação mais gentil seria a que levasse estas seis afirmações não como premissas, mas como afirmações sumárias no argumento cumulativo de Dawkins para a sua conclusão de que Deus não existe. Mas, mesmo nesta construção gentil, a conclusão “Então, Deus não existe quase certamente” não decorre destes seis passos, mesmo se nós aceitarmos que cada um deles é verdadeiro e justificado.

O que se pode concluir dos seis passos do argumento de Dawkins? No máximo, tudo o que ele sugere é que nós não deveríamos deduzir a existência de Deus baseados em uma aparência de design no universo. Mas esta conclusão é bastante compatível com a existência de Deus e até mesmo com nossa justificável crença na Sua existência. Talvez nós devêssemos acreditar em Deus com base no argumento cosmológico ou no argumento ontológico ou no argumento moral. Talvez nossa convicção em Deus não esteja baseada em argumentos, mas fundamentada em experiência religiosa ou em revelação divina. Talvez Deus quer que nós acreditemos nEle simplesmente através da fé. O ponto é que, rejeitando argumentos de design para a existência de Deus, não se prova que Deus não exista, nem que a convicção em Deus é injustificada. Realmente, muitos teólogos cristãos rejeitaram argumentos para a existência de Deus sem se obrigarem, assim, ao ateísmo.

Dessarte, o argumento de Dawkins para o ateísmo é um fracasso mesmo que aceitemos, como hipótese, todos seus passos. Mas, na realidade, vários desses passos são plausivelmente falsos. Observe o passo 3, por exemplo. A reinvindicação de Dawkins aqui é que não é justificável deduzir o design como a melhor explicação da ordem complexa do universo, porque um problema novo surge: quem projetou o projetista?

Esta réplica é dividida em, pelo menos, duas partes. Primeiro, para reconhecer uma explicação como a melhor, não é necessário ter uma explicação da explicação. Este é um ponto elementar relativo à inferência para a melhor explicação, como praticado na filosofia de ciência. Se arqueólogos cavando na terra descobrissem coisas que se parecem com pontas de flecha, cabeças de machadinhas e fragmentos de cerâmica, haveria justificativas para se deduzir que esses artefatos não são o resultado de uma sedimentação e metamorfose, mas produtos de algum grupo desconhecido de pessoas, embora eles não tivessem qualquer explicação de quem essas pessoas eram ou de onde vieram. Semelhantemente, se astronautas encontrassem maquinários na parte de trás da lua, eles teriam razões para deduzir que aqueles eram produtos de agentes inteligentes, extra-terrestres, mesmo que não tivessem nenhuma idéia do que estes agentes extra-terrestres eram ou como eles chegaram lá. Para reconhecer uma explicação como a melhor não é necessário explicar a explicação. Caso contrário, isso conduziria a um infinito regresso de explicações, de forma que nada poderia ser explicado e a ciência seria destruída. Assim, neste caso, para reconhecer que o design inteligente é a melhor explicação para a aparência de design no universo, não é preciso explicar o projetista.

Secundariamente, Dawkins pensa que, no caso de um projetista divino do universo, o projetista tem de ser, da mesma maneira, complexo como a coisa a ser explicada, de forma que nenhum avanço explicativo é feito. O engano fundamental de Dawkins está embasado na sua suposição de que um projetista divino é uma entidade tão complexa quanto o universo. Como uma mente sem corpo, Deus é uma entidade notavelmente simples. Como uma entidade não-física, uma mente não é composta de partes, e suas propriedades, como autoconsciência, racionalidade e volição, são essenciais a ela. Em contraste com o universo contingente e matizado com todas as suas quantidades inexplicáveis e constantes, uma mente divina é, de modo surpreendente, simples. Certamente, tal mente pode ter idéias complexas - pode estar pensando, por exemplo, em cálculo infinitesimal, mas a mente propriamente dita é uma entidade notavelmente simples. Dawkins confundiu, evidentemente, a idéia de uma mente que pode, realmente, ser complexa, com uma mente que é uma entidade inacreditavelmente simples. Então, postular uma mente divina por detrás do universo representa um avanço em simplicidade, para todos os efeitos.

Outros passos no argumento de Dawkins também são problemáticos; mas eu penso que o suficiente foi dito para mostrar que o argumento dele nada faz para arruinar a inferência do design fundada na complexidade do universo, não servindo, em nada, como uma justificação do ateísmo.

Extraído do site Reasonable Faith.

Traduzido por Leandro Teixeira
Revisado por Saulo Rodrigo do Amaral

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Uma Vida que Veio do Nada

O Texto a seguir é parte de um capítulo integrante do Livro: Walking from East to West, De Ravi Zacharias, publicado pela Zondervan, ainda não traduzido para o português. Como a Editora disponibilizou um capítulo dele em inglês, resolvi traduzi-lo e disponibilizá-lo aos leitores para conhecermos um pouco sobre a vida desse homem que tem sido tremendamente usado por Deus no meio secular. Sábio e cheio da Graça de Cristo, é um dos maiores defensores da fé cristã na atualidade, notável em suas palestras pelo mundo. Aqui está apenas um trecho do capítulo. Para ler o capítulo inteiro, acesse: Andando do Oriente ao Ocidente.

"... Minha mãe permaneceu no hospital com meu irmão enquanto meu pai nos levou pra casa. Nos reunimos para orar no quarto dos meus pais ao redor de um quadro de Jesus que estava pendurado na parede ao lado do quadro da Santa Filomena. Eu recordo claramente daquela noite, de joelhos naquele quarto, a voz do meu pai soluçava enquanto orava. Eu não podia acreditar que estávamos perdendo ele. Meu irmãozinho realmente estava morrendo.

Uma das pessoas que meu pai chamou para orar conosco foi um certo ministro pentecostal. Ocasionalmente, Sr. Dennis vinha a nossa casa com sua motocicleta para orar com meu pai. Geralmente fazíamos muitas piadas dele e por trás dele, porque ele sempre cantava em suas orações. Ele simplesmente começava a cantar e isso nos parecia tão estranho. Éramos tão indelicados porque não tínhamos idéia do que ele fazia, e os nossos empregados Hindus, repreendiam-nos ao fazermos graça dele.

Mas agora, com meu irmão morrendo, eu orava como nunca havia orado, ao lado do Sr. Dennis e os outros no quarto naquela noite. Numa voz de muita reverência, esse homem pediu a Deus um toque de cura, um milagre. Não havia nada de engraçado agora. Estava tomado pelas lágrimas enquanto ele pedia ao Senhor que tivesse misericórdia do meu irmão.
Enquanto isso, o médico foi até a minha mãe, logo após que deixamos o hospital. Ele proferiu a ela as piores notícias de sua vida. “A qualquer hora entre meia noite e 5:00 da manhã”, ele disse, “tudo isso terá acabado”.


Minha mãe não havia dormido por vários dias, ela permaneceu ao lado de Ramesh o tempo todo. Agora, enquanto enfrentava as horas de terror pela frente, ela foi dominada pela exaustão. Ela simplesmente não conseguia permanecer com os olhos abertos. Desde que a noite começara, ela caiu num sono profundo ao lado do meu irmão.

Horas mais tarde, minha mãe acordou repentinamente. Quando ela se deu conta do que havia acontecido, ela temeu o pior. O tempo havia passado além do horário da expectativa de vida de Ramesh. Mas quando ela olhou para o meu irmão, ela viu que ele ainda estava respirando. Na verdade, seu peito levantava e descia num ritmo mais forte que anteriormente. Alguma coisa havia acontecido durante a noite..."

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Contra as línguas maldizentes

1. Filho, não te aflijas se alguém fizer de ti mau conceito ou disser coisas que não gostas de ouvir. Pior ainda deves julgar de ti mesmo, e avaliar-te o mais imperfeito de todos. Se praticares a vida interior, pouco te importarás de palavras que voam. É grande prudência calar-se nas horas da tribulação, volver-se interiormente a Mim, e não se perturbar com os juízos humanos.

2. Não faças depender tua paz da boca dos homens; porque, quer julguem bem, quer mal de ti, não serás por isso homem diferente. Onde está a verdadeira paz e a glória verdadeira? Porventura não está em Mim? Quem não procura agradar aos homens, nem teme desagradar-lhes, esse gozará grande paz. É do amor desordenado e do vão temor que nascem o desassossego do coração e a distração dos sentidos.

A Imitação de Cristo, cap. 28 - Tomás de Kempis

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Entrevista com Ravi Zacharias

Entrevista de Ravi Zacharias concedida a Revista Ministry, por Derek Morris:

Ministry: Parece que muitos cristãos, incluindo pregadores, são reticentes para partilhar sua fé com pessoas seculares porque crêem que elas experimentam uma existência plena. Mas o senhor sugere que para muitos em nosso avançado mundo, o desespero não é um momento, mas um estilo de vida. Por que uma visão antiteísta freqüentemente leva ao desespero?

Ravi Zacharias: Pode até não ser um desespero angustiado, mas é uma rendição a uma inutilidade de existência. Os existencialistas admitem isso. Camus comentou que a morte é um problema apenas de filosofia. Sartre disse que a vida é uma bolha vazia, flutuante no mar do nada. Em seu leito de morte ele admitiu que sua filosofia de ateísmo tornou-se insuportável. E acabou rejeitando suas ramificações, embora muito tarde na vida. A razão pela qual uma visão antiteísta tão freqüentemente leva ao desespero reside profundamente no coração humano. Salomão disse no Eclesiastes que Deus colocou a eternidade no coração do homem. Almejamos por tal qualidade de coerência que recusa a morte da capacidade de absorver todas as emoções, todo o amor que nós temos, gerando assim uma vida sem sentido. Essa fome de coerência e propósito transcendente é algo muito real. O senso moral na mente humana nos compele a buscar um senso de propósito, não um propósito inventado, mas autêntico e essencial. Fui convidado por um dos dez mais bem-sucedidos homens da atualidade, para falar em Hong Kong. Esse homem é um magnata chinês, multibilionário. Tão logo desembarquei no aeroporto, fui levado para jantar com esse cavalheiro. A primeira pergunta que lhe fiz foi a seguinte: "Quando você se tornou um cristão?" Ele respondeu: "aproximadamente há 18 meses." Perguntei-lhe então sobre o que o teria levado a essa decisão. E ele falou: "Eu estava saindo de meu escritório, certo dia, e me dirigia para casa, quando pensei comigo mesmo que minha vida era vazia. Realmente não tinha qualquer propósito. Eu tinha muito dinheiro, mas não havia propósito em minha vida." De onde se encontrava, telefonou para a esposa convidando-a para ir a uma igreja naquela noite. Escolheram uma igreja, assistiram às programações por algumas semanas e entregaram a vida a Cristo. Se você for a qualquer campus durante um fórum universitário, verá que o local está sempre cheio. Em Harvard, Cornell, Princeton, Ohio, State, Indiana, em qualquer lugar, os auditórios estão sempre lotados com estudantes que estão prontos para encarar desafios e fazer questionamentos. Eu penso que esse é um sinal de fome genuína. Recentemente, fiz um seminário sobre Deus e o problema do mal. Cerca de duas mil pessoas assistiram à transmissão via satélite, para 100 universidades. Esse interesse mostra que há um senso moral dentro de nós que deseja resolver o enigma da vida. Há quem não demonstre interesse nesse assunto. Mas quando as coisas se tornam difíceis, não são capazes de viver pelas implicações lógicas de suas pressuposições. Apenas escondem-se nelas.

Ministry: A afirmação de Cristo, "Eu sou o caminho, a verdade e a vida", parece sem sentido numa sociedade pós-moderna. Por que o senhor diz que essa é a "mais razoável declaração de exclusividade"?

Ravi Zacharias: A verdade, por definição, é exclusiva. O que as pessoas freqüentemente esquecem, mesmo em grandes audiências, é que o cristianismo não é apenas uma fé que reivindica exclusividade. Toda religião que eu conheço faz essa reivindicação. O hinduísmo é exclusivista quanto à sua lei do karma ou lei da reencarnação. O budismo nasceu rejeitando o hinduísmo. O islamismo é obviamente exclusivista. Sempre que você reivindica uma verdade, está implícito que sua afirmação ajusta-se à realidade. Assim, a verdade por definição é exclusiva. Quanto à sua reivindicação, a questão é se o argumento é válido ou se não passa de uma afirmação meramente caprichosa. Quando você testa uma reivindicação da verdade, há necessidade de consistência lógica, adequação empírica e relevância espiritual. Quando Cristo disse ser "o caminho, a verdade e a vida", queria dizer que, nEle, o ser humano encontra, aprende e vive a realidade absoluta. Isso é mais que razoável. Até porque, certamente, Ele é o único Mestre cuja pessoa e veracidade dos ensinos têm sido mais testados e analisados na História.
Veja a entrevista na íntegra aqui: Alcançando a Mente Secular


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Quem é o cientista?

"Os cientistas foram a Deus e afirmaram que eram capazes de fazer tudo quanto Ele fazia:

- Como o quê? - pergunta Deus.

- Como criar seres humanos - respondem os cientistas.


- Mostrem-me - Deus diz.

Os cientistas respondem:

- Bem, nós começamos com um pouco de terra e...

Ao que Deus interrompe:

- Espere um minuto, usem a sua própria terra."


William A. Dembski no livro Ensaios Apologéticos da Editora Hagnos.

Site do autor:
http://www.designinference.com/

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Apologética na Internet

Hoje resolvi postar algumas dicas de sites que podem ser de grande ajuda para os cristãos que procuram aprender mais sobre apologética.

Antes das dicas, é importante que seja esclarecido, muito rapidamente, o que significa o termo.

O versículo-chave para esse ofício está em 1 Pedro 3:15:

“... antes, santificai a Cristo, como Senhor em vosso coração; e estai sempre preparados (v. Mt 22:37) para responder (apologia) com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão (logos[1]) da esperança que há em vós”.

Note-se que a palavra traduzida por “responder” é apologia, que significa defesa. Para nós, cristãos, significa, especificamente, a defesa da fé cristã. Não é uma resposta sem pé nem cabeça, mas denota uma resposta bem elaborada, racional e bem fundamentada. Por isso é muito importante que estejamos sempre atentos e prontos para dar uma boa resposta a todo aquele que pedir a razão da nossa fé, ou seja, do Cristianismo. Isso demanda conhecimento da Palavra e das doutrinas cristãs, bem como uma boa noção do nosso contexto cultural.

Os sites que mais gosto são os seguintes:

Bethinking – O site é muito bom. Lá você vai encontrar materiais em áudio, texto e, às vezes, em vídeo. Os colaboradores são excelentes. Dentre eles estão Ravi Zacharias, William Lane Craig, J. P. Moreland etc. São filósofos cristãos e teólogos de alto calibre.

ELF Resources – o site é elaborado em parceria com o bethinking. É excelente também!

Peter Kreeft – Esse cara é uma figura. É um professor de filosofia da Universidade de Chicago e católico carismático. Vale a pena ler e ouvir suas aulas. O cara é muito bem-humorado e a suas aulas são excelentes. Para quem gosta de Lewis e Tolkien, ele tem vários estudos sobre os dois autores e seus livros... ah, ele deve ter uns 65 anos e ainda surfa!

Reasonable Faith – É um site mantido pelo Dr. William Lane Craig, um dos principais filósofos cristãos da atualidade. Ele tem a vantagem de ser super acadêmico. Tem vários debates com filósofos ateus, muçulmanos... Seus livros são verdadeiras obras de filosofia. Aconselho para quem quer se aprofundar em filosofia cristã e refutar as doutrinas do pós-modernismo.

Norman Geisler – Talvez um dos mais conhecidos apologistas cristãos dos nossos dias. No site dele tem alguns materiais muito bons.

Apologia – Finalmente um site em português, rsrs! Aqui você vai encontrar alguns artigos traduzidos de William Lane Craig, JP Moreland, Peter Kreeft. Vale a pena conferir.

AreópagoSite em português com vários artigos e vídeos sobre apologética.

Centro Apologético Cristão de Pesquisas – Esse site é bem legal, principalmente por se dedicar à parte das seitas, como Testemunhas de Jeová, Universal, Mórmons...

Enfim, esses sites são os que eu lembro de cabeça. Com certeza deixei vários de fora, mas, para quem quer começar a estudar, já é um ótimo começo.

Outro dia recomendo alguns livros de teologia e apologética.

Ah, mais uma coisa: quem quiser dicas sobre como achar milhares de áudios, vídeos de palestras etc. do Ravi Zacharias, Craig, Moreland... pode deixar um recado com o email que eu posso ajudar.

[1]Mesma palavra usada para “Verbo” em João 1. Significa também “lógica”.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Entrevista com C.S. Lewis

Respostas dadas por Lewis a questões formuladas por empregados da Electric and Musical Industries Ltd., Heyes, Middlesex, Inglaterra, em 18 de abril de 1944

Pergunta: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade?

Lewis: Qual das religiões do mundo confere a seus seguidores maior felicidade? Enquanto dura, a religião da auto-adoração é a melhor. Tenho um velho conhecido já com seus 80 anos de idade, que vive uma vida de inquebrantável egoísmo e auto-adoração e é, mais ou menos, lamento dizer, um dos homens mais felizes que conheço. Do ponto de vista moral, é muito difícil. Eu não estou abordando o assunto segundo esse ponto de vista. Como vocês talvez saibam, não fui sempre cristão. Não me tornei religioso em busca da felicidade. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do Porto me daria isso. Se você quiser uma religião que te faça feliz, eu não recomendo o cristianismo. Tenho certeza que deve haver algum produto americano no mercado que lhe será de maior utilidade, mas não tenho como lhe ajudar nisso.

Pergunta: Os materialistas e alguns astrônomos sugerem que o sistema solar e a vida como a conhecemos foram criados por uma colisão estelar acidental. Qual é a visão cristã dessa teoria?

Lewis: Se o sistema solar foi criado por uma colisão estelar acidental, então o aparecimento da vida orgânica neste planeta foi também um acidente, e toda a evolução do Homem foi um acidente também. Se é assim, então todos nossos pensamentos atuais são meros acidentes – o subproduto acidental de um movimento de átomos. E isso é verdade para os pensamentos dos materialistas e astrônomos, como para todos nós. Mas se os pensamentos deles – isto é, do Materialismo e da Astronomia – são meros subprodutos acidentais, por que devemos considerá-los verdadeiros? Não vejo razão para acreditarmos que um acidente deva ser capaz de me proporcionar o entendimento sobre todos os outros acidentes. É como esperar que a forma acidental tomada pelo leite esparramado pelo chão, quando você deixa cair a jarra, pudesse explicar como a jarra foi feita e porque ela caiu.

Pergunta: A aplicação dos princípios cristãos daria um fim ou reduziria enormemente o progresso material e científico? Em outras palavras, é errado para um cristão ser ambicioso e lutar por progresso material?

Lewis: É mais fácil pensar num exemplo mais simples. Como a aplicação dos princípios cristãos afetaria alguém numa ilha deserta? Seria menos provável que esse cristão isolado construísse uma cabana? A resposta é “Não”. Pode chegar um momento em que o Cristianismo o diga para se preocupar menos com a cabana, isto é, se ele estiver a ponto de considerar a cabana a coisa mais importante do universo. Mas, não há nenhuma evidência de que o Cristianismo o impediria de construir um abrigo. Ambição! Devemos ter cuidado sobre o que queremos dizer com essa palavra. Se for desejo de passar à frente de outras pessoas – que é o que eu penso que quer dizer – então, ela é uma coisa má. Se significar apenas desejo de fazer bem uma coisa, então é boa. Não é errado para um ator querer atuar tão bem quanto possível, mas desejar ter seu nome escrito com uma letra maior do que a de outros atores, isso sim é errado.

Pergunta: Tudo bem em ser General, mas se alguém tiver a ambição de ser General, então não dever ser.

Lewis: O mero evento de se tornar um General não é nem certo, nem errado em si mesmo. O que importa moralmente é sua atitude em relação a isso. O homem pode estar pensando em vencer a guerra; ele pode estar desejando em ser General porque honestamente pensa que tem um bom plano, e ficará feliz em colocá-lo em prática. Isso está ok. Mas, se ele pensa: “O que posso ganhar com esse emprego?” ou “O que devo fazer para aparecer na primeira página do Illustrated News?” então, isso é errado. O que chamamos de ambição, usualmente, significa o desejo de ser mais notável ou mais bem sucedido que outra pessoa. É o elemento competitivo que é nocivo. É perfeitamente razoável querer dançar melhor ou ter uma aparência melhor do que outros – quando você começar a perder o prazer se outros dançarem melhor que você ou tiverem uma melhor aparência, então você está indo na direção errada.

Fonte: Glaucia Santana

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Ainda sobre os caramujos eruditos

Nossa própria situação é bem parecida com a dos caramujos eruditos. Grandes profetas e santos têm uma intuição com relação a Deus que é positiva e concreta. Pois, só de tocar as vestes do seu ser, eles foram capazes de vislumbrar que ele é a plenitude da vida, da energia e da alegria. E por isso (e por nenhum outro motivo) eles têm de anunciar que ele transcende aquelas limitações que chamamos de personalidade, paixão, mudança, materialidade e coisas do gênero. A qualidade positiva que há nele, que ultrapassa as limitações, é a única razão para tantas negativas. Mas quando, titubeando, corremos atrás tentando construir uma religião intelectual, e “iluminada”, o resultado é que pegamos essas negativas (infinito, imaterial, impassivo, imutável etc.) e as usamos sem temperá-las com a intuição positiva. A cada passo do processo excluímos da nossa idéia de Deus algum atributo humano. A única razão de se jogar fora atributos humanos é criar espaço no qual colocaríamos algum atributo divino positivo. Na linguagem do apóstolo Paulo, o propósito desse despir não é deixar nossa idéia de Deus nua, mas fazer com que ela seja revestida. Infelizmente, não temos meios para realizar este revestimento. Assim que removemos da nossa idéia de Deus características elementares dos seres humanos, nós (meros investigadores inteligentes e eruditos) não temos onde buscar aquele atributo da divindade incrivelmente real e concreto que deve ser colocado no lugar do atributo humano removido. Assim, a cada passo no processo de refinamento, nossa idéia de Deus vai sendo esvaziada, e imagens fatais começam a aparecer (um mar infinito, silencioso, um céu límpido além das estrelas, uma abóbada branca e radiante), levando-nos a um grande vazio, à adoração de uma entidade não existente.

C.S. Lewis – Milagres

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O dia se chama Hoje

Coração duro é alienação
É falso contentamento
Embrutecimento é cadeia e lágrimas


Quem já sofreu quieto até sangrar

Quem se armou com pedras pra machucar
Quem já correu o mundo até cansar
Quem construiu um muro ante ao altar

Pode alguém agir assim e sorrir?
E se fez de surdo pra não ouvir

É assim que a alma grita: socorro!

Pode quem já matou, ser inocente?
E quem cerrou os dentes, cantar?

Ouça!

Ainda há esperança, ainda
Ainda há esperança, ainda
Ainda há esperança, ainda

Volta filho Meu!

Rompe! E Marcha! E Vem!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A Cruz de Cristo

Deixe-me dizer que, se o seu tipo de vida for o das "coisas", não precisará da cruz; mas se for Cristo, você aprenderá a tomar a cruz. A cruz não apenas elimina nosso pecado, mas também inibe a nossa atividade. Ela refreia nossa ação e checa nosso pecado. Muitas dificuldades surgem exatamente quando os filhos de Deus consideram correto fazer algo bom, e não percebem que o seu "bom" é meramente uma "coisa". Na presença de Deus, toda a questão se resume em Cristo, pois somente Ele é bom perante o Pai. Cristo é a própria vida. Se Ele não se mover, como o faríamos nós? Podemos pronunciar facilmente muitas palavras de conforto, mas se Ele não falar, não devemos nos atrever a falar, pois se o fizermos tocaremos a morte, ficando enfraquecidos e abalados. Podemos, sem esforço, ajudar pessoas em muitos assuntos e conquistar o louvor dos homens por termos sido compassivos; no entanto, quando começamos a ajudar dessa forma, imediatamente nos sentimos vazios interiormente. Nesse ponto vemos a cruz. Qualquer coisa que possamos realizar por meio de boas obras não requer a cruz. Somente quando permitimos que o Senhor viva em nossa vida, sendo tudo em nós, é que precisaremos da cruz. Se Ele não se mover, como podemos nos mover? Oh, quanto precisamos pedir a Deus que nos livre de nossas boas obras, da mesma forma como Lhe pedimos que nos livre de nossos pecados. Freqüentemente é mais fácil sermos libertos do pecado (porque este é em si mesmo condenável) do que da vida natural (uma vez que, para muitos, essa vida não é condenável nem precisa ser rejeitada).

Watchman Nee

  ©Orthodoxia desde 2006

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